Fernando Alcoforado*
Este artigo tem por objetivo demonstrar a progressiva decadência econômica e perda da condição de potência hegemônica no mundo pelos Estados Unidos e o esforço do governo norte-americano de utilizar todos os meios, inclusive o complexo industrial-militar e a economia de guerra, para combater seus inimigos potenciais, como é o caso da China que ameaça sua hegemonia mundial e da Rússia, aliada da China. O risco é de que a guerra que os Estados Unidos pretende promover contra a Rússia e a China poderá devastar as economias chinesa, norte-americana e global, destruir o processo de globalização econômica e financeira em curso e desencadear a 3ª Guerra Mundial. O livro de Paul Kennedy, Ascensão e queda das grandes potências: Transformação econômica e conflito militar de 1500 a 2000 [1], tornou-se grande clássico da geopolítica, desde sua publicação, há três décadas. Paul Kennedy afirma neste livro que, se uma grande potência excede estrategicamente, por exemplo, pela conquista de territórios extensos (como a Inglaterra no século XIX), ou em guerras onerosas (como é o caso dos Estados Unidos desde a 2ª Guerra Mundial), corre o risco de ver as vantagens potenciais da expansão externa superadas pelas grandes despesas exigidas. O que está entre parênteses neste parágrafo e nos demais corresponde à opinião do autor deste artigo.
Paul Kennedy afirma que o dilema das grandes potências de exceder estrategicamente com a conquista de territórios extensos ou assumir guerras onerosas se torna agudo se o país em questão tiver entrado em período de declínio econômico relativo (como foi o caso da Inglaterra no século XX e dos Estados Unidos no século XXI). A história da ascensão e queda dos países líderes do sistema de grandes potências, desde o avanço da Europa ocidental no século XVI, isto é, de nações como Espanha, Holanda, França, Império Britânico e, atualmente, Estados Unidos, mostra que, em prazo mais longo, há uma tendência de redução da capacidade da potência hegemônica de produzir e gerar receitas, de um lado, e o aumento excessivo do gasto com a força militar, do outro que contribuem para seu declínio.
A tese de Paul Kennedy é a de que a força relativa das grandes potências no cenário mundial nunca permanece constante, principalmente em virtude, primeiro, da taxa de crescimento desigual entre as diferentes nações (como é o caso do declínio econômico acentuado da potência hegemônica, os Estados Unidos, e da vertiginosa ascensão econômica da China) e, segundo, das inovações tecnológicas e organizacionais que proporcionam a determinada nação maior vantagem do que a outra (como é o caso da China que, depois de passar por uma extraordinária mudança estrutural, se tornando o maior centro produtor e exportador de manufaturas do mundo, 70% maior que a dos Estados Unidos, e de constituir um sistema produtivo e empresarial que disputa a liderança global em vários segmentos, vem se consolidando, também, como um país líder em inovação científica e tecnológica tendendo a suplantar os Estados Unidos).
Paul Kennedy afirma que, quando a capacidade produtiva dos Estados Unidos aumentava, normalmente, havia maior facilidade de arcar com os ônus dos armamentos em grande escala, em tempo de paz, e manter e abastecer grandes exércitos e armadas durante as guerras que desencadeou. A riqueza é, geralmente, necessária ao poderio militar, segundo Paul Kennedy, que, por sua vez, é, geralmente, necessário à aquisição e proteção da riqueza. Se, porém, proporção demasiado grande dos recursos do país é desviada da criação de riqueza e atribuída a fins militares (como é o caso dos Estados Unidos), torna-se então provável que isso leve ao enfraquecimento do poderio nacional. Paul Kennedy deixa claro que há um intervalo temporal entre a trajetória da força econômica relativa de determinado Estado nacional e sua influência militar ou territorial.
Segundo Paul Kennedy, a potência em expansão econômica bem pode preferir ser mais rica do que investir, pesadamente, em armas (como ocorreu com os Estados Unidos até a 2ª Guerra Mundial). Paul Kennedy afirma que as prioridades se modificam com o tempo porque a expansão econômica trouxe consigo outras obrigações, isto é, fazer frente à dependência de mercados e matérias primas estrangeiros, alianças militares e, talvez bases e colônias (como ocorreu com os Estados Unidos após a 2ª Guerra Mundial). Paul Kennedy afirma que outras potências rivais que estejam se expandindo em ritmo mais rápido, logo, querem, por sua vez, estender sua influência ao exterior (como foi o caso da União Soviética de 1945 até 1989 e é o caso da China na atualidade).
Paul Kennedy afirma que, na era contemporânea, o mundo torna-se espaço mais disputado com as grandes potências (como os Estados Unidos, a China e a Rússia) competindo entre si arduamente por fatias de mercado. Nessas circunstâncias, a maior potência perturbada entre as demais, (os Estados Unidos), pode ver-se gastando mais com a as forças armadas do que antes. O mundo se tornou mais hostil simplesmente porque outras potências cresceram mais depressa e estão se tornando mais fortes (como é o caso da China e da Índia). A grande potência em declínio relativo, (os Estados Unidos), reage instintivamente, gastando ainda mais com sua “segurança” e de seus aliados e, com isso, deixa de usar recursos potenciais em “investimento produtivo”. Agrava ainda mais seu dilema em longo prazo. (Esta é a situação dos Estados Unidos que, no momento atual, não tem mais condições de assumir seus gastos militares como antes sem comprometer sua economia e colocar em xeque a economia mundial).
Segundo Paul Kennedy, muitos analistas afirmam que outros países emergentes estão alcançando o mesmo patamar dos países do mundo desenvolvido (como a China e a Índia), e os Estados Unidos sofrem declínio econômico relativo, ao produzirem parcela menor do PIB mundial, mesmo com o país crescendo mais do que a maioria das grandes economias desenvolvidas e ainda sendo a maior economia do mundo em termos absolutos. Vários países emergentes estão obtendo participação cada vez maior no PIB mundial. Pela previsão do Goldman Sachs, a China terá, em 2050, superado os Estados Unidos, com PIB de US$ 45 trilhões, contra os US$ 35 trilhões dos Estados Unidos. Paul Kennedy afirma que o que lhe parece incontestável é que, em longa e arrastada guerra de grandes potências, geralmente, em coalizão com outras, a vitória coube repetidas vezes ao lado com base produtiva mais florescente (que, nas condições atuais, é o caso da China).
Paul Kennedy afirma que, na era contemporânea, o mundo se tornou mais hostil aos Estados Unidos porque outras potências cresceram mais depressa e se estão tornando mais fortes (como é o caso especialmente da China). A potência hegemônica, os Estados Unidos, em declínio relativo reage, instintivamente, gastando ainda mais com armamentos para sustentar suas guerras e, com isso, deixa de usar recursos potenciais em “investimento produtivo” agravando ainda mais seu declínio econômico em longo prazo. Esta é a situação dos Estados Unidos que, no momento atual, não tem mais condições de assumir seus gastos militares como antes haja vista que, segundo Paul Kennedy, os Estados Unidos havia se tornado país devedor internacional pela primeira vez e dependia crescentemente da entrada de capital europeu e japonês na segunda metade do século XX. No século XX, o Japão estava em ascensão. O sentimento de decadência chegou perto da histeria nos Estados Unidos quando empresas japonesas compraram ativos simbólicos da antiga pujança do capitalismo norte-americano. Hoje, além de depender da entrada de capital europeu e japonês, os Estados Unidos dependem significativamente de capitais oriundos da China. A tese do professor Paul Kennedy está sendo confirmada inclusive na era contemporânea. Pela previsão do Goldman Sachs, a China terá, em 2050, superado economicamente os Estados Unidos.
Segundo Paul Kennedy, os Estados Unidos ampliaram demais o seu império, ao ponto de não conseguirem mais administrá-lo, como aconteceu com a Espanha no século XVII e o Reino Unido no século XX. Outro império, o soviético, foi quem primeiro demonstrou incapacidade de administração, na década de 1980, porque os gastos bélicos ultrapassaram todos os limites que levaram a União Soviética ao colapso. (Os crescentes gastos bélicos dos Estados Unidos poderão levar ao mesmo desfecho no século XXI). Cabe observar que a China, embora vista por muitos como a principal beneficiária do declínio dos Estados Unidos, já passou por experiência própria de declínio. Até a metade do século XVI, ela era tecnologicamente mais avançada do que a Europa, com agricultura mais eficiente, e a classe dos mandarins não tinha rivais em seu profissionalismo. Mesmo depois que o Ocidente a superou, econômica e tecnologicamente, entre os séculos XVI e XVIII, a economia da China ainda era a maior do mundo, quando a revolução industrial inglesa começou.
Concordando inteiramente com o pensamento de Paul Kennedy exposto nos parágrafos acima, podemos afirmar que, para evitar seu declínio como potência hegemônica no mundo, o governo dos Estados Unidos utiliza seu complexo industrial-militar [4] e sua economia de guerra [6] para combater seus inimigos potenciais, como é o caso da China que ameaça sua hegemonia mundial e da Rússia, aliada da China. A cooperação maciça entre as Forças Armadas dos Estados Unidos e suas indústrias durante a 2ª Guerra Mundial, quando dois terços da economia americana foram integrados ao esforço de guerra no final de 1943, ajudaram a formar o complexo industrial-militar e a transformação da economia dos Estados Unidos em economia de guerra a serviço da expansão do imperialismo norte-americano no pós guerra. A construção e expansão do complexo industrial-militar norte-americano e a economia de guerra durante a 2ª Guerra Mundial se constituíram em poderosos instrumentos a serviço do poder global dos Estados Unidos[7].
Desde a 2ª Guerra Mundial, os gastos militares se multiplicaram nos Estados Unidos e, impulsionados pela Guerra Fria e depois pelo 11 de setembro, nunca deixaram de crescer [5]. A guerra tem sido utilizada, também, pelo governo dos Estados Unidos desde a 2ª Guerra Mundial como um esforço permanente para evitar a deterioração das condições econômicas ou crises monetárias do país, com o governo promovendo a expansão de serviços e empregos nas forças armadas e a expansão da indústria bélica que é a maior do mundo. Com quase 40% dos gastos militares em todo o mundo, os Estados Unidos ultrapassam o que os demais países juntos gastam nessa rubrica. O orçamento militar para 2022 foi de 778 bilhões de dólares, e para 2023 sobe para 813 bilhões de dólares.
O poder do complexo militar-industrial dos Estados Unidos foi denunciado pelo presidente Dwight Eisenhower em 1961 ao deixar a presidência da República quando afirmou que o país estava desenvolvendo “um imenso estabelecimento militar e uma grande indústria bélica” cuja influência se fazia sentir em todos os aspectos da vida do país. Embora reconhecesse “a necessidade imperiosa desse desenvolvimento”, não deixava de “compreender suas graves implicações”. Em particular, Eisenhower alertou que é preciso precaver-se “de uma influência injustificada” daquele “complexo militar-industrial” dentro do governo. Ele afirmou que “cada arma fabricada, cada navio de guerra lançado, cada foguete disparado significa, em última análise, um roubo daqueles que estão famintos e não alimentados, daqueles que estão com frio e não têm roupas para se agasalhar” [3] [4].
A guerra permanente dos Estados Unidos sustentada pelo complexo industrial-militar canibalizou o país criando um pântano social, político e econômico [2]. A economia de guerra permanente, implantada desde o fim da 2ª Guerra Mundial, contribuiu para destruir a economia privada dos Estados Unidos e desperdiçou trilhões de dólares do dinheiro dos contribuintes. A monopolização do capital pelo complexo industrial-militar elevou a dívida dos Estados Unidos a US$ 30 trilhões, US$ 6 trilhões a mais que o PIB do país de US$ 24 trilhões. O serviço dessa dívida custa US$ 300 bilhões por ano. Os Estados Unidos pagam um alto custo social, político e econômico por seu belicismo. O governo norte-americano assiste passivamente enquanto os Estados Unidos apodrecem, moralmente, politicamente e economicamente. O aventureirismo militar dos Estados Unidos acelera seu declínio, como ilustram a derrota no Vietnã e o desperdício de US$ 8 trilhões nas guerras no Oriente Médio [1].
Nos Estados Unidos, os gastos militares extravagantes são justificados em nome da “segurança nacional”. Os quase US$ 40 bilhões alocados para a Ucrânia, a maior parte indo para as mãos de fabricantes de armas como Raytheon Technologies, General Dynamics, Northrop Grumman, BAE Systems, Lockheed Martin e Boeing, são apenas o começo. Estrategistas militares, que dizem que a guerra será longa e prolongada, estão falando sobre alocação de US$ 4 ou US$ 5 bilhões por mês em ajuda militar à Ucrânia. Enquanto isto, o povo norte-americano enfrenta ameaças existenciais que não são levadas em conta pelo governo. O orçamento proposto para os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) no ano fiscal de 2023 é de US$ 10,6 bilhões. O orçamento proposto para a Agência de Proteção Ambiental (EPA) é de US$ 11,8 bilhões. A Ucrânia sozinha recebe dos Estados Unidos mais recursos do que o dobro dessas quantias para sustentar a guerra contra a Rússia. Os problemas sociais e a emergência climática são secundárias para o governo norte-americano. A guerra é tudo o que importa [1].
O governo dos Estados Unidos acredita que a guerra na Ucrânia e as sanções econômicas abalarão a economia da Rússia, rica em gás e recursos naturais, e poderão contribuir para a queda de Vladimir Putin e que a guerra na Ucrânia conterá a crescente influência econômica e militar da Rússia na Europa. Com um governo e uma classe dominante incapazes de salvar sua própria sociedade e sua economia, os Estados Unidos procuram destruir seus concorrentes globais, a Rússia e a China nos planos econômico e militar. A expectativa imediata dos belicistas dos Estados Unidos é eliminar o poder de influência da Rússia na Europa para se concentrarem na guerra econômica e na agressão militar à China no Indo-Pacífico. Se os Estados Unidos puderem cortar completamente o fornecimento de gás russo para a Europa, isso forçará os europeus a comprarem de fornecedores norte-americanos. No plano econômico, os Estados Unidos, cuja taxa de crescimento anual do PIB é da ordem de 2%, busca comprometer a economia da China, cuja taxa de crescimento é da ordem de 5%, para este país não ultrapassá-la. O governo norte-americano está tentando desesperadamente construir alianças militares e econômicas para evitar que a China ultrapasse a dos Estados Unidos em 2028 prevista pelo Centro de Pesquisa Econômica e Empresarial do Reino Unido (CEBR) [8].
O risco é de que a guerra que os Estados Unidos pretende desencadear contra a China poderá devastar as economias chinesa, norte-americana e global, destruindo o livre comércio entre países como ocorreu na 1ª Guerra Mundial e destruindo, também, o processo de globalização econômica e financeira. A segunda consequência do conflito com a China e do declínio dos Estados Unidos é a de que o dólar americano deixe de ser a moeda de reserva mundial precipitando o colapso econômico dos Estados Unidos. Isso forçará a contração imediata do imperialismo norte-americano que será obrigado a fechar a maioria de suas quase 800 bases militares em pelo menos 80 países no exterior. A terceira e pior consequência é a de que a guerra contra a China e, também contra a Rússia, aliada da China, poderá desencadear a 3ª Guerra Mundial que se constituiria no Armagedom, isto é, a guerra final, com a possibilidade de que os contendores aliados e oponentes dos Estados Unidos usem suas armas nucleares.
A situação atual do planeta é dramática. A humanidade se sente esmagada pelas grandes potências mundiais, que a serviço dos respectivos grupos monopolistas, desencadeiam guerras em todo o planeta desrespeitando leis, culturas, tradições e religiões. Invasões em países periféricos, de forma aberta ou sub-reptícia, com argumentos pouco convincentes tem feito parte do cotidiano das grandes potências na sua busca incessante pelo poder mundial ao longo da história mesmo que para isso tenham que desrespeitar leis internas e tratados internacionais. Que fim terá nosso mundo, nossas vidas, se o mundo de hoje virou um caos ingovernável no qual os seres humanos só pensam em poder e riqueza? Pode o homem ser chamado de ser mais inteligente da Terra? Um ser inteligente pregaria a guerra e colocaria em risco seu futuro e dos seus descendentes? É o que fazem hoje com nosso mundo, destroem por dinheiro, matam por riqueza e poder, as vidas já não valem mais nada, nada mais tem valor, tudo isso por poder e riqueza!
A história do mundo é, em larga medida, uma história de guerras, porque os Estados nacionais nasceram de conquistas, guerras civis ou lutas pela independência. Os registros históricos mais antigos que se conhecem já falam de guerras e lutas. Não é, pois, de causar espanto que agora, na época da colheita de todas as más ações geradas pela humanidade, o número de guerras e revoluções cresceu em escala jamais vista nos séculos XX e XXI, tanto em quantidade como em intensidade. A violência dos conflitos no século XX não tem paralelo na história. As guerras do século XX foram “guerras totais” contra combatentes e civis sem discriminação. O século XX foi sem dúvida o mais assassino de que temos registro, tanto na escala, frequência e extensão da guerra como também pelo grande número de catástrofes humanas que produziu, desde as maiores fomes da história até o genocídio sistemático. Todas as “megamortes” ocorridas nas guerras desde 1914 chegaram a um total de 187 milhões de mortos. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial até o momento atual, o mundo conheceu 160 guerras quando morreram cerca de 7 milhões de soldados e 30 milhões de civis. É preciso evitar que o ocorrido no século XX se repita no século XXI.
As guerras continuam fazendo parte de nosso cotidiano como demonstram o conflito entre Rússia e Ucrânia que deixa evidenciado o propósito das potências ocidentais (Estados Unidos e países da União Europeia), aliadas da Ucrânia, de enfraquecerem a posição geopolítica da Rússia, que busca retomar o papel mundial antes exercido pela ex-União Soviética, e evitar a ascensão da China como potência hegemônica no planeta. A insolúvel questão palestina, que perdura desde o fim da 1ª Guerra Mundial quando as potências vencedoras contribuíram para a ocupação da Palestina pelo povo judeu e facilitaram a criação do Estado de Israel em detrimento do povo palestino, faz com que os povos palestino e judeu vivam em guerra permanente. A intervenção militar recente dos Estados Unidos no Iraque, Afeganistão, Síria e Líbia completam o quadro de conflitos no Oriente Médio.
É chegada a hora de a humanidade se dotar o mais urgentemente possível de instrumentos necessários à construção da paz mundial e ao controle de seu destino. Para alcançar estes objetivos, urge o desencadeamento em escala planetária de um movimento pela paz mundial e pela implantação de um governo democrático do mundo que se constitui no único meio de sobrevivência da espécie humana capaz de edificar um mundo no qual cada mulher, cada homem de hoje e de amanhã não sofram, como no passado, as nefastas consequências das guerras. A preservação da paz mundial é a primeira missão de toda nova forma de governo mundial. Ele teria por objetivo a defesa dos interesses gerais do planeta compatibilizando-o com os interesses de cada nação. O governo mundial atuaria para fazer com que o sistema internacional evolua em um ambiente de paz entre as nações apenas no âmbito das relações internacionais não intervindo nos assuntos internos de cada país. Cada país deve ser soberano para atuar nos limites de seu território e não para intervir nos assuntos internos de outros países. O que não seria admitido é qualquer país intervir com o uso da força nos assuntos internos de outros países como tem acontecido ao longo da história. O governo mundial seria a garantia do respeito à soberania dos países do mundo, especialmente dos mais fracos. A ausência de um governo mundial é que representaria uma ameaça à soberania nacional da maioria dos países porque ficariam à mercê dos mais fortes como tem ocorrido ao longo da história. Esta é a forma de impedir que qualquer país intervenha nos assuntos internos de outros países, inclusive as grandes potências econômicas e militares. A grande maioria dos países do mundo se beneficiaria com a existência de um governo democrático mundial.
REFERÊNCIAS
1. KENNEDY, Paul. Ascensão e queda das grandes potências: Transformação econômica e conflito militar de 1500 a 2000. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1989.
2. HEDGES, Chris. Política de guerra permanente dos EUA destruiu economia e faliu o país’, diz Chris Hedges. Disponível no website <https://horadopovo.com.br/politica-de-guerra-permanente-dos-eua-destruiu-economia-e-faliu-o-pais-diz-chris-hedges/>.
3. INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS. Estados Unidos: uma economia de guerra contra a sociedade. Disponível no website <https://www.ihu.unisinos.br/categorias/618204-estados-unidos-uma-economia-de-guerra-contra-a-sociedade>.
4. WIKIPEDIA. Complexo militar-industrial. Disponível no website <https://pt.wikipedia.org/wiki/Complexo_militar-industrial>.
5. MAGNOTTA, Fernanda. Nos EUA, complexo industrial-militar se beneficia com a Guerra da Ucrânia. Disponível no website <https://noticias.uol.com.br/colunas/fernanda-magnotta/2022/05/07/nos-eua-complexo-industrial-militar-se-beneficia-com-a-guerra-da-ucrania.htm>.
6. WIKIPEDIA. War economy. Disponível no website <https://en.wikipedia.org/wiki/War_economy>.
7. ALCOFORADO, Fernando. O imperativo do fim do complexo industrial-militar e da economia de guerra no mundo. Disponível no website <https://www.academia.edu/101868099/O_IMPERATIVO_DO_FIM_DO_COMPLEXO_INDUSTRIAL_MILITAR_E_DA_ECONOMIA_DE_GUERRA_NO_MUNDO>.
8. BBC NEWS BRASIL. Por que a economia chinesa deve passar a dos EUA em 2028, 5 anos antes do previsto. Disponível no website <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-55496970>.
* Fernando Alcoforado, 83, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, da SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e do IPB- Instituto Politécnico da Bahia, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário (Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da ciência e da tecnologia ao longo da história e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022), de capítulo do livro Flood Handbook (CRC Press, Boca Raton, Florida, United States, 2022) e How to protect human beings from threats to their existence and avoid the extinction of humanity (Generis Publishing, Europe, Republic of Moldova, Chișinău, 2023).