CAUSAS DO FRACASSO DO BRASIL NO COMBATE AO NOVO CORONAVIRUS E SUAS SOLUÇÕES

Fernando Alcoforado*

Este artigo visa apresentar as causas do fracasso do Brasil no combate ao novo Coronavirus e apontar suas soluções. O Brasil tem média móvel de mil mortes por Covid-19 por dia. A média móvel de novos casos volta a bater recorde. Brasilcontabilizou total de 207.160 óbitos e 8.326.115 casos de Covid-19. O país registrou 1.151 mortes pela Covid-19 nas últimas 24 horas, chegando ao total de 207.160 óbitos desde o começo da pandemia. Com isso, a média móvel de mortes no Brasil nos últimos 7 dias foi de 1.000. A variação foi de +42% em comparação com a média de 14 dias atrás, indicando tendência de crescimento nos óbitos pela doença. A situação em Manaus é dramática. Sem oxigênio, pacientes dependem de ventilação manual para sobreviver. Estes resultados demonstram o fracasso do combate ao novo Coronavirus no Brasil.  

Está demonstrado por estes números que as políticas adotadas até o momento pelos governos estaduais e municipais do Brasil são insuficientes para conter o avanço do novo Coronavirus e que medidas mais efetivas precisam ser operacionalizadas com urgência para reduzir o número de contaminados e de mortos pelo vírus no Brasil. As intervenções empregadas no Brasil no combate ao Covid-19 até o momento têm sido insuficientes porque estão aquém dos bloqueios generalizados e obrigatórios implementados em partes da Ásia que provaram ser altamente eficazes para conter a disseminação do vírus.

Há a necessidade imperiosa do rompimento da cadeia de transmissão do vírus como essencial para controlá-lo e impedir seu crescimento exponencial que incluiria, além da vacinação obrigatória em massa, a rápida adoção de medidas comprovadas de saúde pública, incluindo lockdown, até mesmo com toque de recolher, testes, isolamento de casos e maior distanciamento social para conter o impacto da pandemia. É isso que “achataria” a curva de contaminados, o que diminuiria a sobrecarga nos hospitais e por consequência reduziria o número de mortos por Covid 19.

Pode-se concluir pelo que ocorreu no Brasil que se tratou de ato irresponsável de seus governantes ter havido a retomada da atividade econômica de forma prematura porque causou sofrimento da população e mortes desnecessárias. Alguns governadores e prefeitos decidiram flexibilizar o isolamento social para evitar o colapso do sistema econômico. Ao evitar o colapso da economia brasileira o sistema de saúde do Brasil está sendo levada ao colapso em algumas cidades. O correto seria os governantes do Brasil terem colocado, desde o início, as cidades e regiões em lockdown (fechamento total) as quais só deveriam ser liberadas gradativamente da mesma forma como ocorreu na China com a população usando máscara facial, sendo submetida a constantes medições de temperatura, além da população ser controlada por meio de um código QR (Quick Response code) de saúde municipal que funciona como passaporte de imunidade.

Em diversas cidades chinesas, há um QR para cada habitante, informando sua condição de saúde com base tanto em declarações próprias quanto em dados de que o governo dispõe. Assim, os cidadãos recebem códigos marcados em verde, amarelo ou vermelho. Somente os residentes com código verde podem circular livremente pela cidade. Os portadores de códigos amarelos e vermelhos devem se manter em quarentena e se registrar diariamente numa plataforma de internet para prestar informações, até obterem o código verde. Isto não foi feito no Brasil.

Além dessas medidas a serem adotadas por estados e municípios, deveria ser distribuída renda pelo governo federal para as populações, sobretudo as vulneráveis, para evitar que, por necessidade de sobrevivência, elas fossem obrigadas a sair de suas residências para trabalharem em escritórios ou nas ruas. Em outras palavras, o governo federal deveria pagar as pessoas para não saírem às ruas para não contaminarem ou serem contaminadas pelo vírus. As medidas adotadas pelo governo federal foram insuficientes para ajudar as empresas, especialmente as micro, pequena e média empresas, para sobreviverem neste momento de queda em suas receitas, bem como aos estados e municípios para evitarem sua insolvência devido à queda na arrecadação de impostos. 

O insucesso no combate ao novo Coronavirus no Brasil pode ser atribuído à falta de ação coordenadora do governo federal. A condição indispensável para o Brasil vencer a guerra contra o novo Coronavirus é o governo em todos os níveis e a população estarem unidos contra o inimigo comum. Lamentavelmente, no Brasil, esta situação não existe porque o Presidente da República Jair Bolsonaro se colocou contra o isolamento social da população desrespeitando sistematicamente todas as medidas restritivas à aglomeração de pessoas sob o pretexto de que é preciso salvar, também, a economia brasileira da debacle e, também, contra a vacina e a obrigatoriedade da vacinação da população.

A crítica situação atual está a exigir a imediata vacinação em massa da população brasileira que é a única maneira de erradicar o Covid-19. A vacina é a única arma que temos para usar visando erradicar o novo Coronavirus. É importante observar que, ao longo da história, as vacinas ajudaram a reduzir expressivamente a incidência de gripe, catapora ou varicela, caxumba, dengue, febre amarela, hepatite, rubéola, sarampo, varíola, herpes simples, raiva, pólio, sarampo e tétano, entre várias outras doenças. Hoje, as vacinas são consideradas o tratamento com melhor custo-benefício em saúde pública. 

É preciso observar que a vacinação em massa só produzirá seus efeitos a médio e longo prazos. A curto prazo, é preciso que haja a adoção imediata do “lockdown” para paralisar o crescimento do número de infectados e de mortos no Brasil que deveria ser adotado especialmente em cidades e regiões críticas do ponto de vista da capacidade de atendimento do sistema de saúde, o uso obrigatório de máscara facial pela população que seria submetida a constantes medições de temperatura e controlada a fim de isolar os infectados do restante da população. Somente os não infectados circulariam livremente pelas cidades. Os infectados pelo Covid 19 devem se manter em quarentena até serem liberados. 

O rompimento da cadeia de transmissão do vírus só acontecerá, portanto, com a vacinação em massa da população brasileira que, enquanto ela não se realizar na plenitude, teriam que ser adotadas medidas radicais, a curto prazo, como aquelas adotadas na China como o lockdown com o isolamento de Wuhan (epicentro do vírus) do resto do país para evitar a disseminação do novo Coronavirus. No momento, no Brasil, não há outro caminho senão adotar o lockdown das cidades e regiões mais afetadas por tempo indeterminado. Em cada cidade e região mais afetadas pelo novo Coronavirus e isoladas do resto do estado e do país deveriam ser adotados testes em massa nos mesmos moldes do adotado na China para identificar quem deveria ficar em quarentena e quem deveria ser liberado para a convivência social.

Deveria haver rígido controle na circulação de pessoas na entrada e saída do Brasil, bem como das cidades e regiões em lockdown com a realização de testes para verificar se estão ou não contaminadas pelo novo Coronavirus. Estas seriam as medidas para evitar o colapso do sistema de saúde e as atividades econômicas serem retomadas o mais rapidamente possível. Para essas medidas serem bem sucedidas e resultarem no sucesso do combate ao novo Coronavirus no Brasil, urge a ação coordenadora do governo federal. A condição indispensável para o Brasil vencer a guerra contra o novo Coronavirus é o governo em todos os níveis e a população estarem unidos contra o inimigo comum.

O Brasil precisa urgentemente de alinhamento estratégico do governo federal com os estados e municípios nas ações de saúde com as de natureza econômica para combater o novo Coronavirus. Esta é mais uma das razões pelas quais é necessário o impeachment de Jair Bolsonaro da Presidência da República com sua substituição pelo vice-presidente Hamilton Mourão que seria mais qualificado para desempenhar o papel de comandante geral no combate ao novo Coronavirus. As lideranças políticas de todos os partidos precisam atuar o mais rapidamente possível para afastar Bolsonaro do poder para evitar o desastre humanitário que se vislumbra com o avanço do número de contaminados e mortos pelo novo Coronavirus no Brasil e o desastre econômico com a bancarrota da economia brasileira.

* Fernando Alcoforado, 81, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017),  Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria) e Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019).

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Author: falcoforado

FERNANDO ANTONIO GONÇALVES ALCOFORADO, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, da SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e do IPB- Instituto Politécnico da Bahia, engenheiro pela Escola Politécnica da UFBA e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário (Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da ciência e da tecnologia ao longo da história e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022), de capítulo do livro Flood Handbook (CRC Press, Boca Raton, Florida, United States, 2022), How to protect human beings from threats to their existence and avoid the extinction of humanity (Generis Publishing, Europe, Republic of Moldova, Chișinău, 2023) e A revolução da educação necessária ao Brasil na era contemporânea (Editora CRV, Curitiba, 2023).

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