O BRASIL PRECISA DE UM GOVERNO DE SALVAÇÃO NACIONAL PARA NÃO TER SEU FUTURO COMPROMETIDO (Artigo e Vídeo)

Fernando Alcoforado*

Este artigo tem por objetivo demonstrar a necessidade de que o futuro Presidente da República eleito em substituição a Jair Bolsonaro constitua um governo de salvação nacional. Esta conclusão resulta da reflexão sobre as ameaças que pairam sobre o futuro democrático, econômico e social do Brasil com o resultado das próximas eleições presidenciais e parlamentares. Esta reflexão leva à conclusão de que o Brasil poderá se defrontar com o fim da democracia se Jair Bolsonaro vencer ou perder as eleições e os partidos que lhe dão sustentação forem vitoriosos nas próximas eleições. O fim da democracia poderá ocorrer porque Bolsonaro vem atentando sistematicamente contra as instituições democráticas desde que assumiu o poder e não aceitará o resultado das eleições se elas lhe forem desfavoráveis haja vista que ele sabe que, fora do poder, sem a imunidade presidencial atual, responderá pelos inúmeros crimes de responsabilidade que praticou no exercício do governo. São exemplares o evento de 7 de setembro de 2021 quando Bolsonaro tentou dar um golpe de estado e o episódio recente de concessão de indulto da pena aplicada pelo STF contra o facínora deputado bolsonarista Daniel Silveira.  Bolsonaro tentará, como medida de desespero, realizar um golpe de estado antes, durante ou mesmo depois da eleições contando para isto com o apoio de policiais militares, de parte das Forças Armadas, de partidos políticos e de amplos segmentos da população brasileira que lhe dão sustentação, sobretudo, se Lula for eleito Presidente da República.

Além da democracia brasileira poder chegar ao fim, o Brasil continuará estagnado economicamente apresentando medíocre desempenho econômico com baixas taxas de crescimento, elevado desemprego, desindustrialização do País e endividamento público excessivo se Bolsonaro se mantiver no poder ou se os vencedores das próximas eleições presidenciais e parlamentares mantiverem o modelo econômico neoliberal com o governo continuando a adotar uma postura subalterna em relação ao capital internacional como vem ocorrendo durante o atual governo.  Tudo leva a crer que, mesmo sendo eleito um Presidente da República que não seja Jair Bolsonaro, o modelo econômico neoliberal será mantido porque todos os demais candidatos a Presidente da República estão buscando apoio de representantes do mercado, sobretudo o financeiro, e de partidos de direita e centro direita para se elegerem. Além disso, esses candidatos poderão não contar com maioria parlamentar suficiente para promoverem uma ruptura com o modelo econômico neoliberal e com o capital internacional. Isto significa dizer que muito dificilmente a grave crise econômica em que se debate o Brasil desde 2016 será superada pelo futuro governo, seja com a manutenção de Bolsonaro no poder, seja com a eleição de outro Presidente da República.

O Brasil continuará devastado socialmente com a manutenção do modelo econômico neoliberal haja vista que ele é, desde 1990, o grande responsável por levá-lo à bancarrota econômica e à devastação social na atualidade. A devastação social continuará no Brasil com Bolsonaro no poder e com qualquer dos demais candidatos de oposição, se forem eleitos, porque nenhum deles terá força suficiente, inclusive no parlamento para promover uma ruptura com o modelo econômico neoliberal e com o capital internacional responsáveis pelos desastre econômico e social existente no País. A prática vem demonstrando a inviabilidade do modelo econômico neoliberal no Brasil inaugurado pelo presidente Fernando Collor em 1990 e mantido pelos presidentes Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Lula da Silva, Dilma Roussef, Michel Temer e Jair Bolsonaro. A estagflação econômica atual, a acentuada desindustrialização do País, a insolvência da União, Estados e Municípios, a elevação desmesurada da dívida pública federal, a falência generalizada de empresas e o desemprego em massa ocorrida nos últimos anos demonstram a inviabilidade do modelo neoliberal implantado no País.

A solução para os problemas econômicos e sociais do Brasil requer a adoção do modelo econômico nacional desenvolvimentista de abertura seletiva da economia brasileira que permitiria fazer com que o Brasil assumisse os rumos de seu destino, ao contrário do modelo econômico neoliberal que faz com que o futuro do País seja ditado pelas forças do mercado todas elas comprometidas com o capital internacional. O fracasso do neoliberalismo no Brasil e no mundo não recomenda a eleição de candidatos à Presidência da República e de parlamentares que insistem em manter o modelo econômico neoliberal que contribuiu para o desastre econômico e social em que se debate a nação brasileira. Os candidatos com programas neoliberais devem ser repelidos pelos verdadeiros democratas, humanistas e patriotas brasileiros. A adoção do modelo econômico nacional desenvolvimentista de abertura seletiva da economia brasileira exigiria que o Estado brasileiro passasse a exercer o comando efetivo da economia do Brasil cujos governos  abdicaram deste papel desde 1990 favorecendo as forças do mercado.  A história econômica do Brasil mostra que, toda vez que o País alcançou expressivo desenvolvimento socioeconômico, o Estado nacional brasileiro foi o grande protagonista como ocorreu com o nacional desenvolvimentismo da Era Vargas e durante os governos de Juscelino Kubitschek e dos governos militares pós 1964. Neste período, os governos brasileiros planejavam a economia de acordo com o modelo Keynesiano que defende que o Estado atue como um agente ativo na promoção do desenvolvimento econômico contra a recessão e alta no desemprego que é o oposto do modelo econômico neoliberal existente no Brasil.

Pelo exposto, a democracia, a economia e o povo brasileiro poderão ter seus futuros comprometidos gravemente porque muito dificilmente, haverá um Presidente da República que adote o modelo nacional desenvolvimentista de abertura seletiva da economia brasileiro. Só haveria uma solução de difícil realização para evitar o cenário catastrófico em relação ao futuro que seria o de eleger o futuro Presidente da República que reúna em torno de si todas as forças políticas comprometidas com a efetiva solução para os problemas nacionais, tanto no parlamento quanto na sociedade civil visando a implantação de um governo de salvação nacional. Esta situação deveria ser construída antes das próximas eleições com todos os candidatos de oposição a Jair Bolsonaro renunciando a suas candidaturas para oferecerem seu apoio a um nome que seja capaz de congregar as forças políticas comprometidas com a efetiva solução dos problemas nacionais com base em um programa comum de governo que contemple a adoção do modelo econômico nacional desenvolvimentista e a defesa da democracia. O argumento para convencer os candidatos de oposição a Bolsonaro é o de que seus futuros políticos estariam comprometidos com uma ditadura bolsonarista. Ainda há tempo para que um programa comum de governo seja elaborado e seja escolhido um candidato agregador das forças de oposição a Jair Bolsonaro para construir um governo de salvação nacional que o Brasil precisa para que a democracia e o progresso econômico e social do País não sejam comprometidos. Para que isto aconteça seria imprescindível a mobilização da sociedade civil organizada no sentido de colocar em prática nossa proposta de apresentar um candidato único de oposição a Bolsonaro que assuma o compromisso de constituir um governo de salvação nacional baseado em um programa comum para impedir que a concretização das ameaças de implantação de uma ditadura bolsonarista no Brasil e a ampliação da devastação econômica e social em curso sejam concretizadas.

Para assistir o vídeo, acessar o website <https://www.youtube.com/watch?v=hEjO_coVQ8w>.

* Fernando Alcoforado, 82, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação e da SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017),  Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019) e A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021).

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Author: falcoforado

FERNANDO ANTONIO GONÇALVES ALCOFORADO, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, da SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e do IPB- Instituto Politécnico da Bahia, engenheiro pela Escola Politécnica da UFBA e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário (Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da ciência e da tecnologia ao longo da história e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022), de capítulo do livro Flood Handbook (CRC Press, Boca Raton, Florida, United States, 2022), How to protect human beings from threats to their existence and avoid the extinction of humanity (Generis Publishing, Europe, Republic of Moldova, Chișinău, 2023) e A revolução da educação necessária ao Brasil na era contemporânea (Editora CRV, Curitiba, 2023).

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