Fernando Alcoforado*
Este artigo tem por objetivo demonstrar a necessidade da adoção de estratégias globais no futuro próximo que sejam capazes de eliminar ou neutralizar as ameaças para a humanidade internas ao planeta Terra, no século XXI, representadas pelo fim do sistema capitalista mundial, pela exaustão dos recursos naturais do planeta, pela mudança climática catastrófica global, pela escalada dos conflitos internacionais que poderão levar à guerra de todos contra todos nos planos nacional e internacional e, também, pela pandemia de vírus similares ao Coronavirus. Além das ameaças internas, é preciso desenvolver estratégias que assegurem a sobrevivência da humanidade no futuro próximo diante das ameaças imediatas relativas à colisão de asteroides sobre o planeta Terra e a explosão de supernovas com a liberação da radiação gama e raio X e, no futuro a longo prazo, representadas pelo afastamento da Lua em relação à Terra, a colisão da Galáxia Andrômeda com a Galáxia Via Láctea onde se localiza o sistema solar, a morte do Sol e o fim do Universo em que vivemos.
Entre as ameaças internas, a primeira, de natureza econômica é representada pela crise geral do sistema capitalista mundial que tende a conduzir o mundo em meados do século XXI à depressão com a falência dos governos, a quebradeira de empresas, o desemprego em massa e até mesmo uma nova conflagração mundial como já ocorreu no século XX com a 1ª e a 2ª Guerra Mundial. A segunda ameaça, de natureza ambiental, é representada pela exaustão dos recursos naturais do planeta Terra, pela escassez e poluição da água, pelo crescimento desordenado das cidades e pela catastrófica mudança climática global durante o século XXI resultantes do modo caótico de produção capitalista e do aumento desmesurado da população planetária que tende a produzir graves repercussões sobre as atividades econômicas e o agravamento dos problemas sociais da humanidade, bem como o advento de conflitos internacionais. A terceira ameaça, pode resultar de três grandes conflitos internacionais que podem dar início uma nova Guerra Mundial: 1) O conflito Estados Unidos- China – Rússia; 2) O conflito Israel- Palestina; e, 3) O conflito Estados Unidos- Israel- Irã. A quarta ameaça é representada pelo surgimento de novas pandemias como a que vem ocorrendo no momento, a do Coronavirus.
As ameaças externas imediatas dizem respeito à colisão de asteroides sobre o planeta Terra e a explosão de supernovas com a liberação da radiação gama e raio X. Para evitar a colisão de grandes asteróides sobre o planeta Terra, a humanidade deveria utilizar foguetes poderosos para desviá-los. Com a ameaça externa representada pela colisão entre as galáxias Andrômeda e Via Láctea, a humanidade teria que buscar sua fuga para um planeta em uma galáxia mais próxima como a Galáxia Anã do Cão Maior situada a 25.000 anos-luz. Para fazer frente aos problemas resultantes do afastamento da Lua em relação à Terra, a humanidade poderia buscar sua sobrevivência implantando no sistema solar colônias espaciais em Marte, Titan (lua de Saturno), Callisto (lua de Júpiter) e no planeta anão Plutão que são possíveis locais de fuga todos eles com inúmeros obstáculos que exigiriam grande avanço tecnológico para superá-los. Antes da morte do Sol, a humanidade deveria sair do sistema solar e alcançar um novo planeta em outro sistema planetário que seja habitável para os seres humanos. Este planeta poderia ser o “Proxima Centauri b” orbitando a estrela mais próxima do Sol integrante do sistema Alpha Centauri. Antes do fim do Universo em que vivemos, a humandade deveria buscar uma saída, isto é, um universo paralelo, para a humanidade escapar e sobreviver a todos os cenários catastróficos.
Quanto às ameaças internas ao planeta Terra, a sobrevivência da humanidade depende da capacidade que os seres humanos tenham de encontrar soluções de gestão racional para a reciclagem dos recursos naturais visando evitar sua exaustão, para o uso das águas para evitar sua poluição e má utilização e para o desenvolvimento das cidades para evitar seu crescimento desordenado, bem como de soluções científicas e tecnológicas para lidar com as ameaças internas relacionadas com a de natureza ambiental representada pela catastrófica mudança climática global com a adoção de tecnologias limpas de produção industrial, de transporte e de energia, de combate à poluição das águas, do solo e do ar como a emissão de gases do efeito estufa na atmosfera e aquelas relacionadas com o desenvolvimento de medicamentos e vacinas capazes de combater os atuais e novos virus. As ameaças internas só serão combatidas com êxito na medida em que a humanidade adquira a capacidade de coordenar suas ações na gestão da economia global e nas relações internacionais com a implantação de uma governança mundial capaz de fazer frente ao agravamento da crise do sistema capitalista mundial até meados do século XXI e ordenar o sistema econômico mundial em novas bases após esta crise e que seja capaz, também, de evitar a eclosão de de novos conflitos internacionais que possam levar a humanidade a uma nova Guerra Mundial. Além da governança mundial, é preciso que, em cada país do mundo, seja implantado um novo modelo de sociedade capaz de promover o estado de bem-estar-social universalista, a prestação universal de direitos humanos básicos e a estabilização da economia, a igualdade de gênero, a redução da desigualdade social e grande magnitude de redistribuição da riqueza para a população.
Quanto às ameaças externas acima descritas, a sobrevivência da humanidade depende do avanço da ciência e tecnologia sem a qual os seres humanos não conseguirão sobreviver às ameaças representadas pelo afastamento da Lua em relação à Terra, a colisão de asteroides sobre o planeta Terra, a explosão de supernovas com a liberação da radiação gama e raio X, a colisão da Galáxia Andrômeda com a Galáxia Via Láctea onde se localiza o sistema solar, a morte do Sol e o fim do Universo em que vivemos. Atualmente, a humanidade teria condições de evitar a colisão de grandes asteróides sobre o planeta Terra porque dispõe de poderosos foguetes capazes de atingi-los. No entanto, não existem recursos tecnológicos que permitam evitar os danos que poderão ser proporcionados pela explosão de supernovas com a liberação da radiação gama e raio X cujas consequências serão catastróficas para a humanidade da mesma forma que não há recursos tecnológicos para implantar colônias espaciais em Marte, Titan (lua de Saturno), Callisto (lua de Júpiter) e no planeta anão Plutão. A humanidade não dispõe, também, de recursos científicos e tecnológicos para buscar sua fuga para um planeta em uma galáxia mais próxima como a Galáxia Anã do Cão Maior, alcançar outro planeta habitável, o “Proxima Centauri b”, orbitando a estrela mais próxima do Sol integrante do sistema Alpha Centauri e muito menos buscar uma saída para um universo paralelo antes do fim de nosso Universo.
Se é imenso o desafio científico e tecnológico para fugir para um planeta em uma galáxia como a Galáxia Anã do Cão Maior situada a 25.000 anos-luz, alcançar um novo planeta em outro sistema planetário que seja habitável para os seres humanos como o “Proxima Centauri b” orbitando a estrela mais próxima do Sol integrante do sistema Alpha Centauri, o desafio seria ainda maior em abandonar nosso Universo e se dirigir para universos paralelos. Segundo Michio Kaku, físico teórico estadunidense, professor e co-criador da teoria de campos de corda, o principal problema em abandonar nosso Universo e se dirigir para universos paralelos é se teremos recursos suficientes para construir máquinas capazes de realizar uma proeza tão dificil e se as leis da física permitem a existência dessas máquinas.
Para a humanidade escapar para universos paralelos, Kaku afirma ser preciso superar uma série de grandes obstáculos. A primeira barreira seria completar uma teoria de tudo quando teríamos condições de verificar as consequências da utilização de tecnologias avançadas. Além disso, Kaku propõe encontrar buracos de minhoca e buracos brancos que são portões dimensionais e cordas cósmicas que possibilitariam alcançar universos paralelos, enviar sondas através de um buraco negro que funcionaria como escotilha de emergência para sair de nosso Universo, construir um buraco negro para propósitos experimentais, criar um universo bebê com um falso vácuo no laboratório, criar imensos colisores de átomos apesar dos grandes problemas de engenharia, criar mecanismos de implosão com o uso de raios laser, construir uma máquina de impulsionar a dobra com capacidade de cruzar imensas distâncias estelares, usar a energia negativa dos estados comprimidos com o uso de raios laser que podem ser utilizados para gerar matéria negativa para abrir e estabilizar buracos de minhoca, esperar por transições quânticas para escapar para outro universo e, finalmente, como última esperança, com a fusão de nossa consciência com nossas criações robóticas usando engenharia de DNA avançada, nanotecnologia e robótica.
Kaku afirma que a humanidade terá pela frente bilhões de anos para encontrar a solução que possibilite abandonar nosso Universo em direção a mundos paralelos. Kaku afirma que, para as missões interplanetárias de longa distância, os físicos terão que encontrar formas mais exóticas de propulsão de foguetes se esperam alcançar distâncias a centenas de anos-luz haja vista que os foguetes químicos atuais é limitada pela velocidade máxima dos gases de escapamento. Ele diz que o desenvolvimento de um motor solar/iônico pode proporcionar uma nova forma de propulsão de foguetes entre as estrelas. Um projeto possível seria criar um reator de fusão, um foguete que extrai hidrogênio do espaço interestelar e o liquefaz liberando quantidades ilimitadas de energia no processo.
Tudo o que acaba de ser exposto indica a necessidade de a humanidade se dotar o mais urgentemente possível de instrumentos necessários a ter o controle de seu destino com a implantação de um governo democrático mundial. Este é o único meio de sobrevivência da espécie humana para fazer frente às ameaças internas e externas ao planeta Terra acima descritas. As ameaças internas e externas exigem a constituição de um governo democrático mundial que visaria não apenas a superação das ameaças internas com o ordenamento econômico global, a defesa do meio ambiente global, a conquista da paz mundial e a defesa contra atuais e futuras pandemias, mas, também, criar as condições para enfrentar as ameaças externas vindas do espaço cujas ações de caráter global para neutralizá-las são impossíveis de serem levadas avante pelos estados nacionais isoladamente e pelas instituições internacionais atuais.
As ameaças internas e externas para a humanidade exigem, também, a edificação de um novo modelo de sociedade que possibilite uma convivência civilizada entre todos os seres humanos. O modelo de sociedade que permitiria atingir este objetivo seria o modelo nórdico ou escandinavo de social democracia, praticado na Dinamarca, Noruega, Suécia, Finlândia e Islândia, que poderia ser melhor descrito como uma espécie de meio-termo entre capitalismo e socialismo. Em 2019, a revista The Economist declarou que os países nórdicos são provavelmente os mais bem governados do mundo. O relatório World Happiness Report 2019 da ONU mostra que as nações mais felizes do mundo estão concentradas no Norte da Europa. De acordo com o World Happiness Report 2019, a Finlândia é o país mais feliz do mundo, com Dinamarca, Noruega, Islândia e Holanda ocupando as próximas primeiras posições. Os nórdicos possuem a mais alta classificação no PIB real per capita, a maior expectativa de vida saudável, a maior liberdade de fazer escolhas na vida e a maior generosidade. Apesar de suas diferenças, os países escandinavos compartilham alguns traços em comum: estado de bem-estar-social universalista que é voltado para melhorar a autonomia individual, promovendo a mobilidade social e assegurando a prestação universal de direitos humanos básicos e a estabilização da economia. Se distingue, também, por sua ênfase na participação da força de trabalho, promovendo igualdade de gênero, redução da desigualdade social, extensos níveis de benefícios à população e grande magnitude de redistribuição da riqueza.
REFERÊNCIAS
ALCOFORADO, Fernando. Energia no mundo e no Brasil. Curitiba: Editora CRV, 2015.
______________________. Como inventar o futuro para mudar o mundo. Curitiba: Editora CRV, 2019.
______________________. Artigos publicados no website <https://fernandoalcoforado.academia.edu/research> com os títulos seguintes:
- O fim do sistema capitalista mundial em meados do século XXI
- O futuro do capitalismo
- O planeta Terra e seus limites no uso dos recursos naturais
- Água no mundo e seus gigantescos problemas
- A questão da água no mundo e seus imensos desafios
- A economia circular para evitar a exaustão dos recursos naturais do planeta Terra
- Mudança climática global e suas soluções
- Como preparar as cidades contra eventos climáticos extremos
- Como tornar as cidades sustentáveis
- Novas fontes de energia e eficiência energética para evitar a catastrófica mudança climática global
- O mundo rumo à 4ª guerra mundial
- Como eliminar a guerra no mundo
- Porque um outro mundo é necessário e possível
- Como construir um cenário de paz e cooperação entre as nações e os povos
- Caos nas relações internacionais exige um governo mundial
- O governo mundial para enfrentar os grandes desafios da humanidade no século XXI
- O mundo depois do Coronavirus
- Coronavirus e seus impactos sobre a economia mundial
- As ameaças sobre a vida na Terra vindas do espaço
- As três grandes ameaças para a humanidade no século XXI
- As estratégias da humanidade para lidar com as ameaças internas e externas ao planeta Terra
- Porque a Lua é importante para a vida no planeta Terra
- Como funciona o planeta Terra
- O Sol e sua importância para a vida no planeta Terra
- O futuro do Universo e da humanidade
- A ciência e os avanços no conhecimento sobre o Universo
KAKU, Michio. mundos paralelos. Rio: Editora Rocco Ltda., 2005.
ONU. World Happiness Report 2013
* Fernando Alcoforado, 80, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria) e Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019).