O CONFLITO RÚSSIA E UCRÂNIA COMO NOVO FOCO DE GUERRA NO MUNDO

Fernando Alcoforado*

Este artigo tem por objetivo analisar o conflito atual existente entre a Rússia e a Ucrânia, apontar suas causas e consequências do ponto de vista geopolítico e os riscos que representa para a eclosão de uma guerra de repercussões globais. Vários são os países que podem se constituir em focos de eclosão de guerras no mundo destacando-se, entre eles, Palestina, Israel, Irã e Coreia do Norte. Agora, a Ucrânia faz parte do rol dos países que se constituem em focos de uma nova guerra mundial. Há três aspectos que precisam ser considerados na análise do conflito que envolve a Rússia e a Ucrânia no momento: 1) a origem comum dos povos russo e ucraniano; 2) a crise interna ucraniana; e, 3) a questão geopolítica. Sobre a origem comum dos povos russo e ucraniano, é importante destacar que Kiev foi o berço da civilização russa atual porque, no século IX, quando se formou o chamado Estado kievano ou Rus´ que amalgamava os eslavos orientais, não havia diferença entre grão-russos (os russos atuais), pequenos russos (os ucranianos atuais) e russos brancos (os bielo-russos atuais) que formavam um povo só (Ver o livro Os Russos de Angelo Segrillo. São Paulo: Editora Contexto, 2010). 

Segundo o diplomata e historiador brasileiro já falecido Moniz Bandeira, “até o século XII, a chamada Rus’ Kievana, era uma confederação de tribos eslavas orientais, virtualmente a maior potência da Europa, ao abranger a atual Bielo Rússia e parte da Rússia. Em 1795, a antiga Rus’s Kievana, foi repartida ao oeste do rio Dnieper, que desemboca no Mar Negro. A Rússia anexou a maior parte da região, todo o Kanato da Criméia, e o Império Austro-Húngaro, sob a dinastia de Habsburg, dominou a outra parte, incluindo a Galitzia (Halychyna), na Europa Central, até 1918”. Após a Revolução Bolchevique em 1917, a Ucrânia constituiu-se como Estado nacional e, em 1922, somou-se à Bielorrusia e Transcaucasia, na formação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (Ver o artigo de Marco Aurélio Weissheimer publicado pelo Carta Capital sob o título  Moniz Bandeira aponta aliança entre ONGs ocidentais e neonazistas na Ucrânia disponível no website <http://pcb.org.br/fdr/index.php?option=com_content&view=article&id=584:moniz-bandeira-aponta-alianca-entre-ongs-ocidentais-e-neonazistas-na-ucrania&catid=5:entrevistas-com-a-historia>.  

A extinta União Soviética da qual a Ucrânia fazia parte industrializou-se por meio de uma integração estrutural envolvendo todas as suas repúblicas, com o objetivo de garantir uma maior estabilidade econômica. Quando houve a queda da União Soviética em 1989, os países do leste europeu encontravam-se muito interdependentes, fato este que se mantém ainda hoje em muitos aspectos. Atualmente, a Ucrânia depende comercial e economicamente da Rússia, sobretudo por esta lhe fornecer gás natural, fonte de energia primordial ao país, e a Rússia ser o principal comprador de inúmeras matérias-primas produzidas pela economia ucraniana. Além disso, no leste da Ucrânia – onde ainda se fala russo – muitas empresas dependem das vendas para a Rússia. A Ucrânia, chamada, tradicionalmente, de “pequena Rússia”, não pode se desprender da Rússia, da qual muito depende, sobretudo para seu abastecimento de gás. Por sua vez, a Rússia tem seus gasodutos que suprem a Europa passando pela Ucrânia. A adesão da Ucrânia à União Europeia, permitindo o avanço da OTAN até as fronteiras da Rússia, tenderia evidentemente a romper todo o equilíbrio geopolítico da Eurásia, uma vasta região terrestre e fluvial, até o Oriente Médio que possibilita as comunicações do Mar Negro e de importantes zonas energéticas (gás e petróleo) com o Mar Mediterrâneo.

A crise política na Ucrânia que levou à derrubada em 2014 do presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, é o resultado de uma instabilidade política que marca a região há vários anos. Quando a União Europeia propôs à Ucrânia assinar um tratado de livre-comércio, a Rússia, em contrapartida, ofereceu melhor acordo econômico e que, segundo algumas versões não confirmadas oficialmente, se o governo ucraniano não o aceitasse, ameaçou cortar o fornecimento de gás natural e a compra dos produtos ucranianos, além de impor restrições alfandegárias. Esse episódio acirrou ainda mais as diferenças entre os dois principais grupos políticos ucranianos: os pró-ocidente e os pró- Rússia. A decisão do governo de Viktor Yanukovich de não assinar o tratado de livre-comércio com a União Europeia e sim com a Rússia foi o estopim que deu origem às violentas manifestações que levaram à sua deposição do poder.

Após a derrubada de Viktor Yanukovich em fevereiro de 2014, houve a criação de um novo governo pró-União Europeia e anti-Rússia, que acirrou ainda mais as tensões separatistas na península da Crimeia, de maioria russa, levando a uma escalada militar com ação do governo russo na região. Nesta época, a Crimeia realizou um referendo que aprovou sua incorporação à Rússia após o qual o governo de Vladmir Putin ocupou o território, mesmo com a reprovação de países do Ocidente, como os da União Europeia e os Estados Unidos. Em maio de 2014, Petro Poroshenko foi eleito presidente da Ucrânia e um mês depois assinou o acordo com a União Europeia que foi o pivô de toda a crise. A assinatura ocorreu em meio a confrontos no leste do país, palco de um movimento separatista pró-Rússia e a ameaças e críticas do governo da Rússia.  

Figura 1 – Mapa da Rússia e da Ucrânia e suas áreas de conflito

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Fonte: https://mapamundi.org.br/2021/crimeia-entre-a-ucrania-e-a-russia/ 

Após a incorporação da Crimeia à Rússia, regiões do leste da Ucrânia, de maioria russa, começaram a sofrer com as tensões separatistas. Militantes pró-Rússia tomaram prédios públicos na cidade de Donetsk e a proclamaram como “república soberana”, marcando um referendo sobre a soberania nacional para 11 de maio de 2014. A medida não foi reconhecida pelo governo da Ucrânia nem pelos Estados Unidos e os países da União Europeia. O referendo chegou a ser realizado e a independência foi aprovada por 89% dos votos. Com a nova tensão na região, a Rússia pediu que a Ucrânia desistisse de todo tipo de preparativos militares para deter os protestos pró-russos nas regiões do leste ucraniano, já que os mesmos poderiam suscitar uma guerra civil. O governo da Ucrânia, entretanto, iniciou uma operação antiterrorista na região, para combater os separatistas, com milhares de mortes dos dois lados. A Rússia chegou a mobilizar tropas na fronteira que foi condenado pelo governo ucraniano e pelo Ocidente. Parte das tropas foi retirada posteriormente, mas a tensão permaneceu na região. 

Nos dias 11 e 12 de fevereiro de 2015, foi assinado entre os separatistas, o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, a chanceller alemã, Angela Merkel e o presidente da França, Francois Hollande um acordo de cessar-fogo e criação de zona desmilitarizada. Segundo o acordo assinado, a retirada da artilharia pesada com vista à criação de uma zona de desarmamento de até 140 quilômetros deveria começar no dia 16 de fevereiro de 2015. Dois dias depois que o cessar-fogo acordado entre líderes europeus entrou em vigor, conflitos entre o exército ucraniano e forças separatistas foram registrados em Debaltseve, cidade estrategicamente posicionada entre Donetsk e Lugansk, no Leste da Ucrânia. Desde a entrada em vigor da trégua, pelo menos cinco soldados ucranianos foram mortos e nove ficaram feridos em conflitos em Debaltseve e Mariupol, cidade portuária cobiçada pelos rebeldes. Milhares de soldados ucranianos foram cercados por forças rebeldes em Debaltseve.

No momento atual 100 mil soldados russos estão posicionados na fronteira com a Ucrânia. A expectativa do governo norte-americano, mais precisamente do Pentágono e da Casa Branca, é de que 175 mil homens russos deverão estar a postos na fronteira com a Ucrânia até o fim de janeiro. Enquanto isto, na Ucrâniaexiste um exército bem mais treinado e armado do que aquele que viu a Crimeia ser anexada pela Rússia em 2014. O exército ucraniano é o terceiro maior exército da Europa, atrás apenas do russo e do francês. Armamentos foram adquiridos pela Ucrânia dos Estados Unidos e de diversos países da União Europeia. Mesmo assim, considera-se que a Ucrânia não tem capacidade militar para repelir uma invasão russa. No entanto, espera-se que os ucranianos consigam fazer com que o conflito militar se estenda ao máximo possível (o que seria, humanitariamente trágico). A tendência seria que, conforme os russos avançassem, os Estados Unidos e outros países europeus abasteceriam os ucranianos com mais armas e equipamentos capazes de resistir, mas não para a Ucrânia vencer a guerra.  

Se o conflito atual desembocar em uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia, não apenas os ucranianos serão prejudicados, mas também, a Rússia que poderá ter suas exportações de gás natural e petróleo à Europa comprometidas haja vista que os gasodutos que suprem esta região passam pela Ucrânia (Figura 2). A Europa será, também, prejudicada porque poderá ter a cessação do fornecimento russo de petróleo e gás natural. É importante destacar o fato de que as exportações de gás e petróleo à Europa financiam cerca de metade de todo o orçamento anual federal russo. A Europa consome 70% do petróleo e 65% do gás natural exportado pela Rússia. A Rússia fornece cerca de um terço do gás natural e petróleo bruto importados pela União Europeia. A Europa tem a Rússia como principal fornecedor de gás natural com cerca de 44,38 trilhões de metros cúbicos. Vários países da Europa dependem do petróleo e gás natural russo. Países como a Alemanha e a Inglaterra dependem cada vez mais da Rússia para o fornecimento do combustível. Países como a Eslováquia e a Bulgária dependem 100% da Rússia para o fornecimento do combustível.

Figura 2 – Os gasodutos da Rússia que suprem a Europa de gás natural

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Fonte: https://www.galizalivre.com/2022/01/24/a-crise-energetica-a-europa-e-a-reviravolta-russa/

As causas da crise na Ucrânia são, sobretudo, geopolíticas e estratégicas. O que está em jogo não é, na realidade, a adesão da Ucrânia à União Europeia e à OTAN- Organização do Tratado do Atlântico Norte (aliança militar ocidental que foi constituída em 1949 para enfrentar a União Soviética durante a Guerra Fria). A Ucrânia só tem a perder com o conflito. Muitas de suas indústrias fecharão ou serão dominadas pelas multinacionais europeias e seus pequenos agricultores serão arruinados. Porém, o que os Estados Unidos pretendem através da adesão da Ucrânia à OTAN e sua incorporação à União Europeia, é, sobretudo, possibilitar que as forças da OTAN sejam estacionadas na fronteira da Rússia. O cenário futuro mais provável para o desfecho da crise política na Ucrânia é a divisão do país, com a Crimeia já incorporada à Rússia e a transformação do leste, centro-leste e sul da Ucrânia em uma região autônoma do governo de Kiev se for mantido o acordo da União Europeia com a Ucrânia ou ocorrerá sua anexação à Rússia se a OTAN se fizer presente na Ucrânia. A guerra civil já iniciada na Ucrânia pode se transformar em um conflito militar envolvendo as forças da OTAN e da Rússia de consequências imprevisíveis.

Pode-se afirmar que a Ucrânia se tornou uma peça importante no xadrez político internacional porque, de um lado, os Estados Unidos e seus aliados da União Europeia visam ampliar o cerco da Rússia iniciado após o fim da União Soviética em 1989 quando vários países a ela então aliados como Albânia, Bulgária, Croácia, Eslováquia, Eslovênia, Estónia, Hungria, Letônia, Lituânia, Macedónia do Norte, Montenegro, Polónia, Romênia aderiram à OTAN. Países ex-socialistas, aliados da União Soviética, como Bulgária, Estônia, Finlândia, Hungria, Croácia, Letônia, Lituânia, Polônia, Romênia, Eslovênia, Eslováquia e República Tcheca aderiram à União Europeia. Países como Montenegro, Macedônia, Sérvia e Albânia estão à espera de aprovação para entrada na União Europeia (Ver a Figura 2). O cerco à Rússia se completaria com a incorporação da Ucrânia à OTAN e à União Europeia como deseja os Estados Unidos e seus aliados internos ucranianos. 

Diante deste fato, a estratégia militar da Rússia consiste em evitar a todo o custo que a Ucrânia seja incorporada à OTAN e à União Europeia. A expansão da OTAN rumo às fronteiras russas é o principal perigo externo ao país. O movimento de expansão da OTAN teve início com o fim da União Soviética começando pelo Mar Báltico, atravessou a Europa Central, a Ucrânia e a Bielorússia, passando pela intervenção nos Bálcãs (ex- Iugoslávia) e chegando até a Ásia Central e o Paquistão, ampliando as fronteiras da OTAN. Ao terminar a década de 1990, a distribuição geopolítica das novas bases militares norte-americanas não deixa dúvidas sobre a existência de um novo “cinturão sanitário‟, separando a Alemanha da Rússia e a Rússia da China. A chegada de Vladimir Putin ao poder na Rússia iria modificar radicalmente esse quadro geopolítico, até então muito desfavorável para os russos. A chegada de Vladimir Putin ao poder da Rússia em 2000, marcou o início da recuperação geopolítica da Rússia, cuja posição tinha sido muito enfraquecida durante o governo Ieltsin na década de 1990. Putin representa a ascensão ao poder de uma ampla e sólida coalizão de interesses econômicos e políticos que se uniram quanto à necessidade de recompor as bases mínimas de operação de um Estado capitalista moderno que superasse a fase selvagem e predadora da “acumulação primitiva” na Federação Russa com Ieltsin no poder. A recuperação geopolítica da Rússia foi possível graças à afirmação de um projeto nacionalista de recuperação do Estado russo por parte de Putin.

Foi a partir do ano 2000 que a Rússia resolveu desenvolver uma parceria estratégica com a China. A Rússia considerou que a China poderia ajudá-la na sua resistência às ambições geopolíticas dos Estados Unidos tanto na Europa Oriental, quanto no Cáucaso ou na Ásia Central. A Organização da Cooperação de Xangai (Shanghai Cooperation Organization – SCO) foi criada em 2001 para estabelecer uma aliança entre a Rússia e a China em termos militares e de combate ao terrorismo, ao fundamentalismo religioso e ao separatismo na região da Ásia. A SCO é uma organização de cooperação política e militar que se propõe explicitamente a ser um contrapeso aos Estados Unidos e às forças militares da OTAN. Os dois países defendem, em geral, posições convergentes na ONU e nos demais fóruns internacionais, como, por exemplo, o G20. 

A Ucrânia e os demais países que se constituem em focos de eclosão de uma nova guerra mundial colocam na ordem do dia a necessidade de a humanidade se dotar o mais urgentemente possível de instrumentos necessários à construção de um mundo de paz. Ao longo da história da humanidade houve três tentativas de estruturar instrumentos voltados para a construção de um mundo de paz. A primeira tentativa ocorreu em 1648 com o Tratado de Westfália que colocou um fim à Guerra dos Trinta Anos (1618 – 1648) que marcou o século XVII como um dos conflitos mais sangrentos da história europeia com o propósito de instaurar a paz e estabelecer uma nova ordem mundial. Os três principais atores da Guerra dos Trinta Anos, Sacro Império Germânico, França e Suécia, assinaram a Paz de Westfália que definiu que, a partir daquele momento, haveria um equilíbrio internacional de poderes, assegurando a ausência de potência hegemônica. Outra mudança imposta pelo tratado foi o fim dos impérios ou dinastias e o nascimento do Estado Moderno. Os princípios mais importantes da Paz de Westfália foram os seguintes: 1) Os Estados nacionais seriam soberanos (superioridade interna e insubmissão externa);2) não ingerência nos assuntos internos de outros Estados nacionais;3) os Estados nacionais são iguais em direitos e obrigações; e, 4) Pacta Sunt Servanda (respeito pelos compromissos internacionais). Houve avanços com o Tratado de Westfália, mas seus princípios não foram respeitados sobretudo pelas grandes potências e não impediu, também, que novas guerras eclodissem no mundo como a 1ª Guerra Mundial de 1914 a 1918.

A segunda tentativa de estruturar instrumentos voltados para a construção de um mundo de paz ocorreu com a criação da Liga das Nações em 10 de janeiro de 1920 nos escombros da 1ª Guerra MundialA Liga das Nações foi criada como parte do Tratado de Versalhes, que marcou o fim da 1ª Guerra Mundial. A criação dessa nova organização intergovernamental foi inspirada na declaração dos Quatorze Pontos do presidente norte-americano Woodrow Wilson – descrevendo suas propostas para um acordo de paz no pós-guerra –, que ele apresentou ao Congresso dos Estados Unidos em janeiro de 1918. A ideia de uma “sociedade de nações”, no entanto, é muito mais antiga. Ela remonta a conferências internacionais na segunda metade do século XIX. Foi durante as Conferências de Paz de Haia, em 1899 e 1907, que foi realizada a mudança decisiva da ideia do Concerto das Nações – orquestrada pelas principais potências europeias – para um verdadeiro multilateralismo inclusivo. A Liga das Nações emergiu da 1ª Guerra Mundial com a firme determinação de que nunca mais se deveria permitir que tal tragédia acontecesse. No entanto, a falta de vontade por parte das grandes potências tornou a Liga das Nações incapaz de impedir efetivamente as agressões territoriais do Japão, da Itália fascista e da Alemanha nazista na década de 1930. O início de uma 2ª Guerra Mundial devastadora viu o sonho da Liga das Nações ser completamente destruído até o nascimento da ONU, em 24 de outubro de 1945. 

A terceira tentativa de estruturar instrumentos voltados para a construção de um mundo de paz ocorreu com a criação da ONU (Organização das Nações Unidas) que foi fundada após a 2ª Guerra Mundial e tem sido inoperante ao longo de sua história. A ONU ou simplesmente Nações Unidas, foi criada em 24 de outubro de 1945 para promover a cooperação internacional com a intenção de impedir outra guerra mundial. A organização é financiada com contribuições voluntárias dos países-membros. Os seus objetivos incluem manter a segurança e a paz mundial, promover os direitos humanos, auxiliar no desenvolvimento econômico e no progresso social, proteger o meio ambiente e prover ajuda humanitária em casos de fome, desastres naturais e conflitos armados. A sua missão de promover a paz foi comprometida nas suas primeiras décadas de existência, por culpa das grandes potências (Estados Unidos e União Soviética) durante a Guerra Fria  e seus respectivos aliados. O número de integrantes cresceu bastante após o grande processo de descolonização na década de 1960 e seu orçamento para programas de desenvolvimento social e econômico ultrapassou em muito seus gastos com a manutenção da paz. A ONU tem sido um fracasso na construção de um mundo de paz.

O insucesso na construção da paz mundial com o Tratado de Westfália, a Liga das Nações e a ONU demonstram a urgência de reestruturar a ONU para exercer uma efetiva governança do sistema internacional que possibilite mediar os conflitos internacionais e assegurar a paz mundial. A governança mundial a ser exercida pela ONU cuja Assembleia Geral seria transformada em Parlamento Mundial teria por objetivo a defesa dos interesses gerais do planeta, zelar no sentido de cada Estado nacional respeitar a soberania dos demais Estados nacionais e buscar impedir a propagação dos riscos sistêmicos mundiais. A ONU evitaria o império de um só como já ocorreu ao longo da história da humanidade e a anarquia de todos os países como ocorre atualmente. Com uma governança mundial, será possível combater a guerra e acabar com o banho de sangue que tem caracterizado a história da humanidade ao longo da história. Os monumentos de Guerra devem ser substituídos por monumentos de Paz a partir da constituição de um governo mundial. Para ser democrático, o governo mundial deve ser representativo de todos os povos do mundo. A sobrevivência da humanidade dependerá da capacidade de se celebrar um Contrato Social Planetário representativo da vontade da maioria da população do planeta.

*Fernando Alcoforado, 82, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019) e A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021).    

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FERNANDO ANTONIO GONÇALVES ALCOFORADO, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, da SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e do IPB- Instituto Politécnico da Bahia, engenheiro pela Escola Politécnica da UFBA e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário (Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da ciência e da tecnologia ao longo da história e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022), de capítulo do livro Flood Handbook (CRC Press, Boca Raton, Florida, United States, 2022), How to protect human beings from threats to their existence and avoid the extinction of humanity (Generis Publishing, Europe, Republic of Moldova, Chișinău, 2023) e A revolução da educação necessária ao Brasil na era contemporânea (Editora CRV, Curitiba, 2023).

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