Fernando Alcoforado*
Este texto é um resumo do artigo, publicado em vários websites no Brasil e no exterior em português, inglês e francês, que tem por objetivo apresentar possíveis estratégias para salvar a humanidade das consequências relacionadas com os raios cósmicos que chegam ao planeta Terra, especialmente os raios gama emitidos por supernovas, e dos que ameaçam os seres humanos em viagens espaciais. Apesar da grande incidência de raios cósmicos sobre a Terra, todos nós estamos protegidos pela atmosfera e pelo campo magnético terrestre. A atmosfera terrestre é uma camada de gases que envolve a Terra e é retida pela força da gravidade. A atmosfera terrestre protege a vida na Terra absorvendo a radiação ultravioleta solar, aquecendo a superfície por meio da retenção de calor (efeito estufa), e reduzindo os extremos de temperatura entre o dia e a noite. O campo magnético da Terra protege as camadas de ar ao minimizar ataques de ventos solares que, sem esta proteção, as partículas lançadas pelo Sol arrancariam a atmosfera do planeta lançando-a no espaço sideral, inviabilizando as condições de vida no planeta. O magnetismo terrestre atua como um escudo de proteção para o Planeta. A principal função do campo magnético é a manutenção da atmosfera e, consequentemente, da vida na Terra.
A atmosfera terrestre é uma proteção natural contra os raios cósmicos. A atmosfera terrestre nos protege da maior parte dos raios cósmicos à exceção dos raios gama que podem devastar a vida na Terra. O campo magnético da Terra nos protege da radiação solar, mas os seres humanos estão expostos aos raios cósmicos em viagens espaciais. Os raios cósmicos são radiações existentes no espaço sideral, que trafegam através dele e eventualmente podem chegar na Terra. Os raios cósmicos são emitidos por fontes que incluem o Sol, estrelas, galáxias e buracos negros. O Sol, por exemplo, produz luz visível, radiação de diversas espécies, como raios ultravioletas e neutrinos. A Via Lactea, outras galáxias e quasares emitem, também, raios cósmicos. Supernovas (gigantescas explosões de estrelas que entram em colapso pela matéria que cai nos buracos negros) emitem, também, raios cósmicos. Há, ainda, a chamada radiação cósmica de fundo, originada cerca de 300 mil anos após o Big-Bang quando o Universo teve origem. Finalmente, boa parte dos raios cósmicos tem origem totalmente desconhecida.
As radiações cósmicas podem ser de duas formas: ondas eletromagnéticas ou partículas subatômicas. Exemplos de ondas eletromagnéticas são a luz visível, os raios ultravioletas e infravermelhos, raios X, raios gama e ondas de rádio. Exemplos de raios cósmicos constituídos por fluxos de partículas subatômicas são elétrons, prótons, núcleos atômicos e neutrinos. A única diferença entre esses diversos tipos de radiação é a frequência de oscilação das ondas (que é proporcional à sua energia). Raios cósmicos são partículas extremamente penetrantes com energia elevada que ao atingir organismos vivos podem causar alterações genéticas. A atmosfera terrestre é uma proteção natural contra os raios cósmicos. Pesquisadores participantes do Projeto Pierre Auger – o maior observatório do mundo dedicado ao estudo e à detecção de raios cósmicos, localizado na província de Mendoza, na Argentina – descobriram que, acima de um determinado nível de energia, essas partículas, que são as mais energéticas da natureza e atingem constantemente a atmosfera terrestre, têm origem extragaláctica.
Radiações cósmicas poderosas são as que resultam da explosão de supernovas que emitem raios gama que podem devastar a vida na Terra se os raios saírem em sua direção. Quando uma estrela muito massiva morre em uma supernova, seu núcleo colapsa sobre si mesmo, normalmente formando um resquício estelar, uma estrela de nêutrons, que se forma através da explosão termonuclear de estrelas com massa oito vezes superior à do Sol, ou um buraco negro que é uma região do espaço-tempo em que o campo gravitacional é tão intenso que nada, nenhuma partícula ou radiação eletromagnética como a luz, pode escapar dela. Se o núcleo estiver girando em alta velocidade, o resquício estelar girará ainda mais rápido, acumulando um disco de material ao seu redor girando quase à velocidade da luz. Por meio de processos que ainda não se compreende completamente, esse disco giratório superaquecido e magnetizado forma um par de jatos, como feixes de um farol marítimo, que são lançados de seus polos a velocidades extremamente elevadas. A emissão altamente concentrada, extremamente energética desses jatos é o que vemos como raios gama que aniquilaria qualquer biosfera como a terrestre.
A Terra poderá ser atingida por raios gama como parece ser o caso de uma estrela chamada de Eta Carinae, pelo menos cem vezes mais massiva do que o Sol, que está se aproximando do ponto em que explodirá como supernova. Alguns pesquisadores especulam que uma dessas explosões de supernova pode ter atingido a Terra há quase 450 milhões de anos. Seja qual for esse evento do passado, estima-se que ela tenha conseguido exterminar mais de 80% de todas as espécies vivas daquela época. De acordo com uma plausível hipótese de acontecer o pior, um impacto direto provocado por raios gama extremamente potente gerada por Eta Carinae poderia devastar nosso planeta de uma maneira semelhante a uma guerra termonuclear total, mas muito pior. A intensa energia dos raios gama destruiria toda a camada de ozônio enquanto enviaria tempestades destruidoras pelo planeta. Depois disso, céus negros, cheios de fuligem, lançariam torrentes de chuva ácida, que limpariam tudo apenas para banhar a superfície com a perigosa radiação ultravioleta. Literalmente em um segundo, a Terra se transformaria em um necrotério, e a biosfera estilhaçada precisaria de milhões de anos para se recuperar.
A Terra recebe permanentemente radiação cósmica de várias fontes vindas do espaço interplanetário e galáctico que é protegida pela atmosfera terrestre. A Terra corre o risco de receber radiação gama emitida por supernovas que não seria, entretanto, protegida por sua atmosfera terrestre. Outro tipo de radiação cósmica chega à Terra, também, vinda do Sol devido às chamadas tempestades solares que consistem em erupções na superfície solar que liberam matéria acumulada (as manchas solares) no campo magnético solar. A matéria liberada nessas tempestades é o plasma quente, que se constituem, basicamente, em gás eletrificado. Essas partículas liberadas, ao se aproximarem da Terra, sofrem influência do campo magnético terrestre que protege a Terra. Essas partículas são aprisionadas nas linhas do campo magnético da Terra. Os raios cósmicos de origem solar são raios com energia relativamente baixa. Essa ionização traz diversas consequências para a Terra principalmente nas telecomunicações podendo, inclusive, prejudicar materiais como circuitos integrados, computadores de bordo, satélites, foguetes e balões estratosféricos. O fluxo magnético vindo do Sol pode provocar, também, fortes ondas de descarga elétrica nos cabos de transmissão de energia, causando curto-circuitos e queima de equipamentos.
À exceção dos raios gama emitidos por supernovas, a atmosfera terrestre nos protege dos raios cósmicos e o campo magnético da Terra nos protege da radiação solar. Astronautas e viajantes espaciais em longas viagens precisarão de proteção para não ficarem expostos aos raios cósmicos. Em viagens espaciais de longa duração no espaço sideral, os seres humanos precisam ser protegidos da radiação cósmica que pode representar um imenso perigo para a saúde dos viajantes. A exposição dos seres humanos aos raios cósmicos ionizantes pode resultar em fadiga, náusea, vômito, bem como em danos ao sistema imunológico e variações na quantidade de leucócitos. Dois tipos de radiação cósmica representam riscos à saúde dos astronautas no espaço sideral. O primeiro tipo é representado pelos raios cósmicos galácticos que são partículas resultantes de explosões de supernovas e outros eventos de alta energia que acontecem fora do sistema solar. O outro é representado pelas partículas energéticas solares associados a erupções solares e ejeções de massa coronal do Sol.
Pelo exposto, conclui-se o seguinte:
1. Além do risco de a Terra receber radiação emitida por supernovas, ela recebe permanente radiação cósmica de outras fontes vindas do espaço interplanetário e galáctico que é protegida pela atmosfera terrestre à exceção dos raios gama emitidos por supernovas.
2. O campo magnético da Terra protege os seres humanos da radiação solar que pode comprometer sistemas de telecomunicações e de energia.
3. Astronautas e viajantes espaciais em longas viagens precisarão de proteção para não ficarem expostos aos raios cósmicos. Em viagens espaciais de longa duração no espaço sideral, os seres humanos precisam ser protegidos da radiação cósmica que pode representar um imenso perigo para a saúde dos viajantes.
Para salvar a humanidade das ameaças representadas pelos raios cósmicos, é preciso adotar as estratégias seguintes:
1) Monitorar a explosão de supernovas permanentemente, em particular a estrela chamada Eta Carinae, para avaliar a possibilidade de a Terra ser atingida por raios gama para que, antes da ocorrência de sua explosão, sejam adotadas as medidas necessárias visando a fuga dos seres humanos para locais possíveis habitáveis no sistema solar como Marte, Titan (lua de Saturno) e Callisto (lua de Júpiter).
2) Promover avanços tecnológicos que possibilitem a implantação de colônias espaciais em Marte, Titan (lua de Saturno) e Callisto (lua de Júpiter) todas elas com inúmeros obstáculos e o aumento da capacidade biológica dos seres humanos para sobreviverem fora da Terra.
3) Utilizar o satélite Soho que atua na posição intermediária entre a Terra e o Sol para detectar explosões na superfície solar e enviar mensagens com uma hora de antecedência à chegada da tempestade cósmica à Terra, veiculado pela internet, para que as distribuidoras de energia elétrica, por exemplo, evitem danos em suas redes, enquanto as operadoras de satélite possam se proteger, corrigindo cursos de satélites ou desligando seus equipamentos.
4) Proteger os seres humanos da radiação cósmica em viagens espaciais de longa duração no espaço sideral promovendo avanços científicos e tecnológicos além de aumentar a capacidade biológica dos seres humanos para realizarem viagens espaciais e viverem fora da Terra.
Da mesma forma que é importante a existência de um governo mundial para coordenar as estratégias com os governos nacionais nas estratégias de combate ao caos na economia global, à degradação ambiental e aos conflitos internacionais, no enfrentamento de desastres naturais de abrangência regional e global como terremotos, tsunamis e erupções vulcânicas, bem como lidar com as questões relacionadas com a colisão de corpos vindos do espaço sideral, o mesmo se aplica no caso coordenação das estratégias acima descritas para lidar com os raios cósmicos. Nenhum governo nacional por mais poderoso que seja será capaz de realizar a hercúlea tarefa de salvar a humanidade das ameaças existentes no planeta Terra, bem como as vindas do espaço sideral. Além disso, os governos nacionais, sobretudo os mais poderosos, privilegiariam a sobrevivência de suas populações e não de toda a humanidade. Urge, portanto, a existência de um governo democrático mundial e de um parlamento mundial para realizarem a nobre tarefa de salvar a humanidade de todas as ameaças internas ao planeta Terra e aquelas vindas do espaço sideral.
Para assistir o vídeo que aborda este assunto, acessar o website: <https://www.youtube.com/watch?v=PV15pYs6P0Y>.
Este mesmo artigo foi publicado nos mesmos websites abaixo indicados em inglês com o título HOW TO SAVE THE HUMANITY OF THE COSMIC RAYS e em francês com o título COMMENT SAUVER L’HUMANITÉ DES RAYONS COSMIQUES como temos feito com os artigos já publicados anteriormente.
Para ler o artigo completo, acessar os websites Facebook (https://www.facebook.com/falcoforado/), Academia.edu (https://www.academia.edu/45125274/COMO_SALVAR_A_HUMANIDADE_DOS_RAIOS_C%C3%93SMICOS), SlideShare (https://pt.slideshare.net/falcoforado/como-salvar-a-humanidade-dos-raios-csmicos), Twitter @BLOGFALCOFORADO (https://twitter.com/blogfalcoforado) e o website <https://fernandoalcoforado.academia.edu/research>.
* Fernando Alcoforado, 81, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria) e Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019).