ATÉ QUANDO CONTINUARÃO OS CRIMES DE GUERRA E CONTRA A HUMANIDADE DE ISRAEL NO ORIENTE MÉDIO?

Fernando Alcoforado*

Este artigo tem por objetivo demonstrar que o povo palestino vem sendo vítima de crimes contra a humanidade praticados pelo Império Britânico desde o fim da 1ª Guerra Mundial até 1948 e de crimes contra a humanidade e de guerra praticados pelos diversos governos de Israel desde a criação do Estado de Israel em 1948. Os crimes contra a humanidade são tipos penais decorrentes de condutas que envolvam, com conhecimento do autor ou autores, um ataque, generalizado ou sistemático, contra a população civil, do qual decorram um conjunto de atos ilícitos qualificados pela sua gravidade. Os crimes contra a humanidade são os seguintes: i) Homicídio; ii) Extermínio; iii) Escravidão; iv) Deportação ou transferência à força de uma população; v) Prisão em violação do direito internacional; vi) Tortura; vii) Violação, escravatura sexual, prostituição forçada, gravidez à força, esterilização à força; viii) Perseguição de um grupo por motivos políticos, raciais, nacionais, étnicos, culturais, religiosos ou de sexo; ix) Desaparecimento forçado de pessoas; x) Apartheid; xi) Outros atos desumanos de caráter semelhante aos anteriores que causem intencionalmente grande sofrimento. Por sua vez, os crimes de guerra definidos pelo Estatuto do Tribunal Penal Internacional de Haia e as convenções de Genebra são os que contemplam ataques à população civil, uso de armas ou métodos de guerra proibidos, homicídio, tortura, uso indevido de uniformes de entidades humanitárias, entre outros. Estes crimes contra a humanidade e de guerra estão sendo praticados no Oriente Médio pelo governo de Israel na atualidade não apenas contra o povo palestino, mas também, contra o povo do Líbano.

Os crimes contra a humanidade e os crimes de guerra praticados contra os palestinos começaram bem antes da criação do Estado de Israel em 1948 por parte do Império Britânico que contribuiu para a usurpação do território da Palestina em benefício dos judeus do fim da 1ª Guerra mundial até 1948 quando o Estado de Israel foi constituído. Esses crimes tiveram continuidade a partir da criação do Estado de Israel em 1948 com a ocupação de Israel sobre o território palestino da Cisjordânia e da Faixa de Gaza após a Guerra dos Seis Dias em 1967, com o massacre da população palestina e a destruição da Faixa de Gaza desde 2023 com o objetivo de aniquilar o Hamas e com a invasão do Líbano e o bombardeio de sua população civil com o objetivo de aniquilar o Hezbollah e suas lideranças. Até 1948, os judeus contaram com o apoio do Império Britânico na sua luta contra os palestinos e seus aliados. Após 1948, o Estado de Israel contou com o decisivo apoio do imperialismo norte-americano que o transformou em ponta-de-lança de seus interesses políticos e militares no Oriente Médio.

1. A usurpação do território da Palestina pelos judeus

O primeiro crime contra a humanidade foi o praticado contra o povo palestino após a Primeira Guerra Mundial com a usurpação de seu território pela Federação Sionista judaica a favor dos judeus contando com o apoio do Império Britânico. A Primeira Guerra Mundial teve consequências danosas para a Palestina. A derrota da Turquia (Império Otomano), aliada da Alemanha derrotada na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), que exercia a dominação sobre a Palestina, teve consequências decisivas para o futuro desta região. Após o conflito mundial, foi criado, pelo artigo 22 do Pacto da Liga das Nações a 28 de Junho de 1919, o sistema dos Mandatos que se destinava a determinar o estatuto das colônias e dos territórios que se encontravam sob o domínio das nações vencidas. O Mandato britânico para a Palestina foi aprovado pelo Conselho da Liga das Nações a 24 de Julho de 1922. O Mandato britânico para a Palestina deixou de considerar como objetivo levar à plena independência a população que então a habitava, isto é, a população palestina. Ao invés disso, atendendo ao desejo da Federação Sionista, promoveu a criação de um lar nacional judaico, isto é, a criação de um estado judaico com gente que, na sua maioria esmagadora, estava ainda espalhada pelo mundo e, por conseguinte, deveria ser trazida de fora.

A Grã-Bretanha, potência hegemônica na época, prometeu à Federação Sionista que faria todo o possível para o estabelecimento de “um lar nacional para o povo judeu” na Palestina com a chamada Declaração Balfour. O obstáculo que impediu o processo da independência da Palestina foi, portanto, o privilégio dado aos judeus para a criação do “lar nacional para o povo judeu” na Palestina em detrimento do povo palestino. As organizações judaicas aproveitaram as infraestruturas administrativas e econômicas que o Mandato britânico colocou à sua disposição para acelerar a realização do projeto de criação do Estado judaico na Palestina. Para isso intensificaram a imigração dos judeus da Europa oriental e central, em três vagas principais: em 1919-1923, 1924-1928 e 1932-1940. Em 1931 os judeus eram 174.610 de um total de 1.035.821 habitantes da Palestina. Em 1939, já são mais de 445.000 e em 1946 atingem o número de 808.230 de um total de habitantes da Palestina respectivamente de 1.500.000 e de 1.972.560. Na prática, houve uma ocupação progressiva da Palestina pelos judeus. Atualmente, há 7,1 milhões de judeus em Israel e 7,35 milhões de palestinos que vivem na Cisjordânia, Faixa de Gaza e Israel.

Os palestinos viram no patrocínio que deram primeiro a Grã-Bretanha e depois a Liga das Nações ao projeto sionista de criação do lar nacional judaico na Palestina a negação do seu direito à independência. Os palestinos se sentiram espoliados. Naturalmente, os palestinos se opuseram ao projeto da criação do lar nacional judaico na Palestina desde o primeiro instante logo que tiveram conhecimento da Declaração Balfour e tentaram, por todos os meios, impedir a sua realização, pois temiam que dela resultasse a sua submissão, não só política, mas também, econômica aos sionistas, passando assim do domínio turco para o domínio judaico, com um intervalo britânico. Os palestinos apresentaram protestos contra a Declaração Balfour à Conferência de Paz de Paris e ao Governo Britânico. A primeira manifestação dos palestinos contra o projeto sionista teve lugar a 2 de Novembro de 1918, primeiro aniversário da Declaração Balfour. Essa manifestação foi pacífica, mas a Resistência logo se tornou violenta, expressando-se em ataques contra os judeus que degeneravam em confrontos sangrentos.

De modo geral, as erupções de violência eram cada vez mais graves à medida que o Mandato britânico se prolongava e a colonização judaica da Palestina se estendia e fortalecia. Os acontecimentos desenrolavam-se segundo uma sequência que se tornou habitual. A resistência palestina aconteceu também na revolta de 1936-1939. Em abril de 1936, distúrbios locais entre árabes e judeus degeneraram numa revolta generalizada dos palestinos. A revolta era contra a colonização judaica da Palestina e as autoridades britânicas, o poder estrangeiro, de quem os palestinos exigiam a constituição de um governo nacional. As autoridades britânicas responderam com uma repressão violenta e os judeus com represálias. Tendo chegado à conclusão de que os palestinos não renunciariam à independência, os britânicos encararam em 1937 a hipótese de dividir a Palestina em dois estados, um árabe e o outro judaico. Essa solução não satisfazia a nenhuma das partes. Esta divergência se mantém até os dias de hoje. A diáspora judaica terminou em 1948, quando foi criado o Estado de Israel. Com a formação do Estado de Israel, em maio de 1948, houve a ocupação da Palestina pelos judeus quando muitos deslocados da Segunda Guerra Mundial e refugiados judeus migraram para o novo estado soberano. Estima-se que 170.000 deslocados de guerra e refugiados tenham imigrado para Israel no período entre o final da Segunda Guerra Mundial e o ano de 1953.

2. O avanço de Israel sobre o território palestino

O segundo crime contra a humanidade e, também, crime de guerra, que foram praticados contra o povo palestino após a Guerra dos Seis Dias contra o Egito, a Síria e a Jordânia em 1967 foram os que resultaram na ocupação pelos judeus dos territórios palestinos da Cisjordânia e da Faixa de Gaza estabelecidos pelo Plano de Partilha da ONU em 1948 que criou o Estado de Israel.  Durante este período, Israel ocupou a península do Sinai, a Cisjordânia, a faixa de Gaza, as Colinas de Golã e o sul do Líbano depois da Guerra dos Seis Dias contra o Egito, a Síria e a Jordânia em 1967 (Figura 1).

Figura 1- Conquistas israelenses na Guerra dos Seis Dias (1967)

Fonte: https://www.curso-objetivo.br/vestibular/roteiro_estudos/questao_palestina.aspx

A Figura 2 a seguir mostra que a evolução do conflito entre judeus e palestinos fez com que Israel conquistasse progressivamente o território da Palestina de 1947 até o momento atual. Esta situação não pode continuar porque é geradora de conflito permanente entre judeus e palestinos. O mapa da Palestina tem se modificado ao longo dos anos com o avanço de Israel sobre território palestino. Dificilmente a paz entre judeus e palestinos poderá ser celebrada mantidas essas condições.

Figura 2- O avanço de Israel sobre o território palestino

Fonte: https://www.todamateria.com.br/conflito-israel-palestina/

3. O massacre do povo palestino e a destruição da Faixa de Gaza

O terceiro crime contra a humanidade acrescido pelos crimes de guerra foi o praticado pelo governo de Israel contra o povo palestino recentemente no território palestino da Faixa de Gaza e a destruição de sua infraestrutura.  A Faixa de Gaza (Ver Mapa 1) é um território palestino composto por uma estreita faixa de terra no Oriente Médio localizada na costa oriental do Mar Mediterrâneo, que faz fronteira com o Egito no sudoeste (11 km) e com Israel no leste e no norte (51 km). O território da Faixa de Gaza tem 41 quilômetros de comprimento e apenas de 6 a 12 quilômetros de largura, com uma área total de 365 quilômetros quadrados.  A Faixa de Gaza tem uma população de cerca de 2,4 milhões de habitantes. Com uma taxa de crescimento anual de aproximadamente 3,2%, a Faixa de Gaza é um dos territórios mais densamente povoados do planeta. A área sofre escassez crônica de água e praticamente não tem indústrias. Sua infraestrutura é precária.  A designação Faixa de Gaza deriva do nome da sua principal cidade, Gaza, cuja existência remonta à Antiguidade.

Mapa 1- Mapa da Faixa de Gaza

Mapa da Faixa de Gaza mostrando as áreas urbanas, campos de refugiados e pontos de travessia na fronteira.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Faixa_de_Gaza

Desde 7 de outubro de 2023, quando o Hamas desencadeou o ataque contra o território israelense, o governo de Israel, em represália, transformou a Faixa de Gaza em escombros e a situação humanitária de seus cerca de 2,4 milhões de habitantes é catastrófica. Os bombardeios do governo de Israel, que prometeu erradicar o Hamas, são implacáveis. O número de palestinos mortos alcança mais de 40 mil desde o início da guerra entre Israel e o Hamas e um total de 83.680 feridos em Gaza desde o início da guerra em 7 de outubro de 2023. A situação em Gaza é de dor, angústia e revolta dos sobreviventes os quais se deparam com o horror de corpos mutilados, frequentemente de crianças. Com esse assassinato em massa de palestinos, Israel se afasta cada vez mais da possibilidade de ser aceita como Estado regular, permanente, nessa região para integrar-se e sobreviver.

Com quase dois milhões de deslocados, a cidade de Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza, se transformou em um gueto similar ao de Varsóvia quando os judeus foram confinados pelos nazistas em uma área da cidade de Varsóvia na Polônia. No gueto de Rafah, há uma multidão de deslocados, barracas de campanha no meio da rua e os bairros completamente arrasados, onde não há nada além de escombros. A Faixa de Gaza desapareceu diante dos nossos olhos. Depois de um ano de guerra, a exaustão é evidente. O exército israelense está destruindo as casas e o patrimônio histórico da Faixa de Gaza cujas vítimas estão à mercê dos ataques israelenses. Nenhum lugar na Faixa de Gaza é seguro. A carnificina que se vê hoje na Faixa de Gaza, nada tem de novidade, porque ela já ocorreu inúmeras vezes pelo governo israelense no passado em toda a Palestina, embora, desta vez, o horror dos crimes do governo de Israel contra a humanidade alcance novos e vergonhosos recordes.

Atualmente, cerca de 2 milhões de palestinos estão desabrigados como resultado da guerra que começou em 7 de outubro de 2023. Este número é equivalente a mais de 80% da população total da Faixa de Gaza que foram deslocadas desde o início da guerra entre o governo de Israel e o Hamas, segundo informou a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA). Até o momento, têm sido em vão os esforços para cessar o massacre israelense da população civil da Faixa de Gaza.

O TPI (Tribunal Penal Internacional), sediado em Haia, na Holanda, aconselhou por unanimidade a emissão de mandados de captura contra o facínora primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, além de mandados de detenção do líder do Hamas Ismail Haniyeh, o chefe em Gaza, Yahya Sinwar, e o comandante das Brigadas Al-Qassam, Mohammed Al-Masri, conhecido como Deif. Os cinco visados são suspeitos de crimes de guerra e crimes contra a humanidade alegadamente cometidos em Israel e na Faixa de Gaza. Além disso, o Conselho de Segurança da ONU não tem conseguido cessar o conflito graças ao veto dos Estados Unidos, principal aliado do governo israelense.

4. A invasão do Líbano e o bombardeio de sua população civil

O quarto crime contra a humanidade acrescido pelos crimes de guerra foi o praticado pelo governo de Israel com os bombardeios contra o Líbano e sua população com o seu propósito de aniquilar o Hezbollah e suas lideranças. O Líbano, oficialmente a República do Líbano, é um país na região do Levante, na Ásia Ocidental, limitado pela Síria ao norte e leste, Israel ao sul e o Mar Mediterrâneo a oeste. Chipre fica a uma curta distância do litoral do país. Sua população atual é de 6.825.000 habitantes, de acordo com as Nações Unidas.

Mapa 2- Mapa do Líbano

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Geografia_do_L%C3%ADbano

Israel infligiu danos enormes ao Hezbollah nas últimas semanas, matando mais de uma dúzia de comandantes de alto escalão e destruindo aparentemente milhares de armas em ataques aéreos. Israel também foi responsabilizado pelas explosões de pagers e walkie-talkies que deixaram milhares de membros do Hezbollah mutilados, cegos ou mortos. No entanto, a morte do comandante supremo do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um dos bombardeios no Líbano foi o maior golpe de todos. É importante observar que Nasrallah contando com a ajuda de financiamento, treinamento e armas do Irã, transformou o Hezbollah em uma força militar cujos ataques levaram Israel a encerrar uma ocupação de 22 anos no sul do Líbano em 2000 e que lutou contra Israel até o fim durante uma guerra de um mês em 2006.

Os ataques israelenses mataram mais de mil pessoas nas duas últimas semanas no Líbano, incluindo 87 crianças e 56 mulheres. Até um milhão de pessoas — um quinto de sua população — foram forçadas a abandonar suas casas fugindo dos bombardeios de Israel. O governo do Líbano está se esforçando para atender a todos, com abrigos e hospitais sobrecarregados. O Hezbollah ainda possui milhares de combatentes, muitos deles veteranos de combate na guerra civil da vizinha Síria, assim como um arsenal significativo de mísseis, muitos deles mísseis de longo alcance e guiados com precisão, que poderiam atingir Tel Aviv e outras cidades israelenses.

5. Conclusões

Pelo exposto, pode-se afirmar que os massacres praticados pelo governo de Israel contra a população civil da Faixa de Gaza com o propósito de aniquilar o Hamas e contra a população civil do Líbano com o propósito de aniquilar o Hezbollah representam a continuação dos crimes contra a humanidade e dos crimes de guerra praticados pelo Império Britânico desde o final da 1ª Guerra Mundial, quando teve início o processo de ocupação da Palestina pelos judeus, e os praticados pelos governos israelenses desde a criação do estado de Israel em 1948. Os massacres pelo governo de Israel da população civil da Faixa de Gaza e da população civil do Líbano não estão contribuindo para mobilizar os países amantes da paz diferindo do que aconteceu durante a 2ª Guerra Mundial quando houve uma mobilização no sentido de aniquilar o império nazista na Europa. Até quando os governos dos países amantes da paz assistirão passivamente os crimes de guerra e contra a humanidade praticados pelo governo de Israel? Até quando a ONU sairá de sua passividade para mediar os conflitos no Oriente Médio? Até quando a maioria dos governos dos países árabes ficará assistindo os massacres israelenses na Faixa de Gaza e no Líbano sem nenhuma atitude concreta para cessar a ação belicista do governo israelense à exceção do governo do Irã?  Até quando os judeus amantes da paz em Israel e no mundo continuarão assistindo passivamente o massacre israelense na Faixa de Gaza e os bombardeios contra a população civil no Líbano em cumplicidade com os crimes de guerra e contra a humanidade praticados pelo governo Netanyahu?  É importante observar que Israel só terá condições de existir como nação no Oriente Médio se for aceito pelos povos que vivem na Palestina e no mundo árabe. Enquanto continuar sua ação belicista contra os povos e países da região, Israel está cavando sua própria sepultura. A existência de Israel no futuro depende do que o povo judeu fizer no momento atual para afastar o governo fascista de Netanyahu substituindo-o por um governo democrático capaz de dialogar com os palestinos e os países da região. Só assim será possível evitar a eclosão de uma nova Guerra no Oriente Médio e, até mesmo, da 3ª Guerra Mundial.

* Fernando Alcoforado, 84, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, do IPB- Instituto Politécnico da Bahia e da Academia Baiana de Educação, engenheiro pela Escola Politécnica da UFBA e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário (Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da ciência e da tecnologia ao longo da história e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022), de capítulo do livro Flood Handbook (CRC Press, Boca Raton, Florida, United States, 2022), How to protect human beings from threats to their existence and avoid the extinction of humanity (Generis Publishing, Europe, Republic of Moldova, Chișinău, 2023), A revolução da educação necessária ao Brasil na era contemporânea (Editora CRV, Curitiba, 2023), Como construir um mundo de paz, progresso e felicidade para toda a humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2024) e How to build a world of peace, progress and happiness for all humanity (Editora CRV, Curitiba, 2024).

LES NOUVELLES LUMIÈRES POUR CONSTRUIRE UN MONDE DE PAIX, DE PROGRÈS ET DE BONHEUR POUR TOUTE L’HUMANITÉ

Fernando Alcoforado*

Cet article a pour but de démontrer que les crises politiques, économiques, sociales et environnementales qui s’aggravent dans le monde entier exigent l’avènement d’un nouveau siècle des Lumières sur la base duquel l’humanité puisse vivre ensemble sans guerres, qu’il y ait un véritable progrès politique qui garantisse que les fruits du progrès économique et social soient partagés par tous les habitants de la planète sans exception et qu’il y ait la réalisation du bonheur collectif pour toute l’humanité. Cet article a également pour but de démontrer que le nouveau siècle des Lumières est proposé dans le livre que nous avons écrit “How to Build a World of Peace, Progress and Happiness for All Humanity” (Comment construire un monde de paix, de progrès et de bonheur pour toute l’humanité), récemment publié par Editora CRV à Curitiba dans ses versions portugaise et anglaise, car il indique ce qu’il faut et comment faire pour surmonter les problèmes gigantesques qui affectent l’humanité depuis des siècles, faisant de la construction d’une société idéale, imaginaire, parfaite une réalité, et donc considérée comme utopique et inaccessible par beaucoup.

Le monde est confronté à plusieurs crises à l’époque contemporaine. Chaque jour qui passe, ces crises s’aggravent dans les domaines politique, économique, social et environnemental, que ce soit au niveau national ou à l’échelle planétaire. Cependant, la plus grande crise que traverse aujourd’hui l’humanité est la crise intellectuelle de la pensée, qui constitue le principal obstacle pour surmonter les autres crises et construire une nouvelle société centrée sur un réel progrès économique, politique, social et environnemental. La crise intellectuelle de la pensée à l’époque contemporaine est ce qui fait que le monde dans lequel nous vivons fonctionne de manière chaotique, comme un navire à la dérive vers le désastre. Le scénario catastrophique envisagé pour l’avenir de l’humanité met à l’ordre du jour la nécessité d’imposer au monde de nouvelles Lumières pour ordonner la vie politique, économique, sociale et environnementale dans le présent et dans le futur.

1. L’avènement des Lumières au XVIIIe siècle

Le Moyen Âge est le nom donné à la période de l’histoire humaine comprise entre les années 476, avec la fin de l’Empire romain en Europe occidentale, et 1453, lorsque la chute de Constantinople eut lieu et marqua la fin de l’Empire byzantin. Les penseurs des Lumières du XVIIIe siècle ont appelé le Moyen Âge « l’Âge des Ténèbres » parce qu’ils pensaient que cette période de l’histoire humaine était marquée par l’ignorance, l’obscurantisme et la répression intellectuelle. Le Moyen Âge a toujours été associé à un retard, une époque de « ténèbres » dans le savoir, de peu de liberté et de circulation restreinte des idées. Le « Âge sombre » est le terme adopté par les penseurs des Lumières pour décrire le Moyen Âge comme une époque de ruine et de fléau, c’est-à-dire une époque située entre la gloire de l’Antiquité et l’apogée de la Modernité.

Au XVIIIe siècle, plusieurs penseurs commencent à se mobiliser autour de la défense d’idées qui guident le renouvellement des pratiques et des institutions en vigueur dans toute l’Europe. Soulevant des questions philosophiques sur la condition et le bonheur de l’homme, le mouvement des Lumières s’attaque systématiquement à tout ce qui est considéré comme contraire à la recherche du bonheur, de la justice et de l’égalité sociale. Le mouvement des Lumières reposait sur la croyance dans le pouvoir de la raison et du progrès, dans la liberté de pensée et l’émancipation politique. Le siècle des Lumières était un mouvement mondial, philosophique, politique, social, économique et culturel, qui défendait l’usage de la raison comme le meilleur moyen d’atteindre la liberté, l’autonomie et l’émancipation politique.

Les Lumières du XVIIIe siècle ont utilisé les valeurs de la science classique pour forger une nouvelle vision du monde, fondée sur l’égalité de tous. Avec les Lumières, existait une vision optimiste du monde qui ne pourrait pas interrompre son progrès aussi longtemps que l’homme jouirait pleinement de sa rationalité. Les droits naturels, le respect de la diversité des idées et la justice sociale doivent promouvoir l’amélioration de la condition humaine. Proposant ces idées, les Lumières ont motivé les révolutions bourgeoises en France et dans le monde au XVIIIe siècle qui ont marqué la fin de l’Ancien Régime et l’installation des doctrines libérales qui prédominent dans le monde jusqu’à l’ère contemporaine.

Les Lumières ont fourni la devise de la Révolution française (Liberté, Égalité et Fraternité) et l’ont fécondée alors que ses partisans s’opposaient à l’injustice, à l’intolérance religieuse et aux privilèges de l’absolutisme monarchique. Cependant, depuis la Révolution française jusqu’à nos jours, les promesses politiques des Lumières ont été abandonnées partout dans le monde avec l’adoption de pratiques inhumaines de plus en plus sophistiquées par les gouvernements et impérialistes par les grandes puissances capitalistes, le déclenchement de 3 guerres mondiales (1ère Guerre mondiale , Seconde Guerre mondiale et Guerre froide), l’avènement du fascisme et du nazisme au XXe siècle et du néo-fascisme à l’époque contemporaine, la réalisation d’interventions militaires des grandes puissances et la réalisation de coups d’État dans plusieurs pays du monde entier pour le maintien des privilèges.

2. Les Lumières et l’avènement de la Modernité aux XVIIIe, XIXe et XXe siècles

La Modernité est née avec la première révolution industrielle survenue en 1876 en Angleterre, signifiant un effort intellectuel extraordinaire des penseurs des Lumières pour développer la science et la raison et découvrir des lois universelles à mettre au service de l’humanité. Avec la première révolution industrielle, la science et la technologie ont acquis une importance fondamentale pour le progrès humain, grâce à des innovations technologiques continues. L’idée des Lumières était d’utiliser l’accumulation de connaissances générées dans la poursuite du bonheur humain et de l’enrichissement de la vie quotidienne.

La modernité est généralement associée à la 2e révolution industrielle survenue aux XIXe et XXe siècles résultant des transformations socio-économiques avec l’industrialisation de l’Angleterre, de la France, de l’Allemagne, de l’Italie, des États-Unis et du Japon, caractérisée notamment par le développement de nouvelles sources d’énergie (électricité et pétrole), le remplacement du fer par l’acier et l’émergence de nouvelles machines, outils et produits chimiques (comme le plastique). Entre 1909, lorsque Henry Ford crée la chaîne de montage et inaugure la production de masse, et la fin du XXe siècle, presque toutes les industries se mécanisent et l’automatisation s’étend à tous les secteurs manufacturiers.

À l’époque contemporaine, la modernité s’est approfondie avec l’avènement des 3e et 4e révolutions industrielles. La 3ème révolution industrielle survenue dans les années 1970 est technico-scientifique d’inspiration toyotisme, dont les caractéristiques ont été développées par les ingénieurs de Toyota, l’industrie automobile japonaise, dont la méthode consistait à abolir le rôle des travailleurs professionnels spécialisés pour en faire des spécialistes multifonctionnels. La technologie caractéristique de cette période est la microélectronique, l’informatique, la machine CNC (Computer Numerical Control), le robot, le système intégré à la télématique (télécommunications informatisées) et la biotechnologie.

La 4e révolution industrielle ou Industrie 4.0 se caractérise par l’intégration de systèmes de production dits cyber-physiques, dans lesquels des capteurs intelligents informent les machines sur la manière dont elles doivent être traitées. Les processus doivent être régis dans un système modulaire décentralisé. Les systèmes de production intelligents commencent à fonctionner ensemble, communiquant sans fil, soit directement, soit via un « cloud » Internet (Internet des objets ou IoT). Les systèmes de contrôle d’usine centralisés et rigides cèdent désormais la place à une intelligence décentralisée, avec une communication machine à machine (M2M) dans l’usine. C’est la vision de l’Industrie 4.0 de la 4ème Révolution Industrielle.

La tendance future est à l’aggravation du chômage et de l’extrême pauvreté avec l’utilisation généralisée de l’intelligence artificielle dans les processus de production. Les progrès technologiques en cours basés sur l’intelligence artificielle auront un impact négatif sur le monde du travail car ils pourraient entraîner la fin de l’emploi et, par conséquent, une baisse de la demande de biens et de services. L’impact de l’intelligence artificielle sur la société serait dévastateur, avec un chômage de masse résultant de son utilisation à grande échelle. Avec l’avènement de la superintelligence artificielle, un large éventail de conséquences pourraient survenir, allant de conséquences extrêmement bonnes à des conséquences aussi graves que l’extinction de l’espèce humaine si elle se retourne contre les humains. La Superintelligence artificielle pourrait représenter l’extinction de la race humaine, car les technologies se développent à un rythme si vertigineux qu’elles pourraient devenir incontrôlables au point de mettre l’humanité en danger.

La Modernité s’identifie à la croyance au progrès et aux idéaux des Lumières. Cependant, l’évolution de la Modernité a été marquée par des événements qui ont impacté négativement la société actuelle. La principale fut sans aucun doute les catastrophes de la Première et de la Seconde Guerre mondiale. En fait, la science et la technologie ont contribué à la barbarie des deux guerres mondiales grâce à l’invention d’armes puissantes et destructrices. La science et la technologie ont commencé à être utilisées à une échelle sans précédent, tant pour le bien que pour le mal de l’humanité. Tout ce développement scientifique et technologique a culminé dans l’ère actuelle avec une crise écologique mondiale et un réchauffement climatique qui pourraient entraîner un changement climatique catastrophique à l’échelle mondiale qui pourrait menacer la survie de l’humanité. En ce sens, on peut douter des bénéfices réels apportés par le progrès scientifique et technologique avec l’avènement de la Modernité.

3. L’échec politique des Lumières et l’avènement du marxisme au XIXe siècle

L’échec politique des Lumières a ouvert la voie à l’avènement de l’idéologie marxiste à travers le monde, qui proposait de faire un pas en avant par rapport aux thèses des Lumières, cherchant à mettre fin aux inégalités économiques entre les classes sociales et à l’exploitation de l’homme par l’homme jusqu’à son l’abolition complète avec la mise en œuvre du communisme dans le futur. Les faits historiques démontrent que les thèses des Lumières qui ont guidé les révolutions bourgeoises au XVIIIe siècle et le marxisme, sur la base duquel les révolutions socialistes ont été menées au XXe siècle, ont échoué parce qu’elles n’ont pas tenu leurs promesses historiques de parvenir au bonheur humain et un progrès économique partagé par tous.

La fin du socialisme en Union soviétique et dans les pays d’Europe de l’Est, l’échec du développement économique à Cuba et en Corée du Nord et l’abandon par la Chine du socialisme basé sur le modèle soviétique, avec l’adoption d’une économie hybride du capitalisme et du socialisme avec le capitalisme d’État, démontrent la non-viabilité du modèle socialiste soviétique. Pour évoluer vers une société communiste défendue par Marx, il faut passer par une étape intermédiaire d’économie mixte à l’image de la social-démocratie des pays scandinaves. Le communisme prôné par Marx ne peut être construit à travers la planète que lorsqu’il y a un État-providence dans chaque pays et que le monde réalise l’intégration économique, sociale et politique avec l’existence d’un gouvernement mondial qui assure l’ordre de l’économie mondiale pour éviter le chaos actuel, l’ordre des relations internationales pour éviter les guerres et assurer la paix mondiale et l’ordre de l’environnement mondial pour éviter la dégradation de la nature.

4. L’échec politique des Lumières et du marxisme et l’avènement de la Post-Modernité au XXe siècle

L’échec politique des Lumières et du marxisme dans la réalisation du progrès de l’humanité et du bonheur des êtres humains a ouvert la voie à l’avènement de la post-modernité qui représente une réaction culturelle à la perte de confiance dans le potentiel universel du projet des Lumières et du marxisme de la société. La postmodernité signifie une réaction à ce qui est moderne. Dans la post-modernité, le monde construit à partir d’objets durables a été remplacé par celui de produits disponibles et conçus pour une obsolescence et une élimination immédiates. La post-modernité peut être caractérisée comme une réaction contraire à la manière dont les idéaux de la modernité ont été historiquement développés, associée à la perte d’optimisme et de confiance dans le potentiel universel du projet des Lumières et du marxisme. Elle se configure également comme un rejet de la tentative de colonisation par la science et la technologie d’autres sphères de la vie humaine.

À l’époque contemporaine, la raison et la science sont entrées dans une crise profonde avec la défaite des paradigmes des Lumières et du marxisme dans la seconde moitié du XXe siècle, qui ont été remplacés par le nouveau paradigme de la Post-Modernité dans lequel, selon ses idéologues , il n’y a pas de vérités. Après avoir réalisé que tous les systèmes précédents étaient erronés, le postmodernisme est arrivé à la conclusion tragique qu’on ne peut rien savoir. Les postmodernistes ne croient pas à la raison. Pour les postmodernistes, même la science ne serait qu’un moyen parmi d’autres de connaître la réalité, n’ayant rien à voir avec la vérité.

La pensée postmoderne converge avec le nihilisme du philosophe allemand Friedrich Nietzsche, philosophe de l’Allemagne nazie, qui, dans son ouvrage La Volonté de puissance (Petrópolis : Editora Vozes, 2011), affirmait que la solution à la crise résidait dans le rejet de la raison et le retour des prophètes, qui devraient, non par raison, mais par détermination, trouver de nouvelles valeurs qui guideraient les peuples et construiraient de nouvelles civilisations. Si la pensée nihiliste de Friedrich Nietzsche l’emporte, l’humanité se dirigera inévitablement vers un désastre économique, politique, social et environnemental qui pourrait menacer sa survie. Le grand défi des penseurs de l’époque contemporaine est de réinventer les Lumières adaptées à l’époque actuelle afin qu’elles indiquent les chemins que l’humanité devra suivre pour construire un monde meilleur.

La disparition dans le monde d’aujourd’hui des dernières réserves de rationalité critique prônées par les Lumières et le marxisme a ouvert la voie à la Post-Modernité, qui représente une gigantesque menace pour le progrès de l’humanité. Compte tenu de ce fait, c’est un immense défi pour les penseurs contemporains d’établir de nouveaux paradigmes et de nouvelles valeurs de comportement rationnel à formuler pour la société humaine de l’époque actuelle afin de vaincre l’influence politique et idéologique néfaste de la post-modernité. Les penseurs contemporains doivent se mobiliser pour réinventer un nouveau projet des Lumières, comme l’ont fait les penseurs du XVIIIe siècle, visant à construire un nouveau monde qui mettrait un terme au calvaire de l’humanité. C’est ce que nous avons fait en préparant le livre « Comment construire un monde de paix, de progrès et de bonheur pour toute l’humanité » récemment publié par Editora CRV de Curitiba, Brésil, dans ses versions portugaise et anglaise.

5. Comment construire les Lumières du 21e siècle

Nous avons besoin d’un nouveau siècle des Lumières pour le 21e siècle. La protection de toutes les formes de vie et de la planète doit être au cœur de cette nouvelle réflexion. Le seul progrès humainement pertinent est celui qui contribue réellement au bien-être de tous les êtres humains et à la préservation de la nature, que les automatismes de la croissance économique ne suffisent pas à assurer. Le progrès, en ce sens, ne doit pas être considéré comme un don spontané de technologie, mais comme une construction intentionnelle par laquelle les hommes décident de ce qui doit être produit, comment et pour qui, en évitant autant que possible les coûts sociaux et écologiques d’une industrialisation sauvage. Ce progrès ne peut dépendre ni de décisions commerciales isolées, comme le prônent les idéologues du néolibéralisme, ni des orientations bureaucratiques d’un État centralisateur, comme le défendent les idéologues du socialisme de type soviétique, mais plutôt d’impulsions émanant de la société démocratique elle-même.

Les Lumières du XXIe siècle maintiennent leur foi dans la science, mais savent qu’elle doit être socialement contrôlée et que la recherche scientifique et technologique doit obéir aux fins et aux valeurs établies sur la base du consensus social, affin qu’elle ne se convertit en une force aveugle, au service de la guerre et de la domination. Les Lumières du XXIe siècle considèrent la doctrine des droits de l’homme comme son étendard le plus précieux, sans ignorer que, dans la majorité de l’humanité, seules de profondes réformes sociales et politiques peuvent garantir leur exercice effectif. Combattre le pouvoir illégitime, conscient qu’il ne se situe pas seulement dans l’État tyrannique, mais aussi dans la société, dans laquelle il est devenu invisible et total, moléculaire et diffus, enfermant l’individu dans ses mailles aussi sûrement qu’à l’époque de la monarchie absolutiste. Les Lumières du XXIe siècle luttent sans relâche pour la liberté et contre toute forme d’oppression. Elle vise à construire un nouvel ordre mondial capable d’organiser non seulement les relations entre les hommes à la surface de la Terre, mais aussi leurs relations avec la nature et à élaborer un contrat social planétaire permettant le développement économique et social et l’utilisation rationnelle des ressources naturelles de la planète au bénéfice de toute l’humanité.

La construction de nouvelles Lumières pourrait être réalisée en mettant en pratique ce qui a été proposé dans le livre de 348 pages dont nous sommes l’auteur, publié en portugais et en anglais, intitulé COMMENT CONSTRUIRE UN MONDE DE PAIX, DE PROGRÈS ET DE BONHEUR POUR TOUTE L’HUMANITÉ et comme sous-titre Comment réaliser des utopies planétaires pour construire un monde de paix, de progrès et de bonheur pour toute l’humanité. Le principe établi est que les nouvelles Lumières peuvent être mises en pratique si les grandes utopies planétaires sont réalisées dans le but de construire un monde de paix, de progrès et de bonheur pour toute l’humanité. Les utopies planétaires peuvent être comprises comme l’idée d’une société idéale, imaginaire et parfaite et, par conséquent, considérée par beaucoup comme inaccessible.

Dans ce livre, 12 utopies planétaires ont été considérées qui doivent être réalisées en vue de construire un monde de paix, de progrès et de bonheur pour toute l’humanité, décrites ci-dessous :

1. La conquête de la paix mondiale pour éviter de nouvelles guerres et surtout le déclenchement de la 3ème Guerre mondiale

2. La conquête de la démocratie totale dans tous les pays du monde pour éviter les dictatures et les fausses démocraties

3. La prédominance des valeurs de civilisation sur la barbarie dans le monde

4. La conquête du socialisme démocratique dans tous les pays du monde pour remplacer le capitalisme décadent

5. La construction de l’État-providence dans tous les pays du monde pour éliminer les inégalités économiques et sociales

6. L’utilisation rationnelle des ressources naturelles mondiales pour éviter leur dévastation continue

7. La fin du chaos économique et social aux niveaux national et mondial avec l’adoption d’une planification économique rationnelle dans chaque pays et dans le monde

8. L’existence de villes vertes et intelligentes dans tous les pays du monde pour éviter la continuité de villes socialement et écologiquement dégradées

9. Utilisation de la science et de la technologie exclusivement pour le bien de l’humanité afin d’éviter leur utilisation nocive

10. La conquête de l’immortalité par les êtres humains pour contrer l’inévitabilité de la mort

11. La conquête de la survie de l’humanité face aux menaces d’extinction causées par les êtres humains et les forces de la nature existant sur la planète Terre et celles venant de l’espace

12. La conquête du bonheur pour les êtres humains, individuellement et collectivement, que se produira si l’humanité réussit à construire un monde meilleur qui se produira dans tous les quadrants de la Terre.

L’hypothèse est que le monde connaîtrait de nouvelles Lumières en transformant en réalité les 12 utopies planétaires décrites ci-dessus.

Le chapitre 2 du livre présente quoi et comment faire pour que l’utopie de la paix mondiale l’emporte sur les guerres et, surtout, pour empêcher le déclenchement de la 3ème Guerre mondiale. La paix est définie comme l’absence de guerre. Les actions pour parvenir à la paix mondiale ont fait l’objet du Concert des Nations en 1815, de la Société des Nations en 1920 et de l’Organisation des Nations Unies (ONU) en 1945, mais en vain car les guerres continuent et les grandes puissances n’ont pas renoncé à imposer leurs volontés au niveau mondial. L’ONU, créée après la Seconde Guerre mondiale, s’est révélée aussi inopérante que la Société des Nations dans la médiation des conflits internationaux qui l’ont précédée entre les deux guerres mondiales. Pour conjurer définitivement les nouveaux risques d’une nouvelle guerre mondiale et parvenir à une paix perpétuelle sur notre planète, il faudrait réformer le système international actuel, incapable de garantir la paix mondiale avec l’existence d’un gouvernement mondial.

Le chapitre 3 du livre présente quoi et comment faire pour que l’utopie d’une démocratie totale se construise dans tous les pays du monde, en surmontant les dictatures et les fausses démocraties. Dans le monde, seuls 8 % des pays exercent une démocratie totale, tandis que 92 % des pays vivent sous des dictatures et de fausses démocraties. La démocratie représentative dans le monde montre des signes évidents d’épuisement, surtout en décourageant la participation populaire, en réduisant l’activité politique à des processus électoraux répétés périodiquement au cours desquels le peuple élis ses représentants qui, à quelques exceptions près, après les élections, commencent à défendre les intérêts de groupes économiques en opposition aux intérêts de ceux qui les ont élus. Une véritable démocratie représentative est celle dans laquelle l’élu défend les intérêts de la population qui l’a élu et rend systématiquement compte de son mandat à son parti et à l’électorat. Les partis et l’électorat devraient avoir le pouvoir de révoquer le mandat d’un élu en cas de non-respect du programme du parti et de ses promesses électorales ou en cas de mauvais comportement. Pour éliminer les distorsions de la démocratie représentative dans le monde, il est essentiel d’institutionnaliser la démocratie participative avec le recours aux plébiscites ou aux référendums, considérés comme le modèle idéal pour l’exercice du pouvoir politique basé sur le débat public entre dirigeants et citoyens libres dans des conditions de participation égales.

Le chapitre 4 du livre présente quoi et comment faire pour que l’utopie de la prédominance des valeurs civilisationnelles sur la barbarie se réalise dans le monde. La violence montre des signes évidents d’aggravation à l’époque contemporaine et tend à prendre des dimensions catastrophiques à l’avenir. C’est une barbarie élevée au plus haut degré. Le terme barbarie a deux significations distinctes mais liées : la cruauté barbare et l’absence de civilisation. On peut dire que nous vivons dans un monde caractérisé par la barbarie qui fait de l’avènement de la civilisation un impératif avec l’émergence d’un monde nouveau. Le nouveau monde peut signifier un nouvel ordre mondial construit rationnellement par l’humanité pour surmonter la barbarie actuelle qui se traduit par la violence entre les hommes, la catastrophe environnementale et la conflagration mondiale. Les forces vives qui défendent la civilisation doivent se rassembler à travers la planète pour s’opposer aux forces de la barbarie. L’avenir de l’humanité dépend de l’issue de cette confrontation. Il est nécessaire de veiller à ce que le nouvel ordre mondial qui remplace un capitalisme décadent fondé sur la coopération entre les nations et les peuples surmonte la barbarie ambiante.

Le chapitre 5 du livre présente quoi et comment faire pour que l’utopie du socialisme démocratique soit mise en œuvre dans tous les pays du monde pour remplacer le capitalisme décadent. Les faits montrent qu’il n’y a pas de solution aux problèmes qui affligent l’humanité dans le cadre du capitalisme en mettant en œuvre des réformes politiques, économiques, sociales et environnementales. Ce sera la même chose que « essuyer la glace ». Face à la perspective de la fin du système capitaliste mondial au 21ème siècle en raison de la tendance du taux de profit mondial et du taux de croissance de l’économie mondiale à atteindre zéro au milieu du 21ème siècle, l’humanité doit construire un nouveau société qui devrait être le socialisme démocratique visant à créer un environnement de liberté, d’égalité et de fraternité entre les êtres humains pour atteindre leur bonheur, en sauvant les idéaux des Lumières. En admettant la possibilité d’un effondrement du système capitaliste mondial suite à la crise actuelle du milieu du XXIe siècle, il est important d’envisager la possibilité que le socialisme démocratique le remplace au XXIe siècle. Ce socialisme devrait être démocratique, compte tenu de l’échec du socialisme mis en œuvre en Union soviétique et dans d’autres pays caractérisés par des dictatures.

Le chapitre 6 du livre présente quoi et comment faire pour faire de l’utopie de l’État-providence une réalité dans tous les pays du monde afin d’éliminer les inégalités économiques et sociales. L’État providence consiste en un mode d’organisation économique et politique dans lequel l’État agit comme organisateur de l’économie et agent de promotion sociale. Elle agit dans le but de garantir les intérêts des capitalistes propriétaires des moyens de production et de garantir la protection et les services publics au peuple. Avec l’État-providence, l’objectif est de promouvoir la régulation étatique et la création de programmes qui réduisent ou éliminent les injustices sociales inhérentes au capitalisme. Avec l’État providence, l’État intervient dans la direction de l’économie, en la régulant pour générer des emplois et des revenus, empêcher les monopoles et construire des infrastructures, prévenir le travail des enfants et garantir aux travailleurs une assurance chômage et une assistance aux services de santé et de sécurité sociale. L’État providence est considéré comme un moyen de lutter contre les inégalités économiques et sociales, car il favorise l’accès aux services publics pour l’ensemble de la population.

Le chapitre 7 du livre présente quoi et comment faire pour faire de l’utopie de l’utilisation rationnelle des ressources naturelles dans le monde une réalité afin d’éviter leur dévastation continue. L’épuisement des ressources naturelles de la planète et le réchauffement climatique, avec pour conséquence le changement climatique global, sont responsables de la dévastation de la nature qui, à leur tour, contribuent à l’apparition de pandémies pouvant menacer la survie de l’espèce humaine. C’est pour tout cela que la mise en œuvre du modèle de « développement durable » d’un point de vue économique, social et environnemental devient impérative. Une société durable est une société qui satisfait les besoins de la génération actuelle sans diminuer les possibilités des générations futures de satisfaire les leurs.

Le chapitre 8 du livre présente quoi et comment faire pour faire de l’utopie de la fin du chaos économique et social une réalité aux niveaux national et mondial avec l’adoption d’une planification économique rationnelle dans chaque pays et dans le monde. L’échec de la mondialisation néolibérale a été démontré lors de l’éclatement de la crise mondiale de 2008 aux États-Unis. Le système financier international a subi des pertes d’une ampleur que personne n’avait jamais prédit. Le système financier international ne fonctionne plus comme avant. Le modèle néolibéral qui a gouverné le monde au cours des 40 dernières années est mort et il y aura une dépression qui durera de nombreuses années. Face à l’échec du néolibéralisme et à son incapacité à faire face à la crise mondiale du capitalisme, le keynésianisme pourrait être la solution à condition qu’il soit appliqué à l’échelle mondiale, c’est-à-dire qu’il opère dans la planification économique, et pas seulement au niveau national, Le chapitre 6 du livre présente quoi et comment faire pour faire de l’utopie de l’État-providence une réalité dans tous les pays du monde afin d’éliminer les inégalités économiques et sociales. L’État providence consiste en un mode d’organisation économique et politique dans lequel l’État agit comme organisateur de l’économie et agent de promotion sociale. Elle agit dans le but de garantir les intérêts des capitalistes propriétaires des moyens de production et de garantir la protection et les services publics au peuple. Avec l’État-providence, l’objectif est de promouvoir la régulation étatique et la création de programmes qui réduisent ou éliminent les injustices sociales inhérentes au capitalisme. Avec l’État providence, l’État intervient dans la direction de l’économie, en la régulant pour générer des emplois et des revenus, empêcher les monopoles et construire des infrastructures, prévenir le travail des enfants et garantir aux travailleurs une assurance chômage et une assistance aux services de santé et de sécurité sociale. L’État providence est considéré comme un moyen de lutter contre les inégalités économiques et sociales, car il favorise l’accès aux services publics pour l’ensemble de la population.

Le chapitre 9 du livre présente quoi et comment faire pour faire de l’utopie de construire des villes vertes et intelligentes une réalité dans tous les pays du monde afin d’éviter la continuité de villes socialement et écologiquement dégradées. Construire des villes vertes signifie rendre les villes durables. C’est dans les villes que les dimensions sociales, économiques et environnementales du développement durable convergent le plus intensément, ce qui nécessite de les penser, de les gérer et de les planifier selon le modèle de développement durable qui vise à répondre aux besoins actuels de la population de la Terre sans compromettre ses ressources naturelles, en les léguant aux générations futures. Il est également impératif de rendre les villes intelligentes, car la ville est devenue le principal habitat de l’humanité. Pour la première fois dans l’histoire de l’humanité, plus de la moitié de la population mondiale vit dans des villes. Ce nombre, soit 3,9 milliards de personnes, devrait dépasser la barre des 6,4 milliards d’ici 2050. Une grande partie des problèmes environnementaux mondiaux proviennent des villes, ce qui signifie qu’il est difficile d’atteindre la durabilité à l’échelle mondiale sans les rendre intelligentes.

Le chapitre 10 du livre présente quoi et comment faire pour faire de l’utopie de l’utilisation de la science et de la technologie exclusivement pour le bien de l’humanité et non de leur utilisation néfaste une réalité. La science et la technologie non seulement améliorent nos vies, mais elles les rendent également, dans de nombreuses situations, plus dangereuses. La science et la technologie ont commencé à être utilisées à une échelle sans précédent, à la fois pour le bien et pour le mal. La science et la technologie ont contribué à la barbarie des deux guerres mondiales avec l’invention d’armes puissantes et destructrices, notamment la bombe atomique. La thèse selon laquelle la science et la technologie étaient les principaux facteurs responsables du progrès humain a été remise en question par les explosions de bombes atomiques lors de la Seconde Guerre mondiale, à Nagasaki et à Hiroshima. On a commencé à discuter non seulement des côtés positifs apportés par la science et la technologie. La science et la technologie ont également commencé à être considérées comme anti-vie et, dans certaines situations, comme échappant au contrôle humain. Ajoutez à cela le fait que la science a perdu de sa valeur en raison de la désillusion quant aux avantages que la technologie a apportés à l’humanité. Tout ce développement scientifique et technologique a culminé dans l’ère actuelle avec une crise écologique mondiale qui pourrait entraîner un changement climatique mondial catastrophique susceptible de menacer la survie de l’humanité. Cette situation doit être inversée par les gouvernements du monde entier en abandonnant tout ce qui a été produit scientifiquement et technologiquement au détriment des êtres humains et en adoptant des politiques de développement scientifique et technologique positives pour les êtres humains.

Le chapitre 11 du livre présente quoi et comment faire pour faire de l’utopie de l’immortalité des êtres humains une réalité pour contrer l’inévitabilité de la mort. Il existe depuis longtemps une obsession humaine : vaincre la mort. Dans le passé, l’homme cherchait à vaincre la mort à travers les religions. Le vieillissement est un processus biologique parfaitement contrôlable, de la même manière que la science a déjà réussi à combattre de nombreuses maladies auparavant considérées comme incurables. À l’époque contemporaine, les gens ont commencé à croire qu’il serait possible de vaincre la mort grâce à l’utilisation de la science et de la technologie. L’année 2045 marquera le début d’une ère dans laquelle la médecine pourra offrir à l’humanité la possibilité de vivre une époque jamais vue dans l’histoire. Les organes qui ne fonctionnent pas peuvent être échangés contre de meilleurs, créés spécialement pour nous. Des parties du cœur, des poumons et même du cerveau peuvent être remplacées. De minuscules circuits informatiques seront implantés dans le corps pour contrôler les réactions chimiques qui se produisent à l’intérieur des cellules. Nous ne serons qu’à quelques pas de l’immortalité. C’est la prédiction d’un groupe de scientifiques connus pour être à l’avant-garde de la recherche sur des sujets tels que l’informatique, la biologie et la biotechnologie.

Le chapitre 12 du livre présente quoi et comment faire pour faire de l’utopie de la survie de l’humanité une réalité face aux menaces d’extinction causées par les êtres humains et les forces de la nature existant sur la planète Terre et celles venant de l’espace. Ce chapitre présente comment faire face : 1) aux menaces d’extinction de l’humanité causées par les êtres humains et liées au changement climatique mondial, aux pandémies et au déclenchement de la 3ème Guerre mondiale ; 2) les menaces d’extinction de l’humanité causées par les forces de la nature existant sur la planète Terre, qui concernent le refroidissement du noyau de la planète Terre et les éruptions catastrophiques des volcans ; et, 3) les menaces d’extinction de l’humanité causées par les forces de la nature venant de l’espace, qui concernent la collision d’astéroïdes, de comètes ou de morceaux de comètes sur la planète Terre, l’émission de rayons cosmiques, retrait progressif de la Lune en relation avec la Terre, la collision sur la planète Terre de planètes du système solaire et de planètes orphelines ou errantes qui errent dans l’espace, la mort du Soleil, la collision des galaxies d’Andromède et de la Voie Lactée où se trouve la Terre et la fin de l’Univers.

Le chapitre 13 du livre présente quoi et comment faire pour faire de l’utopie du bonheur des êtres humains, individuellement et collectivement, une réalité qui se produira si l’humanité réussit à construire un monde meilleur qui se produira dans tous les quadrants de la Terre. La recherche du bonheur est le moteur central de nos vies. Le bonheur individuel s’obtient grâce à l’auto-éducation. L’éducation est le moyen par lequel les individus seraient en mesure de faire les meilleurs choix dans la vie. L’objectif de l’éducation doit être de faire acquérir à l’individu des compétences, de développer son sens critique, de s’approprier le patrimoine scientifique et culturel historiquement construit par l’humanité, mais, avant tout, elle doit être un instrument pour promouvoir le bonheur personnel et le bonheur collectif de la société où il vit. On peut dire que le bonheur collectif de la population mondiale tout entière se produira si l’humanité réussit à construire un monde meilleur qui se produira dans tous les quadrants de la Terre.

Le chapitre 14 du livre résume les conclusions sur la manière de construire un monde de paix, de progrès et de bonheur pour toute l’humanité en faisant des utopies planétaires visant à construire un monde meilleur proposées dans les chapitres précédents une réalité. Ci-joints 24 textes d’articles que nous avons publiés et qui enrichissent tout ce qui est présenté dans les 14 chapitres de ce livre. Dans chacun des chapitres de ce livre, il y a une indication des sites de la chaîne YouTube de Fernando Alcoforado à travers lesquels le lecteur peut regarder des vidéos correspondant à chaque chapitre. Ce livre cherche donc à présenter notre vision sur la manière de faire des 12 utopies planétaires une réalité et de promouvoir le progrès scientifique, politique, économique et social de l’humanité dans le but de construire un monde meilleur et d’atteindre le bonheur humain individuellement et collectivement.

Pour acheter le livre en anglais, accédez au site Editora CRV :

https://www.editoracrv.com.br/produtos/detalhes/38706-how-to-build-a-world-of-peace-progress-and-happiness-for-all-humanity-brhow-to-realize-planetary-utopias-to-build-a-world-of-peace-progress-and-happiness-for-all-humanity

* Fernando Alcoforado, 84, a reçoit la Médaille du Mérite en Ingénierie du Système CONFEA / CREA, membre de la SBPC – Société Brésilienne pour le Progrès des Sciences, l’IPB – Institut Polytechnique de Bahia et de l’Académie de l’Education de Bahia,, ingénieur de l’École Polytechnique UFBA et docteur en Planification du Territoire et Développement Régional de l’Université de Barcelone, professeur d’Université (Ingénierie, Économie et Administration) et consultant dans les domaines de la planification stratégique, de la planification d’entreprise, planification du territoire et urbanisme, systèmes énergétiques, a été Conseiller du Vice-Président Ingénierie et Technologie chez LIGHT S.A. Entreprise de distribution d’énergie électrique de Rio de Janeiro, coordinatrice de la planification stratégique du CEPED – Centre de recherche et de développement de Bahia, sous-secrétaire à l’énergie de l’État de Bahia, secrétaire à la  planification de Salvador, il est l’auteur de ouvrages Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The  Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da ciência e da tecnologia e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022), est l’auteur d’un chapitre du livre Flood Handbook (CRC Press, Boca Raton, Floride, États-Unis, 2022), How to protect human beings from threats to their existence and avoid the extinction of humanity (Generis Publishing, Europe, Republic of Moldova, Chișinău, 2023), A revolução da educação necessária ao  Brasil na era contemporânea (Editora CRV, Curitiba, 2023), Como construir um mundo de paz, progresso e felicidade para toda a humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2024) et How to build a world of peace, progress and happiness for all humanity (Editora CRV, Curitiba, 2024).

THE NEW ENLIGHTENMENT TO BUILD A WORLD OF PEACE, PROGRESS AND HAPPINESS FOR ALL HUMANITY

Fernando Alcoforado*

This article aims to demonstrate that the political, economic, social and environmental crises that are deepening throughout the world are demanding the advent of a new Enlightenment based on which humanity can live together without wars, there is true political progress that ensures that the fruits of economic and social progress are shared by all inhabitants of the planet without exception and there is the achievement of collective happiness for all humanity. This article also aims to demonstrate that the new Enlightenment is proposed in the book we wrote “How to Build a World of Peace, Progress and Happiness for All Humanity”, recently published by Editora CRV in Curitiba in its Portuguese and English versions, because it points out what and how to do to overcome the gigantic problems that have affected humanity for centuries, making the construction of an ideal, imaginary, perfect society a reality, and therefore considered utopian and unattainable by many.

The world is facing several crises in the contemporary era. With each passing day, these crises deepen in the political, economic, social and environmental areas, whether at national or global levels. However, the greatest crisis experienced by humanity today is the intellectual crisis of thought, which constitutes the main obstacle to overcoming other crises and building a new society centered on real economic, political, social and environmental progress. The intellectual crisis of thought in the contemporary era is what makes the world we live in function chaotically, like a ship adrift towards disaster. The catastrophic scenario that looms for the future of humanity places on the agenda the need for a new Enlightenment to impose itself on the world to order political, economic, social and environmental life in the present and in the future.

1. The advent of the Enlightenment in the 18th century

The Middle Ages is the name given to the period of human history between the years 476, with the end of the Roman Empire in Western Europe, and 1453, when the fall of Constantinople occurred and marked the end of the Byzantine Empire. Enlightenment thinkers of the 18th century called the Middle Ages the “Dark Ages” because they believed that this period of human history was marked by ignorance, obscurantism, and intellectual repression. The Middle Ages have always been associated with backwardness, a time of “darkness” in knowledge, little freedom, and restricted circulation of ideas. The “Dark Ages” was the term adopted by Enlightenment thinkers to describe the Middle Ages as a time of ruin and scourge, that is, a time that lies between the glory of Antiquity and the height of Modernity.

In the 18th century, several thinkers began to mobilize around the defense of ideas that guided the renewal of practices and institutions in force throughout Europe. Raising philosophical questions that addressed the condition and happiness of man, the Enlightenment movement systematically attacked everything that was considered contrary to the pursuit of happiness, justice and social equality. The Enlightenment movement was based on the belief in the power of reason and progress, in freedom of thought and in political emancipation. The Enlightenment was a global, philosophical, political, social, economic and cultural movement that defended the use of reason as the best way to achieve freedom, autonomy and political emancipation.

The Enlightenment of the 18th century used values from classical science to forge a new worldview based on the equality of all. With the Enlightenment, an optimistic view of the world began to emerge, in which progress could not be halted as long as man had full use of his rationality. Natural rights, respect for diversity of ideas and social justice should promote the improvement of the human condition. Offering these ideas, the Enlightenment motivated the bourgeois revolutions in France and throughout the world in the 18th century that brought about the end of the Ancien Régime and the establishment of liberal doctrines that have predominated in the world until the contemporary era.

The Enlightenment provided the motto of the French Revolution (Liberty, Equality and Fraternity) and fertilized it as its followers opposed injustices, religious intolerance and the privileges of monarchical absolutism. However, from the French Revolution to the present day, the political promises of the Enlightenment have been abandoned throughout the world with the adoption of increasingly sophisticated inhumane practices by governments and imperialists by the great capitalist powers, the outbreak of 3 world wars (World War I, World War II and the Cold War), the advent of fascism and Nazism in the 20th century and neo-fascism in the contemporary era, the carrying out of military interventions by the great powers and the carrying out of coups d’état in several countries around the world to maintain privileges.

2. The Enlightenment and the advent of Modernity in the 18th, 19th and 20th centuries

Modernity was born with the 1st Industrial Revolution that occurred in 1876 in England, representing an extraordinary intellectual effort by Enlightenment thinkers to develop science and reason and discover universal laws to be put at the service of humanity. With the 1st Industrial Revolution, science and technology acquired fundamental importance for human progress, through continuous technological innovations. The Enlightenment idea was to use the accumulation of knowledge generated in the search for human happiness and the enrichment of daily life.

Modernity is generally associated with the 2nd Industrial Revolution that occurred in the 19th and 20th centuries resulting from socioeconomic transformations with the industrialization of England, France, Germany, Italy, the United States and Japan, characterized especially by the development of new energy sources (electricity and oil), the replacement of iron by steel and the emergence of new machines, tools and chemical products (such as plastic). Between 1909, when Henry Ford created the assembly line and inaugurated mass production, and the end of the 20th century, almost all industries became mechanized and automation extended to all manufacturing sectors.

In the contemporary era, Modernity deepened with the advent of the 3rd and 4th Industrial Revolutions. The 3rd Industrial Revolution that occurred in the 1970s was a technical-scientific revolution inspired by Toyotism, whose characteristics were developed by engineers at Toyota, the Japanese automobile industry, whose method consisted of abolishing the role of specialized professional workers and making them multifunctional specialists. The characteristic technology of this period is microelectronics, information technology, CNC machines (Computerized Numerical Control), robots, systems integrated with telematics (computerized telecommunications) and biotechnology.

The 4th Industrial Revolution or Industry 4.0 is characterized by the integration of so-called cyber-physical production systems, in which intelligent sensors tell machines how to process their work. Processes must be governed in a decentralized modular system. Intelligent production systems begin to work together, communicating wirelessly, either directly or via a “cloud” on the Internet (Internet of Things or IoT). Rigid centralized factory control systems are now giving way to decentralized intelligence, with machine-to-machine (M2M) communication on the factory floor. This is the vision of Industry 4.0 of the 4th Industrial Revolution.

The future trend is for unemployment and extreme poverty to worsen with the widespread use of artificial intelligence in production processes. The ongoing technological advances based on artificial intelligence will have a negative impact on the world of work because they could lead to the end of employment and a consequent drop in demand for goods and services. The impact of artificial intelligence on society would be devastating, with mass unemployment resulting from its widespread use. With the advent of Artificial Superintelligence, a wide range of consequences could occur, including extremely good consequences and consequences as bad as the extinction of the human species if it turns against human beings. Artificial Superintelligence could represent the extinction of the human race, because technologies develop at such a dizzying pace that they could become uncontrollable to the point of putting humanity in danger.

Modernity is identified with the belief in progress and the ideals of the Enlightenment. However, the evolution of Modernity was marked by events that negatively affected today’s society. The main one was undoubtedly the catastrophes of World Wars I and II. In fact, science and technology contributed to the barbarity of two world wars with the invention of powerful and destructive weapons of war. Science and technology began to be used on an unprecedented scale both for the good and for the bad of humanity. All this scientific and technological development culminated in the current era with a global ecological crisis and global warming that could result in catastrophic global climate change that could threaten the survival of humanity. In this sense, one can doubt the real benefits brought by scientific and technological progress with the advent of Modernity.

3. The political failure of the Enlightenment and the advent of Marxism in the 19th century

The political failure of the Enlightenment paved the way for the advent of Marxist ideology throughout the world, which proposed to take a step forward in relation to the Enlightenment theses by seeking the end of economic inequalities between social classes and the exploitation of man by man until its complete abolition with the establishment of communism in the future. The facts of history demonstrate that the Enlightenment theses that guided the bourgeois revolutions in the 18th century and the Marxism based on which the socialist revolutions were carried out in the 20th century failed because they did not fulfill their historical promises of achieving human happiness and economic progress shared by all.

The end of socialism in the Soviet Union and in the countries of Eastern Europe, the failure of economic development in Cuba and North Korea, and China’s abandonment of socialism based on the Soviet model, with the adoption of a hybrid economy of capitalism and socialism with state capitalism, demonstrate the unviability of the Soviet socialist model. In order to evolve towards a communist society advocated by Marx, it is necessary to go through an intermediate stage of mixed economy along the lines of the social democracy of the Scandinavian countries. The communism advocated by Marx can only be built throughout the planet when there is a Welfare State in each country and the world achieves economic, social and political integration with the existence of a world government that ensures the ordering of the global economy to avoid the current chaos, the ordering of international relations to avoid wars and ensure world peace and the ordering of the global environment to avoid the degradation of nature.

4. The political failure of the Enlightenment and Marxism and the advent of Post-Modernity in the 20th century

The political failure of the Enlightenment and Marxism in achieving progress for humanity and achieving happiness for human beings paved the way for the advent of Post-Modernity, which represents a cultural reaction to the loss of confidence in the universal potential of the Enlightenment and Marxist project of society. Post-modernity means a reaction to that which is modern. In Postmodernity, the world built on durable objects was replaced by that of products available and designed for immediate obsolescence and disposal. Postmodernity can be characterized as a reaction against the way in which the ideals of Modernity developed historically, associated with the loss of optimism and confidence in the universal potential of the Enlightenment and Marxist project. It is also configured as a rejection of the attempt to colonize other spheres of human life by science and technology.

In the contemporary era, reason and science entered a deep crisis with the defeat of the paradigms of the Enlightenment and Marxism in the second half of the 20th century, which were replaced by the new paradigm of Postmodernity, which, according to its ideologists, there are no truths. After realizing that all previous systems were wrong, postmodernism reached the tragic conclusion that nothing can be known. Postmodernists do not believe in reason. For postmodernists, even science would be just one among many ways of knowing reality, without having anything to do with the truth.

Postmodern thought converges with the nihilism of the German philosopher Friedrich Nietzsche, the philosopher of Nazi Germany, who in his work, The Will to Power (Petrópolis: Editora Vozes, 2011), stated that the solution to the crisis lay in the rejection of reason and the return of the prophets, who should, not through reason but through determination, establish new values that would guide the people and build new civilizations. If Friedrich Nietzsche’s nihilistic thought prevails, humanity will inevitably head towards an economic, political, social and environmental disaster that could threaten its survival. The great challenge for men and women of thought in the contemporary era is to reinvent the Enlightenment in line with current times so that it can indicate the paths that humanity must follow in order to build a better world.

The disappearance in today’s world of the last reserves of critical rationality advocated by the Enlightenment and Marxism has paved the way for Postmodernity, which represents a gigantic threat to the progress of humanity. Given this fact, it is an immense challenge for contemporary thinkers to establish new paradigms and new values of rational behavior to be formulated for human society in the current era, aiming to defeat the nefarious political and ideological influence of Post-Modernity. Contemporary thinkers need to mobilize themselves in the reinvention of a new Enlightenment project, as did the thinkers of the 18th century, aiming to build a new world that will bring an end to humanity’s ordeal.

5. How to build the Enlightenment of the 21st Century

We need a new Enlightenment for the 21st century. The protection of all forms of life and the planet must be at the center of this new thinking. The only progress that is humanly relevant is that which truly contributes to the well-being of all human beings and the preservation of nature, which the automatisms of economic growth are not enough to ensure. Progress, in this sense, should not be seen as a spontaneous donation of technology, but as an intentional construction by which men decide what should be produced, how and for whom, avoiding as much as possible the social and ecological costs of wild industrialization. This progress cannot depend on isolated business decisions, as advocated by the ideologues of neoliberalism, nor on the bureaucratic guidelines of a centralizing State, as advocated by the ideologues of socialism in the Soviet model, but rather on impulses emanating from democratic society itself.

The Enlightenment of the 21st century maintains its faith in science, but knows that it needs to be socially controlled and that scientific and technological research needs to obey the purposes and values established on the basis of social consensus, so that it does not become a blind force at the service of war and domination. The Enlightenment of the 21st century takes as its most valuable banner the doctrine of human rights, without ignoring the fact that in most of humanity only profound social and political reforms can ensure their effective enjoyment. It fights illegitimate power, aware that it is not only located in the tyrannical State, but also in society, where it has become invisible and total, molecular and diffuse, imprisoning the individual in its meshes as securely as in the era of the absolute monarchy. The Enlightenment of the 21st century fights relentlessly for freedom and against oppression of any kind. It seeks to build a new world order that is capable of organizing not only the relationships between people on the face of the Earth, but also their relationships with nature, and to draw up a planetary social contract that enables economic and social development and the rational use of natural resources for the benefit of all humanity.

The construction of a new Enlightenment could be achieved by putting into practice the proposals in the 348-page book we wrote, published in Portuguese and English, entitled HOW TO BUILD A WORLD OF PEACE, PROGRESS AND HAPPINESS FOR ALL HUMANITY and subtitled How to realize planetary utopias to build a world of peace, progress and happiness for all humanity. The premise established is that the new Enlightenment could be put into practice if the great planetary utopias are realized, aiming at the construction of a world of peace, progress and happiness for all humanity. Planetary utopias can be understood as the idea of an ideal, imaginary, perfect society and, therefore, considered by many to be unattainable.

In this book, 12 planetary utopias were considered that need to be realized in order to build a world of peace, progress and happiness for all humanity, described below:

1. The achievement of world peace to avoid new wars and, above all, the outbreak of World War III

2. The achievement of full democracy in all countries of the world to avoid dictatorships and false democracies

3. The prevalence of the values of civilization over barbarism in the world

4. The achievement of democratic socialism in all countries of the world to replace decadent capitalism

5. The construction of the Welfare State in all countries of the world to eliminate economic and social inequalities

6. The rational use of natural resources in the world to avoid their continued devastation

7. The end of economic and social chaos at the national and global levels with the adoption of rational economic planning in each country and worldwide

8. The existence of green and smart cities in all countries of the world to avoid the continuation of socially and environmentally degraded cities

9. Use of science and technology exclusively for the good of humanity to avoid its harmful use

10. The conquest of immortality for human beings to counter the inevitability of death

11. The conquest of humanity’s survival in the face of threats to its extinction caused by human beings and the forces of nature existing on planet Earth and those coming from space

12. The conquest of happiness for human beings, individually and collectively, which will occur if humanity is successful in building a better world that will occur in all quadrants of the Earth.

The assumption is that the world would experience a new Enlightenment by making the 12 planetary utopias described above a reality.

Chapter 2 of the book presents what and how to do so that the utopia of world peace prevails over wars and, above all, to prevent the outbreak of World War III. Peace is defined as the absence of war. Actions to achieve world peace were the subject of the Concert of Nations in 1815, the League of Nations in 1920 and the United Nations (UN) in 1945, but they were in vain because wars continue and the great powers have not given up imposing their will on the world stage. The UN, which was created after World War II, has proven to be as ineffective as the League of Nations in mediating international conflicts that preceded it between the two Great Wars. To definitively eliminate the risk of a new world war and to achieve perpetual peace on our planet, it would be necessary to reform the current international system, which is incapable of guaranteeing world peace with the existence of a world government.

Chapter 3 of the book presents what and how to do so that the utopia of full democracy can be built in all countries of the world, overcoming dictatorships and false democracies. In the world, only 8% of countries exercise full democracy, while 92% of countries live under dictatorships and false democracies. Representative democracy in the world shows clear signs of exhaustion, especially by discouraging popular participation, reducing political activity to electoral processes that are repeated periodically in which the people elect their representatives who, with few exceptions, after the elections begin to defend the interests of economic groups in opposition to the interests of those who elected them. A true representative democracy is one in which the elected official defends the interests of the population that elected him and systematically reports on his mandate to his party and the electorate. Parties and the electorate should have the power to revoke the mandate of an elected official in the event of failure to comply with the party program and its electoral promises, or due to misconduct. In order to eliminate the distortions of representative democracy in the world, it is essential to institutionalize participatory democracy with plebiscites or referendums, considered the ideal model for exercising political power based on public debate between rulers and free citizens on equal terms of participation.

Chapter 4 of the book presents what and how to do so that the utopia of the prevalence of civilizational values over barbarism can occur in the world. Violence is showing clear signs of worsening in the contemporary era and is likely to assume catastrophic dimensions in the future. It is barbarism raised to the highest degree. The term barbarism has two distinct but interconnected meanings: barbarian cruelty and lack of civilization. It can be said that we live in a world characterized by barbarism that is making the advent of civilization with the emergence of a new world an imperative. The new world could mean a new world order rationally built by humanity to overcome the current barbarity expressed in violence between men, environmental catastrophe and global conflagration. The living forces defending Civilization need to come together across the planet to oppose the forces of Barbarity. The future of humanity depends on the outcome of this confrontation. It is necessary to ensure that the new world order that replaces decadent capitalism based on cooperation between nations and peoples overcomes the prevailing barbarity.

Chapter 5 of the book presents what and how to do so that the utopia of democratic socialism is implemented in all countries of the world to replace decadent capitalism. The facts of reality show that there is no solution to the problems that afflict humanity within the framework of capitalism by carrying out political, economic, social and environmental reforms. It will be the same as “mopping up ice”. Given the prospect of the end of the global capitalist system in the 21st century due to the tendency for the global profit rate and the growth rate of the global economy to reach zero by the middle of the 21st century, humanity needs to build a new society that should be democratic socialism, with the aim of creating an environment of freedom, equality and fraternity among human beings so that they can achieve their happiness, rescuing the ideals of the Enlightenment. Admitting the possibility of the collapse of the global capitalist system because of the current crisis in the middle of the 21st century, it is important to consider the possibility that democratic socialism will replace it in the 21st century. This socialism would have to be democratic, given the failure of socialism implemented in the Soviet Union and other countries that were characterized by dictatorships.

Chapter 6 of the book presents what and how to do to make the utopia of the Welfare State a reality in all countries of the world to eliminate economic and social inequalities. The Welfare State consists of a form of economic and political organization in which the State acts as an organizer of the economy and an agent of social promotion. It acts with the aim of ensuring the interests of the capitalists who own the means of production and guaranteeing protection and public services to the people. The Welfare State seeks to promote state regulation and the creation of programs that reduce or eliminate the social injustices inherent to capitalism. With the Welfare State, the State interferes in the direction of the economy, regulating it to generate employment and income, prevent monopolies and build infrastructure, prevent child labor and ensure unemployment insurance and assistance to workers in health and social security services. The Welfare State is seen as a way to combat economic and social inequalities, as it promotes access to public services for the entire population.

Chapter 7 of the book presents what and how to do to make the utopia of the rational use of natural resources in the world a reality to prevent their continued devastation. The exhaustion of the planet’s natural resources and global warming with the consequent global climate change are responsible for the devastation of nature, which in turn contributes to the occurrence of pandemics that can threaten the survival of the human species. It is for all these reasons that it becomes imperative to implement the “sustainable development” model from an economic, social and environmental point of view. A sustainable society is one that meets the needs of the current generation without diminishing the possibilities of future generations to meet theirs.

Chapter 8 of the book presents what and how to do to make the utopia of the end of economic and social chaos a reality at the national and global levels with the adoption of rational economic planning in each country and worldwide. The failure of neoliberal globalization was seen in the outbreak of the 2008 global crisis that began in the United States. The international financial system suffered losses on a scale that no one could have predicted. The international financial system no longer functions as it did before. The neoliberal model that governed the world for the last 40 years is dead, and there will be a depression that will last for many years. Given the failure of neoliberalism and its inability to deal with the global crisis of capitalism, Keynesianism could be the solution, provided that it were applied globally. That is, it would operate in economic planning, not only at the national level to achieve economic stability and full employment of factors in each country, but also at the global level to eliminate the global economic chaos that currently prevails with neoliberalism. With global Keynesianism, there would be the coordination of Keynesian economic policies on a global level that could only be achieved with the existence of a world government. This would be the way to achieve stability in the global economy and eliminate the chaos that characterizes the neoliberal globalization that currently dominates the world.

Chapter 9 of the book presents what and how to do to make the utopia of building green and smart cities a reality in all countries of the world to avoid the continuation of socially and environmentally degraded cities. Building green cities means making cities sustainable. It is in cities that the social, economic and environmental dimensions of sustainable development converge most intensely, making it necessary for them to be thought of, managed and planned according to the sustainable development model that aims to meet the current needs of the Earth’s population without compromising its natural resources, bequeathing them to future generations. It is also an imperative need to make cities smart because cities have become the main habitat of humanity. For the first time in human history, more than half of the world’s population lives in cities. This number, 3.9 billion people, is expected to surpass the 6.4 billion mark by 2050. A large part of global environmental problems originate in cities, which makes it difficult to achieve their sustainability at a global level without making them smart.

Chapter 10 of the book presents what and how to do to make the utopia of using science and technology exclusively for the good of humanity and not for their harmful use a reality. Science and technology are not only shaping our lives for the better, but also, in many situations, making them more dangerous. Science and technology have come to be used on an unprecedented scale for both good and evil. Science and technology contributed to the barbarity of two world wars with the invention of powerful and destructive weapons of war, especially the atomic bomb. The thesis that science and technology were the primary factors responsible for human progress was called into question by the explosions of the atomic bombs in Nagasaki and Hiroshima during World War II. There began to be a discussion not only about the positive side provided by science and technology. Science and technology also began to be seen as anti-life and, in certain situations, as beyond human control. Add to this the fact that science has lost its value as a result of disillusionment with the benefits that technology has brought to humanity. All this scientific and technological development has culminated in the current era in a global ecological crisis that could result in catastrophic global climate change that could threaten the survival of humanity. This situation needs to be reversed by governments around the world by abandoning everything that has been produced scientifically and technologically to the detriment of human beings and adopting scientific and technological development policies that are positive for human beings.

Chapter 11 of the book presents what and how to do to make the utopia of achieving immortality a reality for human beings to counter the inevitability of death. Humans have long been obsessed with overcoming death. In the past, man sought to overcome death through religion. Aging is a biological process that can perfectly well be controlled, in the same way that science has already managed to combat many diseases that were previously considered incurable. In the contemporary era, it has become believed that it would be possible to overcome death with the use of science and technology. The year 2045 will mark the beginning of an era in which medicine will be able to offer humanity the possibility of living for a time never seen before in history. Organs that are not functioning can be replaced with better ones, created especially for us. Parts of the heart, lungs and even the brain can be replaced. Tiny computer circuits will be implanted in the body to control chemical reactions that occur inside cells. We will be just a few steps away from immortality. This is the prediction of a group of scientists known for being at the forefront of research that permeates subjects such as computer science, biology and biotechnology.

Chapter 12 of the book presents what and how to do to make the utopia of achieving humanity’s survival a reality in the face of threats to its extinction caused by human beings and the forces of nature existing on planet Earth and those coming from space. This chapter presents how to deal with: 1) threats to the extinction of humanity caused by human beings, which concern global climate change, pandemics and the outbreak of World War III; 2) threats to the extinction of humanity caused by the forces of nature existing on planet Earth, which concern the cooling of the planet Earth’s core and the catastrophic eruption of volcanoes; and, 3) threats to the extinction of humanity caused by the forces of nature coming from space, which concern the collision of asteroids, comets or pieces of comets with planet Earth, the emission of cosmic rays, the progressive distancing of the Moon from Earth, the collision of planets of the solar system and orphaned or wandering planets that wander in outer space with planet Earth, the death of the Sun, the collision of the Andromeda and Milky Way galaxies where Earth is located and the end of the Universe.

Chapter 13 of the book presents what and how to do to make the utopia of achieving happiness for human beings, individually and collectively, a reality, which will occur if humanity is successful in building a better world that will happen in all quadrants of the Earth. The search for happiness is the central driving force of our lives. Individual happiness is achieved through self-education. Education is the means through which people would be able to make the best choices in life. The purpose of Education should be to make the individual acquire skills, develop critical thinking, take possession of the scientific and cultural heritage historically built by humanity, but, above all, it should be an instrument to promote one’s own happiness and the collective happiness of the society in which one lives. It can be said that the collective happiness of the entire world population will occur if humanity is successful in building a better world that will happen in all quadrants of the Earth.

Chapter 14 of the book summarizes the conclusions on how to build a world of peace, progress and happiness for all humanity by making the planetary utopias proposed in the previous chapters a reality, aiming to build a better world. Attached are 24 texts of articles that we have published that enrich everything presented in the 14 chapters of this book. In each of the chapters of this book, there is an indication of the websites of the Fernando Alcoforado YouTube channel through which the reader can watch videos corresponding to each chapter. This book therefore seeks to present our vision on how to make the 12 planetary utopias a reality and promote the scientific, political, economic and social progress of humanity with the purpose of building a better world and achieving human happiness individually and collectively.

To purchase the book, access the Editora CRV website:

https://www.editoracrv.com.br/produtos/detalhes/38706-how-to-build-a-world-of-peace-progress-and-happiness-for-all-humanity-brhow-to-realize-planetary-utopias-to-build-a-world-of-peace-progress-and-happiness-for-all-humanity

* Fernando Alcoforado, awarded the medal of Engineering Merit of the CONFEA / CREA System, member of the SBPC- Brazilian Society for the Progress of Science, IPB- Polytechnic Institute of Bahia and of the Bahia Academy of Education, engineer from the UFBA Polytechnic School and doctor in Territorial Planning and Regional Development from the University of Barcelona, college professor (Engineering, Economy and Administration) and consultant in the areas of strategic planning, business planning, regional planning, urban planning and energy systems, was Advisor to the Vice President of Engineering and Technology at LIGHT S.A. Electric power distribution company from Rio de Janeiro, Strategic Planning Coordinator of CEPED- Bahia Research and Development Center, Undersecretary of Energy of the State of Bahia, Secretary of Planning of Salvador, is the author of the books Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da ciência e da tecnologia e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022), a chapter in the book Flood Handbook (CRC Press,  Boca Raton, Florida United States, 2022), How to protect human beings from threats to their existence and avoid the extinction of humanity (Generis Publishing, Europe, Republic of Moldova, Chișinău, 2023), A revolução da educação necessária ao Brasil na era contemporânea (Editora CRV, Curitiba, 2023), Como construir um mundo de paz, progresso e felicidade para toda a humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2024) and How to build a world of peace, progress and happiness for all humanity (Editora CRV, Curitiba, 2024).

O NOVO ILUMINISMO PARA CONSTRUIR UM MUNDO DE PAZ, PROGRESSO E FELICIDADE PARA TODA A HUMANIDADE

Fernando Alcoforado*

Este artigo tem o objetivo de demonstrar que as crises política, econômica, social e ambiental, que se aprofundam em todo o mundo, estão a exigir o advento de um novo Iluminismo com base no qual a humanidade possa conviver sem guerras, haja verdadeiro progresso político que assegure que os frutos do progresso econômico e social sejam compartilhados por todos os habitantes do planeta sem exceção e haja a conquista da  felicidade coletiva para toda a humanidade. Este artigo visa demonstrar, também, que o novo Iluminismo está proposto no livro de nossa autoria Como construir um mundo de paz, progresso e felicidade para toda a humanidade”, publicado recentemente pela Editora CRV de Curitiba em suas versões em português e  inglês, porque ele aponta o que e como fazer para superar os gigantescos problemas que afetam a humanidade há séculos tornando realidade a construção de uma sociedade ideal, imaginária, perfeita e, por isso, considerada utópica e inalcançável .

O mundo se defronta na era contemporânea com várias crises. A cada dia que se passa, essas crises se aprofundam nas áreas política, econômica, social e ambiental, seja nos planos nacionais, seja em escala planetária. Mas, a maior crise vivida hoje pela humanidade é a crise intelectual do pensamento que se constitui no principal obstáculo à superação das demais crises e à construção de uma nova sociedade centrada no real progresso econômico, político, social e ambiental. A crise intelectual do pensamento da era contemporânea é que faz com que o mundo em que vivemos funcione de forma caótica como uma nave à deriva rumo ao desastre.  O cenário catastrófico que se vislumbra para o futuro da humanidade coloca na ordem do dia a necessidade de que um novo Iluminismo se imponha no mundo para ordenar a vida política, econômica, social e ambiental no presente e no futuro.

1.     O advento do Iluminismo no século XVIII

A Idade Média é o nome dado ao período da história da humanidade entre os anos 476 com o fim do Império Romano na Europa Ocidental e 1453 quando ocorreu a queda de Constantinopla e marcou o fim do Império Bizantino. Os pensadores iluministas do século XVIII chamavam a Idade Média de “Idade das Trevas” porque acreditavam que este período da história da humanidade foi marcado pela ignorância, obscurantismo e repressão intelectual. A Idade Média sempre esteve associada ao atraso, a uma época de “trevas” no conhecimento, de pouca liberdade e de restrita circulação de ideias. A “Idade das Trevas” foi o termo adotado pelos pensadores iluministas para denominar a Idade Média como um tempo de ruína e flagelo, isto é, um tempo que está entre a glória da Antiguidade e o apogeu da Modernidade.

No século XVIII, vários pensadores começaram a se mobilizar em torno da defesa de ideias que pautavam a renovação de práticas e instituições vigentes em toda Europa. Levantando questões filosóficas que pensavam a condição e a felicidade do homem, o movimento iluminista atacou sistematicamente tudo o que era considerado contrário à busca da felicidade, da justiça e da igualdade social. O movimento iluminista foi baseado na crença do poder da razão e do progresso, na liberdade de pensamento e na emancipação política.  O Iluminismo foi um movimento global, filosófico, político, social, econômico e cultural, que defendia o uso da razão como o melhor caminho para se alcançar a liberdade, a autonomia e a emancipação política.

O Iluminismo do século XVIII usou valores da ciência clássica para forjar uma nova visão de mundo, baseada na igualdade de todos. Com o iluminismo passou-se a ter uma visão otimista do mundo que não teria como interromper seu progresso na medida em que o homem contava com o pleno uso de sua racionalidade. Os direitos naturais, o respeito à diversidade de ideias e a justiça social deveriam promover a melhoria da condição humana. Oferecendo essas ideias, o Iluminismo motivou as revoluções burguesas na França e em todo o mundo no século XVIII que trouxeram o fim do Antigo Regime e a instalação de doutrinas de caráter liberal que predominam no mundo até a era contemporânea.

O Iluminismo forneceu o lema da Revolução Francesa (Liberdade, Igualdade e Fraternidade) e fecundou-a na medida em que seus seguidores se opunham às injustiças, à intolerância religiosa e aos privilégios do absolutismo monárquico. No entanto, desde a Revolução Francesa até o presente momento, as promessas políticas do Iluminismo foram abandonadas em todo o mundo com a adoção de práticas desumanas cada vez mais sofisticadas pelos governos e imperialistas pelas grandes potências capitalistas, o desencadeamento de 3 guerras mundiais (1ª Guerra Mundial, 2ª Guerra Mundial e a Guerra Fria), o advento do fascismo e do nazismo no século XX e do neofascismo na era contemporânea, a realização de intervenções militares pelas grandes potências e realização de golpes de estado em vários países do mundo para a manutenção dos privilégios.

2.     O Iluminismo e o advento da Modernidade nos séculos XVIII, XIX e XX

A Modernidade nasceu com a 1ª Revolução Industrial ocorrida em 1876 na Inglaterra significando um extraordinário esforço intelectual dos pensadores iluministas para desenvolver a ciência e a razão e descobrir as leis universais para serem postas a serviço da humanidade. Com a 1ª Revolução Industrial, a ciência e a tecnologia adquiriram uma importância fundamental para o progresso humano, mediante as contínuas inovações tecnológicas. A ideia iluminista era usar o acúmulo de conhecimento gerado em busca da felicidade humana e do enriquecimento da vida diária.

A Modernidade está geralmente associada à 2ª Revolução Industrial ocorrida nos séculos XIX e XX resultante de transformações socioeconômicas com a industrialização da Inglaterra, da França, da Alemanha, da Itália, dos Estados Unidos e do Japão, caracterizadas especialmente pelo desenvolvimento de novas fontes de energia (eletricidade e petróleo), pela substituição do ferro pelo aço e pelo surgimento de novas máquinas, ferramentas e produtos químicos (como o plástico). Entre 1909, quando Henry Ford criou a linha de montagem e inaugurou a produção em série, e o final do século XX, quase todas as indústrias se mecanizaram e a automação se estendeu a todos os setores fabris.

Na era contemporânea, a Modernidade se aprofundou com o advento da 3ª e da 4ª Revolução Industrial. A 3ª Revolução Industrial ocorrida na década de 1970 é técnico-científica inspirada no Toyotismo, cujas características foram desenvolvidas pelos engenheiros da Toyota, indústria automobilística japonesa, cujo método consistiu em abolir a função de trabalhadores profissionais especializados para torná-los especialistas multifuncionais. A tecnologia característica desse período é a microeletrônica, a informática, a máquina CNC (Controle Numérico Computadorizado), o robô, o sistema integrado à telemática (telecomunicações informatizadas) e a biotecnologia.

A 4ª Revolução Industrial ou Indústria 4.0 é caracterizada pela integração dos chamados sistemas ciberfísicos de produção, nos quais sensores inteligentes informam às máquinas como devem ser processadas. Os processos devem governar-se em um sistema modular descentralizado. Os sistemas de produção inteligentes começam a trabalhar juntos, comunicando-se sem fio, seja diretamente ou por meio de uma “nuvem” na Internet (Internet das Coisas ou Internet das Coisas ou IoT). Os sistemas rígidos de controle centralizado de fábrica agora dão lugar à inteligência descentralizada, com comunicação máquina a máquina (M2M) no chão de fábrica. Essa é a visão da Indústria 4.0 da 4ª Revolução Industrial.

A tendência futura é a de agravamento do desemprego e da pobreza extrema com o uso abrangente da inteligência artificial nos processos produtivos. O avanço tecnológico em curso baseado na inteligência artificial impactará negativamente sobre o mundo do trabalho porque poderá levar ao fim do emprego e a consequente queda na demanda de bens e serviços. O impacto da inteligência artificial sobre a sociedade seria devastador com o desemprego em massa resultante de sua utilização em larga escala. Com o advento da Superinteligência Artificial, uma ampla gama de consequências poderá ocorrer, incluindo consequências extremamente boas e consequências tão ruins quanto a extinção da espécie humana se ela se voltar contra os seres humanos. A Superinteligência Artificial pode representar a extinção da raça humana, porque as tecnologias se desenvolvem em um ritmo tão vertiginoso que elas se poderão se tornar incontroláveis ao ponto de colocar a humanidade em perigo.

A Modernidade é identificada com a crença no progresso e nos ideais do Iluminismo. Entretanto, a evolução da Modernidade foi marcada por eventos que marcaram negativamente a sociedade atual. O principal deles foi sem dúvida às catástrofes da I e da II Guerra Mundial. Na verdade, a ciência e a tecnologia contribuíram para a barbárie de duas guerras mundiais com a invenção de armamentos bélicos poderosos e destrutivos. A ciência e a tecnologia passaram a ser utilizadas numa escala sem precedentes tanto para o bem como para o mal da humanidade. Todo esse desenvolvimento científico e tecnológico culminou na era atual com uma crise ecológica mundial e o aquecimento global que pode resultar em uma mudança climática catastrófica global que pode ameaçar a sobrevivência da humanidade. Nesse sentido pode-se duvidar dos reais benefícios trazidos pelo progresso científico e tecnológico com o advento da Modernidade.

3.     O fracasso político do Iluminismo e o advento do Marxismo no século XIX

O fracasso político do Iluminismo abriu caminho para o advento da ideologia marxista em todo o mundo que se propunha a dar um passo à frente em relação às teses iluministas buscando o fim das desigualdades econômicas entre as classes sociais e da exploração do homem pelo homem até sua completa abolição com a implantação do comunismo no futuro. Os fatos da história demonstram que as teses iluministas que nortearam as revoluções burguesas no século XVIII e o Marxismo com base nas quais foram realizadas as revoluções socialistas no século XX fracassaram porque não cumpriram suas promessas históricas de conquista da felicidade humana e do progresso econômico compartilhado por todos.

O fim do socialismo na União Soviética e nos países da Europa Oriental, o fracasso do desenvolvimento econômico em Cuba e na Coréia do Norte e o abandono pela China do socialismo baseado no modelo soviético, com a adoção de uma economia híbrida de capitalismo e socialismo com o capitalismo de estado, demonstram a inviabilidade do modelo socialista soviético. Para evoluir em direção a uma sociedade comunista defendida por Marx, é necessário passar por um estágio intermediário de economia mista nos moldes da social-democracia dos países escandinavos. O comunismo preconizado por Marx só poderá ser construído em todo o planeta quando existir o Estado de Bem-Estar Social em cada país e o mundo alcançar a integração econômica, social e política com a existência de um governo mundial que assegure o ordenamento da economia global para evitar o caos atual, o ordenamento nas relações internacionais para evitar as guerras e assegurar a paz mundial e o ordenamento do meio ambiente global para evitar a degradação da natureza.

4.     O fracasso político do Iluminismo e do Marxismo e o advento do Pós-Modernidade no século XX

O fracasso político do Iluminismo e do Marxismo na realização do progresso da humanidade e na conquista da felicidade para os seres humanos abriu caminho para o advento da Pós-Modernidade que representa uma reação cultural à perda de confiança no potencial universal do projeto iluminista e marxista de sociedade. A Pós-modernidade significa uma reação àquilo que é moderno. Na Pós- Modernidade, o mundo construído de objetos duráveis foi substituído pelo de produtos disponíveis e projetados para imediata obsolescência e descarte. A Pós-Modernidade pode ser caracterizada como uma reação contrária ao modo como se desenvolveram historicamente os ideais da Modernidade, associada à perda de otimismo e confiança no potencial universal do projeto iluminista e marxista. Configura-se, também, como uma rejeição à tentativa de colonização pela ciência e pela tecnologia das demais esferas da vida do homem.

Na era contemporânea, a razão e a ciência entraram em crise profunda com a derrota dos paradigmas do Iluminismo e do Marxismo na segunda metade do século XX que foram substituídos pelo novo paradigma da Pós-Modernidade que, segundo seus ideólogos, não existem verdades. Após constatar que todos os sistemas anteriores estavam errados, o pós-modernismo chegou à trágica conclusão de que nada pode ser conhecido. Os pós-modernistas não acreditam na razão. Para os pós-modernistas, mesmo a ciência seria apenas uma entre várias formas de se conhecer a realidade, sem nada dizer respeito à verdade.

O pensamento pós-moderno é convergente com o niilismo do filósofo alemão Friedrich Nietzsche, o filósofo da Alemanha nazista, que em sua obra, A Vontade de Potência (Petrópolis: Editora Vozes, 2011), afirmou que a solução para a crise estava na rejeição da razão e no retorno dos profetas, que deveriam, não através da razão, mas da determinação, fundar novos valores que iriam guiar os povos e erguer novas civilizações. Se prevalecer o pensamento niilista de Friedrich Nietzsche, a humanidade caminhará inevitavelmente para o desastre econômico, político, social e ambiental que poderá ameaçar sua sobrevivência. O grande desafio dos homens e mulheres de pensamento da era contemporânea consiste em reinventar o Iluminismo ajustado aos tempos atuais para que ele possa indicar os caminhos que a humanidade terá de trilhar visando a construção de um mundo melhor.

O desaparecimento no mundo de hoje das últimas reservas de racionalidade crítica preconizada pelo Iluminismo e pelo Marxismo abriu caminho para a Pós-Modernidade que representa uma gigantesca ameaça para o progresso da humanidade. Diante deste fato, trata-se de um imenso desafio para os pensadores contemporâneos estabelecer novos paradigmas e novos valores de comportamento racional a serem formulados para a sociedade humana na era atual visando derrotar a nefasta influência política e ideológica da Pós-Modernidade. Os pensadores contemporâneos precisam se mobilizar na reinvenção de um novo projeto iluminista como fizeram os pensadores do século XVIII visando a construção de um mundo novo que leve ao fim o calvário da humanidade. Foi o que fizemos ao elaborar o livro “Como construir um mundo de paz, progresso e felicidade para toda a humanidade” publicado recentemente pela Editora CRV de Curitiba em suas versões em português e inglês.

5.     Como construir o Iluminismo do Século XXI

Precisamos de um novo Iluminismo para o século XXI. No centro do novo pensamento, deve estar a proteção de todas as formas de vida e do planeta. O único progresso humanamente relevante é o que contribui de fato para o bem-estar de todos os seres humanos e a preservação da natureza que os automatismos do crescimento econômico não bastam para assegurá-lo. O progresso, nesse sentido, não deve ser visto como uma doação espontânea da técnica, mas uma construção intencional pela qual os homens decidem o que deve ser produzido, como e para quem, evitando ao máximo os custos sociais e ecológicos de uma industrialização selvagem. Esse progresso não pode depender nem de decisões empresariais isoladas, como é preconizado pelos ideólogos do neoliberalismo, nem das diretrizes burocráticas de um Estado centralizador, como é defendido pelos ideólogos do socialismo nos moldes soviéticos, e sim de impulsos emanados da própria sociedade democrática.

O Iluminismo do século XXI mantém sua fé na ciência, mas sabe que ela precisa ser controlada socialmente e que a pesquisa científica e tecnológica precisa obedecer aos fins e valores estabelecidos com base no consenso social, para que ela não se converta em uma força cega, a serviço da guerra e da dominação. O Iluminismo do século XXI assume como sua bandeira mais valiosa a doutrina dos direitos humanos, sem ignorar que na maior parte da humanidade só profundas reformas sociais e políticas podem assegurar sua fruição efetiva. Combate o poder ilegítimo, consciente de que ele não se localiza apenas no Estado tirânico, mas também na sociedade, em que ele se tornou invisível e total, molecular e difuso, aprisionando o indivíduo em suas malhas tão seguramente como na época da monarquia absolutista. O Iluminismo do século XXI luta sem quartel pela liberdade e contra a opressão de qualquer espécie. Busca edificar uma nova ordem mundial que seja capaz de organizar não apenas as relações entre os homens na face da Terra, mas também suas relações com a natureza e elaborar um contrato social planetário que possibilite o desenvolvimento econômico e social e o uso racional dos recursos da natureza em benefício de toda a humanidade.

A edificação de um novo Iluminismo poderia ser realizado colocando em prática o proposto no livro de nossa autoria de 348 páginas, publicado nas versões em português e inglês, que tem como título COMO CONSTRUIR UM MUNDO DE PAZ, PROGRESSO E FELICIDADE PARA TODA A HUMANIDADE e como subtítulo Como realizar as utopias planetárias para a construção de um mundo de paz, progresso e felicidade para toda a humanidade. A premissa estabelecida é a de que o novo Iluminismo poderá ser posto em prática se as grandes utopias planetárias se realizarem visando a construção de um mundo de paz, progresso e felicidade para toda a humanidade. As utopias planetárias podem ser compreendidas como a ideia de uma sociedade ideal, imaginária, perfeita e, por isso, considerada por muitos inalcançável.

Neste livro, foram consideradas 12 utopias planetárias que precisam ser realizadas visando a construção de um mundo de paz, progresso e felicidade para toda a humanidade descritas a seguir:

1.     A conquista da paz mundial para evitar novas guerras e, sobretudo, a eclosão da 3ª Guerra Mundial

2.     A conquista da democracia plena em todos os países do mundo para evitar ditaduras e falsas democracias

3.     A prevalência dos valores da civilização sobre a barbárie no mundo

4.     A conquista do socialismo democrático em todos os países do mundo para substituir o capitalismo decadente

5.     A construção do Estado de Bem Estar Social em todos os países do mundo para eliminar as desigualdades econômicas e sociais

6.     O uso racional dos recursos da natureza no mundo para evitar sua contínua devastação

7.     O fim do caos econômico e social nos planos nacional e global com adoção do planejamento econômico racional em cada país e mundialmente

8.     A existência de cidades verdes e inteligentes em todos os países do mundo para evitar a continuidade de cidades degradadas social e ambientalmente

9.     Utilização da ciência e da tecnologia exclusivamente para o bem da humanidade para evitar seu maléfico uso

10.  A conquista da imortalidade dos seres humanos para se contrapor à inevitabilidade da morte

11.  A conquista da sobrevivência da humanidade diante das ameaças à sua extinção provocadas pelos seres humanos e pelas forças da natureza existentes no planeta Terra e aquelas vindas do espaço

12.  A conquista da felicidade dos seres humanos, individual e coletivamente que ocorrerá se a humanidade for bem sucedida na construção de um mundo melhor que venha a acontecer em todos os quadrantes da Terra.

O pressuposto é o de que o mundo vivenciaria um novo Iluminismo ao transformar em realidade as 12 utopias planetárias acima descritas.

O Capitulo 2 do livro apresenta o que e como fazer para que a utopia da paz mundial se sobreponha às guerras e, sobretudo, para impedir a eclosão da 3ª Guerra Mundial. A paz é definida como ausência da guerra. Ações para a conquista da paz mundial foi objeto do Concerto das Nações em 1815, da Liga das Nações em 1920 e da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1945 que foram em vão porque as guerras continuam e as grandes potências não abriram mão de impor suas vontades no plano mundial. A ONU, que foi constituída após a 2ª Guerra Mundial, tem se mostrado tão inoperante quanto a Liga das Nações na mediação de conflitos internacionais que a precedeu entre as duas Grandes Guerras. Para afastar definitivamente novos riscos de uma nova guerra mundial e que a se concretize a paz perpétua em nosso planeta, seria preciso a reforma do sistema internacional atual que é incapaz de garantir a paz mundial com a existência de um governo mundial.

O Capitulo 3 do livro apresenta o que e como fazer para que a utopia da democracia plena seja construída em todos os países do mundo se sobrepondo às  ditaduras e falsas democracias. No mundo, apenas 8% dos países exercem a democracia plena, enquanto 92% dos países vivem sob ditaduras e falsas democracias. A democracia representativa no mundo manifesta sinais claros de esgotamento, sobretudo, ao desestimular a participação popular, reduzindo a atividade política a processos eleitorais que se repetem periodicamente em que o povo elege seus representantes os quais, com poucas exceções, após as eleições passam a defender interesses de grupos econômicos em contraposição aos interesses daqueles que os elegeram. Uma verdadeira democracia representativa é aquela em que o eleito defende os interesses da população que o elegeu e presta contas sistematicamente do seu mandato ao seu partido e ao eleitorado. Os partidos e o eleitorado deveriam ter poderes para cassar o mandato do eleito no caso de descumprimento do programa partidário e de suas promessas eleitorais e por mal comportamento. Para eliminar as distorções da democracia representativa no mundo, torna-se indispensável a institucionalização da democracia participativa com o uso do plebiscito ou do referendo, considerada o modelo ideal do exercício do poder político pautado no debate público entre governantes e cidadãos livres em condições iguais de participação.

O Capítulo 4 do livro apresenta o que e como fazer para que a utopia da prevalência dos valores da civilização sobre a barbárie ocorra no mundo. A violência dá sinais evidentes de seu agravamento na era contemporânea e tende a assumir dimensões catastróficas no futuro. É a barbárie elevada ao mais alto grau. O termo barbárie tem dois significados distintos, mas ligados entre si: crueldade de bárbaro e falta de civilização. Pode-se afirmar que vivemos em um mundo caracterizado pela barbárie que está tornando um imperativo o advento da civilização com o surgimento de um novo mundo. O novo mundo pode significar uma nova ordem mundial edificada racionalmente pela humanidade para superar a barbárie atual traduzida na violência entre os homens, na catástrofe ambiental e na conflagração global. As forças vivas defensoras da Civilização precisam se aglutinar em todo o planeta para se contraporem às forças da Barbárie. O futuro da humanidade depende do desfecho deste confronto. É preciso fazer com que a nova ordem mundial que substitua o capitalismo decadente baseada na cooperação entre as nações e os povos se sobreponha à barbárie reinante.

O Capítulo 5 do livro apresenta o que e como fazer para que a utopia do socialismo democrático seja implantado em todos os países do mundo em substituição ao capitalismo decadente. Os fatos da realidade mostram que não há solução para os problemas que afligem a humanidade nos marcos do capitalismo com a realização de reformas políticas, econômicas, sociais e ambientais. Será o mesmo que “enxugar gelo”. Diante da perspectiva de fim do sistema capitalista mundial no século XXI devido à tendência de a taxa de lucro global e a taxa de crescimento da economia mundial alcançarem o valor zero em meados do século XXI, a humanidade precisa construir uma nova sociedade que deveria ser o socialismo democrático tendo como objetivo criar um ambiente de liberdade, igualdade e fraternidade entre os seres humanos para a conquista de sua felicidade resgatando os ideais do Iluminismo. Admitindo a possibilidade de derrocada do sistema capitalista mundial em consequência da crise atual em meados do século XXI, é importante considerar a possibilidade de que o socialismo democrático venha a substituí-lo ainda no século XXI. Este socialismo teria que ser democrático haja vista o fracasso do socialismo implantado na União Soviética e em outros países que se caracterizaram por serem ditaduras.

O Capítulo 6 do livro apresenta o que e como fazer para tornar realidade a utopia do Estado de Bem Estar Social em todos os países do mundo para eliminar as desigualdades econômicas e sociais. O Estado de Bem-Estar Social consiste em um modo de organização econômica e política na qual o Estado atua enquanto organizador da economia e agente de promoção social. Ele age no intuito de assegurar os interesses dos capitalistas detentores dos meios de produção e garantir a proteção e serviços públicos ao povo. Com o Estado de Bem-Estar Social, busca-se promover a regulação estatal e a criação de programas que diminuem ou eliminem as injustiças sociais inerentes ao capitalismo. Com o Estado de Bem-Estar Social, o Estado interfere nos rumos da economia, regulando-a para gerar emprego e renda, impedir monopólios e construir infraestruturas, impedir o trabalho infantil e assegurar aos trabalhadores o seguro-desemprego e a assistência aos serviços de saúde e Previdência Social. O Estado de Bem-Estar Social é visto como uma forma de combate às desigualdades econômicas e sociais, na medida em que promove o acesso dos serviços públicos a toda população.

O Capítulo 7 do livro apresenta o que e como fazer para tornar realidade a utopia do uso racional dos recursos da natureza no mundo para evitar sua contínua devastação. A exaustão dos recursos naturais do planeta e o aquecimento global com a consequente mudança climática global são responsáveis pela devastação da natureza que, por sua vez, contribuem para a ocorrência de pandemias as quais podem ameaçar a sobrevivência da espécie humana. É por tudo isto que se torna um imperativo a implantação do modelo de “desenvolvimento sustentável” do ponto de vista econômico, social e ambiental. Uma sociedade sustentável é aquela que satisfaz as necessidades da geração atual sem diminuir as possibilidades das gerações futuras de satisfazer as delas.

O Capítulo 8 do livro apresenta o que e como fazer para tornar realidade a utopia do fim do caos econômico e social nos planos nacional e global com adoção do planejamento econômico racional em cada país e mundialmente. O fracasso da globalização neoliberal se configurou na eclosão da crise mundial de 2008 que eclodiu nos Estados Unidos. O sistema financeiro internacional amargou prejuízos em uma escala que ninguém jamais previu. O sistema financeiro internacional já não funciona mais como antes. O modelo neoliberal que regeu o mundo nos últimos 40 anos morreu e haverá depressão que terá a duração de muitos anos. Diante do fracasso do neoliberalismo e de sua incapacidade de lidar com a crise global do capitalismo, o Keynesianismo poderia ser a solução desde que que ele fosse aplicado globalmente, isto é, ele operaria no planejamento econômico, não apenas ao nível nacional para obter estabilidade econômica e o pleno emprego dos fatores em cada país, mas também ao nível mundial para eliminar o caos econômico global que predomina atualmente com o neoliberalismo. Com o Keynesianismo global, haveria a coordenação de políticas econômicas Keynesianas em nível planetário que só poderia ser realizada com a existência de um governo mundial. Esta seria a forma de obter a estabilidade da economia mundial para eliminar o caos que caracteriza a globalização neoliberal dominante atualmente em todo o mundo.

O Capítulo 9 do livro apresenta o que e como fazer para tornar realidade a utopia da construção de cidades verdes e inteligentes em todos os países do mundo para evitar a continuidade de cidades degradadas social e ambientalmente. Construir cidades verdes significa tornar as cidades sustentáveis. É nas cidades que as dimensões sociais, econômicas e ambientais do desenvolvimento sustentável convergem mais intensamente, fazendo com que se torne necessário que sejam pensadas, gerenciadas e planejadas de acordo com o modelo de desenvolvimento sustentável que tem por objetivo atender as necessidades atuais da população da Terra sem comprometer seus recursos naturais, legando-os às gerações futuras. É uma necessidade imperiosa tornar, também, as cidades inteligentes  porque a cidade se tornou o principal habitat da humanidade. Pela primeira vez na história humana, mais da metade da população mundial vive nas cidades. Este número, 3,9 bilhões de pessoas, deverá ultrapassar a marca de 6,4 bilhões até 2050. Grande parte dos problemas ambientais globais tem origem nas cidades o que faz com que dificilmente se possa atingir sua sustentabilidade ao nível global sem torná-las inteligentes.

O Capítulo 10 do livro apresenta o que e como fazer para tornar realidade a utopia da utilização da ciência e da tecnologia exclusivamente para o bem da humanidade e não o seu maléfico uso. A ciência e a tecnologia não estão apenas conformando as nossas vidas para melhor, mas também, em muitas situações, fazendo-as mais perigosas. A ciência e a tecnologia passaram a ser utilizadas numa escala sem precedentes tanto para o bem como para o mal. A ciência e a tecnologia contribuíram para a barbárie de duas guerras mundiais com a invenção de armamentos bélicos poderosos e destrutivos, especialmente a bomba atômica. A tese de que a ciência e a tecnologia seriam os fatores primordiais responsáveis pelo progresso humano foi colocada em xeque pelas explosões das bombas atômicas na 2ª Guerra Mundial, em Nagasaki e Hiroshima. Passou-se a haver uma discussão não apenas sobre o lado positivo proporcionado pela ciência e pela tecnologia. A ciência e a tecnologia passaram a ser encaradas também como antivida e, em determinadas situações, como fora de controle humano. Adicione-se o fato de que a ciência perdeu o seu valor, como resultado da desilusão com os benefícios que associados à tecnologia trouxe à humanidade. Todo esse desenvolvimento científico e tecnológico culminou na era atual com uma crise ecológica mundial que pode resultar em uma mudança climática global catastrófica que pode ameaçar a sobrevivência da humanidade. Esta situação precisa ser revertida pelos governos de todo o mundo com o abandono de tudo o que foi produzido cientifica e tecnologicamente em prejuízo do ser humano e a adoção de políticas de desenvolvimento científico e tecnológico que sejam positivas para os seres humanos.

O Capítulo 11 do livro apresenta o que e como fazer para tornar realidade a utopia da conquista da imortalidade dos seres humanos para se contrapor à inevitabilidade da morte. Existe há muito tempo a obsessão humana de vencer a morte. No passado, o homem procurava superar a morte através das religiões. O envelhecimento é um processo biológico que pode perfeitamente vir a ser controlado, da mesma forma que a ciência já conseguiu combater muitas doenças que antes eram tidas como incuráveis. Na era contemporânea, passou-se a acreditar que seria possível vencer a morte com o uso da ciência e da tecnologia. O ano de 2045 marcará o início de uma era em que a medicina poderá oferecer à humanidade a possibilidade de viver por um tempo jamais visto na história. Órgãos que não estejam funcionando poderão ser trocados por outros, melhores, criados especialmente para nós. Partes do coração, do pulmão e até o cérebro poderão ser substituídos. Minúsculos circuitos de computador serão implantados no corpo para controlar reações químicas que ocorrem no interior das células. Estaremos a poucos passos da imortalidade. Esta é a previsão de um grupo de cientistas conhecidos por ocupar a vanguarda de pesquisas que permeiam temas como a ciência da computação, a biologia e a biotecnologia.

O Capítulo 12 do livro apresenta o que e como fazer para tornar realidade a utopia da conquista da sobrevivência da humanidade diante das ameaças à sua extinção provocadas pelos seres humanos e pelas forças da natureza existentes no planeta Terra e aquelas vindas do espaço. Este capítulo apresenta como lidar com: 1) as ameaças à extinção da humanidade provocadas pelos seres humanos que dizem respeito à mudança climática global, às pandemias e à eclosão da 3ª Guerra Mundial; 2) as ameaças à extinção da humanidade provocadas pelas forças da natureza existentes no planeta Terra que dizem respeito ao esfriamento do núcleo do planeta Terra e a erupção catastrófica de vulcões; e, 3) as ameaças à extinção da humanidade provocadas pelas forças da natureza vindas do espaço que dizem respeito à colisão sobre o planeta Terra de asteroides, cometas ou pedaços de cometas, à emissão de raios cósmicos, ao afastamento progressivo da Lua em relação à Terra, à colisão sobre o planeta Terra de planetas do sistema solar e planetas órfãos ou errantes que vagam no espaço sideral, à morte do Sol, à colisão das galáxias Andrômeda e Via Láctea onde se localiza a Terra e ao fim do Universo.

O Capítulo 13 do livro apresenta o que e como fazer para tornar realidade a utopia da conquista da felicidade dos seres humanos, individual e coletivamente que ocorrerá se a humanidade for bem sucedida na construção de um mundo melhor que venha a acontecer em todos os quadrantes da Terra. A busca pela felicidade é o motor central de nossas vidas. A felicidade individual se conquista através da educação de si mesmo. Educação é o meio através da qual as pessoas se capacitariam para fazer as melhores escolhas na vida. A finalidade da Educação deve ser a de fazer com que o indivíduo adquira competências, desenvolva senso crítico, se aposse do patrimônio científico e cultural historicamente construído pela humanidade, mas, acima de tudo, deve ser instrumento para promover a felicidade de si mesmo e a felicidade coletiva da sociedade onde ele vive. Pode-se afirmar que a felicidade coletiva de toda a população mundial ocorrerá se a humanidade for bem sucedida na construção de um mundo melhor que venha a acontecer em todos os quadrantes da Terra.

O Capítulo 14 do livro sintetiza as conclusões sobre como construir um mundo de paz, progresso e felicidade para toda a humanidade ao tornar em realidade as utopias planetárias visando a construção de um mundo melhor propostas nos capítulos anteriores. Em anexo, são apresentados 24 textos de artigos que publicamos que enriquecem tudo que está apresentado nos 14 capítulos deste livro. Em cada um dos capítulos deste livro, há indicação dos websites do canal Fernando Alcoforado do YouTube através dos quais o leitor poderá assistir vídeos correspondentes a cada capítulo. Este livro busca, portanto, apresentar nossa visão sobre como tornar realidade as 12 utopias planetárias e promover o progresso científico, político, econômico e social da humanidade com o propósito de construir um mundo melhor e conquistar a felicidade humana individual e coletivamente.

Para adquirir o livro na língua portuguesa, acessar o website da Editora CRV:

https://www.editoracrv.com.br/produtos/detalhes/38704-como-construir-um-mundo-de-paz-progresso-e-felicidade-para-toda-a-humanidadebr-como-realizar-as-utopias-planetarias-para-a-construcao-de-um-mundo-de-paz-progresso-e-felicidade-para-toda-a-humanidade

Para adquirir o livro na língua inglesa, acessar o website da Editora CRV:

https://www.editoracrv.com.br/produtos/detalhes/38706-how-to-build-a-world-of-peace-progress-and-happiness-for-all-humanity-brhow-to-realize-planetary-utopias-to-build-a-world-of-peace-progress-and-happiness-for-all-humanity

* Fernando Alcoforado, 84, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, do IPB- Instituto Politécnico da Bahia e da Academia Baiana de Educação, engenheiro pela Escola Politécnica da UFBA e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário (Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da ciência e da tecnologia ao longo da história e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022), de capítulo do livro Flood Handbook (CRC Press, Boca Raton, Florida, United States, 2022), How to protect human beings from threats to their existence and avoid the extinction of humanity (Generis Publishing, Europe, Republic of Moldova, Chișinău, 2023), A revolução da educação necessária ao Brasil na era contemporânea (Editora CRV, Curitiba, 2023), Como construir um mundo de paz, progresso e felicidade para toda a humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2024) e How to build a world of peace, progress and happiness for all humanity (Editora CRV, Curitiba, 2024).

APRÈS LES INCENDIES, LES PÉNURIES D’EAU ET D’ÉNERGIE ÉLECTRIQUE SONT DES MENACES POUR LE BRÉSIL

Fernando Alcoforado*

Cet article vise à démontrer la nécessité pour le gouvernement brésilien à tous les niveaux (fédéral, étatique et municipal) d’adopter des stratégies cohérentes pour éviter les pénuries prévisibles d’eau et d’électricité au Brésil résultant de la crise de l’eau qui touche tout le pays, après les incendies qui s’est propagée dans tout le Brésil à cause du changement climatique sur la planète et de l’action délibérée de criminels qui sèment le chaos dans le pays et qui sont déjà combattus par le gouvernement fédéral avec le soutien du Congrès national et du Tribunal suprême fédéral, il est nécessaire que Le gouvernement brésilien, le secteur productif et la population brésilienne en général seront confrontés à deux nouvelles menaces : les pénuries d’eau et d’électricité. La crise de l’eau résultant du changement climatique mondial n’est rien d’autre qu’un manque de précipitations qui touche plusieurs secteurs du pays. Avec la réduction des précipitations, l’agriculture est compromise, les consommateurs résidentiels risquent de manquer d’eau et la production d’électricité, très dépendante des centrales hydroélectriques du Brésil, serait également affectée.

La Figure 1 montre le risque de crise de l’eau par région au Brésil.

Figure 1- Risque de crise de l’eau au Brésil

Source : https://jornal.unesp.br/2023/03/22/sao-paulo-enfrenta-desafio-de-assegurar-agua-para-abastecer-consumidores-cidades-e-industrias-em-meio-a-crescimento-da-irrigacao-voltada-para-producao-agricola/

1. Comment faire face à la menace de pénurie d’eau au Brésil

Le Brésil concentre environ 12 % de l’eau douce mondiale disponible dans les rivières et abrite le plus grand fleuve en longueur et en volume de la planète, le fleuve Amazone. Le Brésil, qui a reçu des précipitations abondantes sur plus de 90% du territoire brésilien au cours de l’année et les conditions climatiques et géologiques ont permis la formation d’un réseau de rivières étendu et dense, à l’exception de la zone semi-aride, où les rivières sont pauvres et temporaires, a commencé à faire face à des sécheresses persistantes dues au changement climatique mondial. Une autre source de difficultés est la distance entre les sources d’eau et les centres de consommation. C’est le cas de la ville de São Paulo, qui, bien que née au confluent de plusieurs rivières, a vu la pollution rendre les sources proches inutilisables pour la consommation et doit capter l’eau de bassins éloignés, modifiant ainsi le cours des rivières et la répartition naturelle de l’eau dans la région. Jusqu’à récemment, l’Amazonie, où se trouvent les plus faibles concentrations de population, abritait 78 % des eaux de surface du Brésil, qui sont actuellement compromises par des sécheresses persistantes dues au changement climatique mondial.

Pendant ce temps, dans la région sud-est du Brésil, cette relation est inversée avec la plus forte concentration de population du pays et environ 6 % de l’eau totale du Brésil était disponible. Selon l’IBGE (Institut brésilien de géographie et de statistiques), au cours de la dernière décennie, la quantité d’eau distribuée au Brésil a augmenté, mais la proportion d’eau non traitée correspond à 16,4 %. Le Brésil gaspille plus de 40 % de l’eau potable collectée à cause de fuites, d’erreurs de mesure et de raccordements clandestins. Seulement 45 % des eaux usées générées au Brésil sont traitées. Bien que le Brésil soit le premier pays au monde en termes de disponibilité d’eau fluviale, la pollution et l’utilisation inappropriée compromettent cette ressource dans plusieurs régions du pays. Dans les villes brésiliennes, les problèmes d’approvisionnement sont directement liés à la croissance de la demande, aux déchets et à l’urbanisation incontrôlée qui les affectent régions de bassin versant. Dans les zones rurales, les ressources en eau sont également exploitées de manière irrégulière, en plus de la destruction d’une partie de la végétation protectrice du bassin (forêt riveraine) pour mener des activités telles que l’agriculture et l’élevage.

Il n’est pas rare que les pesticides et les déchets utilisés dans l’agriculture et l’élevage finissent également par polluer l’eau. Selon les données de l’IBGE (Institut brésilien de géographie et de statistiques), environ 100 millions de Brésiliens vivent sans collecte d’eaux usées et vivent avec des eaux usées qui s’écoulent à l’air libre, ce qui, en plus de contaminer les sols, est source de maladies graves. L’assainissement de base n’est pas mis en œuvre de manière adéquate au Brésil, car les eaux usées domestiques et les affluents industriels sont rejetés sans traitement dans les rivières, les barrages et les eaux côtières. Lorsqu’elles atteignent les rivières, les eaux usées modifient toute la composition chimique de l’eau, impactant directement la vie aquatique. Cela se produit parce que l’accumulation de matière organique favorise l’émergence de micro-organismes qui réduisent la quantité d’oxygène dans l’eau, compromettant directement la vie aquatique et la qualité de cette eau.

Face à la menace d’une disponibilité réduite en eau due aux sécheresses persistantes causées par le changement climatique mondial, le gouvernement brésilien à tous les niveaux (fédéral, étatique et municipal) devrait empêcher la dégradation de l’eau existante en investissant massivement dans l’assainissement de base pour éliminer les problèmes de gaspillage, mauvaise qualité et pollution de l’eau. Bien qu’elle ne soit pas propre à la consommation humaine, l’eau réutilisée pourrait être utilisée, entre autres activités, dans les industries, pour laver les espaces publics et pour chasser les toilettes des résidences. Les nouvelles constructions – maisons, bâtiments, complexes industriels – devraient intégrer des systèmes de récupération des eaux de pluie pour des usages généraux autres que la consommation humaine. En outre, il est nécessaire de développer une campagne de sensibilisation auprès de la population brésilienne pour qu’elle utilise l’eau de manière rationnelle afin d’éviter le gaspillage.

2. Comment faire face à la menace de pénurie d’électricité au Brésil

Avec la sécheresse qui frappe la majeure partie du pays, les réservoirs d’eau qui abritent certaines des principales centrales hydroélectriques se vident, ce qui rend la production d’électricité plus difficile et plus coûteuse. Avec de faibles précipitations, les réservoirs essentiels à la production d’électricité grâce aux centrales hydroélectriques sont aux pires niveaux jamais enregistrés depuis 22 ans. Le niveau des précipitations, qui diminue d’année en année, contribue aux faibles niveaux des réservoirs, notamment des bassins fluviaux. Il existe une séquence d’années de sécheresse consécutives au cours desquelles la saison des pluies est bien inférieure à la moyenne. Le débit moyen des rivières les plus importantes pour la production d’électricité est le plus bas depuis 91 ans. Le bassin du fleuve Paraná, par exemple, le débit moyen  est très bas, étant l’un des plus importants pour la production d’énergie électrique, là où se trouve la plus grande centrale hydroélectrique du Brésil, Itaipu. Avec la sécheresse qui frappe la majeure partie du pays, les réservoirs d’eau qui contiennent certaines des principales centrales hydroélectriques se vident, ce qui rend la production d’énergie électrique plus difficile et plus coûteuse (1).

Pour faire face à la baisse du niveau des réservoirs des centrales hydroélectriques, le secteur électrique brésilien a adopté la stratégie d’utiliser des centrales thermoélectriques avec des coûts d’exploitation plus élevés, ce qui entraîne une augmentation des factures d’électricité pour les consommateurs. Ils sont plus chers et fonctionnent grâce à la combustion de combustible. Le résultat retombe sur le consommateur brésilien, qui paie un tarif énergétique plus élevé. À cela s’ajoute l’augmentation de la pollution. La principale source d’énergie de la matrice électrique brésilienne est l’eau utilisée dans les centrales hydroélectriques, correspondant à l’approvisionnement de 61,9 % de la production énergétique du pays (Figure 2).

Figure 2- Matrice électrique brésilienne 2022

Source : https://www.epe.gov.br/pt/abcdenergia/matriz-energetica-e-eletrica

La Figure 3 montre le comportement de la matrice électrique brésilienne en 2023.

Figure 3- Matrice électrique brésilienne en 2023

Source : https://techlux.com.br/blog/panorama-da-energia-solar-no-brasil-em-2023

L’analyse de la Figure 3 montre que les sources d’énergie utilisées au Brésil sont l’hydroélectricité, le solaire, l’éolien, le gaz naturel, la biomasse et le biogaz, le pétrole et autres combustibles fossiles, le charbon minéral, le nucléaire et les importations en provenance d’autres pays d’Amérique du Sud. En 2023, les sources d’énergie solaire et éolienne ont contribué à 28%  de la production d’électricité, étant seulement dépassées par l’hydroélectricité, qui correspondait à 49,9% de l’électricité totale produite au Brésil, en plus de contribuer à la lutte contre le changement climatique mondial car ce sont des sources d’énergie propre.

Face à la menace de pénurie d’électricité et à une augmentation des tarifs de l’électricité due à l’utilisation excessive de centrales thermoélectriques polluantes, qui utilisent des combustibles fossiles, le gouvernement fédéral doit définir d’urgence des stratégies à court, moyen et long terme pour éviter l’utilisation de ces centrales thermoélectriques avec des coûts d’exploitation plus élevés et en évitant une augmentation des tarifs de l’électricité en maintenant la politique actuelle. La stratégie de réponse la plus rationnelle et la plus immédiate serait l’expansion de la production d’énergie solaire, d’énergie éolienne et l’utilisation du potentiel disponible inventaire de centrales hydroélectriques (HPP) qui est relativement petit (52 GW) et qui, dans ce montant, comprend également des projets hydroélectriques inférieurs à 30 MW qui ont fait l’objet d’études d’inventaire réalisées et approuvées par l’ANEEL (Agence nationale de l’énergie électrique). De plus, elle devrait utiliser de l’hydrogène vert dans la production d’énergie électrique.

Selon le PNE (Plan National Énergétique) 2050 (2), le Brésil, en raison de sa situation géographique, reçoit des taux d’incidence de rayonnement solaire élevés, ce qui permet le développement de projets solaires viables dans différentes régions. Le PNE 2050 prévoit que les sources solaires photovoltaïques pourraient atteindre entre 27 et 90 GW en termes de capacité installée et entre 8 et 26 GW en moyenne en termes d’énergie en 2050. L’énergie éolienne pourrait atteindre 110 à 195 GW en termes de capacité installée et entre 50 et 85 GW en moyenne en termes d’énergie en 2050. La capacité totale installée d’énergie éolienne en 2050 pourrait encore dépasser 200 GW si l’on considère des cas particuliers, les projets éoliens atteignant environ 209 GW et 246 GW.

Cette expansion de la capacité installée en énergie solaire et éolienne prévue dans le PNE 2050 devrait être anticipée pour faire face à la crise de pénurie d’énergie qui est anticipée dans les années à venir. Même s’il s’agit de sources d’énergie intermittentes soumises à l’absence d’incidence solaire sur les panneaux photovoltaïques et à l’absence de vent pour faire fonctionner les éoliennes, plus ces sources d’énergie auront de capacité, plus elles fonctionneront et permettront d’économiser de l’eau dans les réservoirs des centrales hydroélectriques sans activer les turbines hydrauliques. Il faut également adopter une politique d’utilisation de l’hydrogène vert dans la production d’électricité. Il est important de souligner que l’hydrogène vert pourrait produire de l’énergie ferme  et ainsi éviter le recours à des centrales thermoélectriques au gaz naturel polluantes et aux coûts d’exploitation élevés.

Par mesure de précaution, au cas où les centrales solaires et éoliennes ainsi que l’hydrogène vert ne répondraient pas aux besoins, le gouvernement fédéral devrait implanter, en dernière instance, des centrales nucléaires, même si celles-ci comportent des risques. Le PNE 2050 (2) indique que le Brésil possède deux centrales nucléaires (Angra I et Angra II) en exploitation et une en construction (Angra III), dont l’exploitation commerciale devrait commencer en janvier 2026. Le PNE 2050 a analysé les effets dans le profil de la matrice électrique d’une entrée plus significative des centrales thermonucléaires en réalisant des simulations avec l’entrée de 8 GW et 10 GW dans l’horizon PNE 2050. Il faut également envisager l’adoption de stratégies visant à économiser l’énergie avec la mise en œuvre de mesures pour encourager l’efficacité énergétique dans l’industrie, les transports et les bâtiments résidentiels et commerciaux des villes et des zones rurales.

3. Conclusions

Sur la base de ce qui précède, pour faire face à la menace d’une disponibilité réduite en eau due aux sécheresses persistantes causées par le changement climatique mondial, le gouvernement brésilien à tous les niveaux (fédéral, étatique et municipal) devrait adopter des stratégies pour surmonter la dégradation de l’eau existante avec des investissements massifs dans l’assainissement de base pour éliminer les problèmes de déchets, de mauvaise qualité et de pollution de l’eau, encourager la réutilisation de l’eau recyclée qui pourrait être utilisée, entre autres activités, dans les industries, le lavage des espaces publics et les chasses d’eau sanitaires des logements résidentiels, intégrer des systèmes de récupération des eaux de pluie pour l’usage général utilisations autres que la consommation humaine dans les nouvelles constructions – maisons, bâtiments, complexes industriels et développer une campagne de sensibilisation auprès de la population brésilienne pour qu’elle utilise rationnellement l’eau afin d’éviter le gaspillage.

Compte tenu de ce qui précède, face aux menaces de pénurie d’électricité et d’augmentation des tarifs de l’électricité dues à l’utilisation excessive de centrales thermoélectriques polluantes, qui utilisent des combustibles fossiles, le gouvernement fédéral doit définir d’urgence des stratégies à court, moyen et long terme pour éviter le recours à des centrales thermoélectriques avec des coûts d’exploitation plus élevés et éviter d’augmenter les tarifs de l’électricité en maintenant la politique actuelle. La stratégie de réponse la plus rationnelle et la plus immédiate serait d’étendre la production d’énergie solaire, d’énergie éolienne et de tirer parti du potentiel de stockage disponible dans les centrales hydroélectriques (HPP), qui est relativement petit (52 GW), qui, dans ce montant, comprend également des projets hydroélectriques inférieurs à 30 MW qui ont fait l’objet d’études d’inventaire réalisées et approuvées par l’ANEEL (Agence Nationale de l’Electricité). Par mesure de précaution, au cas où les centrales solaires et éoliennes ainsi que l’hydrogène vert ne répondraient pas aux besoins, le gouvernement fédéral devrait à terme mettre en place des centrales nucléaires, même si celles-ci comportent des risques. Il est également nécessaire d’envisager l’adoption de stratégies visant à économiser l’énergie avec la mise en œuvre de mesures visant à encourager l’efficacité énergétique dans l’industrie, les transports et les bâtiments résidentiels et commerciaux des villes et des zones rurales.

Il s’agit de mesures préventives et de précaution afin que les pénuries d’eau et d’énergie n’affectent pas la vie de la population brésilienne et les activités productives au Brésil. Il est préférable et plus rationnel de ne pas attendre que cette crise annoncée se produise pour agir après. Les ministères du Développement Régional et des Mines et de l’Énergie doivent adopter de toute urgence respectivement des stratégies pour éviter les pénuries d’eau et d’électricité au Brésil.

RÉFÉRENCES

  1. MEDEIROS, Israel, ICARO, Pedro e TAVAREZ, João Vitor. Entenda a crise hídrica que ameaça o fornecimento de energia no Brasil. Disponible sur le site Web <https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2021/06/4931467-entenda-a-crise-hidrica-que-ameaca-o-fornecimento-de-energia.html>.
  2. MINISTÉRIO DAS MINAS E ENERGIA. PNE 2050- Plano Nacional de Energia. Disponible sur le site Web <https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-227/topico-563/Relatorio%20Final%20do%20PNE%202050.pdf>, 2020.

* Fernando Alcoforado, 84, a reçoit la Médaille du Mérite en Ingénierie du Système CONFEA / CREA, membre de la SBPC – Société Brésilienne pour le Progrès des Sciences, l’IPB – Institut Polytechnique de Bahia et de l’Académie de l’Education de Bahia,, ingénieur de l’École Polytechnique UFBA et docteur en Planification du Territoire et Développement Régional de l’Université de Barcelone, professeur d’Université (Ingénierie, Économie et Administration) et consultant dans les domaines de la planification stratégique, de la planification d’entreprise, planification du territoire et urbanisme, systèmes énergétiques, a été Conseiller du Vice-Président Ingénierie et Technologie chez LIGHT S.A. Entreprise de distribution d’énergie électrique de Rio de Janeiro, coordinatrice de la planification stratégique du CEPED – Centre de recherche et de développement de Bahia, sous-secrétaire à l’énergie de l’État de Bahia, secrétaire à la  planification de Salvador, il est l’auteur de ouvrages Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The  Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da ciência e da tecnologia e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022), est l’auteur d’un chapitre du livre Flood Handbook (CRC Press, Boca Raton, Floride, États-Unis, 2022), How to protect human beings from threats to their existence and avoid the extinction of humanity (Generis Publishing, Europe, Republic of Moldova, Chișinău, 2023), A revolução da educação necessária ao  Brasil na era contemporânea (Editora CRV, Curitiba, 2023), Como construir um mundo de paz, progresso e felicidade para toda a humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2024) et How to build a world of peace, progress and happiness for all humanity (Editora CRV, Curitiba, 2024).

AFTER THE FIRES, WATER AND ELECTRICITY SHORTAGES ARE THREATS TO BE ADDRESSED BY BRAZIL

Fernando Alcoforado*

This article aims to demonstrate the need for the Brazilian government at all levels (federal, state and municipal) to adopt consistent strategies to avoid the predictable water and electricity shortages in Brazil resulting from the water crisis that is affecting the entire country. After the fires that have spread throughout Brazil as a result of climate change on the planet and the deliberate action of criminals who are sowing chaos in the country and which are already being fought by the federal government with the support of the National Congress and the Supreme Federal Court, it is necessary for two new threats to be addressed by the Brazilian government, the productive sector and the Brazilian population in general: water and electricity shortages. The water crisis resulting from global climate change is nothing more than a lack of rainfall that affects several sectors of the country. With reduced rainfall, agriculture is compromised, residential consumers run the risk of running out of water, and electricity generation, which is highly dependent on hydroelectric plants in Brazil, would also be affected.

Figure 1 shows the risk of water crisis by region in Brazil.

Figure 1- Risk of water crisis in Brazil

Source: https://jornal.unesp.br/2023/03/22/sao-paulo-enfrenta-desafio-de-assegurar-agua-para-abastecer-consumidores-cidades-e-industrias-em-meio-a-crescimento-da-irrigacao-voltada-para-producao-agricola/

1. How to face the threat of water shortages in Brazil

Brazil concentrates around 12% of the world’s fresh water available in rivers and is home to the largest river in terms of length and volume on the planet, the Amazon River. Brazil, which used to receive abundant rainfall in more than 90% of its territory throughout the year and the climatic and geological conditions favored the formation of an extensive and dense network of rivers, with the exception of the Semiarid region, where the rivers are poor and temporary, began to face persistent droughts due to global climate change. Another source of difficulties is the distance between water sources and consumer centers. This is the case of the city of São Paulo, which, although it was founded at the confluence of several rivers, has seen pollution make nearby sources unusable for consumption and has had to collect water from distant basins, altering river courses and the natural distribution of water in the region. Until recently, the Amazon, where the lowest population concentrations are, had 78% of Brazil’s surface water, which is currently being compromised by persistent droughts due to global climate change.

Meanwhile, in the Southeast region of Brazil, this relationship is reversed, with the largest population concentration in the country and had approximately 6% of the total water available in Brazil. According to the IBGE (Brazilian Institute of Geography and Statistics), in the last decade, the amount of water distributed in Brazil has increased, but the proportion of untreated water corresponds to 16.4%. Brazil wastes more than 40% of the drinking water collected due to leaks, measurement errors and illegal connections. Only 45% of the sewage generated in Brazil undergoes treatment. Although Brazil is the world’s leading country in terms of water availability in rivers, pollution and improper use are compromising this resource in several regions of the country. In Brazilian cities, supply problems are directly related to the growth in demand, waste and uncontrolled urbanization that affects water source regions. In rural areas, water resources are also exploited irregularly, and part of the basin’s protective vegetation (riparian forest) is destroyed for activities such as agriculture and livestock farming.

It is not uncommon for pesticides and waste used in agriculture and livestock farming to also end up polluting the water. According to data from IBGE (Brazilian Institute of Geography and Statistics), around 100 million Brazilians live without sewage collection and live with sewage running in the open air, which, in addition to contaminating the soil, is a source of serious diseases. Basic sanitation is not implemented properly in Brazil, since domestic sewage and industrial effluents are dumped untreated into rivers, reservoirs and coastal waters. When sewage reaches the rivers, it alters the entire chemical composition of the water, directly affecting aquatic life. This happens because the accumulation of organic matter encourages the emergence of microorganisms that reduce the amount of oxygen in the water, directly compromising aquatic life and the quality of that water.

Faced with the threat of reduced water availability due to persistent droughts caused by global climate change, the Brazilian government at all levels (federal, state and municipal) should prevent the degradation of existing water by investing heavily in basic sanitation to eliminate the problems of waste, poor quality and water pollution. Although it is not suitable for human consumption, reused water could be used, among other activities, in industries, for washing public areas and for flushing toilets in residential homes. New constructions – houses, buildings, industrial complexes – should incorporate systems for harvesting rainwater for general purposes other than human consumption. In addition, it is necessary to develop an awareness campaign for the Brazilian population to use water rationally to avoid wasting it.

2. How to face the threat of electricity shortages in Brazil

With the drought in most of the country, the water reservoirs that house some of the main hydroelectric plants are running dry, which makes electricity production more difficult and expensive. With low rainfall, reservoirs essential for generating electricity from hydroelectric plants are at their worst levels recorded in 22 years. The level of rainfall, which has been decreasing year after year, contributes to the low level in the reservoirs, specifically in the river basins. There has been a sequence of years of consecutive droughts in which the rainy season is well below average. The average flow of the most important rivers for generating electricity is the lowest in 91 years. The Paraná River basin, for example, the average flow is very low, being one of the most important for generating electricity where the largest hydroelectric plant in Brazil, Itaipu, is located. With the drought in most of the country, the water reservoirs that concentrate some of the main hydroelectric plants are emptying, which makes the production of electricity more difficult and expensive (1). To cope with the drop in the level of hydroelectric plant reservoirs, the Brazilian electricity sector has adopted a strategy of using thermoelectric plants with more expensive operating costs, resulting in an increase in consumers’ electricity bills. They are more expensive and operate by burning fuel. The result falls on the Brazilian consumer, who pays a higher energy rate. Added to this is the increase in pollution. The main source of energy in the Brazilian electricity matrix is ​​the waterpower used in hydroelectric plants, corresponding to the supply of 61.9% of the country’s energy production (Figure 2).

Figure 2 – Brazilian Electricity Matrix 2022

Source: https://www.epe.gov.br/pt/abcdenergia/matriz-energetica-e-eletrica

Figure 3 shows how the Brazilian electricity matrix behaved in 2023.

Figure 3 – Brazilian electricity matrix in 2023

Source: https://techlux.com.br/blog/panorama-da-energia-solar-no-brasil-em-2023

The analysis of Figure 3 shows that the energy sources used in Brazil are hydroelectric, solar, wind, natural gas, biomass and biogas, oil and other fossil fuels, coal, nuclear and imports from other South American countries. In 2023, solar and wind energy sources contributed 28% of electricity production, only surpassed by hydroelectric energy, which corresponded to 49.9% of the total electricity produced in Brazil, in addition to contributing to combat global climate change because they are clean energy sources.

Given the threats of electricity shortages and rising electricity rates due to the excessive use of polluting thermoelectric plants that use fossil fuels, the federal government urgently needs to outline short, medium and long-term strategies to avoid the use of these thermoelectric plants with higher operating costs and to avoid rising electricity rates by maintaining the current policy. The most rational strategy and the most immediate response would be to expand the production of solar energy, wind energy and the use of the available inventoried potential of UHEs (Hydroelectric Power Plants), which is relatively small (52 GW), which also includes hydroelectric projects of less than 30 MW that had inventory studies completed and approved by ANEEL (National Electric Energy Agency). Furthermore, it should use green hydrogen in the production of electrical energy.

According to the PNE (National Energy Plan) 2050 (2), Brazil, due to its geographic location, receives high levels of solar radiation, which allows the development of viable solar projects in different regions. The PNE 2050 predicts that the photovoltaic solar source could reach between 27 and 90 GW in terms of installed capacity and between 8 and 26 GW on average in terms of energy in 2050. Wind energy could reach between 110 and 195 GW in terms of installed capacity and between 50 and 85 GW on average in terms of energy in 2050. The total installed capacity of wind energy in 2050 could even exceed 200 GW if special cases are considered, with wind projects reaching around 209 GW and 246 GW. This expansion of installed capacity in solar and wind energy foreseen in the PNE 2050 should be brought forward to deal with the energy shortage crisis that is expected in the coming years. Even though they are intermittent energy sources subject to the lack of sunlight on photovoltaic panels and the absence of wind to drive wind turbines, the greater the capacity of these energy sources, when they are in operation, would save water in the reservoirs of hydroelectric plants by not driving the hydraulic turbines. It is also necessary to adopt a policy of using green hydrogen to produce electricity. It is important to emphasize that green hydrogen could produce firm energy and thus avoid the use of polluting and expensive natural gas-fired thermoelectric plants.

As a precautionary measure in the event that solar and wind plants and green hydrogen do not meet the needs, the federal government should implement nuclear plants as a last resort, despite the risks involved. The PNE 2050 (2) reports that Brazil has two nuclear power plants (Angra I and Angra II) in operation and one under construction (Angra III), with commercial operations expected to begin in January 2026. The PNE 2050 analyzed the effects on the electricity grid profile of a more significant entry of thermonuclear power plants by carrying out simulations with the entry of 8 GW and 10 GW in the PNE 2050 horizon. It is also necessary to consider the adoption of strategies aimed at saving energy with the implementation of measures to encourage energy efficiency in industry, transport and residential and commercial buildings in cities and rural areas.

3. Conclusions

In view of the above, in order to address the threat of reduced water availability due to persistent droughts caused by global climate change, the Brazilian government at all levels (federal, state and municipal) should adopt strategies to overcome the degradation of existing water with massive investments in basic sanitation to eliminate the problems of waste, poor quality and water pollution, encourage the reuse of recycled water that could be used, among other activities, in industries, for washing public areas and for flushing toilets in residential homes, incorporate systems for harvesting rainwater for general uses other than human consumption in new constructions – houses, buildings, industrial complexes and develop an awareness campaign for the Brazilian population to use water rationally to avoid wasting it.

Given the above, given the threat of electricity shortages and increases in electricity rates due to the excessive use of polluting thermoelectric plants that use fossil fuels, the federal government urgently needs to outline short, medium and long-term strategies to avoid the use of these thermoelectric plants with higher operating costs and to avoid an increase in electricity rates by maintaining the current policy. The most rational strategy and the most immediate response would be to expand the production of solar and wind energy and to use the available inventoried potential of hydroelectric power plants (UHEs), which is relatively small (52 GW). This amount also includes hydroelectric projects of less than 30 MW that had inventory studies completed and approved by ANEEL (National Electric Energy Agency). As a precautionary measure in the event that solar and wind plants and green hydrogen do not meet the needs, the federal government should implement nuclear power plants as a last resort, despite the risks they entail. It is also necessary to consider the adoption of strategies aimed at saving energy with the implementation of measures to encourage energy efficiency in industry, transport and residential and commercial buildings in cities and rural areas.

These are preventive and precautionary measures to ensure that water and energy shortages do not affect the lives of the Brazilian population and productive activities in Brazil. It is preferable and more rational not to wait for this announced crisis to happen before acting after it has occurred. The Ministries of Regional Development and Mines and Energy need to urgently adopt strategies to prevent water and electricity shortages in Brazil, respectively.

REFERENCES

  1. MEDEIROS, Israel, ICARO, Pedro e TAVAREZ, João Vitor. Entenda a crise hídrica que ameaça o fornecimento de energia no Brasil. Available on the website <https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2021/06/4931467-entenda-a-crise-hidrica-que-ameaca-o-fornecimento-de-energia.html>.
  2. MINISTÉRIO DAS MINAS E ENERGIA. PNE 2050- Plano Nacional de Energia. Available on the website <https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-227/topico-563/Relatorio%20Final%20do%20PNE%202050.pdf>, 2020.

* Fernando Alcoforado, awarded the medal of Engineering Merit of the CONFEA / CREA System, member of the SBPC- Brazilian Society for the Progress of Science, IPB- Polytechnic Institute of Bahia and of the Bahia Academy of Education, engineer from the UFBA Polytechnic School and doctor in Territorial Planning and Regional Development from the University of Barcelona, college professor (Engineering, Economy and Administration) and consultant in the areas of strategic planning, business planning, regional planning, urban planning and energy systems, was Advisor to the Vice President of Engineering and Technology at LIGHT S.A. Electric power distribution company from Rio de Janeiro, Strategic Planning Coordinator of CEPED- Bahia Research and Development Center, Undersecretary of Energy of the State of Bahia, Secretary of Planning of Salvador, is the author of the books Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017),  Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da ciência e da tecnologia e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022), a chapter in the book Flood Handbook (CRC Press,  Boca Raton, Florida United States, 2022), How to protect human beings from threats to their existence and avoid the extinction of humanity (Generis Publishing, Europe, Republic of Moldova, Chișinău, 2023), A revolução da educação necessária ao Brasil na era contemporânea (Editora CRV, Curitiba, 2023), Como construir um mundo de paz, progresso e felicidade para toda a humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2024) and How to build a world of peace, progress and happiness for all humanity (Editora CRV, Curitiba, 2024).

DEPOIS DOS INCÊNDIOS, DESABASTECIMENTO DE ÁGUA E DE ENERGIA ELÉTRICA SÃO AMEAÇAS A SEREM ENFRENTADAS PELO BRASIL

Fernando Alcoforado*

Este artigo tem por objetivo demonstrar a necessidade de que o governo brasileiro em todos os níveis (federal, estadual e municipal) adote estratégias consistentes para evitar o previsível desabastecimento de água e de energia elétrica no Brasil resultantes da crise hídrica que abrange todo o País. Após os incêndios que se generalizaram pelo Brasil resultantes da mudança do clima no planeta e da ação deliberada de criminosos semeadores do caos no País e que já estão sendo combatidos pelo governo federal com o apoio do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, é preciso que duas novas ameaças venham a ser enfrentadas pelo governo brasileiro, pelo setor produtivo e pela população brasileira em geral: desabastecimento de água e de energia elétrica. A crise hídrica resultante da mudança climática global nada mais é do que uma escassez de chuvas que afeta diversos setores do país. Com a redução das chuvas, a agricultura fica comprometida, os consumidores residenciais correm o risco de ficarem sem água, e a geração de energia elétrica, que é muito dependente das usinas hidrelétricas no Brasil, também ficaria prejudicada.

A Figura 1 apresenta o risco de crise hídrica por região do Brasil.

Figura 1- Risco de crise hídrica no Brasil

Fonte: https://jornal.unesp.br/2023/03/22/sao-paulo-enfrenta-desafio-de-assegurar-agua-para-abastecer-consumidores-cidades-e-industrias-em-meio-a-crescimento-da-irrigacao-voltada-para-producao-agricola/

1.     Como enfrentar a ameaça de desabastecimento de água no Brasil

O Brasil concentra em torno de 12% da água doce do mundo disponível em rios e abriga o maior rio em extensão e volume do planeta, o Rio Amazonas. O Brasil que recebia chuvas abundantes em mais de 90% do território brasileiro durante o ano e as condições climáticas e geológicas propiciavam a formação de uma extensa e densa rede de rios, com exceção do Semiárido, onde os rios são pobres e temporários, passou a enfrentar secas persistentes devido à mudança climática global. Outro foco de dificuldades é a distância entre fontes de água e centros consumidores. É o caso da cidade de São Paulo, que, embora nascida na confluência de vários rios, viu a poluição tornar imprestáveis para consumo as fontes próximas e tem de captar água de bacias distantes, alterando cursos de rios e a distribuição natural da água na região. Até recentemente, a Amazônia, onde estão as mais baixas concentrações populacionais, possuía 78% da água superficial do Brasil que atualmente está sendo comprometida secas persistentes devido à mudança climática global.   

Enquanto isso, na região Sudeste do Brasil, essa relação se inverte com a maior concentração populacional do País e tinha disponível cerca de 6% do total da água existente no Brasil. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), na última década, a quantidade de água distribuída no Brasil tem crescido, mas a proporção de água sem tratamento corresponde a 16,4%. O Brasil desperdiça mais de 40% da água potável captada por causa de vazamentos, erros de medição e ligações clandestinas. Apenas 45% do esgoto gerado no Brasil passa por tratamento. Embora o Brasil seja o primeiro país em disponibilidade hídrica em rios do mundo, a poluição e o uso inadequado comprometem esse recurso em várias regiões do País. Nas cidades brasileiras, os problemas de abastecimento estão diretamente relacionados ao crescimento da demanda, ao desperdício e à urbanização descontrolada que atinge regiões de mananciais. Na zona rural, os recursos hídricos também são explorados de forma irregular, além de parte da vegetação protetora da bacia (mata ciliar) ser destruída para a realização de atividades como agricultura e pecuária.

Não raramente, os agrotóxicos e dejetos utilizados na agricultura e pecuária também acabam por poluir a água. De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de 100 milhões de brasileiros vivem sem coleta de esgoto e convivem com os esgotos correndo a céu aberto, o que, além de contaminarem o solo, é fonte de graves doenças. O saneamento básico não é implementado de forma adequada no Brasil, já que os esgotos domésticos e os afluentes industriais são jogados sem tratamento nos rios, açudes e águas litorâneas Ao chegar nos rios, o esgoto altera toda a composição química da água, impactando diretamente a vida aquática. Isso acontece porque o acúmulo de matéria orgânica propicia o surgimento de micro-organismos que diminuem a quantidade de oxigênio na água, comprometendo diretamente a vida aquática e a qualidade dessa água.

Diante da ameaça de redução da disponibilidade de água devido as secas persistentes provocadas pela mudança climática global, o governo no Brasil em todos os níveis (federal, estadual e municipal) deveria evitar a degradação da água existente com investimentos maciços em saneamento básico para eliminar os problemas de desperdício, da má qualidade e de poluição da água. Apesar de não ser própria para consumo humano, a água de reuso poderia ser usada, entre outras atividades, nas indústrias, na lavagem de áreas públicas e nas descargas sanitárias de habitações residenciais. As novas construções – casas, prédios, complexos industriais – deveriam incorporar sistemas de aproveitamento da água da chuva, para os usos gerais que não o consumo humano. Além disso, é preciso desenvolver campanha de conscientização da população brasileira para utilizar o uso racional da água para evitar seu desperdício.

2.     Como enfrentar a ameaça de desabastecimento de energia elétrica no Brasil

Com a estiagem na maior parte do país, os reservatórios de água que concentram algumas das principais hidrelétricas sofrem esvaziamento, o que torna a produção de eletricidade mais difícil e cara. Com baixo volume de chuvas, reservatórios essenciais para geração de energia elétrica por hidrelétricas estão com os piores níveis já registrados em 22 anos. O nível de chuvas, que vem diminuindo ano após ano, contribui para o baixo nível nos reservatórios, especificamente nas bacias dos rios. Está havendo uma sequência de anos de secas consecutivas em que a estação chuvosa está muito abaixo da média. A vazão média dos rios mais importantes para gerar energia elétrica é a mais baixa em 91 anos. A bacia do Rio Paraná, por exemplo, a vazão média está muito baixa, sendo uma das mais importantes para a geração de energia elétrica onde se localiza a maior usina hidrelétrica do Brasil, a de Itaipu. Com a estiagem na maior parte do país, os reservatórios de água que concentram algumas das principais hidrelétricas sofrem esvaziamento, o que torna a produção de energia elétrica mais difícil e cara (1).

Para fazer frente à queda no nível dos reservatórios da usinas hidrelétricas, tem sido adotada pelo setor elétrico brasileiro a estratégia de utilização das usinas termelétricas de custo de operação mais caras resultando em aumento da conta de eletricidade para os consumidores. Elas são mais caras e funcionam com base na queima de combustíveis. O resultado recai sobre o consumidor brasileiro, que paga uma taxa mais cara de energia. Soma-se a isto o aumento da poluição. A principal fonte de energia na matriz elétrica brasileira é a força das águas utilizada nas hidrelétricas, correspondendo ao suprimento de 61,9% da produção de energia do País (Figura 2).Fonte: https://www.epe.gov.br/pt/abcdenergia/matriz-energetica-e-eletrica

A Figura 3 apresenta como se comportou a matriz elétrica brasileira em 2023.

Figura 3- Matriz elétrica brasileira em 2023

Fonte:  https://techlux.com.br/blog/panorama-da-energia-solar-no-brasil-em-2023

A análise da Figura 3 permite constatar que as fontes de energia utilizadas no Brasil são hídrica, solar, eólica, gás natural, biomassa e biogás, petróleo e outros combustíveis fósseis, carvão mineral, nuclear e importações de outros países da América do Sul. Em 2023, as fontes de energia solar e eólica contribuíram com 28% da produção de eletricidade só sendo superadas pela fonte hídrica de energia, que correspondeu a 49,9% do total da eletricidade produzida no Brasil, além de contribuírem para o combate à mudança climática global por serem fontes de energia limpa.

Diante das ameaças de desabastecimento de energia elétrica e de aumento das tarifas de energia elétrica com o uso excessivo de termelétricas poluidoras, que utilizam combustíveis fósseis, o governo federal precisa traçar, com urgência, estratégias de curto, médio e longo prazo para evitar o uso dessas usinas termelétricas de custo de operação mais elevadas e evitar o aumento das tarifas de energia elétrica com a manutenção da política atual. A estratégia mais racional e de resposta mais imediata seria a expansão da produção de energia solar, energia eólica e o aproveitamento do potencial inventariado disponível das UHEs (Usinas Hidrelétricas) que é relativamente pequeno (52 GW) em que, neste montante, estão incluídos, também os projetos hidrelétricos menores de 30 MW que se encontravam com estudos de inventário concluídos e aprovados pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica). Além disso, deveria utilizar o hidrogênio verde na produção de energia elétrica.

Segundo o PNE (Plano Nacional de Energia) 2050 (2), o Brasil, por sua localização geográfica, recebe elevados índices de incidência da radiação solar que permite desenvolver projetos solares viáveis em diferentes regiões. O PNE 2050 prevê que a fonte solar fotovoltaica poderá atingir entre 27 a 90 GW em termos de capacidade instalada e entre 8 a 26 GW médios em termos de energia em 2050. A energia eólica poderá atingir de 110 a 195 GW em termos de capacidade instalada e entre 50 e 85 GW médios em termos de energia em 2050. A capacidade instalada total de energia eólica em 2050 pode ainda superar 200 GW se considerados casos especiais, com os projetos eólicos atingindo em torno de 209 GW e 246 GW.

Esta expansão da capacidade instalada em energia solar e energia eólica prevista no PNE 2050 deveria ser antecipada para lidar com a crise de desabastecimento de energia que se prenuncia nos próximos anos. Mesmo sendo fontes de energia intermitentes sujeitas à não incidência solar nos painéis fotovoltaicos e a ausência de ventos para acionar as turbinas eólicas, quanto mais capacidade existir dessas fontes de energia faria com que, quando estivessem em operação, proporcionaria economia de água nos reservatórios das usinas hidrelétricas com o não acionamento das turbinas hidráulicas. É preciso adotar, também, a política de utilização do hidrogênio verde na produção de eletricidade. É importante ressaltar que o hidrogênio verde poderia produzir energia firme e desta forma evitar o uso de termelétricas a gás natural poluidoras e de custo elevado de operação.   

Como medida de precaução para a hipótese das usinas solar e eólica e o hidrogênio verde não suprirem as necessidades, o governo federal deveria implantar, em últimas instância, usinas nucleares, apesar de implicarem em riscos. O PNE 2050 (2) informa que o Brasil tem duas usinas nucleares (Angra I e Angra II) em operação e uma em construção (Angra III), com previsão de início da operação comercial em janeiro de 2026. O PNE 2050 analisou os efeitos no perfil da matriz elétrica de uma entrada mais significativa de usinas termonucleares com a realização de simulações com a entrada de 8 GW e 10 GW no horizonte do PNE 2050. É preciso considerar, também, a adoção de estratégias voltadas para a economia de energia com a implementação de medidas de incentivo à eficiência energética na indústria, no transporte e nas edificações residenciais e comerciais nas cidades e na zona rural.

3. Conclusões

Pelo exposto, para fazer frente à ameaça de redução da disponibilidade de água devido as secas persistentes provocadas pela mudança climática global, o governo no Brasil em todos os níveis (federal, estadual e municipal) deveria adotar estratégias para superar a degradação da água existente com investimentos maciços em saneamento básico para eliminar os problemas de desperdício, da má qualidade e de poluição da água, incentivar o reuso da água de reuso que poderia ser usada, entre outras atividades, nas indústrias, na lavagem de áreas públicas e nas descargas sanitárias de habitações residenciais, incorporar sistemas de aproveitamento da água da chuva, para os usos gerais que não o consumo humano nas novas construções – casas, prédios, complexos industriais e desenvolver campanha de conscientização da população brasileira para utilizar racionalmente a água para evitar seu desperdício.

Pelo exposto, diante das ameaças de desabastecimento de energia elétrica e de aumento das tarifas de energia elétrica com o uso excessivo de termelétricas poluidoras, que utilizam combustíveis fósseis, o governo federal precisa traçar, com urgência, estratégias de curto, médio e longo prazo para evitar o uso dessas usinas termelétricas de custo de operação mais elevadas e evitar o aumento das tarifas de energia elétrica com a manutenção da política atual, a estratégia mais racional e de resposta mais imediata seria a expansão da produção de energia solar, energia eólica e o aproveitamento do potencial inventariado disponível das UHEs (Usinas Hidrelétricas) que é relativamente pequeno (52 GW) em que, neste montante, estão incluídos, também  os projetos hidrelétricos menores de 30 MW que se encontravam com estudos de inventário concluídos e aprovados pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica). Como medida de precaução para a hipótese das usinas solar e eólica e o hidrogênio verde não suprirem as necessidades, o governo federal deveria implantar, em última instância, usinas nucleares, apesar de implicarem em riscos. É preciso considerar, também, a adoção de estratégias voltadas para a economia de energia com a implementação de medidas de incentivo à eficiência energética na indústria, no transporte e nas edificações residenciais e comerciais nas cidades e na zona rural.

Estas são medidas preventivas e de precaução para que o desabastecimento de água e de energia não afete a vida da população brasileira e das atividades produtivas no Brasil. É preferível e mais racional não esperar que esta crise anunciada aconteça para agir depois de sua ocorrência. Os ministérios do Desenvolvimento Regional e de Minas e Energia precisam adotar urgentemente, respectivamente, estratégias para evitar o desabastecimento de água e de energia elétrica no Brasil.

REFERÊNCIAS

  1. MEDEIROS, Israel, ICARO, Pedro e TAVAREZ, João Vitor. Entenda a crise hídrica que ameaça o fornecimento de energia no Brasil. Disponível no website <https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2021/06/4931467-entenda-a-crise-hidrica-que-ameaca-o-fornecimento-de-energia.html>.
  2. MINISTÉRIO DAS MINAS E ENERGIA. PNE 2050- Plano Nacional de Energia. Disponível no website <https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-227/topico-563/Relatorio%20Final%20do%20PNE%202050.pdf>, 2020.

* Fernando Alcoforado, 84, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, do IPB- Instituto Politécnico da Bahia e da Academia Baiana de Educação, engenheiro pela Escola Politécnica da UFBA e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário (Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017),  Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da ciência e da tecnologia ao longo da história e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022), de capítulo do livro Flood Handbook (CRC Press, Boca Raton, Florida, United States, 2022), How to protect human beings from threats to their existence and avoid the extinction of humanity (Generis Publishing, Europe, Republic of Moldova, Chișinău, 2023), A revolução da educação necessária ao Brasil na era contemporânea (Editora CRV, Curitiba, 2023), Como construir um mundo de paz, progresso e felicidade para toda a humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2024) e How to build a world of peace, progress and happiness for all humanity (Editora CRV, Curitiba, 2024).  

“HOW TO BUILD A WORLD OF PEACE, PROGRESS AND HAPPINESS FOR ALL HUMANITY” IS THE 22ND BOOK BY FERNANDO ALCOFORADO

Fernando Alcoforado*

The 348-page book we authored is entitled HOW TO BUILD A WORLD OF PEACE, PROGRESS AND HAPPINESS FOR ALL HUMANITY and subtitled How to realize planetary utopias to build a world of peace, progress and happiness for all humanity.

To purchase the book, access the CRV Publishing House website:

https://www.editoracrv.com.br/produtos/detalhes/38706-how-to-build-a-world-of-peace-progress-and-happiness-for-all-humanity-brhow-to-realize-planetary-utopias-to-build-a-world-of-peace-progress-and-happiness-for-all-humanity

To purchase the book in the Format Kindle Edition, access the Amazon website:

This book is the result of many years of our reflections on the main issues that affect humanity, seeking to offer our contribution towards overcoming the gigantic problems that affect humanity for centuries to be assumed by current and future generations. This book, published in Portuguese and English, aims to present how to build a world of peace, progress and happiness for all humanity. The premise established is that this objective can be achieved if the great planetary utopias are realized aiming at the construction of a better world. Planetary utopias can be understood as the idea of an ideal, imaginary, perfect society and, therefore, considered unattainable by many.

There are 12 planetary utopias that need to be realized in order to build a world of peace, progress and happiness for all humanity, as described below:

1. The achievement of world peace to avoid new wars and, above all, the outbreak of World War III

2. The achievement of full democracy in all countries of the world to avoid dictatorships and false democracies

3. The prevalence of the values of civilization over barbarism in the world

4. The achievement of democratic socialism in all countries of the world to replace decadent capitalism

5. The construction of the Welfare State in all countries of the world to eliminate economic and social inequalities

6. The rational use of natural resources in the world to avoid their continued devastation

7. The end of economic and social chaos at the national and global levels with the adoption of rational economic planning in each country and worldwide

8. The existence of green and smart cities in all countries of the world to avoid the continuation of socially and environmentally degraded cities

9. Use of science and technology exclusively for the good of humanity to prevent its harmful use

10. The conquest of immortality for human beings to counter the inevitability of death

11. The conquest of humanity’s survival in the face of threats to its extinction caused by human beings and the forces of nature existing on planet Earth and those coming from outer space

12. The conquest of happiness for human beings, individually and collectively, which will occur if humanity is successful in building a better world that will happen in all quadrants of the Earth.

Chapter 2 of the book presents what and how to do so that the utopia of world peace prevails over wars and, above all, to prevent the outbreak of World War III. Peace is defined as the absence of war. Actions to achieve world peace were the subject of the Concert of Nations in 1815, the League of Nations in 1920 and the United Nations (UN) in 1945, but they were in vain because wars continue and the great powers have not given up imposing their will on the world stage. The UN, which was established after World War II, has proven to be as ineffective as the League of Nations in mediating international conflicts that preceded it between the two World Wars. To definitively eliminate new risks of a new world war and to achieve perpetual peace on our planet, it would be necessary to reform the current international system, which is incapable of guaranteeing world peace with the existence of a world government.

Chapter 3 of the book presents what and how to do so that the utopia of full democracy can be built in all countries of the world, overcoming dictatorships and false democracies. In the world, only 8% of countries exercise full democracy, while 92% of countries live under dictatorships and false democracies. Representative democracy in the world shows clear signs of exhaustion, especially by discouraging popular participation, reducing political activity to electoral processes that are repeated periodically in which the people elect their representatives who, with few exceptions, after the elections start to defend the interests of economic groups in opposition to the interests of those who elected them. A true representative democracy is one in which the elected official defends the interests of the population that elected him and systematically reports on his mandate to his party and the electorate. The parties and the electorate should have the power to revoke the mandate of the elected official in the event of failure to comply with the party program and its electoral promises or for bad behavior. To eliminate the distortions of representative democracy in the world, it is essential to institutionalize participatory democracy through the use of plebiscites or referendums, considered the ideal model for exercising political power based on public debate between rulers and free citizens in equal conditions of participation.

Chapter 4 of the book presents what and how to do so that the utopia of the prevalence of civilized values over barbarism occurs in the world. Violence shows clear signs of worsening in the contemporary era and tends to assume catastrophic dimensions in the future. It is barbarism raised to the highest degree. The term barbarism has two distinct but interconnected meanings: barbarian cruelty and lack of civilization. It can be said that we live in a world characterized by barbarism that is making the advent of civilization imperative with the emergence of a new world. The new world can mean a new world order rationally built by humanity to overcome the current barbarism translated into violence between men, environmental catastrophe and global conflagration. The living forces defending Civilization need to come together across the planet to oppose the forces of Barbarism. The future of humanity depends on the outcome of this confrontation. It is necessary to ensure that the new world order that replaces decadent capitalism based on cooperation between nations and peoples overcomes the prevailing barbarism.

Chapter 5 of the book presents what and how to do so that the utopia of democratic socialism is implemented in all countries of the world to replace decadent capitalism. The facts of reality show that there is no solution to the problems that afflict humanity within the framework of capitalism by carrying out political, economic, social and environmental reforms. It will be the same as “mopping up ice”. Given the prospect of the end of the global capitalist system in the 21st century due to the tendency for the global profit rate and the growth rate of the global economy to reach zero by the middle of the 21st century, humanity needs to build a new society that should be democratic socialism, with the aim of creating an environment of freedom, equality and fraternity among human beings so that they can achieve their happiness, rescuing the ideals of the Enlightenment. Admitting the possibility of the collapse of the global capitalist system because of the current crisis in the middle of the 21st century, it is important to consider the possibility that democratic socialism will replace it in the 21st century. This socialism would have to be democratic, given the failure of socialism implemented in the Soviet Union and other countries that were characterized by dictatorships.

Chapter 6 of the book presents what and how to do to make the utopia of the Welfare State a reality in all countries of the world to eliminate economic and social inequalities. The Welfare State consists of a form of economic and political organization in which the State acts as an organizer of the economy and an agent of social promotion. It acts with the aim of ensuring the interests of the capitalists who own the means of production and guaranteeing protection and public services to the people. The Welfare State seeks to promote state regulation and the creation of programs that reduce or eliminate the social injustices inherent to capitalism. With the Welfare State, the State interferes in the direction of the economy, regulating it to generate employment and income, prevent monopolies and build infrastructure, prevent child labor and ensure unemployment insurance and assistance to workers in health and social security services. The Welfare State is seen as a way to combat economic and social inequalities, as it promotes access to public services for the entire population.

Chapter 7 of the book presents what and how to do to make the utopia of the rational use of natural resources in the world a reality to prevent their continued devastation. The exhaustion of the planet’s natural resources and global warming with the consequent global climate change are responsible for the devastation of nature, which in turn contributes to the occurrence of pandemics that can threaten the survival of the human species. It is for all these reasons that it becomes imperative to implement the “sustainable development” model from an economic, social and environmental point of view. A sustainable society is one that meets the needs of the current generation without diminishing the possibilities of future generations to meet theirs.

Chapter 8 of the book presents what and how to do to make the utopia of the end of economic and social chaos a reality at the national and global levels with the adoption of rational economic planning in each country and worldwide. The failure of neoliberal globalization was seen in the outbreak of the 2008 global crisis that began in the United States. The international financial system suffered losses on a scale that no one could have predicted. The international financial system no longer functions as it did before. The neoliberal model that governed the world for the last 40 years is dead, and there will be a depression that will last for many years. Given the failure of neoliberalism and its inability to deal with the global crisis of capitalism, Keynesianism could be the solution, provided that it were applied globally. That is, it would operate in economic planning, not only at the national level to achieve economic stability and full employment of factors in each country, but also at the global level to eliminate the global economic chaos that currently prevails with neoliberalism. With global Keynesianism, there would be the coordination of Keynesian economic policies on a global level that could only be achieved with the existence of a world government. This would be the way to achieve stability in the global economy and eliminate the chaos that characterizes the neoliberal globalization that currently dominates the world.

Chapter 9 of the book presents what and how to do to make the utopia of building green and smart cities a reality in all countries of the world to avoid the continuation of socially and environmentally degraded cities. Building green cities means making cities sustainable. It is in cities that the social, economic and environmental dimensions of sustainable development converge most intensely, making it necessary for them to be thought of, managed and planned according to the sustainable development model that aims to meet the current needs of the Earth’s population without compromising its natural resources, bequeathing them to future generations. It is also an imperative need to make cities smart because cities have become the main habitat of humanity. For the first time in human history, more than half of the world’s population lives in cities. This number, 3.9 billion people, is expected to surpass the 6.4 billion mark by 2050. A large part of global environmental problems originate in cities, which makes it difficult to achieve their sustainability at a global level without making them smart.

Chapter 10 of the book presents what and how to do to make the utopia of using science and technology exclusively for the good of humanity and not for their harmful use a reality. Science and technology are not only shaping our lives for the better, but also, in many situations, making them more dangerous. Science and technology have come to be used on an unprecedented scale for both good and evil. Science and technology contributed to the barbarity of two world wars with the invention of powerful and destructive weapons of war, especially the atomic bomb. The thesis that science and technology were the primary factors responsible for human progress was called into question by the explosions of the atomic bombs in Nagasaki and Hiroshima during World War II. There began to be a discussion not only about the positive side provided by science and technology. Science and technology also began to be seen as anti-life and, in certain situations, as beyond human control. Add to this the fact that science has lost its value as a result of disillusionment with the benefits that technology has brought to humanity. All this scientific and technological development has culminated in the current era in a global ecological crisis that could result in catastrophic global climate change that could threaten the survival of humanity. This situation needs to be reversed by governments around the world by abandoning everything that has been produced scientifically and technologically to the detriment of human beings and adopting scientific and technological development policies that are positive for human beings.

Chapter 11 of the book presents what and how to do to make the utopia of achieving immortality a reality for human beings to counter the inevitability of death. Humans have long been obsessed with overcoming death. In the past, humans sought to overcome death through religion. Aging is a biological process that can perfectly well be controlled, in the same way that science has managed to combat many diseases that were previously considered incurable. In the contemporary era, it has become believed that it would be possible to overcome death with the use of science and technology. The year 2045 will mark the beginning of an era in which medicine will be able to offer humanity the possibility of living for a time never seen before in history. Organs that are not functioning can be replaced with better ones, created especially for us. Parts of the heart, lungs and even the brain can be replaced. Tiny computer circuits will be implanted in the body to control chemical reactions that occur inside cells. We will be just a few steps away from immortality. This is the prediction of a group of scientists known for being at the forefront of research that permeates subjects such as computer science, biology and biotechnology.

Chapter 12 of the book presents what and how to do to make the utopia of achieving humanity’s survival a reality in the face of threats to its extinction caused by human beings and the forces of nature existing on planet Earth and those coming from space. This chapter presents how to deal with: 1) threats to the extinction of humanity caused by human beings, which concern global climate change, pandemics and the outbreak of World War III; 2) threats to the extinction of humanity caused by the forces of nature existing on planet Earth, which concern the cooling of the planet Earth’s core and the catastrophic eruption of volcanoes; and, 3) threats to the extinction of humanity caused by the forces of nature coming from space, which concern the collision of asteroids, comets or pieces of comets with planet Earth, the emission of cosmic rays, the progressive distancing of the Moon from Earth, the collision of planets of the solar system and orphaned or wandering planets that wander in outer space with planet Earth, the death of the Sun, the collision of the Andromeda and Milky Way galaxies where Earth is located and the end of the Universe.

Chapter 13 of the book presents what and how to do to make the utopia of achieving happiness for human beings, individually and collectively, a reality, which will occur if humanity is successful in building a better world that will happen in all quadrants of the Earth. The search for happiness is the central driving force of our lives. Individual happiness is achieved through self-education. Education is the means through which people would be able to make the best choices in life. The purpose of Education should be to make the individual acquire skills, develop critical thinking, take possession of the scientific and cultural heritage historically built by humanity, but, above all, it should be an instrument to promote one’s own happiness and the collective happiness of the society in which one lives. It can be said that the collective happiness of the entire world population will occur if humanity is successful in building a better world that will happen in all quadrants of the Earth.

Chapter 14 of the book summarizes the conclusions on how to build a world of peace, progress and happiness for all humanity by making the planetary utopias proposed in the previous chapters a reality, aiming at building a better world.

In the appendix, we present 24 texts of articles that we have published that enrich everything that is presented in the 14 chapters of this book. In each of the chapters of this book, there is an indication of the websites of the Fernando Alcoforado YouTube channel through which the reader can watch videos corresponding to each chapter. This book therefore seeks to present our vision on how to make the 12 planetary utopias a reality and promote the scientific, political, economic and social progress of humanity with the purpose of building a better world and achieving human happiness individually and collectively.

* Fernando Alcoforado, awarded the medal of Engineering Merit of the CONFEA / CREA System, member of the SBPC- Brazilian Society for the Progress of Science, IPB- Polytechnic Institute of Bahia and of the Bahia Academy of Education, engineer from the UFBA Polytechnic School and doctor in Territorial Planning and Regional Development from the University of Barcelona, college professor (Engineering, Economy and Administration) and consultant in the areas of strategic planning, business planning, regional planning, urban planning and energy systems, was Advisor to the Vice President of Engineering and Technology at LIGHT S.A. Electric power distribution company from Rio de Janeiro, Strategic Planning Coordinator of CEPED- Bahia Research and Development Center, Undersecretary of Energy of the State of Bahia, Secretary of Planning of Salvador, is the author of the books Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da ciência e da tecnologia e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022), a chapter in the book Flood Handbook (CRC Press,  Boca Raton, Florida United States, 2022), How to protect human beings from threats to their existence and avoid the extinction of humanity (Generis Publishing, Europe, Republic of Moldova, Chișinău, 2023), A revolução da educação necessária ao Brasil na era contemporânea (Editora CRV, Curitiba, 2023), Como construir um mundo de paz, progresso e felicidade para toda a humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2024) and How to build a world of peace, progress and happiness for all humanity (Editora CRV, Curitiba, 2024).

“COMO CONSTRUIR UM MUNDO DE PAZ, PROGRESSO E FELICIDADE PARA TODA A HUMANIDADE” É O TÍTULO DO 22º LIVRO PUBLICADO PELO ENGENHEIRO, PROFESSOR E ESCRITOR

Fernando Alcoforado*

O livro de nossa autoria de 348 páginas, publicado na lingua portuguesa, que tem como título COMO CONSTRUIR UM MUNDO DE PAZ, PROGRESSO E FELICIDADE PARA TODA A HUMANIDADE e como subtítulo Como realizar as utopias planetárias para a construção de um mundo de paz, progresso e felicidade para toda a humanidade, busca alcançar o público brasileiro e os demais países de língua portuguesa. O livro de nossa autoria de 348 páginas, publicado na língua inglesa, que tem como título HOW TO BUILD A WORLD OF PEACE, PROGRESS AND HAPPINESS FOR ALL HUMANITY e como subtítulo How to realize planetary utopias to build a world of peace, progress and happiness for all humanity, busca alcançar o público internacional.

Para adquirir o livro na língua portuguesa, acessar o website da Editora CRV:

https://www.editoracrv.com.br/produtos/detalhes/38704-como-construir-um-mundo-de-paz-progresso-e-felicidade-para-toda-a-humanidadebr-como-realizar-as-utopias-planetarias-para-a-construcao-de-um-mundo-de-paz-progresso-e-felicidade-para-toda-a-humanidade

Para adquirir o livro na língua inglesa, acessar o website da Editora CRV:

https://www.editoracrv.com.br/produtos/detalhes/38706-how-to-build-a-world-of-peace-progress-and-happiness-for-all-humanity-brhow-to-realize-planetary-utopias-to-build-a-world-of-peace-progress-and-happiness-for-all-humanity

Este livro é o resultado de muitos anos de nossas reflexões sobre as principais questões que afetam a humanidade, procurando oferecer nossa contribuição visando a superação dos gigantescos problemas que afetam a humanidade há séculos a serem assumidas pelas atuais e futuras gerações. Este livro, publicado em Português e Inglês, tem por objetivo apresentar como fazer para construir um mundo de paz, progresso e felicidade para toda a humanidade. A premissa estabelecida é a de que este  objetivo poderá ser alcançado se as grandes utopias planetárias se realizarem visando a construção de um mundo melhor. As utopias planetárias podem ser compreendidas como a ideia de uma sociedade ideal, imaginária, perfeita e, por isso, considerada por muitos inalcançável.

São 12 as utopias planetárias que precisam ser realizadas visando a construção de um mundo de paz, progresso e felicidade para toda a humanidade descritas a seguir:

1.     A conquista da paz mundial para evitar novas guerras e, sobretudo, a eclosão da 3ª Guerra Mundial

2.     A conquista da democracia plena em todos os países do mundo para evitar ditaduras e falsas democracias

3.     A prevalência dos valores da civilização sobre a barbárie no mundo

4.     A conquista do socialismo democrático em todos os países do mundo para substituir o capitalismo decadente

5.     A construção do Estado de Bem Estar Social em todos os países do mundo para eliminar as desigualdades econômicas e sociais

6.     O uso racional dos recursos da natureza no mundo para evitar sua contínua devastação

7.     O fim do caos econômico e social nos planos nacional e global com adoção do planejamento econômico racional em cada país e mundialmente

8.     A existência de cidades verdes e inteligentes em todos os países do mundo para evitar a continuidade de cidades degradadas social e ambientalmente

9.     Utilização da ciência e da tecnologia exclusivamente para o bem da humanidade para evitar seu maléfico uso

10.  A conquista da imortalidade dos seres humanos para se contrapor à inevitabilidade da morte

11.  A conquista da sobrevivência da humanidade diante das ameaças à sua extinção provocadas pelos seres humanos e pelas forças da natureza existentes no planeta Terra e aquelas vindas do espaço

12.  A conquista da felicidade dos seres humanos, individual e coletivamente que ocorrerá se a humanidade for bem sucedida na construção de um mundo melhor que venha a acontecer em todos os quadrantes da Terra.

O Capitulo 2 do livro apresenta o que e como fazer para que a utopia da paz mundial se sobreponha às guerras e, sobretudo, para impedir a eclosão da 3ª Guerra Mundial. A paz é definida como ausência da guerra. Ações para a conquista da paz mundial foi objeto do Concerto das Nações em 1815, da Liga das Nações em 1920 e da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1945 que foram em vão porque as guerras continuam e as grandes potências não abriram mão de impor suas vontades no plano mundial. A ONU, que foi constituída após a 2ª Guerra Mundial, tem se mostrado tão inoperante quanto a Liga das Nações na mediação de conflitos internacionais que a precedeu entre as duas Grandes Guerras. Para afastar definitivamente novos riscos de uma nova guerra mundial e que a se concretize a paz perpétua em nosso planeta, seria preciso a reforma do sistema internacional atual que é incapaz de garantir a paz mundial com a existência de um governo mundial.

O Capitulo 3 do livro apresenta o que e como fazer para que a utopia da democracia plena seja construída em todos os países do mundo se sobrepondo às  ditaduras e falsas democracias. No mundo, apenas 8% dos países exercem a democracia plena, enquanto 92% dos países vivem sob ditaduras e falsas democracias. A democracia representativa no mundo manifesta sinais claros de esgotamento, sobretudo, ao desestimular a participação popular, reduzindo a atividade política a processos eleitorais que se repetem periodicamente em que o povo elege seus representantes os quais, com poucas exceções, após as eleições passam a defender interesses de grupos econômicos em contraposição aos interesses daqueles que os elegeram. Uma verdadeira democracia representativa é aquela em que o eleito defende os interesses da população que o elegeu e presta contas sistematicamente do seu mandato ao seu partido e ao eleitorado. Os partidos e o eleitorado deveriam ter poderes para cassar o mandato do eleito no caso de descumprimento do programa partidário e de suas promessas eleitorais e por mal comportamento. Para eliminar as distorções da democracia representativa no mundo, torna-se indispensável a institucionalização da democracia participativa com o uso do plebiscito ou do referendo, considerada o modelo ideal do exercício do poder político pautado no debate público entre governantes e cidadãos livres em condições iguais de participação.

O Capítulo 4 do livro apresenta o que e como fazer para que a utopia da prevalência dos valores da civilização sobre a barbárie ocorra no mundo. A violência dá sinais evidentes de seu agravamento na era contemporânea e tende a assumir dimensões catastróficas no futuro. É a barbárie elevada ao mais alto grau. O termo barbárie tem dois significados distintos, mas ligados entre si: crueldade de bárbaro e falta de civilização. Pode-se afirmar que vivemos em um mundo caracterizado pela barbárie que está tornando um imperativo o advento da civilização com o surgimento de um novo mundo. O novo mundo pode significar uma nova ordem mundial edificada racionalmente pela humanidade para superar a barbárie atual traduzida na violência entre os homens, na catástrofe ambiental e na conflagração global. As forças vivas defensoras da Civilização precisam se aglutinar em todo o planeta para se contraporem às forças da Barbárie. O futuro da humanidade depende do desfecho deste confronto. É preciso fazer com que a nova ordem mundial que substitua o capitalismo decadente baseada na cooperação entre as nações e os povos se sobreponha à barbárie reinante.

O Capítulo 5 do livro apresenta o que e como fazer para que a utopia do socialismo democrático seja implantado em todos os países do mundo em substituição ao capitalismo decadente. Os fatos da realidade mostram que não há solução para os problemas que afligem a humanidade nos marcos do capitalismo com a realização de reformas políticas, econômicas, sociais e ambientais. Será o mesmo que “enxugar gelo”. Diante da perspectiva de fim do sistema capitalista mundial no século XXI devido à tendência de a taxa de lucro global e a taxa de crescimento da economia mundial alcançarem o valor zero em meados do século XXI, a humanidade precisa construir uma nova sociedade que deveria ser o socialismo democrático tendo como objetivo criar um ambiente de liberdade, igualdade e fraternidade entre os seres humanos para a conquista de sua felicidade resgatando os ideais do Iluminismo. Admitindo a possibilidade de derrocada do sistema capitalista mundial em consequência da crise atual em meados do século XXI, é importante considerar a possibilidade de que o socialismo democrático venha a substituí-lo ainda no século XXI. Este socialismo teria que ser democrático haja vista o fracasso do socialismo implantado na União Soviética e em outros países que se caracterizaram por serem ditaduras.

O Capítulo 6 do livro apresenta o que e como fazer para tornar realidade a utopia do Estado de Bem Estar Social em todos os países do mundo para eliminar as desigualdades econômicas e sociais. O Estado de Bem-Estar Social consiste em um modo de organização econômica e política na qual o Estado atua enquanto organizador da economia e agente de promoção social. Ele age no intuito de assegurar os interesses dos capitalistas detentores dos meios de produção e garantir a proteção e serviços públicos ao povo. Com o Estado de Bem-Estar Social, busca-se promover a regulação estatal e a criação de programas que diminuem ou eliminem as injustiças sociais inerentes ao capitalismo. Com o Estado de Bem-Estar Social, o Estado interfere nos rumos da economia, regulando-a para gerar emprego e renda, impedir monopólios e construir infraestruturas, impedir o trabalho infantil e assegurar aos trabalhadores o seguro-desemprego e a assistência aos serviços de saúde e Previdência Social. O Estado de Bem-Estar Social é visto como uma forma de combate às desigualdades econômicas e sociais, na medida em que promove o acesso dos serviços públicos a toda população.

O Capítulo 7 do livro apresenta o que e como fazer para tornar realidade a utopia do uso racional dos recursos da natureza no mundo para evitar sua contínua devastação. A exaustão dos recursos naturais do planeta e o aquecimento global com a consequente mudança climática global são responsáveis pela devastação da natureza que, por sua vez, contribuem para a ocorrência de pandemias as quais podem ameaçar a sobrevivência da espécie humana. É por tudo isto que se torna um imperativo a implantação do modelo de “desenvolvimento sustentável” do ponto de vista econômico, social e ambiental. Uma sociedade sustentável é aquela que satisfaz as necessidades da geração atual sem diminuir as possibilidades das gerações futuras de satisfazer as delas.

O Capítulo 8 do livro apresenta o que e como fazer para tornar realidade a utopia do fim do caos econômico e social nos planos nacional e global com adoção do planejamento econômico racional em cada país e mundialmente. O fracasso da globalização neoliberal se configurou na eclosão da crise mundial de 2008 que eclodiu nos Estados Unidos. O sistema financeiro internacional amargou prejuízos em uma escala que ninguém jamais previu. O sistema financeiro internacional já não funciona mais como antes. O modelo neoliberal que regeu o mundo nos últimos 40 anos morreu e haverá depressão que terá a duração de muitos anos. Diante do fracasso do neoliberalismo e de sua incapacidade de lidar com a crise global do capitalismo, o Keynesianismo poderia ser a solução desde que que ele fosse aplicado globalmente, isto é, ele operaria no planejamento econômico, não apenas ao nível nacional para obter estabilidade econômica e o pleno emprego dos fatores em cada país, mas também ao nível mundial para eliminar o caos econômico global que predomina atualmente com o neoliberalismo. Com o Keynesianismo global, haveria a coordenação de políticas econômicas Keynesianas em nível planetário que só poderia ser realizada com a existência de um governo mundial. Esta seria a forma de obter a estabilidade da economia mundial para eliminar o caos que caracteriza a globalização neoliberal dominante atualmente em todo o mundo.

O Capítulo 9 do livro apresenta o que e como fazer para tornar realidade a utopia da construção de cidades verdes e inteligentes em todos os países do mundo para evitar a continuidade de cidades degradadas social e ambientalmente. Construir cidades verdes significa tornar as cidades sustentáveis. É nas cidades que as dimensões sociais, econômicas e ambientais do desenvolvimento sustentável convergem mais intensamente, fazendo com que se torne necessário que sejam pensadas, gerenciadas e planejadas de acordo com o modelo de desenvolvimento sustentável que tem por objetivo atender as necessidades atuais da população da Terra sem comprometer seus recursos naturais, legando-os às gerações futuras. É uma necessidade imperiosa tornar, também, as cidades inteligentes  porque a cidade se tornou o principal habitat da humanidade. Pela primeira vez na história humana, mais da metade da população mundial vive nas cidades. Este número, 3,9 bilhões de pessoas, deverá ultrapassar a marca de 6,4 bilhões até 2050. Grande parte dos problemas ambientais globais tem origem nas cidades o que faz com que dificilmente se possa atingir sua sustentabilidade ao nível global sem torná-las inteligentes.

O Capítulo 10 do livro apresenta o que e como fazer para tornar realidade a utopia da utilização da ciência e da tecnologia exclusivamente para o bem da humanidade e não o seu maléfico uso. A ciência e a tecnologia não estão apenas conformando as nossas vidas para melhor, mas também, em muitas situações, fazendo-as mais perigosas. A ciência e a tecnologia passaram a ser utilizadas numa escala sem precedentes tanto para o bem como para o mal. A ciência e a tecnologia contribuíram para a barbárie de duas guerras mundiais com a invenção de armamentos bélicos poderosos e destrutivos, especialmente a bomba atômica. A tese de que a ciência e a tecnologia seriam os fatores primordiais responsáveis pelo progresso humano foi colocada em xeque pelas explosões das bombas atômicas na 2ª Guerra Mundial, em Nagasaki e Hiroshima. Passou-se a haver uma discussão não apenas sobre o lado positivo proporcionado pela ciência e pela tecnologia. A ciência e a tecnologia passaram a ser encaradas também como antivida e, em determinadas situações, como fora de controle humano. Adicione-se o fato de que a ciência perdeu o seu valor, como resultado da desilusão com os benefícios que associados à tecnologia trouxe à humanidade. Todo esse desenvolvimento científico e tecnológico culminou na era atual com uma crise ecológica mundial que pode resultar em uma mudança climática global catastrófica que pode ameaçar a sobrevivência da humanidade. Esta situação precisa ser revertida pelos governos de todo o mundo com o abandono de tudo o que foi produzido cientifica e tecnologicamente em prejuízo do ser humano e a adoção de políticas de desenvolvimento científico e tecnológico que sejam positivas para os seres humanos.

O Capítulo 11 do livro apresenta o que e como fazer para tornar realidade a utopia da conquista da imortalidade dos seres humanos para se contrapor à inevitabilidade da morte. Existe há muito tempo a obsessão humana de vencer a morte. No passado, o homem procurava superar a morte através das religiões. O envelhecimento é um processo biológico que pode perfeitamente vir a ser controlado, da mesma forma que a ciência já conseguiu combater muitas doenças que antes eram tidas como incuráveis. Na era contemporânea, passou-se a acreditar que seria possível vencer a morte com o uso da ciência e da tecnologia. O ano de 2045 marcará o início de uma era em que a medicina poderá oferecer à humanidade a possibilidade de viver por um tempo jamais visto na história. Órgãos que não estejam funcionando poderão ser trocados por outros, melhores, criados especialmente para nós. Partes do coração, do pulmão e até o cérebro poderão ser substituídos. Minúsculos circuitos de computador serão implantados no corpo para controlar reações químicas que ocorrem no interior das células. Estaremos a poucos passos da imortalidade. Esta é a previsão de um grupo de cientistas conhecidos por ocupar a vanguarda de pesquisas que permeiam temas como a ciência da computação, a biologia e a biotecnologia.

O Capítulo 12 do livro apresenta o que e como fazer para tornar realidade a utopia da conquista da sobrevivência da humanidade diante das ameaças à sua extinção provocadas pelos seres humanos e pelas forças da natureza existentes no planeta Terra e aquelas vindas do espaço. Este capítulo apresenta como lidar com: 1) as ameaças à extinção da humanidade provocadas pelos seres humanos que dizem respeito à mudança climática global, às pandemias e à eclosão da 3ª Guerra Mundial; 2) as ameaças à extinção da humanidade provocadas pelas forças da natureza existentes no planeta Terra que dizem respeito ao esfriamento do núcleo do planeta Terra e a erupção catastrófica de vulcões; e, 3) as ameaças à extinção da humanidade provocadas pelas forças da natureza vindas do espaço que dizem respeito à colisão sobre o planeta Terra de asteroides, cometas ou pedaços de cometas, à emissão de raios cósmicos, ao afastamento progressivo da Lua em relação à Terra, à colisão sobre o planeta Terra de planetas do sistema solar e planetas órfãos ou errantes que vagam no espaço sideral, à morte do Sol, à colisão das galáxias Andrômeda e Via Láctea onde se localiza a Terra e ao fim do Universo.

O Capítulo 13 do livro apresenta o que e como fazer para tornar realidade a utopia da conquista da felicidade dos seres humanos, individual e coletivamente que ocorrerá se a humanidade for bem sucedida na construção de um mundo melhor que venha a acontecer em todos os quadrantes da Terra. A busca pela felicidade é o motor central de nossas vidas. A felicidade individual se conquista através da educação de si mesmo. Educação é o meio através da qual as pessoas se capacitariam para fazer as melhores escolhas na vida. A finalidade da Educação deve ser a de fazer com que o indivíduo adquira competências, desenvolva senso crítico, se aposse do patrimônio científico e cultural historicamente construído pela humanidade, mas, acima de tudo, deve ser instrumento para promover a felicidade de si mesmo e a felicidade coletiva da sociedade onde ele vive. Pode-se afirmar que a felicidade coletiva de toda a população mundial ocorrerá se a humanidade for bem sucedida na construção de um mundo melhor que venha a acontecer em todos os quadrantes da Terra.

O Capítulo 14 do livro sintetiza as conclusões sobre como construir um mundo de paz, progresso e felicidade para toda a humanidade ao tornar em realidade as utopias planetárias visando a construção de um mundo melhor propostas nos capítulos anteriores.

Em anexo, são apresentados 24 textos de artigos que publicamos que enriquecem tudo que está apresentado nos 14 capítulos deste livro. Em cada um dos capítulos deste livro, há indicação dos websites do canal Fernando Alcoforado do YouTube através dos quais o leitor poderá assistir vídeos correspondentes a cada capítulo. Este livro busca, portanto, apresentar nossa visão sobre como tornar realidade as 12 utopias planetárias e promover o progresso científico, político, econômico e social da humanidade com o propósito de construir um mundo melhor e conquistar a felicidade humana individual e coletivamente.

* Fernando Alcoforado, 84, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, do IPB- Instituto Politécnico da Bahia e da Academia Baiana de Educação, engenheiro pela Escola Politécnica da UFBA e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário (Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da ciência e da tecnologia ao longo da história e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022), de capítulo do livro Flood Handbook (CRC Press, Boca Raton, Florida, United States, 2022), How to protect human beings from threats to their existence and avoid the extinction of humanity (Generis Publishing, Europe, Republic of Moldova, Chișinău, 2023), A revolução da educação necessária ao Brasil na era contemporânea (Editora CRV, Curitiba, 2023), Como construir um mundo de paz, progresso e felicidade para toda a humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2024) e How to build a world of peace, progress and happiness for all humanity (Editora CRV, Curitiba, 2024).

COMMENT LUTTER CONTRE LES INCENDIES GÉNÉRALISÉS AU BRÉSIL ET EMPÊCHER LEUR RÉPÉTITIONS

Fernando Alcoforado*

Source: https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2024/08/24/sao-paulo-registrou-mais-focos-de-incendio-do-que-a-amazonia-veja-video.ghtml

Cet article vise à présenter les mesures d’urgence nécessaires à court terme pour lutter contre les incendies généralisés qui se produisent actuellement au Brésil et les mesures nécessaires à moyen et long terme pour éviter que des événements de cette nature ne se reproduisent dans le pays. Selon l’Institut national de recherche spatiale (INPE), la fumée des incendies a déjà recouvert 60 % du territoire du pays, avec environ 40 000 incendies sur une superficie de 5 millions de kilomètres carrés [FRANCO, Luciana. Queimadas no Brasil: quais são as causas e como é o monitoramento (Incendies au Brésil : quelles sont les causes et comment se déroule la surveillance). Disponible sur le site <https://globorural.globo.com/clima/noticia/2024/09/queimadas-no-brasil-quais-sao-as-causas-e-como-e-o-monitoramento.ghtml>].

Les incendies qui frappent une grande partie du Brésil causent des dommages à la santé, à l’économie et à l’environnement. Les incendies peuvent causer de nombreux dégâts aux personnes et à leurs propriétés, entraînant des pertes financières et émotionnelles. Pour prévenir ou prendre des précautions, il est important de connaître les principales causes des incendies. Qu’est-ce qui a causé l’augmentation des incendies au Brésil ? La déforestation et la dégradation des forêts associées à l’expansion agricole provoquent des températures plus élevées et assèchent la végétation, créant davantage de combustible et permettant aux incendies de se propager plus rapidement. Les principales causes d’incendies de forêt sont la foudre (décharges électriques atmosphériques), les incendies criminels (incendies déclenchés par vengeance ou déséquilibre mental par des pyromanes) et les incendies à des fins de nettoyage (dans l’agriculture, les pâturages ou le reboisement). L’action humaine est la principale responsable des incendies de forêt au Brésil, qu’elle soit intentionnelle ou négligente.

Comment se déclenchent les incendies ? Le feu naît de la combinaison simultanée de combustible, de chaleur et d’oxygène dans l’air. Lorsqu’une substance combustible atteint une certaine température critique, elle s’enflamme et continue de brûler tant qu’il y a du carburant, une température adéquate et de l’oxygène dans l’environnement. Quel est l’impact des incendies ? Des incendies de forêt aux brûlages incontrôlés, les incendies ont un effet profond et souvent dommageable sur les écosystèmes, la biodiversité et même sur le climat mondial. Cela est clair avec tous les changements climatiques auxquels nous assistons actuellement au Brésil et dans le monde. Les pertes dues à la vague d’incendies qui affectent l’agro-industrie au Brésil sont estimées à ce jour à 2 milliards de reais.

La situation exceptionnellement grave que connaît actuellement le Brésil avec les incendies généralisés impose au gouvernement Lula d’adopter des mesures d’urgence à court terme ainsi que des mesures à moyen et long terme pour éviter que de telles situations ne se reproduisent. Le gouvernement Lula devrait créer, sans perdre de temps, un groupe de travail (task force, em anglais) avec les gouvernements des États les plus touchés par les incendies, en utilisant tout le contingent nécessaire des Forces armées, de la Force nationale et des polices de l’États pour aider les organismes de protection civile fédéraux, étatiques et municipaux dans la lutte contre les incendies. Pour que le groupe de travail puisse atteindre l’objectif de mettre fin aux incendies généralisés dans le pays, le gouvernement Lula devrait immédiatement créer une ligne de crédit spéciale pour financer toutes les actions d’urgence nécessaires. En outre, le gouvernement Lula devrait rechercher le soutien de la population et, en particulier, du secteur privé pour faire face à l’ennemi commun, le feu. Dans le cas des hommes d’affaires, leur collaboration pourrait être particulièrement assurée par ceux qui disposent de moyens de transport et d’avions pouvant être utilisés pour lutter contre les incendies qui détruisent des propriétés, compromettent l’environnement avec ses effets nocifs sur les plantes et les animaux, la production agricole et la santé de la population brésilienne.

Des mesures à moyen et long terme doivent également être adoptées par le gouvernement Lula pour éviter que de telles situations ne se reproduisent. La situation exceptionnelle que connaît actuellement le Brésil avec des incendies généralisés impose au gouvernement fédéral de mettre en place une nouvelle structure nationale de protection civile liée au ministère de l’Environnement, visant à planifier et à développer des stratégies pour faire face à des incendies de forêt de grande ampleur comme ceux enregistrés au Brésil, ainsi que pour faire face à l’apparition d’événements météorologiques extrêmes. Cette nouvelle structure est nécessaire car il est prouvé que les structures actuelles de protection civile au Brésil, aux niveaux fédéral, étatique et municipal, sont incapables de faire face à des incendies généralisés tels que ceux qui se produisent actuellement.

Les gouvernements des États et les municipalités du Brésil disposent également de structures de protection civile visant à prévenir les catastrophes, mais ils n’agissent pas de manière coordonnée, que ce soit au niveau régional ou national, pour adopter des mesures de prévention et de précaution contre des catastrophes majeures comme les incendies actuels. En témoignent les incendies qui se produisent actuellement dans plusieurs parties du territoire brésilien, dénonçant l’inefficacité du Secrétariat national de protection et de défense civile et des organismes de protection civile étatiques et municipaux qui n’ont pas été en mesure d’empêcher les incendies qui continuent de proliférer dans plusieurs parties du territoire brésilien. Ces structures n’ont pas pu adopter de mesures préventives pour prévenir les incendies et n’ont pas pu lutter contre les incendies qui touchent actuellement 60% du territoire national. Cela signifie qu’il est urgent de créer une structure nationale de protection civile efficace, capable de coordonner la lutte contre les incendies tels que ceux qui se produisent actuellement au Brésil, ainsi que contre les phénomènes météorologiques extrêmes tels que les inondations.

Il est important de noter qu’au Brésil, il existe des actions de protection civile dans les gouvernements municipaux pour faire face aux catastrophes, composées de : 1) un organisme municipal de protection civile qui est responsable de l’exécution, de la coordination et de la mobilisation de toutes les actions de protection civile dans la municipalité dont la principale attribution est de connaître et d’identifier les risques de catastrophes dans la municipalité, en préparant la population à y faire face avec l’élaboration de plans spécifiques ; 2) organisme responsable du service météorologique chargé de communiquer les prévisions climatiques de la ville et/ou de la région ; et 3) les centres communautaires de protection civile, qui sont des personnes qui travaillent bénévolement dans des activités de protection civile, pour collaborer avec l’organisme de protection civile visant à la participation communautaire, en la préparant à répondre rapidement aux catastrophes. Il appartient au maire de déterminer la création de l’organisme de protection civile.

Dans le cas de la prévention et de la lutte contre les incendies, les pompiers jouent un rôle crucial et il est important qu’ils aient accès à des informations actualisées et précises sur les principales causes des incendies et sur les mesures de prévention et de précaution appropriées à adopter. Pour être efficace, le processus de planification de la nouvelle structure nationale de protection civile à créer doit nécessairement prendre en compte les événements naturels avec leurs instabilités, incertitudes, turbulences et risques. Pour faire face aux incertitudes concernant les incendies futurs tels que ceux actuels et les événements météorologiques extrêmes, la structure nationale de protection civile devrait utiliser la technique des scénarios qui considère comme prémisse que le futur est multiple, que de nombreux futurs sont possibles et que le chemin qui mène à de nombreux futurs est pas nécessairement unique [GODET, Michel. Manual de Prospectiva Estratégica (Manuel de prospective stratégique). Lisboa : Dom Quichotte, 1993]. L’objectif essentiel des scénarios est de présenter une image significative de l’avenir probable des incendies tels que ceux actuels et des événements météorologiques extrêmes, ainsi que de l’avenir inattendu ou improbable sur différents horizons temporels.

Pour faire face aux incertitudes de l’avenir, il est essentiel que des plans de prévention et de précaution soient adoptés par la nouvelle structure nationale de protection civile. Sans aucun doute, les futurs probables à forte probabilité de réalisation sont liés à l’idée de prévention, qui consisterait pour la structure nationale de protection civile à élaborer des plans qui leur sont associés. Le principe de prévention des incendies et des phénomènes météorologiques extrêmes viserait à élaborer des plans pour faire face aux événements futurs susceptibles de se produire. En cas d’avenir inattendu ou improbable, de doute ou d’incertitude quant à leur survenance, la nouvelle structure nationale de protection civile doit également agir pour les prévenir sur la base du principe de précaution. Dans ce processus, il est nécessaire que la nouvelle structure nationale de protection civile élabore des plans de précaution pour faire face aux incendies et aux événements météorologiques extrêmes inattendus ou improbables, mais possibles, à l’avenir. La précaution concerne les risques potentiels et la prévention les risques avérés [DUPUY, Jean-Pierre. O tempo das catástrofes (Le temps des catastrophes). São Paulo : Realizações Editora, 2011]. Le risque potentiel correspond à un événement susceptible de se produire ou non et auquel aucune probabilité de survenance ne peut être attribuée.

Il convient donc de prêter attention à la distinction entre les futurs inattendus ou improbables sur lesquels repose le principe de précaution et les futurs probables associés à la logique de prévention. Dans ce cas, la prévention signifie le fait d’anticiper les futurs incendies et événements météorologiques extrêmes probables et la précaution, à son tour, équivaut à un aveu précoce de prudence par rapport aux futurs incendies et événements météorologiques extrêmes peu probables, mais possibles. Le calcul économique doit servir de base aux décisions liées aux plans de prévention et de précaution. Cela signifie que les coûts associés à la mise en œuvre de plans de prévention et de précaution doivent être comparés au coût des pertes liées à l’inaction pour prévenir ou prendre des précautions contre les incendies tels que ceux qui surviennent actuellement et les événements météorologiques extrêmes. Des plans de prévention et de précaution doivent toujours être mis en œuvre lorsque leur coût est inférieur aux pertes résultant de l’inaction face aux incendies comme ceux que nous connaissons actuellement et aux événements météorologiques extrêmes.

Compte tenu de ce qui précède, il est urgent que le gouvernement Lula adopte des mesures d’urgence à court terme ainsi que des mesures à moyen et long terme pour éviter que de nouveaux incendies comme ceux actuels ne se reproduisent. Le gouvernement Lula devrait créer, sans perdre de temps, un groupe de travail (task force, en anglais) avec les gouvernements des États les plus touchés par les incendies, en utilisant tout le contingent nécessaire des Forces armées, de la Force nationale et des polices de l’États pour aider les organismes de protection civile fédéraux, étatiques et municipaux dans la lutte contre les incendies. Le gouvernement Lula devrait immédiatement créer une ligne de crédit spéciale pour financer toutes les actions d’urgence nécessaires. En outre, le gouvernement Lula devrait rechercher le soutien de la population et, en particulier, du secteur privé pour faire face à l’ennemi commun, le feu. Comme mesures à moyen et long terme, le gouvernement Lula devrait créer de toute urgence une nouvelle structure nationale de protection civile efficace pour coordonner la lutte contre les futurs incendies comme ceux qui se produisent actuellement au Brésil et la lutte contre les événements météorologiques extrêmes tels que les inondations. Ces structures sont absolument nécessaires car les structures actuelles existant aux niveaux fédéral, étatique et municipal n’ont pas été en mesure d’adopter des mesures préventives pour prévenir les incendies et n’ont pas été en mesure de lutter contre les incendies qui touchent actuellement 60 % du territoire national.

* Fernando Alcoforado, 84, a reçoit la Médaille du Mérite en Ingénierie du Système CONFEA / CREA, membre de la SBPC – Société Brésilienne pour le Progrès des Sciences, l’IPB – Institut Polytechnique de Bahia et de l’Académie de l’Education de Bahia,, ingénieur de l’École Polytechnique UFBA et docteur en Planification du Territoire et Développement Régional de l’Université de Barcelone, professeur d’Université (Ingénierie, Économie et Administration) et consultant dans les domaines de la planification stratégique, de la planification d’entreprise, planification du territoire et urbanisme, systèmes énergétiques, a été Conseiller du Vice-Président Ingénierie et Technologie chez LIGHT S.A. Entreprise de distribution d’énergie électrique de Rio de Janeiro, coordinatrice de la planification stratégique du CEPED – Centre de recherche et de développement de Bahia, sous-secrétaire à l’énergie de l’État de Bahia, secrétaire à la  planification de Salvador, il est l’auteur de ouvrages Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The  Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da ciência e da tecnologia e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022), est l’auteur d’un chapitre du livre Flood Handbook (CRC Press, Boca Raton, Floride, États-Unis, 2022), How to protect human beings from threats to their existence and avoid the extinction of humanity (Generis Publishing, Europe, Republic of Moldova, Chișinău, 2023), A revolução da educação necessária ao  Brasil na era contemporânea (Editora CRV, Curitiba, 2023), Como construir um mundo de paz, progresso e felicidade para toda a humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2024) et How to build a world of peace, progress and happiness for all humanity (Editora CRV, Curitiba, 2024).