PORQUE BOLSONARO AGE DE FORMA IRRESPONSÁVEL E CRIMINOSA NO COMBATE AO CORONAVIRUS

Fernando Alcoforado*

Para haver governabilidade no Brasil, o governo Bolsonaro precisa contar com o apoio das classes economicamente dominantes (burguesia) e atender as demandas das diversas classes sociais subalternas (pequena burguesia, proletariado urbano e rural e lumpemproletariado) para obter o apoio da Sociedade Civil, bem como deve contar com uma ampla base política de sustentação no Parlamento para obter a  aprovação de seus projetos legislativos. Este é, portanto, o tripé da governabilidade no Brasil: 1) apoio das classes sociais economicamente dominantes; 2) apoio da maioria da população e, 3) apoio da maioria do Parlamento. Em suma, governabilidade diz respeito à capacidade do governo de poder realizar políticas públicas com o apoio das classes dominantes, da população e do Parlamento.

No Brasil, são detentores dos meios de produção a burguesia que é classificada como classe dominante e o Estado, através de suas empresas estatais. As classes sociais não detentoras dos meios de produção dizem respeito à pequena burguesia, ao proletariado urbano e rural e ao lumpemproletariado que são classificadas como classes subalternas. A pequena burguesia diz respeito à classe média ou camadas médias urbanas que têm os mesmos valores e aspirações da burguesia. O proletariado é aquele que não tem nenhum meio de vida exceto sua força de trabalho que ele vende recebendo salários para sobreviver. O lumpemproletariado, por sua vez, é a parcela da população situada socialmente abaixo do proletariado formada por frações miseráveis.

A burguesia é constituída no Brasil por dois grupos: 1) grandes empresários do setor produtivo e empresários ligados ao setor financeiro, etc. tendo um contingente de 9 mil integrantes; e, 2) empresários pequenos e médios cujo contingente é de 5,7 milhões de pessoas. A pequena burguesia é composta pela classe média alta (executivos de empresas privadas nacionais, executivos de empresas multinacionais, altos burocratas do governo e executivos de empresas estatais), classe média tradicional (funcionários públicos e profissionais liberais) e intelectuais (advogados de grandes escritórios, professores universitários, acadêmicos, jornalistas, artistas, cineastas, etc.) cujo contingente é de 108 milhões de habitantes. O proletariado urbano e rural são os trabalhadores da indústria, agropecuária, comércio e serviços que totalizam 46 milhões de habitantes no Brasil e o lumpemproletariado, chamado também de “povão”, é constituído de 40,3 milhões de pessoas.

Bolsonaro está perdendo as condições de governabilidade com a rejeição da grande maioria da população e da maioria do Congresso Nacional. Para não perder seu último bastião de apoio junto aos detentores do poder econômico (empresariado), ele advoga o fim do isolamento social preconizado pela comunidade científica para combater o Coronavírus com sua tese de que o Brasil não pode parar sob o pretexto de impedir o agravamento da crise econômica que é do interesse das classes dominantes. Bolsonaro sabe que perdendo o apoio do poder econômico será o fim de seu governo porque já não conta com o apoio da maioria da população e da maioria do Congresso Nacional. Isto explica o ato irresponsável, criminoso e genocida de Bolsonaro para se manter no poder ao custo de cerca de 500 mil mortes no Brasil, segundo prevê a Universidade de Oxford, que ocorrerão se sua tese de que “o Brasil não pode parar” prevalecer.

Nenhum governo se sustenta em uma sociedade capitalista democrática sem contar com o apoio da maioria da população, da maioria do Congresso Nacional e do poder econômico. O desastre econômico do governo Bolsonaro agravado com a crise do Coronavirus  fará com que ele perca o apoio do empresariado e será o fim de seu governo. O momento atual está a exigir o afastamento imediato de Bolsonaro da Presidência da República porque ele perdeu as condições de governar o País. Por sua vez, a crise do Coronavirus exige que os poderes da República e a população brasileira estejam irmanados na luta contra o inimigo comum. Bolsonaro não contribui para que este objetivo seja atingido.

A permanência de Bolsonaro no poder tende a gerar convulsão social e instabilidade político-institucional com consequências imprevisíveis. Diante desta perspectiva, é preciso que, de acordo coma Constituição, Bolsonaro seja afastado da Presidência da República por inimputabilidade devido a sua insanidade mental pelos atos recentes que vem praticando que pode levar à morte de 478 mil brasileiros com sua defesa do fim do isolamento social para o combate ao Coronavirus. A inimputabilidade seria a solução que permitiria remover Bolsonaro do poder sem a necessidade de impeachment pelos 17 crimes de responsabilidade que vem praticando sistematicamente porque demandaria bastante tempo para sua concretização. Fora Bolsonaro do poder pelo bem do Brasil!

* Fernando Alcoforado, 80, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017),  Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria) e Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019).

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Author: falcoforado

FERNANDO ANTONIO GONÇALVES ALCOFORADO, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, da SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e do IPB- Instituto Politécnico da Bahia, engenheiro pela Escola Politécnica da UFBA e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário (Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da ciência e da tecnologia ao longo da história e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022), de capítulo do livro Flood Handbook (CRC Press, Boca Raton, Florida, United States, 2022), How to protect human beings from threats to their existence and avoid the extinction of humanity (Generis Publishing, Europe, Republic of Moldova, Chișinău, 2023) e A revolução da educação necessária ao Brasil na era contemporânea (Editora CRV, Curitiba, 2023).

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