Fernando Alcoforado*
Este artigo é o primeiro dos dois artigos que abordam a escalada da educação no mundo da Pré-História à era contemporânea. Este artigo tem por objetivo apresentar como a educação evoluiu no mundo desde a Pré-história até o século XVIII, enquanto o segundo artigo tem por objetivo apresentar como a educação evoluiu no mundo do século XVIII ao século XXI.Foram considerados dois períodos na escalada da educação no mundo (da Pré-História ao século XVIII e do século XVIII à era contemporânea)tendo o século XVIII como o divisor de dois momentos cruciais no desenvolvimento da educação no mundo. O século XVIII foi um momento marcante na história da humanidade porque foi nesta época que surgiu o Iluminismo como um movimento intelectual em oposição às trevas da Idade Média cujas bases foram construídas sobre os alicerces da razão e do empirismo. O Iluminismo foi uma revolução no campo do saber e um movimento que culminou em uma nova forma de conceber a relação entre o homem e a natureza. O Iluminismo valorizava a razão como o meio para garantir o progresso da humanidade. O século XVIII é, também, um marco histórico porque foi nesta época que ocorreu a Revolução Industrial na Inglaterra que transformou a sociedade mundial ao alavancar o desenvolvimento do capitalismo em todo o planeta. Foi, também, nesta época que ocorreu a Revolução Americana e a Revolução Francesa que foram movidas pelos ideais iluministas e a Revolução Francesa representou o início do fim do absolutismo na Europa. Como não poderia deixar de acontecer todos estes acontecimentos contribuíram para que ocorressem avanços revolucionários no campo da educação.
Parte 1- A evolução da educação no mundo da Pré-História ao século XVIII
1. A educação na Pré-História
Nas comunidades primitivas, nos primórdios da humanidade, já havia atividades educativas quando as crianças e jovens aprendiam técnicas grupais de sobrevivência e práticas coletivas como caça, pesca, plantio, enfim, sua cultura. A criança adquiria a sua primeira educação sem que ninguém a dirigisse expressamente. Nas comunidades primitivas, o ensino era para a vida. Para manejar o arco, a criança caçava, para aprender a guiar um barco, navegava. As crianças se educavam tomando parte nas funções da coletividade. Não existia uma instituição determinada para a educação que ocorria de fato em “casa” e no convívio com seu grupo ou tribo, e assim era repassada de pais para filhos, confirmada através de gerações [1].
A Pré-Históriase iniciou, segundo alguns historiadores, por volta de 3 milhões de anos atrás e se encerrou por volta de 3500 a.C. quando surgiu a primeira forma de escrita da humanidade, a escrita cuneiforme, desenvolvida pelos sumérios. Na Antiguidade, os egípcios, os babilônios, os persas, os indianos, os chineses e muitos outros povos do Oriente Próximo e do Extremo Oriente desenvolveram formas de educação complexas e eficientes [2]. A história da pedagogia começa com a educação no Oriente antigo. Nas civilizações orientais, a educação era tradicional sendo dividida em classes e organizada em escolas fechadas e separadas para a classe dirigente. Nesse período, grande parte da comunidade foi excluída da escola e restringida à educação familiar informal. As bases dos métodos educativos no Egito eram a memorização e a vergasta que significa castigo. A educação na Babilônia, onde hoje está o Iraque, tinha a educação superior reservada à classe dos ricos comerciantes, aliada à dos guerreiros. Os seus objetivos eram essencialmente práticos, como no Egito, mas que, em contrapartida, estava mais desenvolvido o aspecto científico, e talvez também o literário. Na Índia, a separação entre as castas era rigidíssima, e a educação, nitidamente diferenciada. Na China antiga, só os ricos podiam permitir-se gastar dinheiro com a preparação cultural dos filhos normalmente em escolas particulares, escolhidas em função do exame de Estado [3].
2. A educação na Antiguidade (Do Século VIII a.C. ao Século V d.C.)
No Extremo Oriente, é importante citar a influência do confucionismo, taoísmo e budismo na educação [4]. Na educação confuciana a formação familiar (primeira educação do indivíduo) deve atender aos interesses do Estado. A educação confuciana é pensada, portanto, para a formação de um indivíduo que deverá ser útil à coletividade. Esse indivíduo, o “homem sábio”, deveria instruir-se a fim de ingressar no funcionalismo público participando da burocracia estatal. Ele estaria mobilizando seus esforços para o equilíbrio e a manutenção da sociedade. A doutrina do taoísmo representa um pensamento inteiramente diferente. Os seguidores de Lao-Tsé, o primeiro sábio que teria organizado “lições” taoístas, no famoso texto Tao-Te-Ching, se opunham ao caráter excessivamente doutrinador dos ensinamentos confucianos. Para os seguidores de Lao-Tsé, Confúcio representava a perda da espontaneidade do indivíduo, o cerceamento de seu agir conforme a natureza. Assim, no lugar das prescrições éticas confucianas, o taoísmo procura refletir sobre os movimentos naturais, utilizando-se de formas extremamente poéticas, ambíguas e vagas [4].
Os ideais budistas encontraram solo fértil na China, penetrando, posteriormente, na Coreia e no Japão. No Japão, seu pensamento sincretizou-se com os ideais confucianos e taoístas, já importados da China, além da ritualística xintoísta, esta, aparentemente, originária do próprio Japão. Essa síntese deu origem às escolas do budismo zen. É possível identificar algumas características pedagógicas dessa doutrina mais filosófica do que propriamente religiosa como a ênfase na prática, em vez da especulação teórica, na evolução interior (ou seja, uma forma de educação de dentro para fora, e não de fora para dentro) e no conceito de iluminação ou despertar espiritual (satori), que emerge a partir de um “disciplinamento espontâneo”. Em muitos aspectos, essa concepção educacional permanece preservada no sistema educacional japonês [4].
O povo da Fenícia que, na Antiguidade, ocupava a região dos atuais Líbano, Palestina, Síria e Israel simplificou a técnica da escrita até chegarem, finalmente, a um sistema puramente alfabético. A educação na Pérsia antiga tinha apenas um aspecto comum com a da Fenícia: não anulava completamente a individualidade, não se entregava à memorização mecânica, não tendia para a simples perpetuação de uma ordem constituída, mas promovia, em certa medida, formas de ativismo dinâmico. A educação persa fazia pouco ou nenhum caso da instrução literária e da própria aprendizagem da escrita, salvo no que respeita à classe sacerdotal [2]. O povo hebreu, ou hebraico, também conhecidos como israelitas ou judeus, faz parte de uma das mais importantes civilizações da Antiguidade – a civilização hebraica. Junto das sinagogas surgiram escolas elementares, que se difundiram a tal ponto que no ano de 75 a.C. essa instrução elementar foi tornada obrigatória em Jerusalém, e nove anos mais tarde, em todo o território. A caraterística da civilização e da educação hebraicas reside, pois, no espírito religioso que lhe dá forma, refunde e molda em unidade os ricos influxos culturais recebidos dos babilônios, dos egípcios, dos persas e dos gregos. A educação hebraica teve o mérito de ter dado importância aos valores individuais (presente na educação fenícia e persa), mas também de ter feito chamada a uma lei de interioridade moral proposta pelo judaísmo que tem por único ponto de referência um Deus universal concebido como infinitamente bom e justo [2].
Desde que os homens passaram a viver em sociedade, a educação esteve presente cuja prática ocorreu primeiramente no ambiente familiar e que a educação não é o mesmo que escola sendo ela uma invenção da humanidade [5]. As primeiras notícias que temos sobre a escola nos mostram que só tinha direito a frequentá-la os filhos das classes sociais privilegiadas. Foi assim no Egito, cuja supremacia na educação foi reconhecida pelos gregos, educadores dos romanos, e pelas posteriores manifestações cristãs. As culturas greco-romana e cristã incorporaram elementos do Oriente Próximo, reconhecendo nos egípcios a origem da cultura, da sabedoria e da instrução. Aspectos da educação egípcia, embora com características próprias, serão encontradas na Grécia Antiga como predomínio da separação dos processos educativos segundo as classes sociais, porém menos rígidos e com tendência à democracia. Na sociedade grega de base escravista, encontraremos um modelo educativo para a classe dominante para formá-la para as tarefas de poder. Em contrapartida, para os trabalhadores não havia nenhuma escola, só treinamento para o trabalho [5].
Na Grécia Antiga, a escrita não era utilizada como meio de aprendizagem [5]. Quando surgiu, a escrita era reservada para outros fins como o registro de acontecimentos importantes e épicos, como as guerras. Por esta razão, entre os soberanos, não era comum saber ler e escrever. Para suprir esta necessidade havia os escribas. As mais antigas inscrições em alfabeto grego mostram que desde o século VIII a.C., a escrita não constitui mais um saber especializado, reservado a escribas, mas de uma técnica de amplo uso, livremente difundida no público. A escrita passa a ser o elemento de base da paidea grega. Após milhares de anos, na Grécia Antiga, a educação se revoluciona [1]. Muito da educação ocidental é devida a paidéia Grega, um complexo educacional de Ginastica, Gramática, Retórica, Música, Matemática, História, Filosofia, entre outras matérias para formação de cidadãos capazes de exercer ativo papel na sociedade. O modelo da educação grega tinha como objetivo a formação do cidadão. A educação era para alunos seletos, excluindo-se mulheres, escravos e estrangeiros. Apesar de ser uma sociedade escravista, foi na Grécia Antiga que surgiu a ideia de uma escola de Estado proposta no fim do século IV a.C. pelo filósofo Aristóteles porque ele entendia que só com uma educação igual para todos os cidadãos a cargo do Estado e pública seria capaz de atingir seu objetivo de promover o bem comum. Aristóteles defendia que a educação deveria ser pública e não privada [5].
Na Antiguidade, o método de ensino era baseado na memorização e na repetição. A criança era tratada como um adulto sem método específico para sua aprendizagem e quando ela não correspondia às expectativas do mestre, era comum o castigo físico denominado de “sadismo pedagógico”. O modelo grego de escola acabou prevalecendo no império romano apesar das resistências. Da mesma forma que na Grécia, na Roma Antiga, no império romano, havia preconceito contra a educação com finalidade prática. O império romano foi o primeiro a promover um sistema de ensino oficial, a partir de um organismo centralizado e sob responsabilidade do Estado. Isto não significa, porém, que o acesso à educação se dava igualmente a todas as crianças em idade escolar. Pelo contrário, o sistema de educação romano era um sistema de privilégios em que poucos tinham acesso à escola. A educação era variável, tanto conforme as classes sociais, como conforme os gêneros. Os plebeus cresciam sem instrução, não aprendendo a ler nem a escrever. Em contrapartida os filhos das camadas mais altas da sociedade tinham amplo acesso à escola e a uma formação complexa. Já as filhas dos homens e mulheres abastados também frequentavam a escola, porém tinham direito a um conhecimento mais restrito. Em seu currículo escolar aprendiam lições básicas de cálculo, de leitura e de escrita e frequentavam a escola somente até os doze ou treze anos de idade, quando eram dispensadas e liberadas para os casamentos. Já os meninos conseguiam continuar os estudos até mais tarde e seus conhecimentos eram mais complexos. Estudavam gramática, literatura, religião, história, geografia, astronomia, matemática, retórica e noções de agricultura [6].
A educação no império romano era também dividida em níveis, iniciando no ensino primário e chegando ao ensino superior. Os mais pobres, quando instruídos, concluíam usualmente apenas o ensino primário, que instrumentalizava os jovens para a escrita e cálculos básicos. Já os jovens abastados tinham amplo acesso à educação. [6]. Com a decadência do império romano, começou a se fortalecer o cristianismo, que se tornou a religião oficial de Roma no ano 391, antes por ela combatida, substituindo as antigas religiões do mundo greco-romano. Este evento impactou sobre todas as formas de manifestação cultural, incluindo a educação, e o resultado foi a substituição da paidea grega pela visão cristã. Esse foi um longo processo marcado pelo diálogo entre a tradição grega e a nova religião que incorporou elementos da paidea antiga, mas pregou uma visão de educação anti-intelectual uma vez que o curriculum passou a se basear fundamentalmente na aprendizagem dos textos considerados sagrados para os cristãos. A partir deste período, a educação perde o caráter político herdado dos gregos que visava a formação do cidadão passando a ser ministrada pelos padres da Igreja Católica que eram os poucos letrados da Europa toda analfabeta. Todo o conhecimento ficou sob o controle da Igreja Católica que determinava o que podia e não podia ser lido. O empobrecimento cultural nessa época foi geral atingindo, também, o império romano do Oriente [5].
3.A educação na Idade Média (Do Século V ao Século XV)
A transição da Antiguidade para a Idade Média aconteceu com a implantação do sistema feudal de produção em substituição ao escravismo e com a consolidação do cristianismo como nova visão do mundo em substituição à visão greco-romana antes dominante. A partir do século VI, a Igreja Católica era a única autoridade política através do papado. Quanto ao método de ensino, a educação cristã medieval herdou do costume hebraico a enfadonha e obsessiva didática da memorização e repetição coral, do aprender de cor [5]. Para as transgressões e deficiências no estudo, ou nos erros cometidos no canto das orações, a correção não era realizada somente com palavras, mas com castigos. Na Idade Média, os mosteiros católicos foram responsáveis pelo ensino, ainda assim muito seletos, com alunos da elite e estudos extremamente ligados à religião. O mosteiro foi o primeiro espaço de organização e preservação dos saberes na Idade Média. A concepção de um local especialmente destinado à sistematização do ensino e do conhecimento nasceu da ideia cristã de evangelização presente no mosteiro e nas escolas cristãs dessa época. A palavra escolare deu origem não só à escola, mas ao conceito filosófico que norteou o ensino ao longo do medievo que deriva dessa sistematização do conhecimento. Em razão disso recebeu o nome de Escolástica [1].
A Idade Média é tida como idade das “trevas”. Apesar disto, foi neste período que nasceu a Universidade no ano 1000, na Europa. As universidades surgiram quando houve o encontro entre as duas partes interessadas no conhecimento, uma corporação de estudantes e mestres funcionando no interior das catedrais. As universidades nasceram na Europa sob o poder da Igreja Católica que concedia com exame prévio dos títulos de estudo, a autorização para ensinar (licença docente). Os três primeiros campos do conhecimento que se constituíram em faculdades foram artes liberais, medicina e jurisprudência. Esta última, que continha o direito romano ou civil, incluiu o direito canônico a partir de 1140. Mais tarde foi acrescentada teologia. Esta era a base da instrução medieval [5]. Sobre o ensino superior, os registros históricos mais antigos relatam sua existência na Itália, em Bolonha para ser mais exata, em meados de 1088. Já no século XII, foi fundada na França a Universidade de Paris. Ambas instituições, totalmente desvinculadas da Igreja Católica e do Estado, eram responsáveis pelo ensino de medicina, astronomia, matemática, leis, e serviram como referência para o desenvolvimento do ensino superior em todo o mundo [1].
No período medieval, grande parte da população da época ainda não possuía habilidades educacionais básicas como ler, escrever e fazer contas matemáticas, até que o comércio começou a crescer, e essas habilidades passaram a ser uma necessidade dos comerciantes, forçando a burguesia a investir em uma escola, uma instituição própria para ensinos práticos que os ajudassem a crescer ainda mais financeiramente, tocando seus negócios com maior sabedoria. Em outras palavras, o desenvolvimento da escola como instituição de ensino está intimamente ligado a burguesia e ao capitalismo [1]. Além da universidade, outra modalidade de ensino surgiu na Idade Média a partir dos anos 1000: as corporações de ofício. As corporações de ofício estão relacionadas com os novos modos de produção em que a relação entre ciência e operação manual é mais desenvolvida e a especialização é mais avançada. Ela se distingue da formação escolar pelo fato de se realizar no local de trabalho no qual adolescentes aprendizes recebiam orientação de mestres sapateiros, joalheiros, padeiros, etc. a quem ficavam sob sua tutela. A partir do século XIII, houve o surgimento dos mestres livres em uma sociedade que vai se diversificando com o surgimento de mercadores e artesãos nas cidades. Essas escolas eram livres nas grandes cidades. No final da Idade Média, temos uma variedade de mestres (mestres autônomos, mestres associados em cooperativas, mestres capitalistas que assalariavam outros mestres, mestres pagos pelas comunas, etc.). Esta variedade reflete uma escola de uma sociedade mercantil que começa a ficar totalmente livre da Igreja e do Império, vende a sua ciência, renova-a e revoluciona os métodos de ensino [5].
Nesta mesma época surge um movimento filosófico inovador, o Humanismo, que ganhou força no século XV e impulsionou o Renascimento, movimento cultural, econômico e político, surgido na Itália no século XIV e se estendeu até o século XVII, e posteriormente, a Reforma Protestante. Tudo isto contribuiu para o surgimento do Iluminismo no século XVI, movimento intelectual, científico e filosófico. O Humanismo tinha aversão pela cultura medieval e pela sua forma de transmissão, a escola, sob a égide da Igreja Católica. Em sua crítica à escola medieval, havia a pedagogia contrária aos castigos físicos então imperantes e de educar as crianças considerando sua tenra idade e de educá-la de acordo com a sua própria índole. No século XVI, na transição do feudalismo para a consolidação do capitalismo, no contexto do movimento filosófico do Humanismo e do Renascimento eclodiram movimentos reformistas em oposição à Igreja Católica que passaram a constituir suas próprias igrejas delas resultando iniciativas que deram início à expansão quantitativa da escola. Surgiram duas propostas de educação: a da Reforma Protestante e a da Contrarreforma comandada pela Igreja Católica. Estas foram as principais concepções de educação que vigoraram a partir do século XVI e séculos seguintes [5].
A Reforma Protestante surgiu com o luteranismo que foi o movimento religioso que mais exerceu influência sobre a escola no início do século XVI. Lutero, que era monge da Igreja Católica, rompeu com o catolicismo e criou na Alemanha sua própria igreja. A expansão da escola começou na Europa com as reformas religiosas, especialmente a luterana, que exigiu a presença de meninos e meninas nos bancos escolares sem distinção de classe. A Reforma Protestante foi muito importante para o desenvolvimento do capitalismo como demonstra Max Weber em sua obra A ética protestante e o espírito do capitalismo [7], mas foi importante, também, porque defendeu sua concepção de escola pública para a formação dos cidadãos. Em 1549, o imperador Carlos V da Alemanha antecipou as iniciativas dos soberanos iluminados do século XVIII preconizando que as escolas fossem mantidas pelo Estado [5].
Por sua vez, a Contrarreforma foi uma iniciativa da Igreja Católica com o propósito de manter os dogmas de forma intransigente questionados pelos defensores da Reforma Protestante e sua prerrogativa sobre a educação. Como resposta à reforma luterana, a Igreja Católica instituiu os seminários destinados a educar religiosamente e a instruir nas disciplinas eclesiásticas os novos sacerdotes e programa de estudos de jovens. Os jesuítas se notabilizaram no combate ao protestantismo. Os países católicos se atrasaram na implantação da escola de Estado graças ao poder da Igreja Católica. Há países que seguiam a orientação luterana e países católicos que seguiam a orientação dos jesuítas [5]. É importante observar que os primeiros mestres no Brasil foram os padres jesuítas. Chegaram na década de 1540 com o objetivo mal sucedido de alfabetizar os índios adultos para catequizá-los para, em seguida, mudar sua estratégia buscando alfabetizar as crianças indígenas. Ressalte-se que, nesta época, em oposição aos movimentos em vários países impulsionadores de escolas mantidas pelo Estado, a Igreja Católica e os jesuítas atuaram para manter as escolas sob seu controle com o objetivo de formar cristãos e não cidadãos como preconizava a paidea grega [5].
4. A educação na Idade Moderna (Do Século XV ao Século XVIII)
Nos século XVI e XVII, a educação ganhou impulso adquirindo nova feição com as classes escolares divididas por idades e a proposta de meninos e meninas frequentarem a escola que foram conquistas dessa época. No século XVI, começou o início do fim da hegemonia da Igreja Católica na educação uma vez que começou a deixar de ser ministrada apenas nos mosteiros e nas catedrais. Nesta época, as igrejas criadas pelas reformas religiosas, especialmente a reforma luterana, desempenharam papel fundamental na educação com sua ênfase das famílias enviarem seus filhos à escola. No século XVII, embora a tendência fosse o Estado assumir a educação, a religião mantém ainda sua hegemonia nela. Nos países católicos, o Estado não intervinha na educação que era ministrada por particulares e, principalmente, pelas ordens religiosas. No século XVII, aconteceu uma renovação pedagógica proposta por Jan Comenius de “ensinar tudo a todos” baseada no empirismo (observação direta das coisas). Comenius propôs uma escola para a vida toda que, dividida em graus, ensinasse tudo a todos totalmente. Comenius é fundador da didática e, em parte, da pedagogia moderna. Ele figura como um dos maiores nomes da educação e da pedagogia ocidental. Ele é o precursor do método objetivo, dos materiais didáticos os mais aperfeiçoados possíveis e das experiências executadas diretamente pelo professor. Foi no século XVII que começou a renovação pedagógica. A pedagogia dos países que aderiram à reforma seguem a inspiração das novas igrejas protestantes e, de outro, a pedagogia dos países católicos é a jesuítica até o século XVIII [5].
REFERÊNCIAS
- SERENNA, Nathalia. História da Educação no Mundo e no Brasil. Disponível no website <https://www.jusbrasil.com.br/artigos/historia-da-educacao-no-mundo-e-no-brasil/605451719>.
- FORMAÇÃO.FIKAKI. A Educação no Oriente Antigo. Disponível no website <https://formacao.fikaki.com/educacao-no-oriente-antigo/#google_vignette>.
- SOPEDAGOGIA. História da Educação – Período Oriental. Disponível no website <https://www.pedagogia.com.br/historia/oriental.php>.
- BLOG DO RAFAEL MORI. Educação no Extremo Oriente – Confúcio e Buda. Disponível no website <https://blogdorafaelmori.wordpress.com/2021/09/22/historia-da-educacao-3-educacao-no-extremo-oriente-confucio-e-buda/>.
- BITTAR, Marisa. A História da Educação. Da Antiguidade à Era Contemporânea. São Carlos: EduFScar, 2009.
- ANDRADE, Ana Luiza Mello Santiago. Educação na Roma Antiga. Disponível no website <https://www.infoescola.com/historia/educacao-na-roma-antiga/>.
* Fernando Alcoforado, 84, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, da SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e do IPB- Instituto Politécnico da Bahia, engenheiro pela Escola Politécnica da UFBA e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário (Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da ciência e da tecnologia ao longo da história e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022), de capítulo do livro Flood Handbook (CRC Press, Boca Raton, Florida, United States, 2022), How to protect human beings from threats to their existence and avoid the extinction of humanity (Generis Publishing, Europe, Republic of Moldova, Chișinău, 2023) e A revolução da educação necessária ao Brasil na era contemporânea (Editora CRV, Curitiba, 2023).