Fernando Alcoforado*
Este artigo, publicado em vários websites no Brasil e no exterior em português, inglês e francês, tem por objetivo apresentar as estratégias necessárias para salvar a humanidade de catástrofes naturais provocadas por terremotos, tsunamis e erupções de vulcões que têm contribuído para a ocorrência de mortes de populações e destruição de edificações e infraestruturas de muitos países. À exceção do Japão que adota medidas avançadas de prevenção e precaução contra terremotos e tsunamis, a humanidade continua à mercê dessas catástrofes naturais pela falta de previsão da ocorrência desses eventos, de planos de evacuação de populações das áreas afetadas e de medidas de prevenção e precaução para fazerem frente às catástrofes provocadas por terremotos, tsunamis e erupções vulcânicas. Este artigo apresenta a experiência do Japão no enfrentamento de terremotos e tsunamis e os avanços nos estudos e pesquisas realizadas por vários pesquisadores e instituições científicas que poderiam ser utilizados em várias partes do mundo para lidar com as catástrofes naturais provocadas por terremotos, tsunamis e erupções vulcânicas. Adicionalmente, este artigo propõe ações de caráter global para lidar com catástrofes que abranjam vários países e regiões.
É oportuno observar que terremotos são abalos sísmicos ou tremores de terra que ocorrem quando as placas tectônicas que compõem a crosta terrestre estão sob grande pressão do magma vindo do interior do planeta. Essa pressão exerce uma força nas placas tectônicas gerando terremotos, tsunamis (quando ocorrem no leito oceânico), além de erupção de vulcões. As regiões de maior risco de terremotos estão localizadas nas fronteiras das 28 placas tectônicas da Terra. Dos cinco maiores desastres resultantes de terremotos, a Cordilheira do Himalaia foi afligida por três deles. Os cincos terremotos mais fortes já registrados no mundo até hoje foram os da Península de Kamchatka na Rússia em 1952, Valdívia no Chile em 1960, Alasca nos Estados Unidos em 1964, Ilha de Sumatra na Indonésia em 2004 e Península de Oshika no Japão em 2011. O terremoto mais forte da história foi, entretanto, o de Shensi, na China, ocorrido no ano de 1556 que deixou um rastro de incríveis 830 mil mortos. Quanto ao tsunami, como o que aconteceu catastroficamente na Indonésia em 2004 e no Japão em 2011, trata-se de ondas provocadas por terremotos na crosta oceânica que empurra a massa de água para cima e é, também, resultante do deslocamento de massa continental e erupções vulcânicas no oceano ou impacto sobre este de meteoritos.
Nos Estados Unidos, estão ativos cerca de 130 vulcões, na Indonésia 120 vulcões, no Chile 95 vulcões e no Japão cerca de 66 vulcões, entre outros países. Um estudo publicado pela renomada revista “Science” traz evidências de que a atividade intensa de vulcões há cerca de 200 milhões de anos levou provavelmente à extinção de cerca de metade das espécies de animais da Terra no período, conhecido como o fim do Triássico que é um período geológico que se estende desde cerca de há 252 até há 201 milhões de anos. A intensa atividade vulcânica liberou quantidades enormes de gases na atmosfera do planeta no período, que alteraram abruptamente as condições climáticas. As novas condições modificaram o habitat das espécies tanto nos oceanos quanto em terra firme. Os indícios apontam que as mudanças climáticas ocorreram tão subitamente que os animais não foram capazes de evoluir e se adaptar.
Estudos apontam que o Brasil pode ter terremotos de magnitude 6,0 na escala Richter (suficientes para provocarem danos muito sérios se ocorrerem próximo a alguma cidade grande) uma vez a cada 50 anos, em média. O sismo mais famoso e que causou maior impacto econômico e social foi o da pequena cidade de João Câmara, no Rio Grande do Norte registrado às 3h22 da madrugada de 30 de novembro de 1986, com magnitude 5,1 pontos. As consequências foram catastróficas. Cerca de 4.350 edificações foram destruídas ou danificadas, deixando milhares de desabrigados, inclusive de municípios vizinhos, com algumas famílias perdendo praticamente tudo o que possuíam. Além disso, o abalo paralisou as pequenas indústrias e o comércio locais e suspendeu as aulas nas escolas da região. O Rio Grande do Norte é o estado mais exposto a terremotos, por localizar-se em seu território a maior falha geológica do Brasil, que tem extensão de 38 km por 4 km de largura e corta os municípios de Parazinho, João Câmara, Poço Branco e Bento Fernandes, com profundidade de 9 km. Essa falha acumula energia que pode causar terremotos e até tsunamis.
Pesquisadores da UERJ, liderados pelo professor Francisco Dourado (Centro de Pesquisas e Estudos sobre Desastres – CEPEDES), em parceria com pesquisadores portugueses, procuraram e encontraram evidências físicas da chegada de um tsunami nas praias da costa do Brasil em 1755, como resultado de um terremoto que atingiu Lisboa. A onda gigante atravessou o Atlântico e causou estragos na costa brasileira. A onda gigante atingiu toda a costa nordestina, com relatos de ter chegado também ao Rio de Janeiro, no sudeste do País. As ondas não chegaram muito altas, mas o volume de água foi grande. As ondas inundaram até 4 quilômetros distantes da linha de costa. Há, também, a possibilidade de tsunami no Brasil com a erupção do vulcão “Cumbre Vieja”, localizado no arquipélago das Ilhas Canárias com o lançamento de mais de 500 toneladas de terra no Oceano Atlântico, provocando fortes ondas que, entre outros lugares, atingiriam o Brasil.
As principais conclusões deste artigo são as de que, para lidar com o movimento de placas tectônicas, tsunamis e a erupção de vulcões, é preciso que existam estratégias locais, nacionais e globais para enfrentá-las e minimizar suas consequências. Estas estratégias são as seguintes:
1. Nas condições atuais, como não é possível prever a ocorrência de terremotos, é necessário adotar medidas de prevenção e precaução para eliminar ou reduzir os danos por eles provocados sobre as populações, edificações e infraestruturas como fazem os japoneses. A experiência japonesa de prevenção e precaução contra terremotos deveria ser difundida e adotada mundialmente.
2. Quanto aos tsunamis, eles podem ser previstos de forma rápida e eficiente com a ajuda de sismógrafos, porque, quando ocorre o terremoto, se consegue rapidamente definir o epicentro deste tremor, que é a projeção dele na superfície e é possível conseguir fazer a modelagem com que essa onda vai sair, verificar a sua velocidade e checar em quanto tempo ela vai atingir vários locais no planeta e acionar planos de evacuação de populações. O Google Earth pode ser utilizado para mostrar dados que indiquem a relativa probabilidade de um futuro tsunami em várias zonas costeiras como faz o Centro de Pesquisas Geológicas dos Estados Unidos.
3. Quanto às erupções vulcânicas, os cientistas têm usado há bastante tempo dados vindos de satélites, equipamentos de sensibilidade sísmica e outras fontes para detectar erupções de vulcões que estão para acontecer e é possível prever suas ocorrências com o monitoramento constante dos vulcões para prevenir desastres de proporções catastróficas com a adoção de planos de evacuação de populações nas áreas abrangidas pelos vulcões.
4. Sobre o Brasil, é importante destacar que o fato de não estar localizado em zonas sísmicas de risco elevado há a possibilidade de sofrer terremotos e tsunamis que torna uma exigência o País se preparar para enfrentar estes problemas.
5. Em cada país do mundo, é preciso que sejam montadas estruturas voltadas para o monitoramento de terremotos, tsunamis e erupção de vulcões e sejam elaborados planos de evacuação de populações em locais que possam ser atingidos por esses eventos catastróficos.
6. É preciso que seja montada uma estrutura mundial, uma Organização Mundial de Defesa Contra Catástrofes Naturais de abrangência global, similar à OMS (Organização Mundial de Saúde) que tenha capacidade de coordenar tecnicamente as ações dos países no enfrentamento de terremotos, tsunamis e erupção de vulcões cujas consequências tenham abrangência local, regional e mundial, especialmente de vulcões que podem levar à extinção da vida no planeta como as grandes erupções de vulcões ocorridas há 250 milhões de anos que acabaram com um ciclo de vida na Terra.
A organização mundial acima citada deveria ser vinculada a um governo democrático mundial a ser criado que seja capaz de coordenar todas as ações de todos os governos nacionais na adoção das medidas necessárias à evacuação dos seres humanos para locais seguros e, até mesmo, se necessário, para fora do planeta Terra em locais habitáveis no sistema solar (Marte, a lua de Saturno, Titan, e de Júpiter, Callisto) no caso em que a erupção de vulcões possa levar à ameaça de extinção dos seres humanos como já ocorreu no passado. Nenhum governo nacional por mais poderoso que seja será capaz de realizar a hercúlea tarefa de salvar a humanidade deste tipo de ameaça. Além disso, os governos nacionais, sobretudo os mais poderosos, privilegiariam a sobrevivência de suas populações e não de toda a humanidade. Urge a existência de um governo democrático mundial e de um parlamento mundial para realizarem a nobre tarefa de salvar a humanidade desta e das demais ameaças contra sua sobrevivência.
Este é um resumo do artigo cujo texto completo pode ser lido acessando o website https://www.academia.edu/45001689/COMO_SALVAR_A_HUMANIDADE_DE_CAT%C3%81STROFES_NATURAIS_PROVOCADAS_POR_TERREMOTOS_TSUNAMIS_E_ERUP%C3%87%C3%95ES_DE_VULC%C3%95ES
Para assistir o vídeo que aborda este assunto, acessar o website
* Fernando Alcoforado, 81, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria) e Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019).