A FORMA RACIONAL E DEMOCRÁTICA DE ADMINISTRAR O BRASIL

Fernando Alcoforado*

Este artigo tem por objetivo apresentar a forma racional e democrática de administrar o Brasil. Este artigo sintetiza o artigo de 10 páginas que publicamos no dia 30/11/2021 sob o título Como planejar e administrar o desenvolvimento do Brasil de forma racional e democrática visando o progresso econômico, social e ambiental e a conquista do bem estar social de sua população. Inicialmente, é importante destacar que a forma racional e democrática de administrar o Brasil é justificável porque propiciará à nação brasileira os benefícios seguintes:

1) O processo de planejamento do desenvolvimento do Brasil começa com a identificação das necessidades e aspirações da população de cada Estado considerando a base de dados existentes em cada Estado e a opinião da população e de suas entidades representativas.

2) As necessidades e aspirações da população e de suas entidades representativas de cada Estado são consideradas no estabelecimento das metas dos setores produtivos e de infraestrutura de cada Estado, de cada município, do governo de cada Estado, do legislativo e judiciário de cada Estado, do governo federal, do legislativo e judiciário nacional e do Brasil como um todo.

3) As metas dos setores produtivos e dos setores de infraestrutura econômica e social de cada Estado são estabelecidas por suas entidades representativas auscultando as empresas e órgãos públicos a elas vinculadas e levando em conta as necessidades e aspirações da população do Estado e de suas entidades representativas. O Plano de Metas dos setores produtivos e dos setores de infraestrutura econômica e social de cada Estado é elaborado por suas entidades representativas que deve informar sobre suas disponibilidades de recursos para financiá-lo e quanto precisa de recursos adicionais.

4) As metas de cada município de cada Estado são estabelecidas pela prefeitura municipal de cada município para atenderem as necessidades e aspirações da população do município que são identificadas considerando a base de dados existentes no município e a opinião da população e de suas entidades representativas, levando em conta as prioridades do governo municipal, a solução de problemas existentes no município, o aproveitamento de suas oportunidades de desenvolvimento e a melhoria da estrutura organizacional da prefeitura municipal. O Plano de Metas de cada Município de cada Estado é elaborado por cada prefeitura municipal que deve informar sobre a disponibilidade de recursos do município para financiá-lo e quanto precisa de recursos adicionais. O Plano de Metas de cada município deve ser analisado e ser objeto de aprovação pelas respectivas câmaras municipais de cada Estado.  

5) As metas específicas do Legislativo e do Judiciário de cada Estado são estabelecidas levando em conta as necessidades e aspirações da população do Estado e de suas entidades representativas, as demandas dos setores produtivos e de infraestrutura econômica e social em termos da adoção de novas leis que contribuam para o desenvolvimento desses setores econômicos e dos municípios do Estado que contribuam para o desenvolvimento dos municípios, bem como a melhoria das estruturas organizacionais do Legislativo e Judiciário. Os Planos de Metas do Legislativo e do Judiciário de cada Estado devem informar quanto precisa de recursos para financiá-los.   

6) As metas específicas do governo de cada Estado são estabelecidas levando em conta as necessidades e aspirações da população do Estado e de suas entidades representativas, as prioridades do governo do Estado, a solução de problemas existentes e o aproveitamento de oportunidades de desenvolvimento do Estado, as demandas dos setores produtivos e de infraestrutura econômica e social em termos da adoção de incentivos fiscais que contribuam para o desenvolvimento desses setores econômicos e dos municípios que contribuam para o desenvolvimento dos municípios, bem como a melhoria da estrutura organizacional do governo do Estado.   

7) O Plano de Metas de cada Estado é elaborado pelo governo do Estado tomando por base as metas dos setores produtivos e de infraestrutura econômica e social do Estado, dos municípios do Estado, do legislativo e do judiciário do Estado e as metas específicas do próprio governo do Estado consolidando em um documento todas as metas a serem perseguidas no Estado. O Plano de Metas de cada Estado deve informar sobre a disponibilidade de recursos do governo do Estado para financiá-lo e quanto precisa de recursos adicionais. O Plano de Metas de cada Estado deve ser analisado e ser objeto de aprovação pelas assembleias legislativas de cada Estado.  

8) As metas do Legislativo e do Judiciário nacional são estabelecidas levando em conta as necessidades e aspirações da população e de suas entidades representativas de todos os Estados do Brasil, o Plano de Metas de cada Estado, as metas do Legislativo e do Judiciário de cada Estado e a melhoria de suas estruturas organizacionais. O Plano de Metas do Legislativo e do Judiciário nacional deve informar quanto precisa de recursos para financiá-lo. As metas do Legislativo e do Judiciário nacional subsidiarão o estabelecimento das metas para o Brasil como um todo.  

9) As metas do governo federal são estabelecidas levando em conta as necessidades e aspirações da população e de suas entidades representativas de todos os Estados do Brasil, o Plano de Metas de cada Estado, a solução de problemas existentes e o aproveitamento de oportunidades de desenvolvimento do Brasil, as prioridades do governo federal e o reforço e melhoria de sua estrutura organizacional. O Plano de Metas do governo federal deve informar quanto precisa de recursos para financiá-lo As metas do governo federal subsidiarão o estabelecimento das metas para o Brasil como um todo.   

10) As metas para o Brasil como um todo são estabelecidas pelo governo federal levando em conta o Plano de Metas de cada Estado, as metas do legislativo e do judiciário nacional e as metas do governo federal. Essas metas subsidiarão a elaboração do Plano de Metas para o Brasil como um todo.

11) O Plano de Metas para o Brasil como um todo é elaborado pelo governo federal levando em conta as metas propostas para o Brasil. Nesta etapa, seria avaliada pelo governo federal a capacidade financeira de o País executar o Plano de Metas para o Brasil. Seria determinado o máximo de recursos que o Brasil poderia assumir para executar o Plano de Metas. Para obedecer este limite, o governo federal e o legislativo nacional devem deliberar em conjunto sobre as metas a serem consideradas no horizonte de planejamento e aquelas que deveriam ser adiadas para o futuro.   

Nossa proposta de planejamento e de administração do desenvolvimento do Brasil é racional porque o processo de planejamento é coordenado em todo o País através do qual cada setor produtivo e de infraestrutura, cada município, cada Estado, os legislativos e judiciários estaduais e nacional e o governo federal elaboram planos de metas articulados entre si. Durante a execução dos planos, há um processo de “feedback” e controle da execução dos planos de metas de cada Município, de cada Estado, dos legislativos e dos judiciários estaduais e nacional, do governo federal e do Brasil como um todo para assegurar seu cumprimento. Anualmente, deve haver um processo de avaliação do desempenho dos 10 sistemas que integram o País (econômico, social, ciência e tecnologia, educação, saúde, infraestrutura de energia, transporte e comunicações, ambiental, desenvolvimento regional, comércio exterior e político e moral) para identificar a necessidade de melhorias em cada um deles.  Só assim, será possível planejar e administrar o Brasil de forma racional para promover seu desenvolvimento econômico, social e ambiental. O planejamento proposto é, também, democrático porque coloca como ponto de partida o atendimento das necessidades e aspirações da população de cada Estado e de suas entidades representativas que serve de base para o estabelecimento das metas dos setores produtivos e de infraestrutura de cada Estado, de cada município, de cada legislativo e judiciário estadual, de cada Estado, do legislativo e judiciário nacional e do governo federal as quais são incorporadas no Plano de Metas para os Municípios, os Estados, cada legislativo e judiciário estadual, o governo federal, o legislativo e judiciário nacional  e o Brasil como um todo.

É oportuno observar que nossa proposta de planejamento para o Brasil considera que os planos de metas dos setores produtivos e de infraestrutura de cada Estado, de cada município, de cada Estado, do governo federal, dos legislativos e judiciários estaduais e nacional e do Brasil como um todo devem ser elaborados para um horizonte de 5 a10 anos sendo reavaliados e revistos anualmente. Durante a execução dos planos deve haver um processo de “feedback” e controle da execução do Plano de Metas do Brasil, do Plano de Metas do governo federal, do Plano de Metas do legislativo e do judiciário nacional, do Plano de Metas de cada Estado, do Plano de Metas dos legislativos e dos judiciários de cada Estado, do Plano de Metas de cada Município e dos planos de metas dos setores produtivos e de infraestrutura de cada Estado que consiste na avaliação permanente do cumprimento das metas aprovadas com a contínua correção dos desvios entre o que foi planejado (metas) e o que foi realizado (resultado da execução do Plano). O órgão central de planejamento do governo federal e os órgãos de planejamento de cada Estado e de cada município devem avaliar sistematicamente se o resultado obtido com a execução do Plano corresponde às metas estabelecidas. Se os resultados obtidos correspondem às metas estabelecidas, o processo de execução do plano de metas continua e, se não atende, tem que ser tomada a decisão visando aumentar o nível de recursos para a execução do plano e/ou corrigir falhas em sua execução para garantir seu cumprimento. O controle das atividades dos planos deve ser realizado continuamente.   

A racionalização na gestão pública do Brasil se completa com o processo de avaliação do desempenho de cada um dos 10 sistemas principais do País: 1) econômico; 2) social; 3) ciência e tecnologia; 4) educação; 5) saúde; 6) infraestrutura de energia, transporte e comunicações; 7) ambiental; 8) desenvolvimento regional; 9) comércio exterior; e, 10) político e moral. A avaliação dos indicadores de desempenho desses 10 sistemas deve ser realizada anualmente. A avaliação do desempenho de cada um dos 10 sistemas do País requer o estabelecimento de um padrão de desempenho desejado para cada sistema e a existência em todos os seus níveis de governo de uma estrutura de planejamento e controle que permita avaliar se os resultados obtidos no desenvolvimento da sociedade correspondem ao padrão de desempenho desejado para fazer sistematicamente as correções necessárias e alcançar as metas ou objetivos desejados.  

É importante destacar que nossa proposta é racional, também, porque contribui para evitar superposições de ações entre os diversos níveis de governo e eliminar desperdícios de recursos resultantes da falta de coordenação entre os governos em todos os seus níveis na promoção do desenvolvimento nacional. Nossa proposta contribui, também para a governabilidade do País possibilitada pela profunda articulação que se estabelece entre governo federal, os governos dos Estados, os legislativos e os judiciários estaduais e federais, as prefeituras municipais, os setores produtivos e de infraestrutura econômica e social e, sobretudo, a população. Nossa proposta respeita a autonomia dos estados e municípios e dos setores produtivos e de infraestrutura no estabelecimento de suas metas. Nossa proposta difere radicalmente da prática existente no Brasil e no mundo que se caracteriza pelos governos estabelecerem seus planos de governo de cima para baixo sem a participação da população nem dos setores produtivos e de infraestrutura econômica e social, dos municípios, dos Estados e dos legislativos e judiciários estaduais e nacional, com a exceção dos países escandinavos onde há um esforço no sentido de promover o desenvolvimento da sociedade em busca do bem estar social com a convergência dos interesses do governo, do setor privado e da população. Entretanto, em todo o mundo, de modo geral, governos e setores produtivos e de infraestrutura econômica e social elaboram seus planos dissociados uns dos outros desconsiderando as necessidades e as aspirações de sua população.  

O que nossa proposta demonstra é ser possível realizar mudanças profundas na forma de planejar e administrar o Brasil. Para tanto, é preciso fazer com que haja: 1) um processo racional de planejamento estratégico coordenado em todo o País através do qual cada setor produtivo e de infraestrutura, cada município, cada Estado, os legislativos e judiciários estaduais e nacional, o governo federal e o Brasil como um todo tenham planos de metas articulados entre si; 2) um processo de “feedback” e controle da execução dos planos de metas de cada Município, de cada Estado, dos legislativos e judiciários estaduais e nacional, do governo federal e do Brasil como um todo para assegurar seu cumprimento; e, 3) um processo de avaliação do desempenho dos 10 sistemas já citados que integram o País para identificar a necessidade de melhorias em cada um deles.  Só assim, será possível planejar e administrar o Brasil de forma racional para promover seu desenvolvimento econômico, social e ambiental.

* Fernando Alcoforado, 82, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019) e A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021).  

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Author: falcoforado

FERNANDO ANTONIO GONÇALVES ALCOFORADO, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, da SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e do IPB- Instituto Politécnico da Bahia, engenheiro pela Escola Politécnica da UFBA e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário (Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da ciência e da tecnologia ao longo da história e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022), de capítulo do livro Flood Handbook (CRC Press, Boca Raton, Florida, United States, 2022), How to protect human beings from threats to their existence and avoid the extinction of humanity (Generis Publishing, Europe, Republic of Moldova, Chișinău, 2023) e A revolução da educação necessária ao Brasil na era contemporânea (Editora CRV, Curitiba, 2023).

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