TEXTO QUE SERVIU DE BASE PARA A PALESTRA PROFERIDA PELO ENGENHEIRO E PROFESSOR FERNANDO ALCOFORADO NO LANÇAMENTO DO LIVRO DE SUA AUTORIA “A REVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO NECESSÁRIA AO BRASIL NA ERA CONTEMPORÂNEA” NO AUDITÓRIO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UFBA NO DIA 09/10/2023

Ficha técnica do livro:

A REVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO NECESSÁRIA AO BRASIL NA ERA CONTEMPORÂNEA

(Como revolucionar o sistema de educação do Brasil e da Bahia e o ensino da Engenharia no Brasil)

Autor: Engenheiro e Professor Fernando Alcoforado

Editora: CRV de Curitiba/Paraná

Para adquirir este livro junto à Editora CRV acessar o website:

https://www.editoracrv.com.br/produtos/detalhes/37972-a-revolucao-da-educacao-necessaria-ao-brasil-na-era-contemporanea

Este livro tem por objetivo apresentar o que e como fazer para promover uma revolução no sistema de educação do Brasil que se tornou necessária porque a educação brasileira atravessa uma crise sem precedentes. Esta crise resulta, de um lado, da inexistência de um eficiente e eficaz sistema de educação e, de outro, da falta de políticas governamentais que contribuam para a superação dos problemas atuais da educação e para sua adequação às mudanças tecnológicas em curso que impactam sobre o mundo do trabalho e a sociedade em geral. O sistema de educação do Brasil ainda está preparando pessoas para um mundo do trabalho que está chegando ao fim.

O fato de o sistema de educação do Brasil ser ineficiente e ineficaz impede que ele opere como fator de desenvolvimento econômico e social e contribua para a ascensão social das camadas mais baixas da população. A inexistência de uma nova política de educação ajustada às mudanças tecnológicas em curso impede que o Brasil aumente a produtividade de seus trabalhadores e comprometa seu desenvolvimento econômico e social e sua competividade internacional. A revolução da educação que propomos e precisa ser realizada no Brasil visaria, de início, eliminar as fragilidades existentes nos ensinos fundamental, médio e superior para posteriormente adequá-los aos imperativos da era contemporânea.

Este livro é o resultado de mais de 10 anos de pesquisas que realizamos sobre os problemas que afetam a educação brasileira, sobre a prática da educação pelos melhores sistemas de educação do mundo (Finlândia, França, China, Estados Unidos, Cuba, Coreia do Sul e Japão e, também, o projeto Bolonha de ensino superior da União Europeia), sobre a obra de Anísio Teixeira e Paulo Freire a respeito da educação no Brasil e a de Edgar Morin sobre a educação mundial, bem como de minha experiência docente de cerca de 50 anos no ensino superior (graduação e pós-graduação) nas áreas de Engenharia, Administração e Economia em várias instituições de ensino do Brasil.

É oportuno observar que este livro incorpora textos de artigos resultados de pesquisas que publicamos nos últimos 10 anos em vários websites e revistas especializadas através dos quais analisamos o setor de educação no Brasil e no mundo. A metodologia utilizada na elaboração deste livro consistiu, basicamente, em estruturar seus capítulos com o uso de artigos objetos de estudos e pesquisas por mim publicados em diversos websites e revistas especializadas abordando os tópicos referentes a cada capítulo. Este livro é destinado aos gestores da área de educação, aos órgãos governamentais dedicados à educação, aos professores e para todos que desejarem adquirir amplos conhecimentos sobre a prática da educação no Brasil e no mundo.

Este livro apresenta os capítulos seguintes:

Capítulo 1- Apresentação

Capítulo 2- O desempenho do sistema de educação do Brasil

Capítulo 3- Os principais sistemas de educação do mundo

Capítulo 4- Os requisitos para a educação do futuro no Brasil

Capítulo 5- Como promover a revolução da educação no Brasil

Anexos

1- Discurso de posse do Professor Fernando Alcoforado como acadêmico da Academia Baiana de Educação em 16/04/2014

2- Como revolucionar o sistema de educação da Bahia

3- Como revolucionar o ensino da Engenharia no Brasil

Capítulo 1- Apresentação

Neste capítulo, são apresentados os objetivos do livro, as justificativas para sua elaboração, a metodologia utilizada na elaboração deste livro e para quem ele é destinado. 

Capítulo 2- O desempenho do sistema de educação do Brasil

Neste capítulo, são apontadas e analisadas as fragilidades do sistema de educação do Brasil que fazem com que ele apresente mau desempenho. São abordados neste capítulo os tópicos seguintes:

  • As fragilidades do sistema de educação no Brasil e como eliminá-las  
  • As fragilidades da proposta de reforma do ensino médio no Brasil do governo Temer
  • As fragilidades do Plano Nacional de Educação do Brasil

Capítulo 3- Os principais sistemas de educação do mundo

Neste capítulo, são analisados os melhores sistemas de educação existentes no mundo como os da Finlândia, da França, da China, dos Estados Unidos, de Cuba, da Coreia do Sul e do Japão, bem como os projetos Bolonha de ensino superior da União Europeia e o da Universidade Nova no Brasil com base nos quais foram identificados seus fatores de sucesso. São abordados neste capítulo os tópicos seguintes:

  • Finlândia: paradigma da educação no mundo (1)
  • Finlândia: paradigma da educação no mundo (2)  
  • O sistema de educação da França
  • O sistema de educação da China
  • O sistema de educação dos Estados Unidos
  • O sistema de educação em Cuba
  • Bases do sucesso da educação na Coreia do Sul e no Japão
  • Os fatores de sucesso das políticas de educação na Finlândia e na Coreia do Sul
  • Os projetos Bolonha de ensino superior da União Europeia e da Universidade Nova no Brasil
  • Fatores de sucesso dos melhores sistemas de educação do mundo

Capítulo 4- Os requisitos para a educação do futuro no Brasil

Neste capítulo, é apresentado o que o sistema de educação do Brasil deve fazer para planejar a preparação e a reciclagem das pessoas para o mercado de trabalho do futuro, colaborar no combate à violência, superar a alienação social no País, promover a formação do indivíduo crítico, reflexivo, pensada como cultivo do espírito, como condição para o avanço da humanidade, sob os ângulos ético e político com o objetivo de integração social e de construção da cidadania, e criar as condições para a conquista da felicidade dos seres humanos, individual e coletivamente.  Para realizar essas mudanças, o sistema de educação do Brasil precisa contar com o papel decisivo de professores altamente qualificados. Este capítulo apresenta os requisitos para a educação do futuro no Brasil à luz dessas mudanças.  São abordados neste capítulo os tópicos seguintes:

  • A educação voltada para o futuro
  • Nova educação requerida em um futuro econômico com máquinas inteligentes
  • O futuro do trabalho e da educação no mundo
  • A educação é a garantia de emprego e ascensão social no futuro?
  • Justiça social e educação são as armas para combater a violência no Brasil e no mundo
  • Educação e alienação social

Capítulo 5- Como promover a revolução da educação no Brasil

Neste capítulo, são apresentadas as estratégias para promover a revolução da educação no Brasil abordando os tópicos seguintes:

  • Em defesa de uma revolução na educação do Brasil
  • Em defesa de uma nova educação e de um novo professor no Brasil
  • Em defesa do professor e da educação no Brasil
  • Bases do sistema de educação para o Brasil na era contemporânea
  • A revolução na educação necessária ao Brasil
  • A revolução da educação necessária ao Brasil
  • Mutirão cívico pela educação no Brasil
  • A educação requerida ao Brasil no Século XXI

ANEXOS

1- Discurso de posse do Professor Fernando Alcoforado como acadêmico da Academia Baiana de Educação em 16/04/2014

2- Como revolucionar o sistema de educação da Bahia

3- Como revolucionar o ensino da Engenharia no Brasil

Síntese das principais conclusões sobre como promover a revolução da educação no Brasil

A análise dos melhores sistemas de educação do mundo permitiu constatar que seu elevado patamar de qualidade em educação foi atingido com a realização de maciço investimento principalmente na formação dos professores, em material de apoio e na melhoria da estrutura e funcionamento das instituições de ensino e com os professores sendo vistos como fundamentais para o projeto nacional de desenvolvimento, entre outros fatores. Para promover a revolução da educação no Brasil, é preciso que haja aumento dos investimentos com seu sistema de educação. Isto não está acontecendo porque o gasto com educação no Brasil tem sido declinante de 2015 até o momento atual e o orçamento da educação básica tem sido declinante desde 2012. Outro indicador importante de debilidade do sistema de educação no Brasil, diz respeito ao gasto em educação por aluno que tem um valor ridículo (2,5 mil dólares /aluno) comparado com os melhores sistemas de educação do mundo (10 mil a 15 mil dólares/aluno). Se o Brasil quisesse se igualar aos países desenvolvidos em termos de gastos por aluno, deveria mais do que triplicar seus investimentos com o setor educacional, passando dos atuais 5,65% do PIB para 20%, conforme apontam dados da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico). O Brasil teria que, praticamente, aumentar de 9 vezes seus investimentos em educação para se igualar à Finlândia que é o melhor sistema de educação do mundo.

A queda nos investimentos com educação no Brasil se explica, em parte porque o Brasil está economicamente em acentuado declínio desde 1990, quando foi introduzido o modelo econômico neoliberal de abertura da economia brasileira que agravou a crise fiscal e aumentou o endividamento do País. Atualmente, o governo federal destina cerca de 40% de seu orçamento anual para o pagamento da dívida pública. Tem sido a prioridade do governo federal pagar sua dívida em detrimento do desenvolvimento nacional, inclusive da educação. Para resolver este problema, o governo federal precisa reduzir os encargos com o pagamento de juros e amortização da dívida pública renegociando com seus credores o alongamento do pagamento da dívida para o Estado brasileiro dispor de recursos para investimento em vários setores, inclusive em educação. Só assim, a educação disporá dos recursos necessários a seu desenvolvimento. Resolvido o problema da insuficiência de recursos pelo governo federal com o equacionamento da dívida pública, a revolução da educação no Brasil poderá ser desencadeada com o planejamento de um sistema de educação voltado para superar os problemas atuais e atender as necessidades do futuro tendo como objetivo aumentar o número de unidades educacionais de qualidade e dispor de bons gestores, docentes e infraestrutura. 

As fragilidades do ensino fundamental e médio no Brasil são evidenciadas pelos péssimos resultados obtidos pelos alunos brasileiros no Programa Internacional de Avaliação de Alunos do PISA que busca medir o conhecimento e a habilidade em leitura, matemática e ciências de estudantes com 15 anos de idade tanto de países industrializados membros da OCDE como de países parceiros como o Brasil. Por sua vez, as debilidades do ensino superior no Brasil são demonstradas pelo ranking das universidades em todo o mundo realizado pelo THE (Times Higher Education) que avalia o desempenho dos estudantes universitários e a produção acadêmica nas áreas de engenharia e tecnologia, artes e humanidades, ciências da vida, saúde, física e ciências sociais e considera ainda pesquisa, transferência de conhecimento e perspectiva internacional, além do ambiente de ensino. As universidades brasileiras têm se classificado bem distante das melhores universidades do mundo. Para mudar esta realidade, é preciso fazer uma revolução na educação e, não apenas, realizando reformas pontuais no ensino. Para superar as fragilidades existentes no ensino fundamental, no ensino médio e no ensino superior do Brasil, é preciso fazer uma revolução na educação brasileira simultaneamente em todos os níveis.

Há fragilidades da proposta de reforma do ensino médio no Brasil do governo Temer. Um dos pontos mais polêmicos é tirar a obrigatoriedade sobre certas matérias, como, por exemplo, excluir Educação Física, Artes,Filosofia e Sociologiado currículo obrigatório fazendo com que o ensino médio seja mais técnico. A mudança proposta pelo governo de excluir Filosofia e Sociologia é lamentável porque todos nós sabemos que um dos problemas cruciais da juventude brasileira é a deficiência na sua formação de cidadão. É questionável o fato de o governo federal não ter promovido a reforma da educação do Brasil como um todo, incluindo o ensino superior, que impede o desenvolvimento do País por apresentar grandes fragilidades. O Plano Nacional de Educação do governo Dilma Rousseff só cumpriu 20% de seus objetivos. O resultado é que, no Brasil, 38% da população concluem o ensino fundamental, contra 45% do México e 56% da Argentina. Na Coréia do Sul, 83% da população concluem a educação básica. Censo do IBGE mostra que apenas 5,8 milhões de pessoas acima de 25 anos, ou 6,8% desta população têm curso superior no Brasil. Na qualificação superior, há uma hipertrofia em alguns cursos, como o de Direito (11,7% do total), em detrimento de outros que estão na base da tecnologia da informação e da vanguarda da pesquisa tecnológica, como biologia e bioquímica (2%), computação (2,1%) e matemática (2,3%).

A revolução da educação que precisa ser realizada no Brasil deveria preparar e atualizar continuamente os brasileiros para o mercado de trabalho atual e futuro e para lidarem com a complexidade do mundo em que vivemos e viveremos no futuro com os avanços tecnológicos em curso relacionados com a inteligência artificial, a 4ª Revolução Industrial e a Internet 5G no campo das comunicações, entre outras tecnologias, que revolucionam a sociedade. O novo sistema de educação do Brasil deve preparar e atualizar os brasileiros para o mercado de trabalho que está mudando em consequência dessas revoluções tecnológicas em que todos terão que lidar em uma ambiente altamente complexo com máquinas superinteligentes. O sistema de educação do Brasil deve ser reestruturado desde o ensino infantil ao ensino superior se inspirando nas políticas educacionais mais bem sucedidas praticadas pelos melhores sistemas de educação do mundo, como os da Finlândia, da Coreia do Sul, do Japão, entre outros.

A revolução no ensino do Brasil deveria garantir a existência de plano de carreira, formação e valorização de gestores educacionais e professores. O governo federal deveria adotar políticas consistentes de formação de educadores, para atrair os melhores professores, remunerá-los bem e qualificá-los melhor, com políticas inovadoras de gestão que contribuam para o sucesso dos modelos de gestão a serem adotados na educação básica e superior. Para construir um sistema de educação no Brasil voltado para o futuro, é preciso preparar o professor para cumprir um novo papel. O papel do professor é decisivo para que, através da educação, seja criado um novo tipo de homem qualificado para o mundo do trabalho e consciente e bem preparado para transformar o Brasil e o mundo em que vivemos para melhor.

Para ser revolucionário o sistema de educação do Brasil deveria planejar a preparação e a reciclagem das pessoas para o mercado de trabalho, mas também, disseminar entre os estudantes a cultura da não violência contra seus semelhantes e contra a natureza e, também, a cultura da paz mundial que, juntamente com a superação da alienação social atual deve adotar uma política de educação voltada para a construção da cidadania entre os estudantes. O grande desafio da educação no Brasil não é representado apenas pelas rápidas mudanças que estão ocorrendo no mundo do trabalho graças ao avanço tecnológico, que pode gerar o fim de algumas profissões com o consequente aumento do desemprego, e a criação de novas profissões para lidar com os novos sistemas produtivos. É, também, desafio do sistema de educação fazer com que ele colabore na superação da alienação social atual com a adoção de uma política de educação voltada para a formação do indivíduo crítico, reflexivo, pensada como cultivo do espírito, como condição para o avanço da humanidade, sob os ângulos ético e político, com o objetivo de integração social e de construção da cidadania de acordo com os ensinamentos de Anísio Teixeira e Paulo Freire.

A finalidade do sistema de Educação do Brasil deveria ser a de fazer com que o indivíduo adquira competências, desenvolva senso crítico, se aposse do patrimônio científico e cultural historicamente construído pela humanidade, mas, acima de tudo, deve ser instrumento para promover a felicidade do indivíduo e a felicidade coletiva da sociedade onde ele vive. A finalidade mais nobre da Educação, talvez a mais importante, é a de oferecer às pessoas oportunidades e meios para serem felizes. O Brasil está à espera de uma revolução na Educação que tenha como principal objetivo proporcionar, não apenas a capacitação dos indivíduos para o mercado de trabalho, mas sobretudo criar as condições para a conquista da felicidade dos seres humanos, individual e coletivamente.  Os desafios de mudanças na educação brasileira são de enfoque e, também, estruturais. É preciso aumentar o número de escolas de qualidade, de escolas com bons gestores, docentes e infraestrutura, que consigam motivar os alunos e que realmente promovam uma aprendizagem significativa, complexa e abrangente. 

Os principais aspectos a serem considerados na aprendizagem significativa, complexa e abrangente a serem considerados na educação do futuro no Brasil são os seguintes:

1. Não deve ser adotado um único modelo, proposta, caminho para a educação haja vista a diversidade econômica, social e cultural do Brasil. Trabalhar com desafios, com projetos reais, parece o caminho mais importante hoje, mas pode ser realizado de várias formas e em contextos diferentes. Deve-se ensinar por problemas e projetos num modelo disciplinar e em modelos sem disciplinas isoladas; com modelos mais abertos de construção mais participativa e processual e com modelos mais roteirizados, preparados anteriormente, planejados nos seus mínimos detalhes.

2. Alguns componentes são fundamentais para o sucesso da aprendizagem: a criação de desafios, atividades, projetos que realmente trazem as competências necessárias para cada etapa, que solicitam informações pertinentes, que oferecem recompensas estimulantes, que combinam percursos pessoais com participação significativa em grupos, que se inserem em plataformas adaptativas, que reconhecem cada aluno e ao mesmo tempo aprendem com a interação, tudo isso utilizando as tecnologias adequadas.  O articulador das etapas individuais e grupais é o docente, com sua capacidade de acompanhar, mediar, de analisar os processos, resultados, lacunas e necessidades, a partir dos percursos realizados pelos alunos individual e grupalmente. Esse novo papel do professor é mais complexo do que o anterior de transmitir informações. Precisa de uma preparação em competências mais amplas, além do conhecimento do conteúdo, como saber adaptar-se ao grupo e a cada aluno; planejar, acompanhar e avaliar atividades significativas e diferentes.

3. Ensinar e aprender podem ser feitos de forma muito mais flexível, ativa e focada no ritmo de cada aluno. O modelo mais interessante e promissor de utilização de tecnologias é o de concentrar no ambiente virtual o que é informação básica, isto é, a teoria e na sala de aula a teoria conectada com as atividades práticas mais criativas e supervisionadas. A combinação de aprendizagem por desafios, problemas reais é muito importante para que os alunos aprendam fazendo, aprendam juntos e aprendam também no seu próprio ritmo. Isto é decisivo também para valorizar mais o papel do professor como gestor de processos ricos de aprendizagens significativas e não o de um simples repassador de informações. Se mudarmos a mentalidade dos docentes para serem mediadores, poderão utilizar os recursos próximos, tecnologias simples, como os que estão no celular, uma câmera para ilustrar, um programa gratuito para juntar as imagens e contar com elas histórias interessantes e os alunos serem autores, protagonistas do seu processo de aprender.

4. Os desafios de mudanças na educação são, também, estruturais. É preciso aumentar o número de escolas de qualidade, de escolas com bons gestores, docentes e infraestrutura, que consigam motivar os alunos e que realmente promovam uma aprendizagem significativa, complexa e abrangente. Precisa haver plano de carreira, formação e valorização de gestores educacionais e professores. É preciso políticas consistentes de formação, para atrair os melhores professores, remunerá-los bem e qualificá-los melhor, de políticas inovadoras de gestão que levem os modelos de sucesso de gestão para a educação básica e superior.

5. Os educadores precisam aprender a realizar-se como pessoas e como profissionais, em contextos precários e difíceis, aprender a evoluir sempre em todos os campos, a ser mais afetivos e ao mesmo tempo saber gerenciar grupos. Devem se transformar em educadores inspiradores e motivadores.

Como apêndice do livro, foram propostas estratégias para revolucionar o sistema de ensino da Bahia que tem apresentado desempenho insatisfatório e revolucionar o ultrapassado ensino da engenharia no Brasil que não atende aos imperativos da modernidade.

Síntese das principais conclusões sobre como promover a revolução da educação na Bahia

As pesquisas que realizamos apontam que o sistema de educação da Bahia tem o segundo menor investimento por aluno da rede estadual do Brasil. Este baixo investimento tem impactado negativamente o desempenho da educação no Estado da Bahia, historicamente abaixo de outras redes públicas do Brasil e mesmo do Nordeste. A falta de condições de trabalho nas escolas é reclamação constante dos profissionais da educação da rede estadual. As escolas precisam de muito investimento e isso não é novidade para o atual governo porque esta carência vem de governos passados. A Bahia registrou em 2022 a maior taxa de evasão escolar no ensino médio do Brasil. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Bahia registrou uma taxa de 11,7% no ano. O número é duas vezes maior do que o total registrado no país, que foi 5,5% no ano. Os alunos do Ensino Médio da rede estadual baiana estão dois anos ou mais acima da idade ideal da série que estão cursando. Este número representa 48% dos 635.569 estudantes do Ensino Médio estadual. Nacionalmente, a proporção de alunos nessa situação é bem menor: 32% dos estudantes de Ensino Médio das redes estaduais do Brasil. De cada 100 professores da rede estadual baiana, 9 não têm ensino superior. O Estado da Bahia está na 11ª posição entre as unidades da federação com mais professores sem formação superior. Não há valorização dos docentes. Quanto ao ensino superior da Bahia, ele não apresenta desempenho satisfatório quando suas universidades são comparadas com outras no mundo, na América Latina e no Brasil. No Brasil, no ranking QS Latin America University Rnakings de 2022, da consultoria britânica Quacquarelli Symonds (QS), a Universidade Federal da Bahia (UFBA) se mantém na 19ª posição entre as universidades brasileiras. Na América Latina, a UFBA aparece no 70º lugar entre as melhores universidades do continente no ranking QS. No mundo, as universidades na Bahia estão muito distantes das melhores universidades. A UFBA ficou na posição 1.306 entre as melhores universidades no ranking da Times Higher Education.

Para solucionar os problemas da educação da Bahia, é preciso que as estratégias de desenvolvimento do sistema de educação do Brasil propostas neste livro sejam levadas avante pelo governo federal na Bahia, além de que haja a adoção pelo do governo do Estado das estratégias propostas no livro para superar as fragilidades atuais do sistema de educação da Bahia descritas a seguir:

  • Promover investimentos para melhorar o desempenho do sistema de educação da Bahia visando oferecer educação de qualidade e elevar o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação).
  • Adotar medidas de assistência social para combater a evasão escolardos estudantes da Bahia e para melhorar a defasagem idade-série para todas as etapas da escolaridade.
  • Elevar a capacitação dos docentes para desenvolver suas atividades.
  • Contratar mais professores com formação superior para substituir docentes sem formação compatível.
  • Elevar a remuneração dos professores para valorizar os docentes e atrair pessoas mais qualificadas para a função.
  • Investir na melhoria das condições de trabalho nas escolas.
  • Investir na melhoria das bibliotecas, dos laboratórios de informática e, sobretudo, dos laboratórios de ciências da rede estadual da Bahia.
  • Elevar o nível de investimento na educação da Bahia compatível com suas necessidades.
  • Elevar o nível de investimento das universidades públicas da Bahia para oferecer educação de qualidade e elevar seu desempenho em comparação com outras universidades no mundo, na América Latina e no Brasil.

Síntese das principais conclusões sobre como promover a revolução no ensino da engenharia no Brasil

Ao longo da história, a escola tradicional de engenharia criou uma aberração não apenas no Brasil, mas também, no mundo. Separou o ensino em teoria e prática, ao criar salas de aula para teoria e laboratórios, para a prática. Não é de se espantar que os alunos tenham tanta dificuldade para relacionar a teoria com a prática. A solução para este problema é transformar as salas de aula em um atelier renascentista, isto é, um espaço de convivência, onde a teoria e a prática, isto é, o fazer e a reflexão sobre o fazer podem acontecer ao mesmo tempo. O espaço de aprendizagem deve ser um ambiente onde a prática e a teoria possam ser desenvolvidas de maneira paralela, complementar, em forma de uma praxis. Em um ambiente assim, o trabalho em grupo, o desenvolvimento das habilidades de relacionamento interpessoal poderão acontecer e a interdisciplinaridade deixa de ser discurso teórico para se tornar realidade concreta. A proposta colocada no livro trata de transformar a sala de aula em uma oficina de trabalho, dotada de recursos para que os alunos possam absorver a teoria, investigar e construir o seu próprio entendimento sobre os assuntos tratados. O papel do professor neste contexto é o de um orientador do processo de construção do saber diferente do atual de repassador de informações. O livro propõe um novo perfil para o engenheiro do século XXI ajustado ao estágio atual de desenvolvimento científico e tecnológico e às exigências do mercado de trabalho e foram propostas novas metodologias inovadoras de ensino no século XXI.

A melhoria do ensino de engenharia requer que ele se realize com o professor ensinando com base em problemas e projetos em modelos com disciplinas isoladas e, também, envolvendo várias disciplinas. Os estudantes de engenharia precisam ter menos dependência das aulas expositivas formais e deve ter certeza de que a pesquisa faz parte do processo de sua própria educação sob a orientação dos professores que devem ter consciência de que quem não faz pesquisa, ou quem não se integra ao processo de construção de novos conhecimentos, não educa para o Século XXI. Alguns componentes são fundamentais para o sucesso da aprendizagem: a criação de desafios, atividades, projetos reais que realmente trazem as competências necessárias para cada etapa do ensino, que solicitam informações pertinentes, que oferecem recompensas estimulantes, que combinam percursos pessoais com participação significativa em grupos, que se inserem em plataformas adaptativas, que reconhecem cada aluno e ao mesmo tempo aprendem com a interação, tudo isso utilizando as tecnologias adequadas.  O articulador das etapas individuais e grupais é o docente, com sua capacidade de acompanhar, mediar, de analisar os processos, resultados, lacunas e necessidades, a partir dos percursos realizados pelos alunos individual e grupalmente. Esse novo papel do professor é mais complexo do que o anterior de transmitir informações para os alunos. O novo professor precisa de uma preparação em competências mais amplas, além do conhecimento do conteúdo, como saber adaptar-se ao grupo e a cada aluno; planejar, acompanhar e avaliar atividades significativas e diferentes. Ensinar e aprender podem ser feitos de forma muito mais flexível, ativa e focada no ritmo de cada aluno. O modelo mais interessante e promissor de utilização de tecnologias é o de concentrar no ambiente virtual o que é informação básica e na sala de aula as atividades mais criativas e supervisionadas.  

Adicionalmente, é importante ressaltar que há fragilidades no ensino de Engenharia do Brasil que precisam ser superadas como, por exemplo: 1) a existência de muitos professores das disciplinas de Engenharia que não têm experiência industrial, empresarial e governamental. Isto se deve ao fato de muitos professores terem assumido a carreira acadêmica logo após a conclusão da faculdade. Frutos do mestrado e doutorado, muitos professores utilizam a sala de aula como laboratório para suas pesquisas científicas. O resultado disso é que o ensino de Engenharia conta com um embasamento teórico excelente com carência, entretanto, na experiência prática de muitos de seus professores; 2) muitos alunos carecem de capacitação plural e multidisciplinar em Internet, tecnologia da informação e língua inglesa para utilizar softwares e ferramentas ligadas às disciplinas de Engenharia. Além disso, para entrar no mercado de trabalho e crescer, os alunos de Engenharia precisam adquirir noções básicas de administração, especialmente de projetos e de marketing, economia e meio ambiente, gestão de pessoas e projetos, e ter habilidades de comunicação e escrita, entre muitas outras coisas; e, 3) constata-se, hoje, que há grande segmentação do ensino de Engenharia. Há 20 anos atrás não existiam tantas Engenharias como hoje. Erroneamente, a tendência é que essa segmentação aumente à medida que as necessidades surjam porque não faz sentido que exista uma faculdade de Engenharia de Software ou de Sistemas como já ocorre desde 1990 em várias instituições de ensino do Brasil.

* Fernando Alcoforado, 83, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, da SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e do IPB- Instituto Politécnico da Bahia, engenheiro pela Escola Politécnica da UFBA e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário (Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017),  Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da ciência e da tecnologia ao longo da história e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022), de capítulo do livro Flood Handbook (CRC Press, Boca Raton, Florida, United States, 2022) e How to protect human beings from threats to their existence and avoid the extinction of humanity (Generis Publishing, Europe, Republic of Moldova, Chișinău, 2023).

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Author: falcoforado

FERNANDO ANTONIO GONÇALVES ALCOFORADO, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, da SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e do IPB- Instituto Politécnico da Bahia, engenheiro pela Escola Politécnica da UFBA e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário (Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da ciência e da tecnologia ao longo da história e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022), de capítulo do livro Flood Handbook (CRC Press, Boca Raton, Florida, United States, 2022), How to protect human beings from threats to their existence and avoid the extinction of humanity (Generis Publishing, Europe, Republic of Moldova, Chișinău, 2023) e A revolução da educação necessária ao Brasil na era contemporânea (Editora CRV, Curitiba, 2023).

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