Fernando Alcoforado*
Este artigo representa a continuação do artigo cujo título é Como fazer com que as utopias planetárias se realizem visando a construção de um mundo melhor [1]. Este artigo é o décimo segundo dos 12 artigos que abordam as 12 utopias planetárias que precisam ser realizadas visando a construção de um mundo melhor e contribuir para a conquista da felicidade dos seres humanos, individual e coletivamente. Este artigo tem por objetivo demonstrar como a décima segunda das utopias consideradas, a da conquista da felicidade dos seres humanos, individual e coletivamente, possa se tornar realidade.
O artigo Como conquistar a felicidade [2] informa que, para os nossos antepassados e filósofos gregos, a busca pela felicidade é o motor central de nossas vidas. A felicidade individual se conquista através da educação de si mesmo. Educação é o meio através da qual as pessoas se capacitariam para fazer as melhores escolhas na vida. A finalidade da Educação deve ser a de fazer com que o indivíduo adquira competências, desenvolva senso crítico, se aposse do patrimônio científico e cultural historicamente construído pela humanidade, mas, acima de tudo, deve ser instrumento para promover a felicidade do indivíduo e a felicidade coletiva da sociedade onde ele vive. Uma das finalidades da Educação, talvez a mais importante, é a de oferecer às pessoas oportunidades e meios para serem felizes. O mundo está à espera de uma revolução na Educação que tenha como principal objetivo proporcionar as condições para a conquista da felicidade dos seres humanos, individual e coletivamente.
O indivíduo pode ser orientado para ser feliz com o auxílio da Educação auxiliada pela Psicologia Positiva com base na qual é possível fazer algo mais do que resolver ou minorar perturbações psicológicas, isto é, ela pretende fazer-nos felizes [2]. A Psicologia Positiva trabalha mais a busca da felicidade do que o estudo das doenças mentais do indivíduo. A Psicologia Positiva é o meio através da qual as pessoas conquistariam a felicidade individual que, em última instância, é o principal objetivo que orienta a escolha das pessoas na vida. Em síntese, enquanto a Educação atuaria para capacitar as pessoas para fazerem as melhores escolhas na vida, a Psicologia Positiva reforçaria o trabalho da Educação em busca da conquista da felicidade. Para ser feliz, o indivíduo deve se apoiar, portanto, na Educação e na Psicologia Positiva. A felicidade é uma conquista que o indivíduo realiza através da educação de si mesmo. E ela jamais será encontrada fora. Para ser feliz, o indivíduo deve buscar autoconhecimento, inclusive com ajuda do psicólogo.
Explicar que tipo de projetos de vida fazem efetivamente as pessoas felizes, e que tipos de atitudes conduzem à felicidade ou a torna impossível, é o objeto da Psicologia Positiva que se limita a identificar o que efetivamente faz as pessoas felizes. Com a ajuda da Educação, a Psicologia Positiva explora a importância de o indivíduo saber interpretar corretamente o mundo e a si mesmo. Parte da infelicidade dos indivíduos resulta de modos errados de interpretar as coisas e o mundo. O que se passa é que em certas situações nos tornamos infelizes porque entramos numa espiral autodestrutiva de pensamentos sutilmente errados sobre a vida e sobre nós mesmos e os outros pensamentos que nos deprimem cada vez mais. Conseguir detectar e neutralizar esses pensamentos, reconhecendo que são pura e simplesmente exageros e interpretações erradas das coisas, é um passo fundamental para a conquista da felicidade.
O propósito da vida não é apenas satisfazer os próprios desejos a fim de ser feliz, mas também o que cada um de nós tem a doar para o mundo. Afelicidade para ser completa precisa ser compartilhada. Como muitas outras espécies, os seres humanos são gregários e ter laços de confiança e amizade com outras pessoas é uma parte importante da felicidade. Lamentavelmente, vivemos numa era voltada para a vida privada e subjetiva, para o individualismo exacerbado erigido como valor absoluto. Sem preocupações mais alargadas, que ultrapassem as fronteiras imediatas do eu, da família e dos amigos mais próximos, dificilmente se pode ser genuinamente feliz. A felicidade, afinal, não vem realmente toda de dentro — vem também da entrega ao mundo. Bertrand Russell deixou evidenciado que “a felicidade deve ser considerada sempre como um bem perseguido por todos” [3].
A análise do livro A conquista da felicidade de Bertrand Russell[3] permite constatar que a felicidade possui um caminho bem traçado que é a crença em ideais da busca pelo prazer e é, também, a tradução do apetite pela vida. Por apetite de viver, significa o interesse pelas coisas que a vida nos apresenta. Para que haja um resgate do gosto de viver, o Homem precisa se sentir amado. Ao ser amado o Homem compreende a afeição como uma bondade. A felicidade deve ser considerada sempre como um bem a ser perseguido por todos. Esta condição não será alcançada em uma sociedade em desintegração como a capitalista em todos os quadrantes da Terra. Esta conclusão aponta no sentido de que a felicidade deve ser perseguida e compartilhada por todos que, nas condições atuais, é impossível de ser realizada em uma sociedade caracterizada pela competição e pelo conflito entre os seres humanos como a capitalista. Em outras palavras a felicidade coletiva jamais será alcançada no capitalismo.
O artigo A conquista da felicidade segundo grandes pensadores [4] informa que Bertrand Russell afirma que a felicidade é a eliminação do egocentrismo. Karl Marx admite que em uma sociedade dividida em classes antagônicas como a capitalista não existe uma noção de felicidade que sirva igualmente para todas essas classes. Aristóteles considera que é uma função do Estado criar condições para o cidadão ser feliz. Aristóteles afirmou que se todos fizessem parte de uma sociedade justa, com direitos iguais a todos, a felicidade comum seria alcançada. Platão entendia que a função do Estado era tornar os homens bons e felizes. Se todos fizessem parte de uma sociedade justa, com direitos iguais a todos, a felicidade coletiva e a felicidade individual poderiam ser alcançadas conjuntamente. A felicidade coletiva pode ser conceituada como a satisfação das verdadeiras necessidades de todos os seres humanos. Uma das rotas para a felicidade é procurar contribuir genuinamente para a felicidade dos outros. É uma das funções do Estado criar condições para o cidadão ser feliz.
Pode-se afirmar que a felicidade coletiva de toda a população mundial ocorrerá se a humanidade for bem sucedida na construção de um mundo melhor que acontecerá em todos os quadrantes da Terra quando se tornar realidade todas as utopias planetárias como o de tornar realidade a utopia da paz mundial para acabar com as guerras no mundo e, sobretudo, evitar a eclosão da 3ª Guerra Mundial, a utopia da democracia plena em todos os países do mundo para eliminar as ditaduras e falsas democracias, a utopia da prevalência dos valores da civilização em todo o mundo para eliminar a barbárie hoje dominante, a utopia do socialismo democrático em todos os países do mundo para substituir o capitalismo selvagem dominante no mundo, a utopia do estado de bem estar social em todos os países do mundo para eliminar as crescentes desigualdades econômicas e sociais globais, a utopia do uso racional dos recursos da natureza no mundo para acabar com sua devastação, a utopia do fim do caos econômico e social global com o planejamento econômico em cada país e mundialmente, a utopia da construção de cidades verdes e inteligentesem todos os paísespara evitar a existência decidades crescentemente degradadas na grande maioria dos países do mundo, a utopia da utilização da ciência e da tecnologia exclusivamente para o bemda humanidade para evitar seu uso maléfico, a utopia da conquista da imortalidade para os seres humanos para vencer a inevitabilidade da morte e a utopia da conquista da sobrevivência da humanidade diante das ameaças à sua extinção provocadas pelos seres humanos e pelas forças da natureza existentes no planeta Terra e vindas do espaço para evitar sua extinção.
REFERÊNCIAS
- ALCOFORADO. Fernando. Como fazer com que as utopias planetárias se realizem visando a construção de um mundo melhor. Disponível no website <https://www.academia.edu/104881861/COMO_FAZER_COM_QUE_AS_UTOPIAS_PLANET%C3%81RIAS_SE_REALIZEM_VISANDO_A_CONSTRU%C3%87%C3%83O_DE_UM_MUNDO_MELHOR>.
- ALCOFORADO. Fernando. Como conquistar a felicidade. Disponível no website <https://www.slideshare.net/falcoforado/como-conquistar-a-felicidade>.
- RUSSELL, Bertrand. A Conquista da Felicidade. Rio: Editora Nova Fronteira, 2015.
- ALCOFORADO. Fernando. A conquista da felicidade segundo grandes pensadores. Disponível no website <https://www.linkedin.com/pulse/conquista-da-felicidade-segundo-grandes-pensadores-alcoforado/?originalSubdomain=pt>.
* Fernando Alcoforado, 83, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, da SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e do IPB- Instituto Politécnico da Bahia, engenheiro pela Escola Politécnica da UFBA e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário (Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da ciência e da tecnologia ao longo da história e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022), de capítulo do livro Flood Handbook (CRC Press, Boca Raton, Florida, United States, 2022) e How to protect human beings from threats to their existence and avoid the extinction of humanity (Generis Publishing, Europe, Republic of Moldova, Chișinău, 2023).