Fernando Alcoforado*
O governo tem que atuar com o objetivo de minimizar o número de mortos pelo Coronavirus adotando o isolamento social total da população, evitar o colapso do sistema de saúde, manter as atividades econômicas essenciais e adotar medidas em benefício dos desempregados e das populações pobres para não morrerem de fome e das pequenas e médias empresas para não sucumbirem à crise. Estas são medidas indispensáveis a serem adotadas durante o avanço do coronavirus.
Após esta etapa, o governo deve flexibilizar racionalmente o isolamento social da população por localidades de acordo com o estágio da epidemia em que se encontram e investir maciçamente em obras de infraestrutura em todo o território nacional para reerguer o sistema econômico para gerar emprego e renda para a população mantendo ainda o apoio aos desempregados e às populações pobres para não morrerem de fome e às pequenas e médias empresas para sobreviverem à crise.
Além de ameaçar acabar com o isolamento social total que pode levar à morte de mais de 500 mil brasileiros, o governo Bolsonaro não colabora efetivamente para evitar que os desempregados e as populações pobres morram de fome e as pequenas e médias empresas sobrevivam à crise. As medidas anunciadas pelo governo Bolsonaro para conter o impacto do coronavírus no Brasil estão muito abaixo do que foi anunciado em outros países. As iniciativas anunciadas até o momento pelo governo federal como a antecipação do 13º salário de pensionistas e aposentados do INSS, a redução temporária de impostos para empresas, a ampliação do programa Bolsa Família, novos recursos para o Ministério da Saúde e transferências para Estados e municípios somam cerca de 4% do PIB do Brasil. Foram destinados apenas R$ 40 bilhões para empresas pequenas e médias pagarem salários.
Já na Alemanha, os gastos do governo para enfrentar a crise do coronavírus atingiram 37% do PIB com o anúncio de mais um pacote de 800 bilhões de euros (cerca de R$ 4,4 trilhões). O pacote de US$ 2 trilhões (R$ 10 trilhões), 8,8% do PIB dos EUA para combater a crise do coronavírus inclui medidas para transferência de renda para famílias, aumento dos benefícios para desempregados e apoio às empresas. Enquanto na Europa e nos Estados Unidos, os governos adotam medidas de economia de guerra contra o coronavirus injetando recursos da ordem de trilhões de euros e dólares, o incompetente governo Bolsonaro não investe maciçamente no enfrentamento do problema agravando ainda mais a situação dos desempregados, da população pobre e das pequenas e médias empresas.
* Fernando Alcoforado, 80, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria) e Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019).