Fernando Alcoforado*
Este artigo representa a continuação do artigo cujo título é Como fazer com que as utopias planetárias se realizem visando a construção de um mundo melhor [1]. Este artigo é o quarto dos 12 artigos que abordarão as 12 utopias planetárias que precisam ser realizadas visando a construção de um mundo melhor e contribuir para a conquista da felicidade dos seres humanos, individual e coletivamente. Este artigo tem por objetivo apresentar como tornar realidade a construção do socialismo democrático em todos os países para eliminar a distopia do capitalismo decadente e selvagem dominante no mundo. Neste artigo, são apresentadas as evidências de que o fim do capitalismo deverá ocorrer no século XXI, bem como as características do socialismo democrático a ser construído em substituição ao capitalismo.
O fim do capitalismo no século XXI
O artigo Os sinais da decadência do capitalismo no mundo [2] informa que o sistema capitalista mundial caminha inevitavelmente para seu fim em meados do século XXI quando a taxa de lucro global e a taxa de crescimento do Produto Mundial Bruto alcançarão o valor zero [3]. O sistema capitalista mundial chegará ao seu fim em meados do século XXI porque há uma tendência de queda na taxa de lucro mundial de 1869 a 2007 (Figura 1), na taxa de lucro das grandes corporações dos Estados Unidos de 1947 a 2007 (Figura 2) e na taxa de crescimento do Produto Bruto Mundial de 1961 a 2007 (Figura 3) [3]. Para determinar quando essas taxas chegarão a zero no futuro, mantendo a tendência de queda, efetuou-se os cálculos usando o método dos mínimos quadrados da Estatística.
Este cenário levará ao fim do processo de acumulação do capital confirmando a tendência de que o capitalismo não perdurará para sempre como modo de produção, como muitos pensam, porque ele terá o mesmo fim de outros modos de produção que desapareceram, como é o caso do escravismo no século V e do feudalismo no século XIV [5]. Além disso, o capitalismo evoluirá com as características de entropia [6] ao apresentar a tendência universal de evoluir para uma crescente desordem e autodestruição até o seu fim em meados do século XXI. A decadência do sistema capitalista mundial se concretiza, portanto, no fato de que a taxa de lucro global e a taxa de crescimento do Produto Mundial Bruto alcançarão o valor zero em meados do século XXI, o capitalismo evoluirá apresentando entropia com crescente desordem e autodestruição e chegará ao fim como aconteceu com os modos de produção escravista e feudal.
A Figura 1 apresenta a evolução da taxa de lucro do sistema capitalista mundial de 1869 a 2007 apontando seu declínio neste período [8]. Se for considerada a evolução da taxa de lucro do sistema capitalista mundial do período 1869- 1947 e, for mantida a tendência de queda desta taxa de lucro no período mais recente, 1947- 2007, a taxa de lucro do sistema capitalista mundial tenderia para o valor igual a zero em 2037. A Figura 2 apresenta a evolução da taxa de lucro ao custo histórico do capital fixo das corporações dos Estados Unidos de 1947 a 2007 apontando seu declínio neste período [7]. Se for mantida a tendência de queda desta taxa de lucro nos próximos anos, a taxa de lucro das corporações dos Estados Unidos alcançará o valor zero em 2043. A Figura 3 apresenta a evolução do Produto Mundial Bruto de 1961 a 2007 apontando seu declínio neste período [4]. Se for mantida a tendência de queda na taxa de crescimento do Produto Mundial Bruto nos próximos anos, esta taxa alcançará o valor zero em 2053.
Figura 1- Taxa de lucro mundial
Fonte: MAITO, Esteban Ezequiel. The tendency of the rate of profit to fall since the nineteenth century and a world rate of profit. In: Roberts, M. & Carchedi, G. World in Crisis: a global analysis of Marx’s law of profitability. Chicago: Haymarket, 2018.
Figura 2- Taxa de lucro ao custo histórico do capital fixo em corporações dos Estados Unidos
Fonte: KLIMAN, A. The failure of capitalist production: underlying causes of the great recession. London: Pluto, 2012.
Figura 3- Taxas de crescimento real do Produto Bruto Mundial e dos Produtos Financeiros (derivativos)
Fonte: BEINSTEIN, Jorge. Rostos da crise: Reflexões sobre o colapso da civilização burguesa. Disponível no website <http://resistir.info/crise/beinstein_04nov08_p.html>, 2008.
Conclui-se, pelo exposto, que o sistema capitalista mundial ficaria inviabilizado em meados do século XXI (2037, 2043 ou 2053) quando cessará o processo de acumulação do capital com as taxas de lucro global e de crescimento da economia mundial alcançando o valor zero. A tendência decrescente das taxas de lucro no sistema capitalista mundial mostra o caráter histórico, transitório do modo de produção capitalista e o conflito que se estabelece com as possibilidades de continuar seu desenvolvimento. Assim, as bases da teoria de Marx apresentadas em sua obra O Capital estão sendo confirmadas [9, 10 e 11]. Karl Marx previu que a taxa de lucro tenderá a cair no longo prazo, década após década. Não só haverá altos e baixos em cada ciclo de “boom” e crise, mas também haverá uma tendência à queda no longo prazo, tornando cada “boom” mais curto e cada queda mais profunda.
Além dos sinais de decadência do sistema capitalista representados pela queda da taxa de lucro mundial, da taxa de lucro das grandes corporações dos Estados Unidos, da taxa de crescimento do Produto Bruto Mundial que alcançarão o valor zero em meados do século XXI, outro sinal importante de decadência do capitalismo é a gigantesca dívida global, que alcançou US$ 275 trilhões em 2020 em dívidas governamentais, corporativas e domésticas, quase três vezes o Produto Bruto Mundial, que se constitui em uma bomba prestes a explodir (Figura 4). A Figura 5 apresenta a evolução da dívida global das famílias (household), das empresas não financeiras (non-financial corporate), do governo (government) e do setor financeiro (financial) e total em 2003, 2008, 2013 e 2018.
Figura 4- Dívida global de 2013 a 2020
A Figura 5 apresenta a evolução da dívida global das famílias (household), das empresas não financeiras (non-financial corporate), do governo (government) e do setor financeiro (financial) e total em 2003, 2008, 2013 e 2018.
Figura 5- Dívida global de 2003 a 2018
Fonte: ALVES, José Eustáquio Diniz. A dívida global atinge US$ 247 trilhões: uma bomba prestes à explodir? Disponível no website <https://jornalggn.com.br/crise/a-divida-global-atinge-us-247-trilhoes-uma-bomba-prestes-a-explodir/>, 06/08/2018.
O Institute of International Finance (IIF) afirma que a dívida global era inferior a US$ 100 trilhões em 2003, atingiu US$ 177,7 trilhões em 2008, US$ 209,4 trilhões em 2013 e US$ 247,2 trilhões em 2018. A dívida mundial subiu quase US$ 150 trilhões em 15 anos. Cerca de US$ 10 trilhões a cada ano. Os níveis de endividamento das famílias, dos setores corporativos não financeiros e do governo atingiram US$ 186,5 trilhões no primeiro trimestre de 2018. A dívida do setor financeiro subiu para um recorde de US$ 60,6 trilhões. O crescimento econômico mundial está sendo sustentado no crédito e no endividamento. A dívida dos mercados emergentes subiu para um recorde de US$ 58,5 trilhões no primeiro trimestre de 2018 – mais de 84% desde o início da crise mundial em 2008. Nos últimos 5 anos, a dívida do governo subiu mais acentuadamente no Brasil, Arábia Saudita, Nigéria e Argentina, de acordo com o IIF [13].
Depois da crise mundial de 2008 [16], a expectativa geral era de que as dívidas fossem reduzidas. Não foi o que aconteceu. Vários países têm governos, empresas e famílias com dívidas que ultrapassam amplamente o PIB. O Japão, por exemplo, tem dívidas que são 4 vezes maiores que o tamanho da própria economia. As maiores dívidas entre os países são, pela ordem, as seguintes: Japão (400% do PIB), Irlanda (390% do PIB), Singapura (382% do PIB), Portugal (358% do PIB), Bélgica (327% do PIB), Holanda (325% do PIB), Espanha (313% do PIB), Dinamarca (302% do PIB), Suécia (290% do PIB), França (280% do PIB), Itália (259% do PIB), Reino Unido (252% do PIB), Noruega (244% do PIB), Finlândia (238% do PIB), Estados Unidos (233% do PIB) e Brasil (128% do PIB). O problema é especialmente grave em países como o Japão cuja dívida total é 4 vezes maior que o tamanho da própria economia [14]. Estes números mostram que todos os países listados apresentam dívidas superiores ao PIB (Produto Interno Bruto) caracterizando a existência de endividamento excessivo.
A Figura 6 mostra a participação dos países na dívida global. Estados Unidos, China e Japão são os maiores devedores do planeta sendo responsáveis por 45,93% da dívida total. Isto significa dizer que se houver o calote no pagamento da dívida nesses três países, a economia mundial pode enfrentar situações semelhantes às ocorridas em 1929 com a grande depressão ou em 2008 com a grande recessão que ainda perdura.
Figura 6- Participação dos países na dívida global (%)
Fonte: https://coinzodiac.com/get-rich-in-market-crash/how-much-world-debt/
Um dos países endividados que merece uma análise especial pelo fato de se constituir na maior economia e no país mais endividado do planeta é os Estados Unidos. A dívida pública dos Estados Unidos vem batendo recordes, especialmente a partir de 2019 com a eclosão da pandemia dos novo coronavirus porque o país gasta e compra além da sua capacidade emitindo dólares e títulos do Tesouro [15]. O risco de grandes catástrofes nos Estados Unidos com seu excessivo endividamento não desapareceu, mas se estendeu no tempo, ao preço de aumentá-las em proporção e explosão quando vier a estourar. Ressalte-se que o endividamento público dos Estados Unidos está fortemente relacionado com os gastos militares. A Figura 7 apresenta a escalada da dívida da maior economia do mundo, os Estados Unidos, de 1966 a 2014.
Figura 7- A escalada da dívida dos Estados Unidos de 1966 a 2014 em bilhões de dólares
Fonte: DANTAS, Gilson. Por que o neoliberalismo desembocou na grande crise de 2008-09? Disponível no website <https://www.esquerdadiario.com.br/Por-que-o-neoliberalismo-desembocou-na-grande-crise-de-2008-09 >, 10/09/2018.
Pelo exposto, pode-se afirmar que o sistema capitalista é um sistema que opera de acordo com o princípio da entropia que é a medida da desordem ou da imprevisibilidade do desempenho de um sistema. O capitalismo evolui, portanto, com uma tendência universal de evoluir para uma crescente desordem e autodestruição [4][6]. Esta situação é demonstrada pela tendência de queda da taxa de lucro global, da taxa de lucro das grandes corporações dos Estados Unidos e da taxa de crescimento do Produto Bruto Mundial que alcançarão o valor zero em meados do século XXI, bem como pelo endividamento excessivo dos países do mundo especialmente, Estados Unidos, China e Japão. A imprevisibilidade do capitalismo resulta do fato de ser um sistema que opera caoticamente, sem planejamento e controle, ao negar, com o liberalismo e o neoliberalismo, a regulação do sistema capitalista mundial. Outro sinal de decadência do capitalismo reside no fato de todos os dados disponíveis apontarem no sentido de que o sistema capitalista mundial evoluirá para uma crescente desordem e autodestruição porque o planeta Terra já está atingindo seus limites no uso de seus recursos naturais [2]. Hoje, por conta do atual ritmo de consumo, a demanda por recursos naturais excede em 41% a capacidade de reposição da Terra. Se a escalada dessa demanda continuar no ritmo atual, em 2030, com uma população planetária estimada em 10 bilhões de pessoas, serão necessárias duas Terras para satisfazê-la. O previsível esgotamento dos recursos minerais, particularmente os energéticos, e as ameaças de mudanças climáticas catastróficas, temas maiores da agenda ecológica, encaixam bem no processo entrópico.
Apesar de ter contribuído para o progresso da humanidade desde seu surgimento no século XIV, a decadência do capitalismo se manifesta, por exemplo, com o caos econômico nos níveis nacional e global geradores de recessões e depressões econômicas intermináveis, os graves danos sociais em todos os países do mundo representados pela excessiva concentração da renda, pela crescente desigualdade social e pela fome e miséria endêmicas, o desemprego em massa, a degradação ambiental do planeta que tende a levar ao esgotamento de seus recursos naturais, à mudança climática catastrófica e à ocorrência de novas pandemias letais para a humanidade, pelo aumento da violência no interior dos países com a escalada da criminalidade e a eclosão de guerras civis e, também a violência nas relações internacionais representada pelas duas grandes guerras mundiais e pelos intermináveis conflitos internacionais em todo o planeta [2]. A decadência do modo de produção capitalista se manifesta tanto nos países capitalistas centrais como nos países periféricos e semiperiféricos, sobretudo nesses últimos onde a miséria cresce avassaladoramente. Tudo isto mostra que um novo modo de produção terá que surgir com o fim do capitalismo.
Ao longo da história da humanidade, existiram como modo de produção, depois do modo de vida primitivo, o escravismo, o feudalismo, o capitalismo, além da tentativa fracassada de socialismo [5]. O modo de vida primitivo existiu durante centenas de milhares de anos desde o surgimento da sociedade humana quando os seres humanos trabalhavam em conjunto, de forma que os frutos deste trabalho eram propriedade de todos. O escravismo foi um modo de produção que durou 1000 anos, do século V a.C. até o século V, através do qual um pequeno número de senhores explorava uma grande massa de escravos, sendo proprietários destes, além dos meios de produção e do produto, não dando direito nenhum aos escravos que produziam os bens. Foi um modo de produção típico da Antiguidade (Grécia e Roma antigas). O feudalismo durou 900 anos, do século V até o século XIV, que se caracterizou pela relação entre senhores feudais e servos. Os servos eram subordinados aos senhores. No período do feudalismo na Idade Média, não existiam países como nós conhecemos hoje. Havia feudos, porções de terra sobre as quais os senhores feudais tinham posse e poder político. Os senhores feudais não eram só donos dos feudos, eram também seus governantes. Parte da produção era destinada à subsistência dos servos. A outra parte, a maior, era possuída pelos senhores feudais. Por volta do século XIV, com a desintegração do feudalismo, começa a surgir um novo sistema econômico, social e político: o Capitalismo. A característica essencial do novo modo de produção capitalista é o fato de nele, o trabalho ser assalariado e não mais servil como no feudalismo. Mas foi somente após a Revolução Industrial, iniciada no século XVIII na Inglaterra que o capitalismo foi impulsionado. Da mesma forma que o escravismo e o feudalismo tiveram um início e um fim, o capitalismo que teve seu início no século XIV na Europa seguirá a mesma trajetória culminando com seu fim em meados do século XXI com uma duração de 700 anos quando a taxa de lucro do sistema capitalista mundial e o crescimento da economia mundial alcançarão o valor zero.
Tudo o que acaba de ser descrito deixa evidenciado que não há solução para os problemas que afligem a humanidade nos marcos do capitalismo com a realização de reformas políticas, econômicas, sociais e ambientais. Será o mesmo que “enxugar gelo”. Diante da perspectiva de fim do sistema capitalista mundial em meados do século XXI, a humanidade precisa construir uma nova sociedade que deveria ser o socialismo democrático tendo como objetivo criar um ambiente de liberdade, igualdade e fraternidade entre os seres humanos para a conquista de sua felicidade resgatando os ideais do Iluminismo [12].
O socialismo democrático a ser construído em substituição ao capitalismo
A tentativa fracassada de construção do socialismo nos moldes soviéticos em vários países do mundo demonstra sua inviabilidade política. O artigo As lições do fracasso do socialismo real na União Soviética e a construção do socialismo de face humana no futuro [17] informa que a desintegração da União Soviética demonstra de forma inequívoca que nenhum modelo de sociedade se perpetua sem que haja o consenso entre o Estado e a Sociedade Civil como preconiza o filósofo italiano Antonio Gramsci em sua obra Cadernos do Cárcere [18] que afirma nunca ser possível o domínio bruto de uma classe sobre as demais, a não ser nas ditaduras abertas e terroristas como as de Stalin, por exemplo. Para Gramsci uma classe social deve ser, ao mesmo tempo, dominante e dirigente para articular em torno de si um bloco de alianças e obter o consenso das classes e camadas dirigidas construindo uma hegemonia ético-política. Ao estudar os mecanismos de construção desta hegemonia, Gramsci chega a um conceito fundamental na sua teoria política, a saber, o conceito de “Estado ampliado” que deixa de ser um puro instrumento de força a serviço da classe dominante, como o definiam versões mecanicistas do próprio marxismo, mas, exatamente, força revestida de consenso, coerção acompanhada de hegemonia. O Estado ampliado, assim, cabe na fórmula: sociedade política + sociedade civil. E, nas sociedades de tipo ocidental, a hegemonia, que se decide nas inúmeras instâncias e mediações da “sociedade civil”, não pode ser ignorada pelos grupos sociais subalternos que aspiram modificar sua condição e dirigir o conjunto da sociedade.
O sentido de progresso civilizatório, implicado na estratégia gramsciana, reside no fato de que, prospectivamente, todo o movimento deve acontecer no sentido de uma “reabsorção do Estado político pela sociedade civil”, com o predomínio crescente de elementos de autogoverno e (auto)consciência. A contraprova disso é que em sua obra Cadernos do Cárcere [18] é formulada de modo pioneiro uma crítica ao stalinismo, em que, para Gramsci, havia traços preocupantes de hipertrofia do Estado (estatolatria), caracterizando-se assim uma situação de ditadura sem hegemonia, que não poderia subsistir por muito tempo. Isto significa dizer que o socialismo só se imporá no futuro se for radicalmente democrático ao contrário da experiência da União Soviética e de todos os países que copiaram seu modelo de sociedade. A tese da ditadura do proletariado formulada por Marx, Lênin e outros ideólogos para construir o socialismo seria contraditório em um Estado governado pela Sociedade Civil na base do consenso entre as classes sociais. Se, mesmo em sociedades capitalistas avançadas, o proletariado não avançou o suficiente para se tornar classe dominante e dirigente, haverá menos chance de atingir esta situação em sociedades capitalistas atrasadas, como foi o caso da União Soviética. O socialismo do futuro deve resultar de um bloco de alianças com base no consenso entre as classes sociais visando a construção de uma sociedade que busca o progresso econômico, social e ambiental baseado na cooperação entre todos os seres humanos e não pela vontade exclusiva do proletariado.
Admitindo a possibilidade de derrocada do sistema capitalista mundial em consequência da crise atual, é importante considerar a possibilidade de que o socialismo democrático venha a substituí-lo ainda no século XXI. Este socialismo teria que ser de novo tipo haja vista o fracasso do socialismo implantado na União Soviética e em outros países. O socialismo democrático do futuro deve considerar o Estado ser governado em cada país pela Sociedade Civil na base do consenso entre as classes sociais todas elas movidas pelo interesse coletivo e não pelo interesse individual ou de uma classe dominante como tem sido predominante ao longo da história da humanidade. Para edificar o socialismo democrático em substituição ao capitalismo, é preciso que haja uma transição com a construção do Estado de Bem Estar Social com o modelo de sociedade nos moldes do construído nos países escandinavos que, sendo um híbrido entre o que existe de mais positivo nos sistemas capitalista e socialista, prepararia o terreno para a edificação do socialismo democrático no futuro [12]. O Estado de Bem-Estar Social consiste em um modo de organização econômica, política e social na qual o Estado atuaria como organizador da economia e agente de promoção social. O Estado procuraria conciliar o interesse dos “de cima” com os “de baixo” na pirâmide social. O modelo escandinavo de desenvolvimento político, econômico e social deveria servir de referencial como modelo de sociedade a ser perseguido por todos os povos do mundo como transição para o socialismo democrático do futuro porque os países escandinavos são considerados os mais bem governados do planeta, os que apresentam o maior progresso político, econômico e social e têm os povos mais felizes do mundo. O Estado do Bem Estar Social e o socialismo democrático do futuro a ser construído no mundo deve ser ajustado às condições específicas de cada país.
REFERÊNCIAS
1. ALCOFORADO. Fernando. Como fazer com que as utopias planetárias se realizem visando a construção de um mundo melhor. Disponível no website <https://www.academia.edu/104881861/COMO_FAZER_COM_QUE_AS_UTOPIAS_PLANET%C3%81RIAS_SE_REALIZEM_VISANDO_A_CONSTRU%C3%87%C3%83O_DE_UM_MUNDO_MELHOR>.
2. ALCOFORADO, Fernando. Os sinais da decadência do capitalismo no mundo. Disponível no website <https://www.linkedin.com/pulse/os-sinais-da-decad%C3%AAncia-do-capitalismo-mundo-fernando-alcoforado/?originalSubdomain=pt>.
3. ALCOFORADO, Fernando. Como inventar o futuro para mudar o mundo. Curitiba: Editora CRV, 2019.
4. BEINSTEIN, Jorge. Rostos da crise: Reflexões sobre o colapso da civilização burguesa. Disponível no website <https://www.marxists.org/portugues/beinstein/2008/10/31.htm>, 2008.
5. EDUCABRAS. A história dos modos de produção. Disponível no website <https://www.educabras.com/aula/a-historia-dos-modos-de-producao>.
6. GEORGESCU-ROEGEN, Nicholas. The Entropy Law and the Economic Process. Cambridge: Harvard University Press, 1971.
7. KLIMAN, A. The failure of capitalist production: underlying causes of the great recession. London: Pluto, 2012.
8. MAITO, Esteban Ezequiel. The tendency of the rate of profit to fall since the nineteenth century and a world rate of profit. In: Roberts, M. & Carchedi, G. World in Crisis: a global analysis of Marx’s law of profitability. Chicago: Haymarket, 2018.
9. MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. Livro I. 1. ed. São Paulo: Boitempo, 2013.
10. MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. Livro II. 1. ed. São Paulo: Boitempo, 2015.
11. MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. Livro III, volume I. 2. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1985.
12. ALCOFORADO, Fernando. Como construir uma nova sociedade para substituir o capitalismo moribundo no mundo. Disponível no website <https://www.academia.edu/51783662/COMO_CONSTRUIR_UMA_NOVA_SOCIEDADE_PARA_SUBSTITUIR_O_CAPITALISMO_MORIBUNDO_NO_MUNDO>.
13. BEN ARIS. Attack of the Debt Tsunami: global debt soars to a new all-time high. Disponível no website <https://www.intellinews.com/attack-of-the-debt-tsunami-global-debt-soars-to-a-new-all-time-high-196972/>.
14. ALVES, José Eustáquio Diniz. A dívida global atinge US$ 247 trilhões: uma bomba prestes à explodir? Disponível no website <https://jornalggn.com.br/crise/a-divida-global-atinge-us-247-trilhoes-uma-bomba-prestes-a-explodir/>, 06/08/2018.
15. CALEIRO, João Pedro. 16 países atolados em dívidas (e o Brasil em 34º). Disponível no website <https://exame.abril.com.br/economia/16-paises-atolados-em-dividas-e-o-brasil-em-34o/>, 13/09/2016.
16. DANTAS, Gilson. Por que o neoliberalismo desembocou na grande crise de 2008-09? Disponível no website <https://www.esquerdadiario.com.br/Por-que-o-neoliberalismo-desembocou-na-grande-crise-de-2008-09 >, 10/09/2018.
17. ALCOFORADO, Fernando. As lições do fracasso do socialismo real na União Soviética e a construção do socialismo de face humana no futuro. Disponível no Facebook, 2012.
18. GRAMSCI, Antonio. Cadernos do Cárcere. Rio: Civilização Brasileira, 2001.
* Fernando Alcoforado, 83, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, da SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e do IPB- Instituto Politécnico da Bahia, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário (Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da ciência e da tecnologia ao longo da história e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022), de capítulo do livro Flood Handbook (CRC Press, Boca Raton, Florida, United States, 2022) e How to protect human beings from threats to their existence and avoid the extinction of humanity (Generis Publishing, Europe, Republic of Moldova, Chișinău, 2023).