COMO REINDUSTRIALIZAR O BRASIL E DESCONCENTRAR, MODERNIZAR E TORNAR SUSTENTÁVEL A INDÚSTRIA BRASILEIRA

Fernando Alcoforado*

Este artigo tem por objetivo apresentar como o governo Lula poderá reindustrializar o Brasil e desconcentrar, modernizar e tornar sustentável a indústria brasileira. A industrialização do território brasileiro teve cinco fases ao longo da história abaixo descritas.

Fase 1- Implantação de engenhos de açúcar (1500-1808)

A atividade industrial no Brasil teve início no período colonial. As atividades agrícolas e o extrativismo absorviam o pouco capital e a mão-de-obra existente, dando margem apenas à agroindústria do açúcar, a pequenas indústrias no litoral, aos estaleiros em que se construíam embarcações de madeira e às indústrias caseiras. Os engenhos de açúcar utilizavam como matéria-prima a cana-de-açúcar que era transformada no açúcar destinado aos mercados interno e externo. Neste período, houve restrições à existência de indústrias no Brasil, porque, no ano de 1785, a Coroa Portuguesa publicou um alvará proibindo a instalação de pequenas fábricas e manufaturas no Brasil.

Fase 2- Abertura de fábricas e pequenas manufaturas (1808-1929)

Neste período, os primeiros industriais brasileiros enfrentaram grandes dificuldades, pois, além de produzirem para um mercado interno pequeno, enfrentavam a concorrência dos produtos ingleses que chegavam ao Brasil a preços baixos, devido às módicas tarifas de importação. A situação amenizou-se quando, em 1814, o futuro imperador Pedro I assinou o decreto que abriu os portos brasileiros a outras nações, acabando com o virtual monopólio das importações inglesas com a revogação do alvará de 1785, que proibia a instalação de pequenas fábricas e manufaturas no Brasil. A abertura dos portos ampliou a presença de produtos importados no País, além dos provenientes da Inglaterra. O processo de industrialização, porém, foi lento e só ganhou maior impulso durante a 1ª Guerra Mundial, quando os produtos importados desapareceram do mercado e, com isso, estimulou-se a produção local. Pequenas unidades fabris surgiram em áreas próximas da cidade de Salvador na Bahia, no Rio de Janeiro e em São Paulo destacando-se, entre elas as fábricas de produtos têxteis que se localizavam perto das lavouras de algodão. Ao final do século XIX, existiam no Brasil 636 fábricas instaladas que quintuplicou durante a primeira década do século XX.

Fase 3- Industrialização substitutiva de importações (1930-1955)

Com a queda substancial das exportações cafeeiras ao final da década de 1920 e a ascensão ao poder de Getúlio Vargas foi desencadeado um processo de industrialização substitutiva de importações. Os investimentos na atividade industrial contaram com recursos do governo federal e com o excedente de capital privado resultante da atividade cafeeira. O período 1930- 1955 ficou conhecido como o da substituição das importações, quando determinados produtos que até então eram adquiridos no mercado externo passaram a ser produzidos pelas indústrias instaladas no Brasil. O capital estatal foi importante para o crescimento da indústria no País, assim como para a ampliação da infraestrutura de transporte, como foi o caso das ferrovias e portos. Neste período, houve a maior diversificação do parque industrial brasileiro com a implantação de indústrias em outras regiões do Brasil, além da região Sudeste e, também, com a implantação de importantes indústrias estatais de base (ou de bens de capital), como a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a Companhia Vale do Rio Doce e a Petrobras. A Usina de Volta Redonda desempenhou importante papel para o desenvolvimento da indústria pesada nacional, propiciando a criação de novas indústrias e a expansão siderúrgica. Da 2ª Guerra Mundial ao começo da década de 1960, o ritmo da industrialização no Brasil foi intenso. Um passo importante em direção à industrialização autônoma foi a instituição do monopólio estatal do petróleo, com a criação da Petrobrás, em 1953. A industrialização brasileira pode ser caracterizada como tardia porque ocorreu mais de 200 anos após a 1ª Revolução Industrial na Inglaterra.

Fase 4- Internacionalização da industrialização substitutiva de importações (1956-1990)

Esta fase é marcada pelo maior ingresso de empresas estrangeiras no mercado brasileiro muitas das quais multinacionais com destaque para as montadoras de automóveis. Esse movimento foi o resultado direto das políticas desenvolvimentistas implantadas durante o governo de Juscelino Kubitschek. O processo de internacionalização da indústria brasileira ganhou forças a partir de então e o parque industrial do país passou a contar com uma ampla variedade de fábricas que produziam desde os bens de consumo não duráveis até bens de capital. Houve grandes investimentos de capitais externos que se somaram aos capitais privados nacionais, além dos investimentos do governo federal que foi o responsável pela oferta de incentivos fiscais e financeiros para as novas indústrias, além de criar a infraestrutura necessária para o desenvolvimento da produção e circulação dos bens e mercadorias. Foi neste período que houve investimentos do governo federal na infraestrutura rodoviária do País promovendo maior integração econômica nacional. A expansão do parque industrial brasileiro, iniciada com as indústrias de bens de consumo, procurou, a partir da década de 1970, atingir uma fase mais avançada, a da produção de bens de capital e materiais básicos indispensáveis à aceleração do ritmo do crescimento geral. Um dos setores industriais mais pujantes, no entanto, continuou sendo o automobilístico.

Fase 5- Desindustrialização da economia brasileira (1990- presente)

Depois de apresentar elevado crescimento de 1930 a 1987, o setor industrial brasileiro apresentou declínio de sua participação na formação do PIB do Brasil que alcançou 27,3% de participação em 1987 e 11% em 2019 caracterizando, desta forma, a desindustrialização da economia brasileira (Figura 1). Isto se deveu ao fato de que, a partir da década de 1990, foi adotado o modelo econômico neoliberal com a abertura da economia brasileira que facilitou o ingresso do capital internacional no País, intensificou a concorrência interna com a maior presença das empresas estrangeiras e a invasão de produtos importados de baixo custo mais competitivos dos que os fabricados no Brasil. Este período é marcado por uma onda de privatizações de empresas estatais adquiridas, sobretudo, por empresas estrangeiras, bem como pelo fechamento de diversas indústrias nacionais. É importante observar que, inicialmente, a indústria se concentrou na região Sudeste. Depois, houve um processo de desconcentração industrial com a implantação de indústrias em outras regiões do Brasil.

Apesar da grande relevância da indústria para a economia brasileira, houve algumas perdas nos últimos 36 anos que fizeram com que a participação brasileira na produção industrial mundial saísse do top 10 e fosse para a 16ª colocação. Até 2014 o Brasil estava entre os 10 principais países no ranking de Desempenho da Indústria feito pela CNI, mas entre 2015 e 2019, países como México, Indonésia, Rússia, Taiwan, Turquia e Espanha superaram a produção brasileira, sendo um dos motivos a crise econômica que o Brasil enfrentou entre 2014 e 2016. Dentre os principais produtores mundiais temos a China como líder absoluta em seguida os Estados Unidos, Japão, Alemanha, Índia e Coreia do Sul. Além deste recuo na produção industrial, consequentemente o Brasil também perdeu algumas posições no ranking mundial de exportações. Em 2018, o Brasil foi o 30º maior exportador de produtos da indústria de transformação, ao contrário do ritmo mundial, cuja maioria dos países elevou suas exportações. A China é a líder nas exportações desse setor, seguida da Alemanha, Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul. Dados indicam que nos últimos 10 anos, o Brasil deixou de exportar 38 milhões de dólares [1].

Figura 1- Participação da indústria na formação do PIB do Brasil (1947 a 2019) (%PIB)

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Fonte: https://valoradicionado.wordpress.com/tag/pib/

De acordo com o ritmo de produção, os processos industriais podem ser contínuos, isto é, sem paradas na produção, como é o caso do refino do petróleo, o suprimento de energia elétrica e a fabricação de produtos siderúrgicos, papel e celulose e cimento, ou podem ser descontínuos, isto é, com paradas na produção, como é o caso da indústria da construção civil, estaleiros navais, montagem das diferentes partes numa linha de montagem, a fabricação de medicamentos e de alimentos, entre outros. A produção industrial utiliza matérias-primas fornecidas pelo setor agropecuário ou pelo setor de mineração. As indústrias básicas fabricam os produtos intermediários que os transformam em produtos para o consumo. As principais indústrias de base ou pesada são a extrativa mineral, a química e a metalúrgica. Quase todas as demais atividades industriais constituem o que se chama de indústria leve. Do ponto de vista do destino do produto, cabe ainda outra classificação. Quando se trata da produção de máquinas, ferramentas ou meios de transporte industrial, diz-se que a indústria se dedica à fabricação de bens de capital, ou seja, bens não dirigidos ao consumo humano imediato, mas para produzir outros bens. As indústrias de bens de consumo são as mais numerosas e variadas. Compreendem a fabricação de alimentos, móveis, têxteis, impressos, aparelhos eletrodomésticos e produtos eletrônicos, entre outros.  

O Brasil dispõe atualmente de um parque industrial bastante amplo e diversificado, atuando em ao menos 33 ramos produtivos distintos [2]. De acordo com dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a indústria de transformação apresenta no Brasil os seguintes ramos produtivos: 1) automobilístico; 2) metalurgia e siderurgia; 3) petroquímica; 4) papel e celulose; e, 5) alimentício. A indústria extrativa também possui grande importância para a economia, sendo responsável por parte das exportações brasileiras e pela destinação de matérias-primas para outros ramos produtivos, muitos dos quais estão listados acima. Destaca-se, nesse segmento, a extração de minerais metálicos e a exploração petrolífera.

A Figura 2 apresenta o mapa com a distribuição espacial da indústria brasileira em 2015.

Figura 2- Distribuição espacial da indústria brasileira

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Fonte: https://blogdoenem.com.br/distribuicao-espacial-das-industrias-brasileiras-geografia-enem/

A Figura 2 mostra que há excessiva concentração da indústria brasileira nas regiões Sudeste e Sul do Brasil. Precisaremos, mais do que nunca, que o governo Lula seja capaz de planejar a desconcentração da indústria do Brasil incentivando a implantação de novas indústrias nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do País.

O consenso entre os especialistas é o de que a indústria brasileira está bastante atrasada estando ainda em grande parte na transição do que seria a Indústria 2.0 da 2ª Revolução Industrial, caracterizada pela utilização de linhas de montagem e energia elétrica, para a Indústria 3.0 da 3ª Revolução Industrial que aplica automação por meio da eletrônica, robótica e programação [5]. Este atraso tecnológico da indústria brasileira é um dos fatores que contribuem para a desindustrialização do Brasil. Para termos uma ideia da defasagem do Brasil, seria preciso instalar cerca de 165 mil robôs industriais para se aproximar da densidade robótica atual da Alemanha. No ritmo atual, com cerca de 1,5 mil robôs instalados por ano no país, o Brasil levará mais de 100 anos para alcançar o nível da Alemanha. Precisaremos, mais do que nunca, que o governo Lula seja capaz de planejar a modernização da indústria do Brasil, e das instituições acadêmicas e de pesquisa do País para modernizar a indústria brasileira com o desenvolvimento da indústria 4.0 [6]. Precisaremos também de níveis de investimentos relevantes e da capacitação intensiva de gestores, engenheiros, analistas de sistemas e técnicos nessas novas tecnologias, além de parcerias e alianças estratégicas com entidades de outros países mais avançados na indústria 4.0. Uma das medidas necessárias à inserção do Brasil à 4ª Revolução Industrial consiste em investimentos maciços no sistema de educação para qualificação das pessoas com foco em tecnologia [5].

Além de enfrentar o processo de desindustrialização, haver excessiva concentração da indústria brasileira nas regiões Sudeste e Sul do Brasil e a indústria brasileira estar bastante atrasada tecnologicamente, a sustentabilidade ambiental não é adotada pela grande maioria das indústrias do País. Sustentabilidade industrial é o conjunto de práticas aplicáveis à indústria que prioriza o uso inteligente de recursos naturais renováveis, promovendo seu desenvolvimento sem comprometer o futuro das próximas gerações. A sustentabilidade industrial traz uma série de benefícios como a proteção do meio ambiente, a melhoria da qualidade de vida da população, a melhoria da imagem da indústria perante o consumidor e o mercado e a economia de recursos devido à redução dos custos de produção com a adoção da eficiência energética, reutilização da água e de produtos, entre outras medidas. Segundo um levantamento divulgado em 2020 pelo IBGE, a maioria das empresas brasileiras que investem em sustentabilidade ambiental atualmente só o fazem para atingir uma determinada imagem institucional [3]. Realizado entre 2015 e 2017, o estudo aponta que, dentre 117 mil empresas, 33,6% foram consideradas inovadoras, sendo que entre elas menos da metade (15,9 mil) investiram em sustentabilidade ambiental.

Saber quais são os principais impactos da indústria no meio ambiente é fundamental para a indústria obter sustentabilidade ambiental implementando práticas de desenvolvimento sustentável [4]. Mas, o que é o desenvolvimento sustentável? O desenvolvimento sustentável é caracterizado pela busca de meios para suprir as necessidades da sociedade atual sem comprometer as gerações futuras. A indústria está em constante conflito com a natureza em busca de recursos, o que gera inúmeros impactos ou danos ambientais. São vários os impactos ambientais da indústria no Brasil destacando-se, entre eles, a contaminação dos cursos d´água devido ao descarte incorreto do esgoto industrial, a devastação de florestas, o aquecimento global, o desbalanceamento da cadeia alimentar, a degradação do solo causada principalmente pela mineração, a poluição do ar, a destruição da flora e da fauna e o descarte incorreto de resíduos, entre outros. 

Os principais impactos ambientais da indústria [3] estão descritos a seguir:

Contaminação dos cursos d´água

As grandes indústrias brasileiras são as maiores causadoras de poluição nos nossos corpos hídricos, já que elas despejam toneladas de resíduos tóxicos em rios, lagos e oceanos o que prejudica o ecossistema diretamente e torna a água de rios e lagos imprópria para o consumo e a dos oceanos imprópria para banho e pesca. Como consequência, além do desequilíbrio ambiental evidente, esta prática também causa sérios danos à saúde da população que vive próxima desses locais contaminados.

Devastação de florestas

A industrialização brasileira vem contribuindo para o crescimento urbano que tem sido grande responsável pela devastação de florestas no Brasil, como é o caso da indústria madeireira entre outras gerando desequilíbrio em todo o meio ambiente. Com a redução da mata nativa, muitos animais e plantas foram extintos ao longo dos anos. Ainda existem espécies ameaçadas e que podem desaparecer em um futuro próximo com a continuidade da devastação de florestas.

Parte inferior do formulário

Poluição do ar

A poluição do ar tem sido uma pauta constante no embate entre a indústria brasileira e o meio ambiente, já que todos os dias são lançadas toneladas de gases tóxicos na atmosfera, como o óxido de enxofre, óxido de nitrogênio, o monóxido de carbono e o dióxido de carbono, entre outros gases. Esses gases pioram a qualidade do ar que respiramos e são, também, responsáveis por inúmeras doenças respiratórias, como a bronquite e a asma. De acordo com dados revelados pelo Ministério da Saúde, as mortes causadas pela poluição do ar no Brasil aumentaram 14% só na última década.

Aquecimento global

As indústrias brasileiras causam o efeito estufa fruto da atividade humana que tem um impacto direto no aquecimento da temperatura global. A principal causa deste problema é o lançamento de gases tóxicos na atmosfera pela indústria e meios de transporte com a utilização de combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão). O desmatamento e as queimadas das florestas tropicais do Brasil para atender à indústria madeireira também contribuem para este quadro negativo. Todas essas transformações geram um calor cada vez mais intenso, chuvas ácidas e mudanças climáticas.

Alteração da fauna e flora

A poluição causada pela produção de minérios para atender a demanda da indústria gera prejuízos para animais e vegetações nativas. Prova disso é a tragédia envolvendo o rompimento de uma barragem de rejeitos da atividade mineral da Mina Córrego do Feijão, na cidade de Brumadinho, em Minas Gerais que é considerado o segundo maior desastre industrial do século. O episódio aconteceu devido ao acúmulo dos rejeitos de uma mina de ferro. A tragédia causou a morte de 270 pessoas, sendo 10 delas desaparecidas, e o Brasil se tornou o país com maior número de fatalidades neste tipo de acidente, somando as perdas humanas aos graves (e permanentes) danos ambientais. Exemplo disso são as diversas plantas que morreram por conta do lamaçal e não têm garantia de que voltem a crescer na paisagem. O mesmo se aplica aos animais que foram mortos e deformados pela lama. Os testes realizados na região comprovaram que o derramamento dos rejeitos causou a morte de diversas espécies e também provocou mutações e anomalias em embriões de peixes em córregos e no Rio Doce. A taxa de mortalidade dos animais foi de 100% próximo à mina.

Desbalanceamento da cadeia alimentar

Em Brumadinho, por exemplo, muitas espécies de vegetação foram extintas na região devido ao desastre ambiental. Isto representa a inevitável falta de alimentos para os animais, que serão forçados a migrar para outras regiões, o que desequilibra todo o ecossistema. A grande migração de pássaros, por exemplo, gera o aumento da quantidade de insetos, o que, por sua vez, traz a elevação de epidemias, visto que muitos desses insetos são transmissores de doençasAssim, cada região em que as indústrias atuam sofrem o risco iminente de um desbalanceamento na cadeia alimentar e um impacto no equilíbrio ambiental porque, quando não existe vegetação para alimentar os animais, eles podem deixar de existir. 

Para tornar as indústrias sustentáveis e fazerem frente aos impactos ambientais [4] acima descritos, é preciso que sejam adotadas as medidas seguintes:

·      Reciclagem dos resíduos químicos e sólidos

·      Reaproveitamento da água

·      Contratação de fornecedores e parceiros sustentáveis.

·      Uso e fabricação de produtos com processo produtivo menos prejudicial ao ecossistema

·      Adoção do “transporte verde” com logísticas menos prejudiciais ao meio ambiente.

·      Economia de recursos naturais.

·      Uso racional de energia solar, eólica, biomassa, florestas e água.

·      Uso consciente de água, papel e energia. 

·      Uso da assinatura eletrônica para evitar impressão de papel, reduzindo a utilização de arquivos físicos.

·      Desligamento de equipamentos e lâmpadas no final do expediente. 

·      Reciclagem de resíduos sólidos.

·      Redução do consumo de matérias-primas e da emissão de gases poluentes do ar e da água. 

·      Uso de matérias-primas recicladas.

·      Descarte correto dos resíduos químicos, especialmente daqueles que precisam de tratamentos especiais antes de serem encaminhados para a aterro sanitário.

·      Reaproveitamento de água.

·      Uso de fontes de energia renovável.

·      Manutenção preventiva e preditiva de equipamentos e máquinas.

·      Parcerias com bons fornecedores.

·      Incentivo à economia circular que é a transformação da fabricação em uma cadeia cíclica de reutilização, reaproveitamento e reciclagem.

Conclusões

No setor industrial, o governo Lula se defronta com o quádruplo desafio de: 1) reverter o processo de desindustrialização que o Brasil sofreu de 1990 até o presente momento a partir da introdução do modelo econômico neoliberal que devastou a economia brasileira; 2) desconcentrar a indústria do Brasil com a implantação de novas indústrias nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil; 3) promover o desenvolvimento da Indústria 4.0 no País, e, 4) tornar a indústria brasileira sustentável ambientalmente. A reindustrialização do Brasil deve ser acompanhada, portanto, de ações que contribuam, também, para a desconcentração da indústria do Brasil com a implantação de novas indústrias nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil, a modernização da indústria brasileira com sua inserção na indústria 4.0 e a sustentabilidade ambiental da indústria brasileira.

A reindustrialização do Brasil requer a adoção das estratégias seguintes [5]:

1) Abandonar o modelo econômico neoliberal com sua substituição pelo modelo nacional desenvolvimentista com o Estado brasileiro atuando no planejamento da economia nacional e como indutor do processo de desenvolvimento econômico e social.

2) Incentivar a implantação de indústrias substitutivas de importações de insumos e produtos com financiamento e concessão de incentivos fiscais para assegurar a autossuficiência nacional.

3) Promover a abertura seletiva da economia brasileira para proteger a indústria nacional da competição predatória de insumos e produtos importados.

4) Promover o fortalecimento da indústria nacional existente no Brasil com a oferta de financiamento e concessão de incentivos fiscais.

5) Promover o desenvolvimento da indústria de bens de capital nacional para torná-la competitiva de forma permanente no mercado internacional.

6) Levar ao fim a dependência econômica e tecnológica do País em relação ao exterior promovendo o progresso científico e tecnológico autônomo, único capaz de tornar a empresa nacional competitiva de forma permanente no mercado internacional, com o fortalecimento das universidades e centros de pesquisas do Brasil.

A desconcentração da indústria do Brasil requer a adoção das estratégias seguintes:

1) Fortalecer SUDAM, SUDENE e SUDECO para colocarem em prática um plano governamental de desenvolvimento industrial das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil.

2) Conceder incentivos fiscais para a implantação de novas indústrias nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil.

3) Conceder facilidades de financiamentos públicos aos investimentos industriais para a implantação de novas indústrias nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil.

A modernização da indústria brasileira com sua inserção na indústria 4.0 requer a adoção das estratégias seguintes [5]:

1) Estudar os principais problemas que a indústria brasileira enfrenta para eliminar seu atraso haja vista que ela está ainda em grande parte na transição do que seria a Indústria 2.0 da 2ª Revolução Industrial, caracterizada pela utilização de linhas de montagem e energia elétrica, para a Indústria 3.0 da 3ª Revolução Industrial que aplica automação por meio da eletrônica, robótica e programação.

2) Promover a capacitação intensiva na Indústria 4.0 de gestores, engenheiros, analistas de sistemas e técnicos nas novas tecnologias.

3) Realizar investimentos maciços no sistema de educação do Brasil para qualificação das pessoas com foco em tecnologia.

4) Investigar as diferentes tecnologias que podem ser adotadas e fazer um plano de longo prazo para modernizar gradualmente toda a indústria nacional rumo à Indústria 4.0 que é  caracterizada pela integração dos chamados sistemas ciberfísicos de produção, nos quais sensores inteligentes informam às máquinas como devem operar em seus processos produtivos.

5) Estabelecer alianças estratégicas com entidades de outros países mais avançados na indústria 4.0.

6) Conceder incentivos fiscais e financeiros às indústrias que busquem se modernizar rumo à indústria 4.0.

A sustentabilidade ambiental da indústria brasileira requer a adoção das estratégias seguintes [3]:

1) Conceder incentivos fiscais e financiamentos às indústrias que adotarem ações ambientalmente sustentáveis.

2) Buscar o estabelecimento pelas indústrias de metas de sustentabilidade ambiental a serem perseguidas.

3) Estabelecer com as indústrias metas de sustentabilidade ambiental relacionadas com o uso de recursos naturais renováveis e a adoção de práticas inteligentes que promovam o desenvolvimento econômico e social sem comprometer o futuro das próximas gerações.

4) Estabelecer com as indústrias metas de sustentabilidade ambiental relacionadas com a não poluição ou poluição mínima possível do meio ambiente, o descarte dos resíduos de forma adequada com o uso da logística reversa, a utilização da energia renovável sempre que possível, a reutilização da água ao máximo nos processos industriais e a implementação de uma cultura de desenvolvimento sustentável.

5) Estabelecer com as indústrias metas de sustentabilidade ambiental relacionadas com a não poluição do ar, das águas e do solo, a não eliminação de resíduos nos mares e rios, a não destruição da fauna e da flora, a não invasão do habitat de animais silvestres, o não desbalanceamento da cadeia alimentar e a não contribuição para o aquecimento global com a emissão de gases do efeito estufa.

6) Estabelecer com as indústrias de metas de sustentabilidade ambiental relacionadas com a adoção da economia circular ou logística reversa para evitar a exaustão dos recursos naturais do Brasil.

REFERÊNCIAS

[1] UX COMEX. A importância das indústrias na economia brasileira. Disponível no website <https://uxcomex.com.br/2021/05/a-importancia-das-industrias-na-economia-brasileira/>.

 [2] BRASIL ESCOLA. Industrialização do Brasil. Disponível no website <https://brasilescola.uol.com.br/brasil/industrializacao-do-brasil.htm>.

[3] SILVA, Luciana. Conheça os principais impactos da indústria no meio ambiente. Disponível no website <https://blog-pt.checklistfacil.com/impactos-da-industria-no-meio-ambiente/>.

[4] ON SAFETY. Indústria E Meio Ambiente: A Importância Do Desenvolvimento Sustentável. Disponível no website <https://onsafety.com.br/industria-e-meio-ambiente-a-importancia-do-desenvolvimento-sustentavel/>.

[5] ALCOFORADO, Fernando. Como o governo Lula poderá reindustrializar o Brasil. Disponível no website <https://www.academia.edu/94807861/COMO_O_GOVERNO_LULA_PODER%C3%81_REINDUSTRIALIZAR_O_BRASIL>.

[6] ALCOFORADO, Fernando. The future of the industry. Disponível no website <https://www.academia.edu/45626607/THE_FUTURE_OF_THE_INDUSTRY>, 2021.

* Fernando Alcoforado, 83, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, da SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e do IPB- Instituto Politécnico da Bahia, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário (Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da ciência e da tecnologia ao longo da história e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022) e de capítulo do livro Flood Handbook (CRC Press, Boca Raton, Florida, United States, 2022).

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FERNANDO ANTONIO GONÇALVES ALCOFORADO, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, da SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e do IPB- Instituto Politécnico da Bahia, engenheiro pela Escola Politécnica da UFBA e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário (Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da ciência e da tecnologia ao longo da história e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022), de capítulo do livro Flood Handbook (CRC Press, Boca Raton, Florida, United States, 2022), How to protect human beings from threats to their existence and avoid the extinction of humanity (Generis Publishing, Europe, Republic of Moldova, Chișinău, 2023) e A revolução da educação necessária ao Brasil na era contemporânea (Editora CRV, Curitiba, 2023).

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