Fernando Alcoforado*
A nau dos insensatos é uma antiga alegoria muito usada na cultura ocidental em literatura e pinturas. Imbuída de um senso de autocrítica, ela descreve o mundo e seus habitantes como se estivessem em uma nau cujos passageiros perturbados nem sabem nem se importam para onde estão indo. A nau dos insensatos no Brasil é representado pelo governo Bolsonaro que age de forma insensata ao colaborar no sentido da disseminação do Covid 19 que registra (10/12/2020) 178.995 mortes ao atuar sistematicamente contra as medidas sanitárias necessárias ao seu combate e nada fazer para reativar a economia respeitando as limitações existentes e muitos de seus passageiros (o povo brasileiro) agem de forma insensata ao não respeitar o isolamento social necessário à sua proteção contra o vírus e não se mobilizarem contra os atos insensatos do governo.
O Brasil é como se fosse um barco indo a pique não apenas no combate ao novo Coronavirus, mas também, no campo da economia com o governo Bolsonaro nada fazendo para reativar a economia respeitando as limitações impostas pela pandemia do Covid 19. E nós, habitantes do Brasil somos passageiros deste barco que ruma a lugar algum e estamos afundando com ele. Imaginem uma situação de um navio, isto é, o Brasil, indo a pique sem que seus ocupantes, isto é, a população brasileira, perceba a catastrófica situação que lentamente se impõe. Esta imagem faz parte de uma alegoria medieval que foi representada das mais distintas formas ao longo dos últimos quinhentos anos: A Nau dos insensatos. Não foram poucos os que trouxeram à luz todo o esplendor desta ideia destacando-se, entre eles, Erasmo de Roterdã em Elogio da Loucura, Michel Foucault em História da Loucura e Federico Fellini no cinema.
A população brasileira está na Nau chamada Brasil comandada pelo insensato e incompetente presidente Jair Bolsonaro em meio a esta viagem rumo a lugar algum, porque o governo Bolsonaro não tem um plano ou rumo para a Nau chamada Brasil que enfrenta as mais terríveis tempestades, ventos fortes, intempéries naturais e acidentes de percurso. E assim, o governo e a população brasileira olham para frente sem se aperceberem que a água já está tocando a cintura e que já não há mais como voltar atrás. Este é o cenário vivido com a Nau dos Insensatos chamada Brasil indo a pique na era contemporânea.
A nau chamada Brasil está indo a pique porque está sendo comandada por um Presidente da República, Jair Bolsonaro, que não busca unir a nação em torno de objetivos comuns. Muito pelo contrário, ele prega o confronto contra quem a ele se opõe contribuindo para dividir ainda mais os habitantes do País ao tentar colocar em prática seu projeto neofascista de governo na economia e nas áreas de educação, meio ambiente, combate ao crime, entre outras, além de ter tentado o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal.
Enquanto o governo Bolsonaro está contribuindo para o insucesso no combate ao novo Coronavirus, a economia brasileira está estagnada e ocorre a piora da situação social da classe trabalhadora no Brasil. A nau chamada Brasil tem uma população economicamente ativa de 90,6 milhões de trabalhadores. O desemprego é de 14 milhões de trabalhadores e a população economicamente ativa subutilizada é de 27,9 milhões de trabalhadores. Apesar desta grave situação econômica e social, o governo Bolsonaro nada faz no sentido de elaborar um plano econômico que contribua para a retomada do desenvolvimento do Brasil que apresente para a população e para os setores produtivos uma perspectiva de superação da crise atual e de retomada do crescimento econômico.
Levando em conta o discurso do ministro da Economia do governo Jair Bolsonaro, Paulo Guedes, que, além de economista incompetente, é um fundamentalista do neoliberalismo dificilmente o governo federal assumirá um papel ativo como indutor do crescimento econômico elaborando um plano de desenvolvimento para promover a reativação da economia e a elevação dos níveis de emprego no Brasil contribuindo, desta forma, para levar a pique economicamente a nau chamada Brasil. O governo Bolsonaro age levando a pique a nau chamada Brasil. O governo deveria ser responsabilizado pelos crimes que pratica contra o povo brasileiro.
* Fernando Alcoforado, 80, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria) e Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019).