Fernando Alcoforado*
Este artigo tem por objetivo demonstrar a necessidade da colonização humana em outros mundos para evitar a extinção da humanidade baseada nas conclusões do livro de nossa autoria “A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência” publicado pela Editora Dialética neste ano de 2021[1]. Neste livro foram apontadas inúmeras ameaças à sobrevivência da humanidade hoje e no futuro a curto, médio e longo prazo. As ameaças a curto ou médio prazo dizem respeito a: 1) surgimento de novas pandemias devastadoras; 2) agravamento da devastação econômica, social, ambiental e da escalada dos conflitos internacionais com a possibilidade da eclosão de guerras nucleares no século XXI; 3) catástrofes naturais resultantes de terremotos, tsunamis e erupções vulcânicas devastadoras; 4) possibilidade da colisão sobre o planeta Terra de asteroides, cometas ou pedaços de cometas; e, 5) emissão de raios cósmicos especialmente os raios gama emitidos por estrelas supernovas. As ameaças a longo prazo dizem respeito a: 1) possibilidade da colisão sobre o planeta Terra de planetas do sistema solar e de planetas órfãos que vagam pelo espaço sideral; 2) consequências catastróficas sobre o meio ambiente da Terra resultantes do afastamento da Lua em relação à Terra; 3) morte do Sol; 4) colisão das galáxias Andrômeda e Via Láctea; e, 5) o fim do Universo. Todos esses eventos, com exceção da devastação econômica e social causada pelo capitalismo e desastres naturais decorrentes de terremotos e tsunamis, podem levar à extinção da espécie humana.
O Capítulo 1 do livro acima referido (Como salvar a humanidade de futuras pandemias), o Capítulo 2 (Como salvar a humanidade da devastação social, econômica, ambiental e das guerras no século XXI) e o Capítulo 3 (Como salvar a humanidade de catástrofes naturais provocadas por terremotos, tsunamis e erupções de vulcões) não apresentam a necessidade da adoção de estratégias de fuga dos seres humanos para locais habitáveis dentro e fora do sistema solar à exceção do caso de grandes erupções de vulcões que poderiam exigir a fuga de seres humanos para locais habitáveis no sistema solar (Marte, a lua de Saturno, Titan, e de Júpiter, Callisto) onde seriam implantadas colônias espaciais se houver a repetição das grandes erupções de vulcões ocorridas há 250 milhões de anos que acabaram com um ciclo de vida na Terra. No Capítulo 4 (Como salvar a humanidade da colisão sobre o planeta Terra de corpos vindos do espaço sideral), considerou-se a necessidade da adoção de estratégias específicas para evitar a colisão de asteroides, cometas e pedaços de cometas sobre o planeta Terra, mas, sobretudo, estratégias voltadas para salvar os seres humanos da colisão com o planeta Terra de planetas do sistema solar e de planetas órfãos que vagam no espaço sideral com a fuga de seres humanos para exoplanetas como o “Proxima b” orbitando uma estrela integrante do sistema planetário Alpha Centauri, o mais próximo do sistema solar, situado a 4,2 anos-luz de distância da Terra.
No Capítulo 5 (Como salvar a humanidade da emissão de raios cósmicos), foram analisadas as diversas fontes de emissão de raios cósmicos, especialmente os raios gama emitidos por estrelas supernovas, que têm o poder de aniquilar a vida na Terra, a radiação e a massa coronal do Sol e os raios cósmicos em geral para avaliar suas consequências sobre os seres humanos na Terra e em viagens espaciais e propor a adoção de estratégias visando a proteção dos seres humanos e de alternativas de fuga dos seres humanos para locais habitáveis no sistema solar (Marte, a lua de Saturno, Titan, e de Júpiter, Callisto) onde seriam implantadas colônias espaciais para salvar a humanidade quando a Terra estiver ameaçada pela emissão de raios gama. No Capítulo 6 (Como salvar a humanidade das consequências do contínuo afastamento da Lua em relação à Terra), foram analisados os impactos sobre o clima da Terra e sobre os seres humanos das consequências catastróficas ambientais relacionadas com o contínuo afastamento da Lua em relação à Terra, bem como foram estudadas alternativas de fuga dos seres humanos para locais habitáveis no sistema solar (Marte, a lua de Saturno, Titan, e de Júpiter, Callisto) onde seriam implantadas colônias espaciais para salvar a humanidade quando o clima da Terra se tornar letal para a vida humana.
No Capítulo 7 (Como salvar a humanidade com a morte do Sol e a colisão das galáxias Andrômeda e Via Láctea), foram analisadas a evolução do Sol até o seu fim e a colisão das galáxias Andrômeda e Via Láctea e foram estudadas as alternativas de estratégias de fuga dos seres humanos para locais habitáveis em outros sistemas estelares e galáxias para salvar a humanidade antes da morte do Sol e da colisão das galáxias Andrômeda e Via Láctea. Antes da morte do Sol, a humanidade deveria sair do sistema solar e alcançar o exoplaneta “Proxima b” orbitando a estrela mais próxima do Sol integrante do sistema Alpha Centauri que dista 4.2 anos-luz da Terra e, antes da ocorrência da colisão entre as galáxias Andrômeda e Via Láctea, os seres humanos deveriam fugir para um planeta habitável em uma galáxia mais próxima como a Galáxia Anã do Cão Maior situada a 25.000 anos-luz da Terra ou na Grande Nuvem de Magalhães que se situa a 163 mil anos-luz da Terra.
No Capítulo 8 (Como salvar a humanidade com o fim do Universo), foram analisados os cenários relacionados com o destino do Universo, estudou-se a possibilidade da existência de universos paralelos e analisou-se o desenvolvimento da teoria final ou teoria de tudo, isto é, da teoria do campo unificado para apresentar possíveis estratégias para a humanidade buscar sua sobrevivência com o fim do Universo em que vivemos. Constatou-se que pesquisas aprofundadas precisam ser realizadas para determinar a existência ou não de multiverso ou universos paralelos para onde a humanidade se dirigiria com o fim do Universo em que vivemos. Constatou-se que é imenso o desafio científico e tecnológico para viabilizar a fuga dos seres humanos para locais habitáveis do sistema solar (Marte, a lua de Saturno, Titan, e de Júpiter, Callisto) e que maior será o desafio para viabilizar a fuga dos seres humanos para um novo planeta em outro sistema planetário que seja habitável para os seres humanos como o “Proxima b” orbitando a estrela mais próxima do Sol integrante do sistema planetário Alpha Centauri, situado a 4,2 anos-luz da Terra, e alcançar uma galáxia como a Galáxia Anã do Cão Maior situada a 25.000 anos-luz ou a Grande Nuvem de Magalhães situada a 163 mil anos-luz da Terra e, sobretudo, viabilizar a fuga dos seres humanos para universos paralelos.
No Capítulo 9 (Estratégias fundamentais para a sobrevivência da humanidade) foram apresentadas as estratégias fundamentais para a sobrevivência da humanidade identificadas nos capítulos anteriores do livro que dizem respeito a: 1) o imperativo do avanço científico e tecnológico para lidar com todas as ameaças à sua sobrevivência no planeta Terra e aquelas existentes no espaço sideral, bem como para viabilizar a fuga dos seres humanos para alcançarem um novo planeta em outro sistema planetário que seja habitável para os seres humanos; 2) o aumento da capacidade biológica dos seres humanos para que sejam capazes de desafiar os limites impostos pela natureza a fim de sobreviver às ameaças à sua sobrevivência no planeta Terra e, especialmente, no espaço sideral; e, 3) a constituição de um governo mundial para coordenar as ações dos governos nacionais para fazerem frente às ameaças contra a sobrevivência da humanidade existentes no planeta Terra e aquelas existentes e vindas do espaço sideral.
Os estudos realizados até agora apontam que os locais mais prováveis para o ser humano habitar o sistema solar são Marte, a lua de Saturno (Titan), e a lua de Júpiter (Callisto) e fora do sistema solar são o exoplaneta “Proxima b” orbitando a estrela mais próxima do Sol integrante do sistema planetário Alpha Centauri e um planeta a identificar em uma galáxia como a Galáxia Anã do Cão Maior ou na Grande Nuvem de Magalhães. Marte deve ser a primeira alternativa a ser objeto de colonização pelos seres humanos. Marte vem sendo explorado há cerca de 60 anos. Os Estados Unidos e a União Soviética tentaram durante a Guerra Fria repetidas vezes orbitar o Planeta Marte com um satélite e pousar com uma sonda. Mais tarde, foi a vez de os rovers caminharem por lá, mas um longo caminho de muitos erros e acertos foi necessário até chegarmos ao nível atual. Em janeiro de 2004, dois robôs ou rovers chamados Spirit e Opportunity pousaram em lados opostos do planeta Marte. Esses exploradores robóticos viajaram por quilômetros pela superfície marciana, levantaram a geologia de campo e fizeram observações atmosféricas. Carregando conjuntos idênticos e sofisticados de instrumentos científicos, os dois rovers encontraram evidências de antigos ambientes marcianos onde existiam intermitentemente umidade e condições habitáveis.
A NASA enviou recentemente para Marte o rover Perseverance, um veículo construído para dirigir em terrenos acidentados extraterrestres e conduzido por controle remoto da Terra tendo como principal objetivo determinar o potencial de vida antiga neste planeta. Além do rover Perseverance, foi enviado a Marte o helicóptero Ingenuity para uma demonstração inédita de tecnologia de voo autônomo em outro planeta. No dia 19 de abril de 2021 passado, o Ingenuity Helicopter da NASA se tornou a primeira aeronave da história a fazer um vôo motorizado e controlado em outro planeta. Ingenuity alcançou um feito da exploração espacial antes considerado impossível que foi o de realizar um voo no planeta Marte. O rover Perseverance buscará sinais de condições habitáveis em Marte, além de procurar por vida microbiana que possa ter existido quando havia água por lá. Em 2020, a China lançou a missão Tianwen-1 e, em 2021, se tornou parte do grupo de nações que conseguiram colocar uma sonda na órbita de Marte. Ainda em 2020, a sonda Hope Mars dos Emirados Árabes Unidos foi lançada com o objetivo de estudar a atmosfera marciana, incluindo o sistema climático de Marte ao longo do ano.
A NASA pretende enviar humanos em missões para Marte até 2030, mas enfrenta inúmeros desafios. Artigo sob o título 7 Desafios da Vida Humana em Marte, publicado pelo National Geographic no website <https://www.natgeo.pt/espaco/2018/11/7-desafios-da-vida-humana-em-marte>, informa que há alguns fatos que podem atrasar ou dificultar a missão de colocar humanos para viverem em Marte até 2030. O primeiro desafio consistiria na dificuldade dos seres humanos ficarem sobre a superfície de Marte devido à quase inexistente atmosfera em Marte que, em consequência da radiação cósmica e dos ventos solares, ficariam desprotegidos podendo desenvolver cânceres. Uma alternativa seria os seres humanos ficarem no subsolo de Marte. O segundo desafio é o de que a geologia de Marte dificulta a plantação de espécies de plantas. O terceiro desafio à vida humana em Marte é o da existência de muito pó fino de tempestades frequentes de poeira. Quem viver no subsolo de Marte, tem de sair à superfície para limpar o pó sobre os rovers, de vez em quando, porque as tempestades de areia impedem o recarregamento de suas baterias através da energia solar. Além disso, este pó devido à sua espessura extremamente fina, infiltra-se facilmente nas roupas espaciais.
O quarto grande desafio resulta do fato de que, para cada 2 quilogramas de objetos, são necessários 130 quilogramas de foguete que restringe a quantidade de material enviado em cada voo e aumenta exponencialmente o custo das missões. A maior parte dos foguetes leva uma carga útil (por carga útil entendem-se pessoas e objetos) de 1.5 % do seu tamanho total. O quinto desafio à vida humana em Marte é representado pelo fato de aviagem para Marte ainda demorar cerca de oito meses que implica uma grande quantidade de combustível, de alimentos e de material de apoio para as equipes das missões diferentemente da Lua, por exemplo, que demora apenas 3 dias. O sexto desafio coloca como exigência osastronautas serem testados e escolhidos meticulosamente para aguentar os desafios físicos e sociais que esta viagem implica. Finalmente, o sétimo desafio resulta do fato de Marte ter sempre uma temperatura negativa que exigiria pensar-se em criar um genoma capaz de tornar os seres humanos capazes de suportar condições extremas e sobreviver em Marte. Não existem organismos orgânicos à superfície de Marte, mas podem haver no subsolo e nada nos garante que não irão competir com os organismos que se possam enviar da Terra para lá. O fato de não ter sido comprovada ainda a existência de vida em Marte demonstra que ainda não estão reunidas as condições para os seres humanos lá sobreviverem. Marte 2030 parece ainda uma realidade distante e antes de pensarmos em lá viver, temos de conhecer mais sobre este planeta.
Portanto, são imensos os desafios para colonizar Marte, a lua de Saturno (Titan), e a lua de Júpiter (Callisto), o exoplaneta “Proxima b” orbitando a estrela mais próxima do Sol integrante do sistema planetário Alpha Centauri, um planeta em uma galáxia como a Galáxia Anã do Cão Maior ou na Grande Nuvem de Magalhães, mas todo esforço deve ser realizado para tornar Marte como primeiro local habitável alternativo para os seres humanos diante das ameaças à sua sobrevivência no planeta Terra com a ocorrência de grandes erupções de vulcões que possam levar à extinção dos seres humanos como já ocorreu no passado, a colisão de planetas órfãos com o planeta Terra, a emissão de raios gama por estrelas supernovas que possa levar à extinção da vida na Terra como já ocorreu no passado e o contínuo afastamento da Lua em relação à Terra e suas catastróficas consequências sobre o clima da Terra. Os desafios para colonizar Marte precisam ser superados para tornar este planeta uma alternativa mais imediata de fuga para a humanidade quando for necessário. Conhecido por ter planos ambiciosos, Elon Musk, que criou a SpaceX em 2002 cujo sonho é colonizar Marte até 2030, reconhece que a construção de uma cidade autossuficiente em Marte não será tarefa simples. Durante a conferência virtual “Humans to Mars”, realizada recentemente, Musk afirmou que a colonização do planeta Marte será difícil e perigosa, e deve levar pelo menos mais trinta anos.
* Fernando Alcoforado, 81, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019) e A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021).
[1] Website para aquisição do livro: https://loja.editoradialetica.com/humanidades/a-humanidade-ameacada-e-as-estrategias-para-sua-sobrevivencia-como-salvar-a-humanidade-das-ameacas-a-sua-extincao